São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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18.04.2013 Views

mente. Napoleão leu com atenção as informações de Davoust e respondeu: “Eles parecem ser da mesma corporação como aqueles que expulsei da Itália e da França; pedirei às cortes alemãs que os expulsem, e farei o mesmo ao rei da Saxônia: esses padres começaram a existir há poucos anos e já se tentou inundar deles a França; já proibi suas reuniões, mandei fechar seus conventos e dispersar-se todos indo cada um para sua casa...!” E no mesmo dia mandou o Ministro do Exterior expulsar esses sacerdotes da Polônia... “por serem eles o renascimento dos jesuítas”. Era essa a sentença de morte contra S. Beno! Napoleão, em sua leviandade, afirmou que os Redentoristas inundavam a França quando não havia nenhum deles lá! São Clemente iludira-se muito tempo a esse respeito; confiava demais na lealdade do rei católico da Saxônia, a quem pertencia Varsóvia. Deus entretanto quis preparar seu Servo para o grande golpe. À 9 de junho, num dos dias da oitava de Pentecostes, lera no breviário as palavras do salmo 87: “Eu sou pobre, e em trabalhos estou desde a minha juventude, e embora exaltado e elevado, sinto-me humilhado e contristado”; nesse momento sentiu o corpo tremer como uma vara verde; pôs-se a meditar no que podia significar aquilo e tornou a sentir o mesmo tremor em todo o corpo; convenceu-se de que era aviso do céu para uma grande tribulação; curvou-se antecipadamente, com toda a resignação, ante a vontade de Deus, e a tranqüilidade tornou a voltar à sua alma. Nesse mesmo dia foi assinado em Pilnitz o decreto que expulsava os Redentoristas de S. Beno. Essa ordem fora confeccionada por dois amigos do Santo: pelo rei da Saxônia e por Breza, secretário do Estado! O rei Frederico Augusto com lágrimas nos olhos tomou a pena para confirmar o decreto da expulsão — fizera-o debaixo da pressão do imperador dos franceses. Pelo decreto era permitido aos padres levar consigo suas propriedades pessoais e a viagem deveria ser feita às custas do governo. Aos 14 de junho o decreto chegou às mãos de Davoust, que com a maior circunspecção se preparou para desfechar o golpe; um funcionário, porém, amigo dos padres traiu o segredo; entrou no convento disfarçado por causa da grande vigilância dos soldados, e na maior reserva contou tudo a S. Clemente, o qual, convocada a comunidade, impôs-lhe o mais rigoroso segredo e narrou o que estava por acontecer. Foi como se um raio, naquele momento, caísse sobre o convento: uns até choraram e soluçaram de dor. Mas não havia tempo a perder; da igreja e da sacristia foram retiradas as alfaias mais preciosas; os ornamentos foram colocados na cripta; as relíquias repartidas entre os padres e os irmãos; estes aprontaram as malas e cada qual recebeu um pouco de dinheiro para as maiores e mais urgentes necessidades eventuais. No dia seguinte houve as cerimônias na igreja como de costume sem que ninguém pudesse suspeitar a menor sombra de novidade. O dia 17 de junho foram determinado para a execução do decreto. Pelo temor de possível sedição popular, foram guardadas militarmente as ruas que iam ao convento; ao meio-dia apareceu em S. Beno a comissão da expulsão; era hora do culto. São Clemente estava no púlpito a pregar e os padres no confessionário a ouvir as confissões. A citação foi feita sem mais preâmbulos com a obstupefação do povo que