18.04.2013 Views

São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O Congresso de Viena<br />

<strong>Clemente</strong> na lista dos bispos — Igreja nacional — O desinteresse pela<br />

religião no Congresso — Desunião de vistas — Os três defensores — Atrás dos<br />

bastidores — Trabalho depois do Congresso.<br />

As guerras contínuas <strong>da</strong>queles anos arruinaram política e economicamente<br />

a Europa inteira, que se sentiu alivia<strong>da</strong> com a derrota final do imperador dos<br />

franceses, que terminou sua vi<strong>da</strong> no exílio de Sta. Helena. A Igreja ressentiu-se<br />

imensamente de to<strong>da</strong>s essas devastações. Wessenberg descreve o estado<br />

tristíssimo em que se achava a religião na Alemanha e Áustria do modo seguinte:<br />

“Há doze anos que a Igreja na Alemanha, a qual antes gozava do maior<br />

esplendor, se acha em um estado de abandono sem igual na história. Roubaram-lhe<br />

os bens que possuía, subtraíram-lhe o apoio legal às suas mais antigas<br />

Constituições; negaram a subvenção a seus estabelecimentos e institutos mais<br />

essenciais; os bispados acham-se devastados, o cabido catedrático está a expirar,<br />

sua ativi<strong>da</strong>de reprimi<strong>da</strong>, a execução de suas leis impedi<strong>da</strong>”. A todos esses<br />

abusos deveria o Congresso de Viena trazer um remédio eficaz. Segundo o<br />

disposto no tratado de Paris de 10 de maio de 1814, reuniram-se as potências<br />

européias em Viena para tratar <strong>da</strong> reorganização <strong>da</strong> Europa, cujo equilibro perecera<br />

de todo. Nesse grande senado europeu estiveram pessoalmente presentes<br />

os monarcas <strong>da</strong> Prússia, <strong>da</strong> Rússia e <strong>da</strong> Áustria com a maior parte dos<br />

soberanos secundários <strong>da</strong> Alemanha. O Papa foi representado pelo cardeal<br />

Gonsalvi.<br />

Nesse congresso reunido em fins de setembro de 1814 tratou-se, entre<br />

outras coisas, <strong>da</strong> abolição do decreto sobre as nomeações dos bispos, pois<br />

que, por causa dele, <strong>da</strong>s trinta e quatro dioceses só cinco estavam provi<strong>da</strong>s.<br />

Para o provimento desses bispados foram apresenta<strong>da</strong>s duas listas, numa <strong>da</strong>s<br />

quais se achava o nome de <strong>Clemente</strong>; corria o boato de que S. <strong>Clemente</strong> seria<br />

nomeado bispo dos Balcãs; isso causou protesto entre os numerosos amigos<br />

do Santo, que o reclamavam para qualquer diocese na Áustria ou na Alemanha.<br />

Severoli escreveu ao cardeal Litta: “A estima que esse homem goza na Alemanha<br />

é muito grande, porque ele conhece as necessi<strong>da</strong>des do povo em todos os<br />

sentidos... V. Excia. o ficou conhecendo qual Jeremias por seus lamentos... mas<br />

esteja certo que ele é também um Daniel por sua prudência e um grande Santo<br />

em sua vi<strong>da</strong>”. E Litta respondeu: “... aprovo o plano de <strong>da</strong>r ao Pe. <strong>Clemente</strong> um<br />

bispado na Alemanha; fique certo de que terei imenso prazer se isso se der”.<br />

Isso tudo porém ficou sem efeito devido ao mau êxito <strong>da</strong> concor<strong>da</strong>ta entre a<br />

Alemanha e a Santa Sé.<br />

49<br />

O maior perigo para a Igreja na Alemanha e na Áustria não era tanto a sua<br />

desorganização externa mas sim a desorientação dos seus governantes. A parte<br />

mais influente do clero, inspira<strong>da</strong> por Wessenberg que governava a diocese<br />

de Constança na quali<strong>da</strong>de de vigário geral de Dalberg, primaz <strong>da</strong> Germânia,<br />

pretendia a emancipação completa e absoluta do episcopado alemão em relação<br />

