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São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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CAPÍTULO VIII<br />

O prudente Confessor<br />

Confessor procurado — O dia no confessionário — A Irmã Francisca —<br />

Luiza Xavier — O caminho mais seguro — Francisco Arrependido — A caixa de<br />

rapé — A senhora às margens do Danúbio — O Kraus escrupuloso — Pe. José<br />

no altar — A mulher sem pecados — Preparação contínua — Passy confessase<br />

sem o saber.<br />

Desde a chega<strong>da</strong> de <strong>Clemente</strong> a Viena, o lugar principal de sua ativi<strong>da</strong>de<br />

apostólica em prol <strong>da</strong>s almas já não era o púlpito como outrora em S. Beno, mas<br />

o confessionário, onde passava horas e horas na direção espiritual dos seus<br />

penitentes, sendo procurado por pessoas de to<strong>da</strong>s as classes <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Os<br />

prediletos eram os homens e os moços que iam procurar em casa para lá fazerem<br />

sua confissão. E não era em vão que tantos o procuravam. <strong>Clemente</strong> possuía,<br />

como confessor, quali<strong>da</strong>des extraordinárias que deixavam nos penitentes<br />

a certeza de uma direção segura e sã. Sempre que o estado <strong>da</strong> alma o exigia e<br />

as circunstâncias o permitiam, <strong>Clemente</strong> aconselhava a confissão geral, à qual<br />

fazia preceder bastante tempo de exata preparação. E <strong>Clemente</strong> não perdia a<br />

paciência, ouvia tudo como bom médico e depois <strong>da</strong>va o necessário remédio.<br />

Muitas vezes passava o dia inteiro no confessionário. Uma vez sentindo-se mal<br />

tomou uma sangria, como era costume naquele tempo, e para não perder tempo,<br />

correu ao confessionário, onde os panos se desataram, <strong>da</strong>ndo livre fluxo ao<br />

sangue que se pôs a correr sem parar, pelo pavimento; enfraquecido pela per<strong>da</strong><br />

de sangue <strong>Clemente</strong> desmaiou, e certamente ter-lhe-ia sucedido coisa pior, se<br />

lá por acaso não se encontrasse um médico, que acudiu com prontidão. Não<br />

era raro ficar o Santo no confessionário até alta hora <strong>da</strong> noite. Quem uma vez se<br />

confessava a <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> sentia necessi<strong>da</strong>de de voltar outra vez, não porque<br />

<strong>Clemente</strong> gostasse de agra<strong>da</strong>r com palavras adocica<strong>da</strong>s, mas porque sabia<br />

infundir nas almas o ver<strong>da</strong>deiro amor a Jesus Cristo. Antes de sentar-se no<br />

confessionário costumava ajoelhar-se diante do tabernáculo a fim de pedir ao<br />

céu prudência e amor para tão espinhoso cargo. Ao ouvir as confissões S. <strong>Clemente</strong><br />

evitava os longos entretenimentos com os penitentes e procurava ser<br />

breve quanto possível; as poucas palavras de conselho e animação que dirigia<br />

aos penitentes eram paternais e por isso calavam profun<strong>da</strong>mente nas almas.<br />

<strong>Clemente</strong> possuía o dom extraordinário de penetrar com seu olhar através<br />

dos corações, e não poucas vezes, antes <strong>da</strong> confissão, desfazia as dúvi<strong>da</strong>s que<br />

o penitente desejava expor. “Em um dos nossos conventos, escreve a Irmã<br />

Thadéa, havia uma candi<strong>da</strong>ta que se via atormenta<strong>da</strong> por inúmeras tentações<br />

contra a vocação, até que, um dia, se decidiu abandonar o convento. Quando<br />

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menos o esperava, S. <strong>Clemente</strong> aproxima-se dela com as palavras: ‘Francisca,<br />

fica no convento, porque és chama<strong>da</strong> por Deus’. Como a ninguém ain<strong>da</strong> havia<br />

ela manifestado os seus pensamentos nesse sentido, reconheceu nas palavras<br />

de S. <strong>Clemente</strong> a vontade de Deus, e as dúvi<strong>da</strong>s sobre a vocação desapareceram<br />

instantaneamente”. Permaneceu na ordem e na i<strong>da</strong>de de 83 anos foi uma<br />

