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São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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CAPÍTULO IX<br />

O amigo dos doentes<br />

O caridoso enfermeiro — O neo-presbítero enfraquecido — A Religiosa<br />

neurastênica — O cão preto — O barão tuberculoso — O lobo convertido em<br />

cordeiro — Convertido pela água benta — Dois coelhos de uma caja<strong>da</strong><strong>da</strong> —<br />

Um funcionário maçom morre santamente — Esforços de conversão — Conversão<br />

estupen<strong>da</strong> na hora <strong>da</strong> morte.<br />

A exemplo do divino Redentor, que nos dias <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong> mortal, visitava os<br />

doentes derramando-lhes nas chagas <strong>da</strong> alma o bálsamo de consolo ou restituindo-lhes<br />

miraculosamente a saúde do corpo, os Santos de todos os tempos se<br />

têm distinguido no amor para com os doentes consagrando-lhes boa parte de<br />

sua vi<strong>da</strong>. Visitar os enfermos, consolá-los nas suas dores e aflições, e reanimar<br />

os seus corações encaminhando-os para Deus, é uma obra de cari<strong>da</strong>de genuinamente<br />

cristã, um trabalho ver<strong>da</strong>deiramente apostólico, tão útil como a pregação<br />

ou a audição <strong>da</strong>s confissões. <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> era admirável nesse particular.<br />

O seu coração nobre não podia ouvir, sem se comover, os ecos dos gemidos<br />

profundos ou <strong>da</strong>s dores lancinantes dos pobres enfermos.<br />

Como já tivemos ocasião de observar, S. <strong>Clemente</strong> consagrava a primeira<br />

parte do dia ao serviço divino e ao confessionário, e a segun<strong>da</strong> parte, ao cui<strong>da</strong>do<br />

dos seus queridos doentes na ci<strong>da</strong>de ou nos arrabaldes de Viena sem se<br />

perturbar com a neve e o vento, a chuva ou a tempestade. Qual anjo consolador<br />

é cabeceira dos doentes, suas palavras eram sempre fortes e animadoras em<br />

to<strong>da</strong>s as enfermi<strong>da</strong>des, porque extraí<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Escritura e umedeci<strong>da</strong>s no sangue<br />

do Crucificado. Após as visitas do Santo, os enfermos abraçavam resignados a<br />

sua cruz man<strong>da</strong><strong>da</strong> por Deus, beijavam-na com amor, como a esca<strong>da</strong> miraculosa<br />

que os conduziria ao paraíso.<br />

No caso de pobreza levava-lhes <strong>Clemente</strong>, debaixo do manto, a esmola<br />

que lhes devia mitigar a fome. Não tinha o pobrezinho quem lhe pensasse as<br />

chagas e lhe apresentasse o remédio na hora certa, <strong>Clemente</strong> lá ficava horas e<br />

horas, exercendo caridosamente o ofício de enfermeiro e não julgava perdido o<br />

tempo que passava junto <strong>da</strong> cabeceira do doente.<br />

Mesmo no caso de não ser grave a enfermi<strong>da</strong>de, <strong>Clemente</strong> sentia igual<br />

compaixão com o doente, e como não pudesse ver ninguém sofrer, ia visitá-lo e<br />

lembrar-lhe que o tempo <strong>da</strong> doença é a colheita dos maiores merecimentos<br />

para o céu. No seminário de Viena havia um rapaz, penitente do nosso Santo,<br />

de constituição franzina e fraca, a quem ninguém profetizava cabelos brancos<br />

no futuro. Ordenado sacerdote foi participar sua alegria ao velho amigo e benfeitor.<br />

<strong>Clemente</strong> mostrou viva satisfação pela felici<strong>da</strong>de do seu penitente e con-<br />