à Cúria Romana; com outras palavras, trabalhava para a formação de uma<br />

Igreja nacional e independente. O Núncio Severoli que esperava tudo do Congresso,<br />

já meses antes começara os preparativos, aprontara os papéis, tomara<br />

as informações necessárias, aconselhara-se com todos os católicos de nome<br />

na Áustria, e de um modo todo especial, com S. <strong>Clemente</strong>, cuja prudência e<br />

zelo apostólico faziam jus à admiração universal. Em princípios de setembro<br />

escrevera ao cardeal Litta: “O nosso Pe. <strong>Clemente</strong> tem idéias grandiosas; desejara<br />

que ele estivesse em Roma para expor tudo a V. Eminência”. Uma dessas<br />

idéias grandiosas, de que fala o Núncio, era estreitar e tornar mais íntimas as<br />

relações entre Roma e a Germânia, o que se poderia facilmente conseguir, pelo<br />

interesse que Roma deveria tomar pelas coisas e pelo povo do Norte e pela<br />

abertura de um grande Colégio em Roma para os alemães, que assim entrariam<br />

em contato com a Igreja, amando-a com mais calor, trabalhando por ela<br />

com melhor vontade. O nosso Santo lamentava amargamente o pouco interesse<br />

manifestado em Roma e a pouca vontade de ela se amol<strong>da</strong>r ao gênio e ao<br />

modo de pensar dos germanos, cujos corações com facili<strong>da</strong>de se poderiam<br />

entusiasmar pelas belezas e grandeza <strong>da</strong> Igreja de Roma.<br />

Não obstante tudo isso era grande a esperança no resultado do Congresso,<br />

do qual dependeria a prosperi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> religião de Nosso Senhor na Europa.<br />

Foi providencial a esta<strong>da</strong> de S. <strong>Clemente</strong> em Viena nessa época, como<br />

veremos em breve.<br />

Os príncipes congressistas pouco ou na<strong>da</strong> se interessavam pela religião,<br />

tendo em vista apenas o bem material e financeiro dos seus Estados e reinos. O<br />

único que de coração se batia pela causa de Deus era o príncipe <strong>da</strong> Baviera.<br />

Entre os que deviam defender a Igreja, havia grande deficiência e desunião de<br />

vistas; o cardeal Gonsalvi, representante <strong>da</strong> Santa Sé, estava pouco enfronhado<br />

nos negócios e intenções <strong>da</strong> Alemanha. Severoli carecia de to<strong>da</strong> influência; o<br />

trunfo do Congresso era Wessenberg que representava o arcebispo Dalberg.<br />

Diplomata consumado sabia torcer-se para todos os lados, distribuindo sorrisos<br />

a gregos e troianos; por suas maneiras gentis, suas palavras amáveis e sua<br />

pouca consciência soube conquistar a simpatia dos príncipes e dos adeptos do<br />

josefismo, e como maçom que era, envidou todos os esforços, abusando <strong>da</strong><br />

sua influência, para conseguir a formação <strong>da</strong> igreja nacional. A seu lado eram<br />

incansáveis os representantes <strong>da</strong> Prússia, Hannover, Nassau e Münster. O próprio<br />

cardeal Gonsalvi, que na<strong>da</strong> suspeitava de Wessenberg, em cuja probi<strong>da</strong>de<br />

confiava cegamente, não poucas vezes a ele se dirigiu pedindo conselhos e<br />

consultando-o em questões <strong>da</strong> maior relevância.<br />

A defesa dos interesses <strong>da</strong> Igreja estava to<strong>da</strong> nas mãos de três homens,<br />

que agiam independentes e em nome próprio, a saber o barão Francisco de<br />

Wambold, José Helfferich, deão de Spira, e José Spies, sacerdote de Worms;<br />

junto com eles agia incansavelmente José Schlegel, adido ao ministério do Exterior<br />

na Áustria. Só por um ver<strong>da</strong>deiro milagre explica-se o fato de poderem

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!