viu o Pe. Clemente interromper bruscamente 42 o sermão, e os irmãos ir de confessionário a confessionário chamar os padres, que se levantaram imediatamente. Fecharam-se as portas e o povo ficou preso dentro da igreja. Os comissários assustaram-se ao perceber a calma dos padres, que não se mostravam surpreendidos; temeram uma revolta, mas S. Clemente tranqüilizou-os assegurando-lhes que o povo ignorava tudo e que eles não usariam violência. Os Redentoristas, desde aquele momento, estavam presos por ordem de Davoust e incomunicáveis — só então é que abriram as portas da igreja e deixaram o povo sair. Davoust não era contrário à ida dos padres à Galícia como haviam pedido, mas, como o coronel austríaco nada podia decidir sem primeiro consultar Viena, o comandante indignou-se e mandou os presos para Küstrin, donde cada um iria para sua casa; isto se daria a 20 de junho. Os comissários franceses insistiram com os clérigos e estudantes de Varsóvia, a que rompessem de vez com os padres e de lá mesmo voltassem para suas casas; só um foi infiel à vocação; todos os outros preferiram partilhar a sorte dos demais padres indo juntos ao exílio. A comunidade de S. Beno contava então quarenta membros, dos quais vinte eram padres e vinte estudantes e irmãos leigos. No dia 20 de junho, levantaram-se os religiosos às 3h30min, prepararam-se para a viagem e esperaram os carros que os haviam de separar da cela querida. Os veículos não tardaram a chegar a S. Beno munidos de soldados. Embora de madrugada, as ruas e as janelas das casas achavam-se repletas de povo; os padres entretanto consolaram-se ao verem que os carros seguiam na mesma direção esperando poder juntos beber o cálice da amargura e do desterro; mas essa consolação também evanuiu-se quando, ao sair da cidade, perceberam que os carros se dirigiam para direção diversa; separavam-se, talvez para sempre, sem se despedirem. São Clemente, sentando em seu carro baixara a cabeça resignando-se com a vontade santíssima de Deus, enquanto que seus dedos desfiavam as contas do rosário da Virgem, e seu coração rezava pelos filhos perseguidos e pelos perseguidores. Nenhuma palavra de queixa ou reprovação saiu de seus lábios; colocara tudo nas mãos da Providência. Era o fim de S. Beno. Durante cinco dias, de carros fechados, foram conduzidos para o Oeste parando apenas ao meio-dia e à tarde para o descanso dos cavalos — enfim chegaram a uma cidade cingida de muralhas de todos os lados. Lá havia uma fortaleza, como São Clemente nunca vira na sua vida; — e agora ia vê-la bem de perto; a cidade era toda protestante. Os carros pararam em frente a essa fortaleza no meio da cidade, abriram-se as portas e os padres receberam o convite de entrar dentro do soberbo prédio. Foi na cidade e na fortaleza de Küstrin, perto de Berlim que se reuniram os exilados. A habitação era espaçosa e o tratamento não deixou nada a desejar. Cada um recebeu um quarto separado; na sala grande levantaram um altar, e a comunidade reencetou os seus exercícios, prescritos pela Regra, como se os Congregados se achassem no convento. Os protestantes sentiam compaixão dos exilados e não tardaram a simpatizar-se com eles; em grandes grupos detinham-se perto das janelas a ouvir os cânticos que ecoavam pela sala; os pastores protestantes chegaram a temer a influência dos sacerdotes católicos sobre as suas ovelhas. Aos 28 de junho S. Clemente dirigiu uma carta ao arcebispo de Posen,