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vidou-o para o almoço, que o neo-presbítero aceitou, julgando-se ditoso por<br />

poder passar umas horas em companhia do Santo.<br />

Qual não foi o seu espanto, quando viu a <strong>Clemente</strong>, não sentado a seu<br />

lado, mas a exercer com to<strong>da</strong> a delicadeza o ofício de copeiro. Termina<strong>da</strong> a<br />

refeição, subiram ao an<strong>da</strong>r superior, onde <strong>Clemente</strong> lhe preparara um leito macio<br />

para a sesta... “porque é bom, disse ele, que gente nova e fraca durma um<br />

pouco depois <strong>da</strong>s refeições”. O neo-presbítero não se deixou rogar segun<strong>da</strong><br />

vez, entregou-se ao sono, enquanto que <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> lá fora se aprofun<strong>da</strong>va<br />

em santas meditações.<br />

Na enfermaria do convento <strong>da</strong>s Ursulinas achava-se uma Religiosa já idosa<br />

e um tanto fraca do juízo, que com suas impaciências e impertinências molestava<br />

as outras religiosas. <strong>Clemente</strong>, para ganhar aquele coração, ia todos os<br />

dias ao jardim, onde colhia alguma flor, que levava à pobre enferma; na falta de<br />

flores, no inverno, procurava qualquer presente, de que a doente pudesse gostar,<br />

entretinha-se com ela sobre coisas e assuntos indiferentes, porque a velha<br />

não se simpatizava com ascese nem misticismo. Aos poucos conseguiu domar<br />

aquele coração, que completamente se rendeu, quando <strong>Clemente</strong>, convi<strong>da</strong>ndo-a<br />

para um passeio pelos corredores do convento, lhe apresentou o braço<br />

para lhe facilitar os passos. Tal amizade e compaixão converteram a pobre enferma,<br />

que alegre e contente <strong>da</strong>i por diante não molestou mais a enfermeira.<br />

<strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> tornava-se incansável à cabeceira dos doentes, mormente<br />

quando a morte se aproximava prostrando a pobre vítima. A Irmã Thadéa narranos<br />

um fato que comprova admiravelmente essa ver<strong>da</strong>de.<br />

“No nosso instituto de educação, havia uma aluna por nome Rosa, que já<br />

tinha feito a primeira comunhão. Aconteceu a pequena adoecer, e às portas <strong>da</strong><br />

morte, sentir temores indizíveis; levantava os braços e clamava: ‘O cão preto me<br />

quer tragar”. Uma <strong>da</strong>s Irmãs correu em procura do Pe. <strong>Clemente</strong>, que chegou<br />

imediatamente; mal havia o Servo de Deus penetrado no quarto, a aluna exclamou<br />

tranqüiliza<strong>da</strong>: “O cão preto já se foi”. O Servo de Deus abençoou a pequena,<br />

deu-lhe a absolvição geral e ela morreu com a placidez dos justos. “Temos<br />

no céu mais um anjo que reze por nós”, disse então o Servo de Deus dirigindose<br />

às irmãs.<br />

O amor do Santo Redentorista para com os doentes não se limitava à enfermaria<br />

do convento, mas abrangia a ci<strong>da</strong>de de Viena inteira desde os palácios<br />

dos grandes até as míseras choupanas dos pobres. Seria difícil, para não dizer<br />

impossível, enumerar os doentes que S. <strong>Clemente</strong> visitou e consolou no tempo<br />

<strong>da</strong> sua esta<strong>da</strong> em Viena. Não havia na grande Capital quem não conhecesse<br />

esse amor excepcional de <strong>Clemente</strong> para com os doentes; por isso chamavamno<br />

sempre, mormente em se tratando de infelizes, que perderam a fé e se<br />

obstinavam em não receber os santos sacramentos.<br />

Um dia foi chamado para sacramentar um senhor <strong>da</strong> alta nobreza; ninguém<br />

na família ousava manifestar ao infeliz a gravi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> doença, e o enfermo,<br />

ignorando a serie<strong>da</strong>de do caso, não se lembrou de pedir os últimos sacramentos.<br />

Ao chegar <strong>Clemente</strong> à casa do doente, pediu-lhe a esposa que por<br />

amor de Deus não espantasse o marido. O Servo de Deus deixou-a falar e<br />

entrou no quarto do enfermo; como este se achasse deitado atrás <strong>da</strong> porta,<br />

<strong>Clemente</strong> não o vendo, gritou: “Onde está o doente que não quer confessar-

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