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São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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mo. Um dos vigários, admiradores de S. <strong>Clemente</strong>, disse uma vez: “Dai-me<br />

quatro homens para o púlpito como o Pe. <strong>Clemente</strong>, e quatro para o confessionário<br />

como o Pe. Passerat, e eu converterei reinos inteiros”. O modo de pregar<br />

de S. <strong>Clemente</strong> era de uma simplici<strong>da</strong>de admirável; abria o Evangelho a qualquer<br />

hora do sermão, apostrofava o povo, fazia perguntas prometendo uma<br />

missa a quem respondesse bem etc. Uma vez discorrendo com fogo sobre as<br />

ver<strong>da</strong>des eternas, comoveu o povo a ponto de todos prorromperem em prantos<br />

e soluços, menos um moço que continuava a rir-se criticando as palavras do<br />

pregador. <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> parou bruscamente no meio do sermão, fitou por uns<br />

momentos o rapaz e disse-lhe com voz firme: “Moço, a igreja não é lugar para<br />

brincadeiras; teu procedimento bem mostra que não queres converter-te”. O<br />

auditório voltou-se para o jovem, que corou de vergonha, e reconhecendo o<br />

erro, pediu perdão e mudou de vi<strong>da</strong>: foi esse o mais proveitoso sermão, que o<br />

moço ouvira em sua vi<strong>da</strong>.<br />

Em Weinried havia uma senhora, esposa do ferreiro do lugar, já bem idosa,<br />

que não gostava muito de se confessar com freqüência, contentando-se com<br />

uma única confissão anual pela Páscoa. Encontrando-a casualmente admoestou-a<br />

S. <strong>Clemente</strong> a que se aproximasse mais vezes do santo tribunal <strong>da</strong> penitência,<br />

porquanto já estava velha e não longe <strong>da</strong> hora em que deveria prestar<br />

contas a Deus. A ferreira porém olhou para S. <strong>Clemente</strong> e disse-lhe: “Mas padre,<br />

que diria a gente se a mulher do ferreiro se fosse confessar tantas vezes?”<br />

No domingo seguinte <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> pregou sobre a recepção freqüente dos<br />

Sacramentos, mostrando sua utili<strong>da</strong>de para o tempo e a eterni<strong>da</strong>de, pois que<br />

comunicam força e vigor espiritual à alma para os combates com os inimigos,<br />

consolam-na na hora <strong>da</strong> morte etc., e no fim acrescentou: “Vedes pois que é útil<br />

e salutar receber amiúde os Sacramentos; mas a velha ferreira diz: ‘que diria a<br />

gente se a mulher do ferreiro se fosse confessar tantas vezes’ — e em segui<strong>da</strong><br />

olhando para a ferreira que lá estava, apostrofou-a perguntando: ‘Ó boa<br />

ferreirinha, que diria a gente se a ferreira estivesse no inferno?’” Não só no<br />

púlpito, mas também em suas relações de amizade procurava S. <strong>Clemente</strong> converter<br />

os pecadores e levar as almas para o céu.<br />

Uma vez encontrou-se com um músico que tocava violino em todos os<br />

bailes e sempre que se apresentava ocasião em qualquer divertimento. Por<br />

causa dessa alegria o Santo certamente não o repreenderia, pois que Deus<br />

ama os corações alegres e S. Paulo duas vezes, em segui<strong>da</strong>, aconselha os<br />

Filipenses a se alegrarem no Senhor; o rei Davi também <strong>da</strong>nçava diante <strong>da</strong> arca<br />

e tocava sua harpa cantando os salmos do Senhor. — Mas o violinista de Weinried<br />

não tocava a harpa sagra<strong>da</strong> nem cantava os salmos de Davi, mas modinhas<br />

inconvenientes, dita<strong>da</strong>s pelo espírito impuro e pelas vis paixões, escan<strong>da</strong>lizando<br />

a todos e levando muitas almas à perdição. S. <strong>Clemente</strong>, compadecido do<br />

pobre violinista, chamou-o às ordens pondo-lhe antes os olhos o estado deplorável<br />

de sua alma, a ignobili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>quele modo de ganhar a vi<strong>da</strong>, o escân<strong>da</strong>lo<br />

causado a tantas almas, e o contentamento do demônio, que o queria levar<br />

para o inferno. As palavras tão sinceras quão severas de S. <strong>Clemente</strong> penetraram<br />

profun<strong>da</strong>mente no coração do pobre músico que refletindo seriamente nelas,<br />

deixou para sempre a vi<strong>da</strong> cômica e pecaminosa que levava e tornou-se um<br />

excelente cristão tendo sempre antes os olhos as palavras do Espírito Santo.<br />