agradecendo todos os favores recebidos e dando algumas informações sobre a situação “... conformamo-nos com a sorte que nos coube pela vontade de Deus; é-nos suave o sofrimento porque nossa consciência de nada nos acusa; o decreto nos foi anunciado sem preceder-lhe processo, e foi executado com mais dureza do que fora lavrado... estamos separados de todos e não sabemos porque; estamos aqui na fortaleza e só Deus sabe a sorte que nos espera... porém em tudo reconhecemos a vontade de Deus que seja sempre glorificado Deus permitiu isto, porque não éramos o que deveríamos ser”. A prisão na fortaleza durou quatro semanas passadas na mais escrupulosa observância regular, semanas de mortificação e de resignação com a vontade divina; São Clemente nutria ainda a esperança de poder conservar unida a sua querida Comunidade; confiava sempre na lealdade e amizade do rei que tudo faria para o seu regresso a Varsóvia ou a alguma residência na Saxônia. Eram sonhos! Em meados de julho anunciou-se aos exilados a cassação do desterro, indo cada um para sua casa. Tremendo golpe para S. Clemente! Separar-se dos seus, ver seus planos esfacelados, sua grande obra aniquilada, o ideal da sua vida para sempre frustrado! O fechamento do convento de São Beno significava não só a perda de uma residência como Triberg, Babenhausen etc., mas a dissolução da Congregação além dos Alpes. Quando, na fortaleza, ele abraçou os seus súditos por despedida, fê-lo pela última vez, porque a muitos dentre eles não veria mais em sua vida. Só restava ainda salvar as propriedades da Congregação em Varsóvia: as novas construções, os terrenos adquiridos etc. O Pe. Jestersheim, saxônio de nascimento, foi incumbido desse negócio, ainda mais que fora ele o Reitor da casa desde a morte do Pe. Thadeu Hübl. São Clemente esperou em Viena a solução final de tudo, para de lá tomar a decisão sobre sua futura residência. Consigo levou o clérigo Martinho Stark e o irmão Mathias Wildhalm, os únicos austríacos da comunidade dissolvida. A viagem a Viena não se deu sem dificuldades e dissabores para o Servo de Deus. No passe recebido do governo estava, com toda a exatidão, determinada a marcha de Küstrin até Viena. Como porém S. Clemente desejava celebrar todos os dias o santo Sacrifício da missa tinha de fazer, às vezes, algum pequeno desvio para chegar a uma igreja católica, o que não era fácil naquelas regiões onde dominava o protestantismo. Na Silésia Superior saiu-se mal uma vez, porque encontrando tropas francesas, teve de lhes apresentar o passe, que o clérigo Martinho Stark, na grande pressa, perdera com os outros papéis. Levaram-no ao Comandante que o tomou por espião e já estava para ordenar o seu fuzilamento, quando apareceu um oficial polaco, conhecido do Santo, o qual deu informações favoráveis; devido a isso o Santo foi detido em um convento até chegar de Küstrin a notícia de que Clemente e Martinho Stark haviam recebido o passe. Assim, debaixo de agruras e dissabores, chegou o nosso Santo às últimas fronteiras do país, ao qual tantos benefícios prestara, em os dias do seu ativo apostolado. O novo país, que haveria de receber dele as mais insignes bênçãos do céu, recebeu-o mal até com injuriosa suspeita. Atravessadas as fronteiras da Áustria foram logo aprisionados por faltarem, mais uma vez, os necessários passaportes, e tiveram de esperar até que uma nobre senhora polaca, que se interessara por S. Clemente, lhes procurou novos docu- 43 mentos em Viena. Conseguidos os papéis reencetaram a viagem por Olmütz e Brünn até Tasswitz, onde S. Clemente esteve com sua irmã Bárbara. Depois de uma breve demora na pátria, apressou-se o Santo a partir para a nova residência ao encontro de novos esforços e trabalhos. Quem poderia imaginar que aquele sacerdote pobre, perseguido e desconhecido seria por Deus escolhido como instrumento para a restauração do espírito cristão, da verdadeira piedade e da salvação de inúmeras almas na grande cidade, em que acabara de entrar, e em toda a Áustria, para não dizer no mundo inteiro! Quem acreditaria que aquele homem sem nome, avançado já em anos, seria o médico enviado por Deus para inocular nova vida e nova força à Igreja na Áustria que definhava sob o jugo do josefismo nas garras da maçonaria! Deus assim apraz-se em brincar com os homens; fá-los passar por dificuldades e parece querer aniquilá-los, quando os escolhe para instrumentos da execução dos seus grandiosos planos. Deus escolhe o fraco para confundir o forte, e destruir aquilo que o mundo preza, com aquilo que o mundo despreza. Vinte anos passaram desde a ordenação sacerdotal de São Clemente até a expulsão de Varsóvia, período bastante longo, repleto de trabalhos, de grandes planos, de belas esperanças, de grandiosos sucessos, mas também de amargas desilusões, de cruéis perseguições, de nefanda ingratidão; foi uma via crucis de vinte anos e de outras tantas estações, cada qual mais doída e torturante. Quem tudo olha só com os olhos da carne, terá compaixão de Clemente, a quem olhará como a um infeliz sem sorte, que trabalhou em vão. Os desígnios de Deus são imperscrutáveis; todas essas peripécias só serviram para mostrar ao mundo a grandeza da alma de S. Clemente, que qual rochedo inabalável sustentado pelas mãos do Eterno, resistia a tudo depositando inteira confiança em Aquele que não desampara seus filhos. Nessas desilusões é que admiramos a santidade do herói, que não abre sua boca para proferir uma palavra sequer contra as disposições admiráveis da Providência.

