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São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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CAPÍTULO II<br />

O primeiro ano em Santa Úrsula<br />

Obrigações do Reitor <strong>da</strong> igreja — Reformas — Santa Úrsula adquire grande<br />

nome — Os primeiros trabalhos na cura d’almas.<br />

Em 1813 houve uma pequena mu<strong>da</strong>nça na vi<strong>da</strong> externa de S. <strong>Clemente</strong>.<br />

Falecendo nessa <strong>da</strong>ta o diretor espiritual <strong>da</strong>s Irmãs Ursulinas de Viena, S. <strong>Clemente</strong><br />

foi investido desse cargo pelo bispo Hohenwart, e nomeado Reitor <strong>da</strong><br />

Igreja de Santa Úrsula. Com esse ato do Arcebispo de Viena S. <strong>Clemente</strong> <strong>da</strong>va<br />

mais um passo para a realização dos seus grandes desejos: possuía enfim uma<br />

igreja <strong>da</strong> qual podia dispor e onde podia pregar a palavra de Deus livremente.<br />

Como continuasse ain<strong>da</strong> no posto que tinha na igreja dos Italianos, deixou<br />

lá o Pe. Martinho Stark fazendo as suas vezes, enquanto ele com o Pe. Sabelli,<br />

que viera <strong>da</strong> Suíça, passou a residir na nova casa contínua à pa<strong>da</strong>ria “A pera de<br />

ferro”. Dois quartos no an<strong>da</strong>r superior e uma pequena sala de expediente formavam<br />

então a sua nova mora<strong>da</strong>; mais tarde ele ocupou os outros dois aposentos<br />

do terceiro an<strong>da</strong>r. As refeições vinham <strong>da</strong> cozinha do convento em uma<br />

espécie de marmita. A única obrigação a que se sujeitava aceitando o novo<br />

cargo, consistia em ouvir semanalmente as confissões <strong>da</strong>s religiosas. As conferências<br />

não estavam então em uso. Menos trabalho tinha ain<strong>da</strong> ele na igreja do<br />

convento, porque lá não era costume fazer pregação, e além disso o Reitor <strong>da</strong><br />

igreja era coadjuvado por um capelão. Não obstante, esse novo posto marcava<br />

um dos pontos mais importantes para a vi<strong>da</strong> de S. <strong>Clemente</strong> em Viena: pois que<br />

Sta. Úrsula se tornou propriamente o lugar do seu apostolado na Capital <strong>da</strong><br />

Áustria, como veremos adiante.<br />

Empossado no seu cargo começou S. <strong>Clemente</strong> por reformar a igreja que<br />

lhe acabava de ser confia<strong>da</strong>: refez o assoalho, caiou as paredes, providenciou<br />

os bancos, encomendou novas estátuas, levantou novos altares, conseguiu novos<br />

paramentos para o Santo Sacrifício e para as demais funções do culto, introduziu<br />

o cântico piedoso, celebrou com pompa as festas religiosas, numa palavra,<br />

reformou de tal modo a igreja, que nas imediações não se encontrava uma<br />

outra que se lhe pudesse comparar. Vendo a boa vontade do Reitor, o povo não<br />

se negou aos pedidos de S. <strong>Clemente</strong>: nunca lhe faltaram flores, velas, adornos<br />

nem dinheiro para a casa de Deus; <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> não conhecia economias. A<br />

semana Santa, a festa de Corpus Christi e a adoração <strong>da</strong>s quarenta horas eram<br />

celebra<strong>da</strong>s com to<strong>da</strong> a pompa na Igreja de Santa Úrsula. Para esse fim S. <strong>Clemente</strong><br />

convi<strong>da</strong>va sacerdotes e clérigos que abrilhantassem as cerimônias religiosas;<br />

não poucas vezes ia o próprio Núncio apostólico pontificar na Igreja de<br />

Santa Úrsula. O povo que já não estava habituado a essas soleni<strong>da</strong>des afluía<br />

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de todos os pontos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, de sorte que a igreja se tornava demasiado pequena<br />

para conter a multidão, que desejava assistir as santas cerimônias do<br />

culto que em sua beleza e majestade empolga os corações. Os sacerdotes <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong>de percebendo o movimento religioso que se desenvolvia em a Igreja de<br />

