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São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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se ele a sua religião que praticava ou não de acordo com os seus caprichos,<br />

na<strong>da</strong> detestava tanto como aquilo que costumava denominar fanatismo religioso,<br />

porquanto seu íntimo se revoltava sempre contra a intolerância <strong>da</strong> Igreja<br />

Católica, que reprova as outras religiões impondo aos homens dogmas incompreensíveis<br />

e contrários à razão humana.<br />

Por felici<strong>da</strong>de o velho funcionário tinha um amigo, que embora antes comungasse<br />

com as suas idéias, agora lhe falava do célebre pregador de Santa<br />

Úrsula, dos doutores que o ouviam com religiosa atenção e <strong>da</strong>s conversões<br />

maravilhosas que ele operava em Viena. Mais por atenção para com o amigo do<br />

que por outro motivo, foi ele também ouvir as pregações de <strong>Clemente</strong>, e debulhado<br />

em lágrimas de comoção voltou para a casa sinceramente convertido,<br />

abjurando o josefismo e tornando-se um católico prático. Mais tarde, referindose<br />

a essa sua conversão, admirava-se de como isso sucedera; para ele era um<br />

mistério a sua conversão; nenhum dos muitos oradores por ele apreciados lograra<br />

convertê-lo de josefino em católico fervoroso. Tais pecadores converteuos<br />

<strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> aos milhares com a sua pregação e conseguiu até entusiasmar<br />

os hereges pelas belezas <strong>da</strong> santa Igreja Católica.<br />

Mais interessante ain<strong>da</strong> é que a não poucos dos amigos, veneradores e<br />

até futuros membros <strong>da</strong> <strong>Congregação</strong>, <strong>Clemente</strong> conquistou-se dentre os que<br />

iam a suas pregações para o ridicularizarem. Uma vez percebeu S. <strong>Clemente</strong><br />

que alguns estu<strong>da</strong>ntes falavam e se riam durante a pregação. Sem perder o<br />

sangue frio, voltou-se para eles com as palavras: “Meus senhores, continuai a<br />

rir, mas quem se rir por último rirá melhor”. Foi o suficiente para encher de<br />

vergonha e de arrependimento os jovens que mu<strong>da</strong>ram de vi<strong>da</strong>.<br />

Se era apostólica a sua simplici<strong>da</strong>de, não o era menos o modo com que<br />

pregava; falava com vivaci<strong>da</strong>de, entusiasmo, ardor e sentimento tal que não só<br />

convencia, mas também prendia e arrebatava. “No púlpito, disse o cônego Veith,<br />

seu rosto se transfigurava <strong>da</strong>ndo-lhe as aparências de um Serafim”. Suas palavras<br />

eram chamas ardentes que inflamavam os corações, e espa<strong>da</strong>s que traspassavam<br />

as almas.<br />

“Percebia-se perfeitamente, contra a Irmã Thadéa, que o Pe. <strong>Clemente</strong> não<br />

procurava a si próprio nas pregações mas tão somente a glória de Deus e o<br />

bem <strong>da</strong>s almas; falava com força e vi<strong>da</strong>, inflamado de zelo ardente; suas palavras<br />

saiam do coração e por isso penetravam também os corações; não discorria<br />

com doutas palavras de humana sabedoria, mas com a doutrina do Espírito;<br />

por isso os que ouviam as suas pregações não podiam resistir e <strong>da</strong>vam-se por<br />

vencidos”. Mais adiante acrescenta a mesma Irmã: “Durante as suas pregações<br />

reinava um silêncio sepulcral entre os numerosos ouvintes, que freqüentes vezes<br />

se sentiram comovidos a ponto de não poderem conter as lágrimas e reprimir<br />

os soluços”.<br />

Nem no auge do maior entusiasmo perdia <strong>Clemente</strong> a digni<strong>da</strong>de e a calma<br />

em seus movimentos e gestos; na expressão do seu rosto e na viveza de seus<br />

olhos estampava-se a sua convicção profun<strong>da</strong> e fé viva. As vezes a sua ação<br />

expressiva produzia maior efeito do que suas palavras. Discorrendo, uma vez,<br />

sobre o mistério <strong>da</strong> Encarnação ao pronunciar as palavras: “Ele assumiu a nossa<br />

natureza, revestiu-se <strong>da</strong> nossa carne” bateu as mãos com tanta gravi<strong>da</strong>de e<br />

comoção que arrancou lágrimas aos ouvintes dissipando qualquer dúvi<strong>da</strong> pos-<br />