agradecendo todos os favores recebidos e <strong>da</strong>ndo algumas informações sobre a<br />

situação “... conformamo-nos com a sorte que nos coube pela vontade de Deus;<br />

é-nos suave o sofrimento porque nossa consciência de na<strong>da</strong> nos acusa; o decreto<br />

nos foi anunciado sem preceder-lhe processo, e foi executado com mais<br />

dureza do que fora lavrado... estamos separados de todos e não sabemos porque;<br />

estamos aqui na fortaleza e só Deus sabe a sorte que nos espera... porém<br />

em tudo reconhecemos a vontade de Deus que seja sempre glorificado Deus<br />

permitiu isto, porque não éramos o que deveríamos ser”.<br />

A prisão na fortaleza durou quatro semanas passa<strong>da</strong>s na mais escrupulosa<br />

observância regular, semanas de mortificação e de resignação com a vontade<br />

divina; <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> nutria ain<strong>da</strong> a esperança de poder conservar uni<strong>da</strong> a<br />

sua queri<strong>da</strong> Comuni<strong>da</strong>de; confiava sempre na leal<strong>da</strong>de e amizade do rei que<br />

tudo faria para o seu regresso a Varsóvia ou a alguma residência na Saxônia.<br />

Eram sonhos! Em meados de julho anunciou-se aos exilados a cassação do<br />

desterro, indo ca<strong>da</strong> um para sua casa. Tremendo golpe para S. <strong>Clemente</strong>! Separar-se<br />

dos seus, ver seus planos esfacelados, sua grande obra aniquila<strong>da</strong>, o<br />

ideal <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong> para sempre frustrado! O fechamento do convento de <strong>São</strong><br />

Beno significava não só a per<strong>da</strong> de uma residência como Triberg, Babenhausen<br />

etc., mas a dissolução <strong>da</strong> <strong>Congregação</strong> além dos Alpes. Quando, na fortaleza,<br />

ele abraçou os seus súditos por despedi<strong>da</strong>, fê-lo pela última vez, porque a muitos<br />

dentre eles não veria mais em sua vi<strong>da</strong>.<br />

Só restava ain<strong>da</strong> salvar as proprie<strong>da</strong>des <strong>da</strong> <strong>Congregação</strong> em Varsóvia: as<br />

novas construções, os terrenos adquiridos etc. O Pe. Jestersheim, saxônio de<br />

nascimento, foi incumbido desse negócio, ain<strong>da</strong> mais que fora ele o Reitor <strong>da</strong><br />

casa desde a morte do Pe. Thadeu Hübl. <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> esperou em Viena a<br />

solução final de tudo, para de lá tomar a decisão sobre sua futura residência.<br />

Consigo levou o clérigo Martinho Stark e o irmão Mathias Wildhalm, os únicos<br />

austríacos <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de dissolvi<strong>da</strong>.<br />

A viagem a Viena não se deu sem dificul<strong>da</strong>des e dissabores para o Servo<br />

de Deus. No passe recebido do governo estava, com to<strong>da</strong> a exatidão, determina<strong>da</strong><br />

a marcha de Küstrin até Viena. Como porém S. <strong>Clemente</strong> desejava celebrar<br />

todos os dias o santo Sacrifício <strong>da</strong> missa tinha de fazer, às vezes, algum<br />

pequeno desvio para chegar a uma igreja católica, o que não era fácil naquelas<br />

regiões onde dominava o protestantismo. Na Silésia Superior saiu-se mal uma<br />

vez, porque encontrando tropas francesas, teve de lhes apresentar o passe,<br />

que o clérigo Martinho Stark, na grande pressa, perdera com os outros papéis.<br />