<strong>da</strong>s depoentes na causa <strong>da</strong> beatificação de S. <strong>Clemente</strong>.<br />

Um caso semelhante; conta-o a Visitandina Luiza Xavier: “Thereza Gonzaga,<br />

atual superiora do nosso convento em Gleink, era, no mundo, penitente de <strong>São</strong><br />

<strong>Clemente</strong>. Ao ouvir um sermão do Santo sentiu em si o desejo de entrar nas<br />

Ursulinas; manifestou ao pai esse seu intento, mas este a dissuadiu prometendo<br />

não <strong>da</strong>r jamais, para isso, o seu consentimento. Embora continuasse a ouvir<br />

a voz de Deus, que a chamava, desanimou diante <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des e desistiu do<br />

seu piedoso intento, ocultando tudo isso a seu diretor espiritual. Na confissão<br />

porém <strong>Clemente</strong> disse-lhe abruptamente: ‘Deves ser Visitandina, e eu mesmo<br />

me encarrego de arranjar-te um lugar’. A penitente sentiu um peso deslizar-se<br />

do seu coração, entrou para as Visitandinas, onde viveu 50 anos no gozo <strong>da</strong><br />

mais perfeita paz, graças ao esforço do seu bom diretor espiritual”.<br />

Com poucas palavras sabia <strong>Clemente</strong> aplicar o remédio conveniente às<br />

chagas <strong>da</strong> alma. Era com todos bondoso, delicado, porém sempre enérgico e<br />

firma em seus conselhos. A penitência que impunha não era sempre a mesma<br />

para todos porque para ca<strong>da</strong> doença há remédio especial. Homem de prudência<br />

reprimia em seus penitentes qualquer exagero ou imoderado zelo, e aconselhava<br />

a todos o caminho ordinário ao céu, por ser mais seguro do que todos<br />

os excessos que enfraquecem a alma e que muitas vezes se tornam contraproducentes.<br />

Uma vez um moço, comovido por um sermão, pediu a <strong>Clemente</strong> que o<br />

ouvisse de confissão imediatamente depois <strong>da</strong> pregação. O Santo tomou-o pela<br />

mão, fitou-lhe os olhos e penetrando to<strong>da</strong> a sua alma disse-lhe: “Ain<strong>da</strong> não,<br />

venha comigo” e levou-o para o convento provisório, onde o jovem no silêncio e<br />

na oração se devia preparar para as contas a <strong>da</strong>r a Nosso Senhor; ao entrar no<br />

quarto a ele destinado, <strong>Clemente</strong> apontou para um magnífico Crucifixo pendurado<br />

na parede, e disse ao jovem: “Francisco, aprende aqui a tua lição”. O jovem<br />

pôs-se a meditar, sua vi<strong>da</strong> inteira passou novamente ante os olhos <strong>da</strong> sua alma,<br />

recordou-se do tempo <strong>da</strong> infância e <strong>da</strong>s diabruras efetua<strong>da</strong>s por ele nas ruas de<br />

Viena; rememorou o tempo <strong>da</strong> sua primeira juventude dedica<strong>da</strong> à vi<strong>da</strong> militar,<br />

<strong>da</strong> qual desertara para ir viver em Paris, onde o não puderam suportar por<br />

muito tempo. Chafur<strong>da</strong>do em to<strong>da</strong> lama, lavado em to<strong>da</strong>s as águas voltou a<br />

Viena e não teve coragem de se apresentar à sua mãe, que era uma senhora<br />

severa. Foi nessa ocasião que o seu bom anjo o levou à Igreja de Sta. Úrsula,<br />

onde a voz de <strong>Clemente</strong> a discorrer sobre os tormentos <strong>da</strong> consciência criminosa,<br />

se fez ouvir ao coração do pobrezinho.<br />

Fez sua confissão derramando lágrimas de arrependimento; mas o temor<br />

<strong>da</strong> mão o perturbava. <strong>Clemente</strong> porém consolou-o dizendo: “Não temas, que eu<br />

disporei tudo”. No dia seguinte a mãe do jovem não ficou pouco espanta<strong>da</strong> ao<br />

receber o convite de tomar café na sala do convento. <strong>Clemente</strong>, muito de indústria,<br />

fez a conversa cair sobre os filhos e pediu-lhe que contasse a história deles.<br />

A mãe falou de todos menos de Francisco, cujo nome nem quis mencionar por

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