Sta. Úrsula, edificados com a devoção <strong>da</strong> multidão e com os cânticos devotos<br />

que ecoavam pelas abóba<strong>da</strong>s do templo, faziam questão de participar <strong>da</strong>quele<br />

ambiente de santi<strong>da</strong>de e iam celebrar diariamente em Sta. Úrsula, de sorte que<br />

lá havia ininterruptamente missas desde manhã até o meio-dia. A polícia pouco<br />

se incomodou com essas cerimônias proibi<strong>da</strong>s pelo josefismo, porque os grandes<br />

do império, entre eles o próprio irmão do imperador, freqüentavam a igreja<br />

e se edificavam com a pie<strong>da</strong>de e devoção do povo. Aos poucos também outras<br />

igrejas de Viena começaram a imitar o Reitor de Sta. Úrsula.<br />

Esse movimento todo porém não se realizou <strong>da</strong> noite para o dia. Só com o<br />

tempo, com paciência e com um trabalho aturado é que se pôde desfazer a<br />

prevenção de um povo. Já no primeiro domingo depois de empossado no cargo,<br />

perguntou <strong>Clemente</strong> a que hora costumava ser a pregação naquela igreja. Ouvindo<br />

não ser costume pregar em Viena senão nas maiores festivi<strong>da</strong>des do ano,<br />

o novo Reitor admirou-se e mandou ao sacristão tocar festivamente para que o<br />

povo soubesse que lá haveria pregação naquele dia; embora no princípio, só<br />

poucas pessoas fossem à igreja nem por isso deixava ele de anunciar a palavra<br />

divina; pregou sempre todos os domingos e dias santificados. A pregação era<br />

para ele uma necessi<strong>da</strong>de, queria converter o mundo inteiro e naqueles tempos<br />

calamitosos, a pregação era quase que o único meio de restabelecer a fé em<br />

tantas inteligências extravia<strong>da</strong>s e de afervorar a pie<strong>da</strong>de nos corações bem<br />

intencionados.<br />

E, coisa admirável, o povo começou a interessar-se pelas pregações<br />

substanciosas de S. <strong>Clemente</strong>, de sorte que a igreja se enchia já muito antes de<br />

começarem as cerimônias, devendo o resto ouvir as pregações <strong>da</strong>s ruas e dos<br />

largos; e entre os ouvintes de <strong>Clemente</strong> não se encontravam apenas velhas e<br />

crianças, emprega<strong>da</strong>s ou cozinheiras, mas também pessoas <strong>da</strong> mais fina socie<strong>da</strong>de,<br />

homens de peso e de talento, doutores e professores e até pregadores<br />

de fama, que iam a Santa Úrsula aprender o segredo de empolgar o povo. Os<br />

primeiros anos do esconderijo do Santo tinham pois desaparecido; seu nome<br />

de pregador era pronunciado com admiração e amor em quase to<strong>da</strong> a ci<strong>da</strong>de<br />

de Viena, e seu confessionário permanecia assediado desde a manhã até ao<br />

meio-dia. Com o aumento diário do trabalho em sua igreja viu-se ele obrigado a<br />

levantar-se diariamente as quatro horas <strong>da</strong> manhã, às vezes até um pouco<br />

antes; para não perder a hora, na falta de um despertador, combinou com o<br />

guar<strong>da</strong> noturno <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de que o despertasse. Depois <strong>da</strong> meditação ia ao confessionário,<br />

donde não se levantava antes <strong>da</strong>s 10 horas em que subia ao altar<br />

para o santo Sacrifício.<br />

Duas vezes por semana levantava-se ain<strong>da</strong> mais cedo porque costumava<br />

levar à igreja dos Mechitaristas, distante meia hora, pão e outros objetos para<br />

os pobres que lá se reuniam. À tarde fazia suas excursões pela ci<strong>da</strong>de e pelos<br />

arrabaldes em visita aos pobres, doentes e moribundos. Quantas vezes não se<br />

levantou ele, alta hora <strong>da</strong> noite, o solidéu na cabeça e uma lanternazinha na<br />

mão para sacramentar moribundos nos arrabaldes <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de!<br />

CAPÍTULO III

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