Levaram-no ao Coman<strong>da</strong>nte que o tomou por espião e já estava para ordenar o<br />

seu fuzilamento, quando apareceu um oficial polaco, conhecido do Santo, o<br />

qual deu informações favoráveis; devido a isso o Santo foi detido em um convento<br />

até chegar de Küstrin a notícia de que <strong>Clemente</strong> e Martinho Stark haviam<br />

recebido o passe. Assim, debaixo de agruras e dissabores, chegou o nosso<br />

Santo às últimas fronteiras do país, ao qual tantos benefícios prestara, em os<br />

dias do seu ativo apostolado. O novo país, que haveria de receber dele as mais<br />

insignes bênçãos do céu, recebeu-o mal até com injuriosa suspeita. Atravessa<strong>da</strong>s<br />

as fronteiras <strong>da</strong> Áustria foram logo aprisionados por faltarem, mais uma<br />

vez, os necessários passaportes, e tiveram de esperar até que uma nobre senhora<br />

polaca, que se interessara por S. <strong>Clemente</strong>, lhes procurou novos docu-<br />

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mentos em Viena.<br />

Conseguidos os papéis reencetaram a viagem por Olmütz e Brünn até<br />

Tasswitz, onde S. <strong>Clemente</strong> esteve com sua irmã Bárbara. Depois de uma breve<br />

demora na pátria, apressou-se o Santo a partir para a nova residência ao encontro<br />

de novos esforços e trabalhos.<br />

Quem poderia imaginar que aquele sacerdote pobre, perseguido e desconhecido<br />

seria por Deus escolhido como instrumento para a restauração do espírito<br />

cristão, <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>deira pie<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> salvação de inúmeras almas na grande<br />

ci<strong>da</strong>de, em que acabara de entrar, e em to<strong>da</strong> a Áustria, para não dizer no<br />

mundo inteiro! Quem acreditaria que aquele homem sem nome, avançado já<br />

em anos, seria o médico enviado por Deus para inocular nova vi<strong>da</strong> e nova força<br />

à Igreja na Áustria que definhava sob o jugo do josefismo nas garras <strong>da</strong> maçonaria!<br />

Deus assim apraz-se em brincar com os homens; fá-los passar por dificul<strong>da</strong>des<br />

e parece querer aniquilá-los, quando os escolhe para instrumentos <strong>da</strong><br />

execução dos seus grandiosos planos. Deus escolhe o fraco para confundir o<br />

forte, e destruir aquilo que o mundo preza, com aquilo que o mundo despreza.<br />

Vinte anos passaram desde a ordenação sacerdotal de <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> até<br />

a expulsão de Varsóvia, período bastante longo, repleto de trabalhos, de grandes<br />

planos, de belas esperanças, de grandiosos sucessos, mas também de<br />

amargas desilusões, de cruéis perseguições, de nefan<strong>da</strong> ingratidão; foi uma via<br />

crucis de vinte anos e de outras tantas estações, ca<strong>da</strong> qual mais doí<strong>da</strong> e torturante.<br />

Quem tudo olha só com os olhos <strong>da</strong> carne, terá compaixão de <strong>Clemente</strong>,<br />

a quem olhará como a um infeliz sem sorte, que trabalhou em vão. Os desígnios<br />

de Deus são imperscrutáveis; to<strong>da</strong>s essas peripécias só serviram para mostrar<br />

ao mundo a grandeza <strong>da</strong> alma de S. <strong>Clemente</strong>, que qual rochedo inabalável<br />

sustentado pelas mãos do Eterno, resistia a tudo depositando inteira confiança<br />

em Aquele que não desampara seus filhos. Nessas desilusões é que admiramos<br />

a santi<strong>da</strong>de do herói, que não abre sua boca para proferir uma palavra<br />

sequer contra as disposições admiráveis <strong>da</strong> Providência.

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