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sível sobre a divin<strong>da</strong>de e a humani<strong>da</strong>de de Cristo.<br />

Naquele tempo, desde José II, já não se ouvia mais sermão algum genuinamente<br />

católico em Viena, porque quase não se falava mais nas ver<strong>da</strong>des <strong>da</strong><br />

fé, mas quase exclusivamente em elegantes e agradáveis temas, como: cristianismo,<br />

filantropia etc. Muito significativa é a observação que faz um discípulo de<br />

nosso Santo, de que a pregação sobre a Igreja católica era coisa tão rara, que<br />

os moços se alegravam quando o orador proferia a palavra “Santa Igreja Católica”.<br />

As pregações de S. <strong>Clemente</strong> produziam o efeito <strong>da</strong>s bombas. Eucaristia,<br />

culto <strong>da</strong> Virgem e dos Santos, confissão, indulgências, purgatório, inferno, demônio,<br />

eram temas proibidos então pelo josefismo, mas ver<strong>da</strong>des que S. <strong>Clemente</strong><br />

expunha no púlpito com a maior clareza e firmeza. O tema predileto<br />

porém era a Igreja e sua autori<strong>da</strong>de. <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> ressuscitou em Viena a<br />

pregação católica; a sua expressão física contrastava imensamente com a pose<br />

elegante e vaidosa dos pregadores <strong>da</strong> mo<strong>da</strong>; ele era um pregador popular no<br />

sentido ver<strong>da</strong>deiro <strong>da</strong> palavra: falava segundo as impressões do momento e<br />

não segundo esboços aprendidos.<br />

Quem ouvia o servo de Deus não se sentia somente satisfeito; voltava<br />

mu<strong>da</strong>do para a casa. “Ficava-se banhado em lágrimas, odiava-se o pecado e<br />

abraçava-se resolutamente a virtude”, diz resumindo, um dos ouvintes do nosso<br />

Santo. Não era raro ficarem homens esperando na sacristia a volta de <strong>Clemente</strong><br />

para fazerem a sua confissão. A pregação de <strong>Clemente</strong> era a revelação<br />

<strong>da</strong> fé que quase atingia os limites <strong>da</strong> visão; não argumentava muito, mas anunciava<br />

como quem via, ouvia ou tocava, sendo seus sermões ver<strong>da</strong>deiros atos<br />

de fé.<br />

Dentre os atributos divinos gostava <strong>Clemente</strong> de salientar a misericórdia<br />

infinita do Eterno. Mesmo quando falando <strong>da</strong> Justiça esmagava os corações,<br />

reanimava-os com a confiança na misericórdia sem limites de Deus descrevendo<br />

com vivas cores e ternura filial o amor de Jesus Cristo, o sangue que derramou<br />

e a morte que por nós sofreu.<br />

Esforçava-se por consolar os pusilânimes e reanimar os tímidos, e com voz<br />

comovi<strong>da</strong> repetia com freqüência: Jesus, filho de Davi, tende compaixão de<br />

nós, e Porque queres perecer, casa de Israel?<br />

Era tocante quando nas prédicas sobre o Santíssimo Sacramento, subjugado<br />

pelo amor, se ajoelhava no púlpito para adorar o Deus sacramentado;<br />

nessas ocasiões ele parecia um Serafim e de seus olhos abertos saiam raios<br />

de amor, que se concentravam na Hóstia consagra<strong>da</strong>.<br />

O seu auditório compunha-se geralmente de pessoas simples; não faltavam<br />

to<strong>da</strong>via representantes de to<strong>da</strong>s as classes; estu<strong>da</strong>ntes, literatos, artistas,<br />

funcionários públicos, aristocratas etc.; <strong>Clemente</strong> porém nunca sucumbiu à tentação,<br />

aliás comum aos oradores, de sacrificar o povo simples para agra<strong>da</strong>r à<br />

classe erudita, talvez até nunca sentiu essa tentação nem mesmo quando ao<br />

pé do púlpito via os seus grandes e eruditíssimos amigos. O seu princípio era<br />

sempre o mesmo: pregar com to<strong>da</strong> a simplici<strong>da</strong>de de modo a ser compreendido<br />

pelo mais ignorante dos ouvintes e até pelas crianças. S. <strong>Clemente</strong> que com<br />

sua pregação simples conseguiu empolgar homens de envergadura intelectual<br />

de um Werner, Günther, bem como estu<strong>da</strong>ntes e professores <strong>da</strong>s universi<strong>da</strong>des,<br />

é uma prova evidente de que a pregação genuinamente católica agra<strong>da</strong> e

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