35<br />

“Não te comprazas de ir às assembléias de grande tumulto, nem ain<strong>da</strong> às pequenas;<br />

porque ali são freqüentes os pecados que se cometem” (Eclo 18,32)<br />

Lá em Weinried havia um indivíduo que se chafur<strong>da</strong>ra em todos os vícios e<br />

crimes, seduzindo a quantos podia; detestava a igreja e seus ministros; blasfemava<br />

contra a religião e em seus lábios só se encontrava palavras injuriosas e<br />

ofensivas contra os padres, os bispos e o próprio Deus. O vigário trabalhara em<br />

vão procurando todos os meios possíveis de conversão, a fim de o levar para o<br />

caminho <strong>da</strong> virtude; mas vendo a perversi<strong>da</strong>de do rapaz, desesperou <strong>da</strong> sua<br />

conversão. S. <strong>Clemente</strong> porém não desanimou, orou e orou bastante pelo infeliz<br />

ao Pai, cuja misericórdia é infinita. Em segui<strong>da</strong>, com to<strong>da</strong> a ternura de um coração<br />

amigo, aproximou-se do grande pecador; aos poucos foi-lhe mostrando<br />

to<strong>da</strong> a feal<strong>da</strong>de do vício, e conseguiu que ele rezasse e fosse a igreja. A misericórdia<br />

divina tocou-lhe o coração e ele se converteu sinceramente fazendo a<br />

sua confissão debulhado em lágrimas.<br />

Depois de reparar com o arrependimento sincero os escân<strong>da</strong>los que causara,<br />

perguntou a S. <strong>Clemente</strong> como deveria agir para desfazer o mal ocasionado<br />

aos outros por sua vi<strong>da</strong> escan<strong>da</strong>losa. Como bom pai aconselhou-lhe o Santo<br />

que fizesse quanto estivesse ao seu alcance, pois que o escân<strong>da</strong>lo é como um<br />

grande incêndio que se ateia com uma pequena faísca, e não se apaga nem<br />

com o maior cui<strong>da</strong>do e trabalho; mas que confiasse na misericórdia divina e<br />

pedisse perdão a todos a começar pelo vigário e de fato levou-o ao pároco, que<br />

ficou atônito ao ver o Pe. <strong>Clemente</strong> e o criminoso entrarem juntos em sua casa;<br />

mais perplexo porém se sentiu quando o rapaz escan<strong>da</strong>loso se prostrou a seus<br />

pés chorando de compunção, como outrora Ma<strong>da</strong>lena aos pés de Jesus; não<br />

pôde conter-se de alegria o bom vigário, chorou com o penitente e no excesso<br />

de contentamento deu três saltos no quarto como se fosse ain<strong>da</strong> rapazinho na<br />

flor <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de.<br />

Meio anos apenas estivera S. <strong>Clemente</strong> em Babenhausen, e a ci<strong>da</strong>de já<br />

mostrava um aspecto inteiramente novo quanto à vi<strong>da</strong> de pie<strong>da</strong>de e à prática<br />

<strong>da</strong>s virtudes; e esse progresso espiritual não era conseqüência de um entusiasmo<br />

passageiro que se extingue como um fogo de palha, mas real e duradouro<br />

pois que, dezenas de anos depois, ain<strong>da</strong> se encontraram na ci<strong>da</strong>de pessoas<br />

que levavam uma vi<strong>da</strong> santa, recor<strong>da</strong><strong>da</strong>s dos sábios ensinamentos de S. <strong>Clemente</strong>.<br />

Os habitantes de Weinried agrupavam-se em redor de <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong><br />

como os filhos em torno do pai, amavam-no sinceramente, e não poucas vezes,<br />

vendo a grande pobreza do Santo, levavam-lhe o necessário para a sua subsistência;<br />

respeitavam-no como a um Santo e beijavam o chão por onde ele passava.<br />

Por mais que <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> procurasse esconder o brilho <strong>da</strong>s suas virtudes<br />

e corresse atrás <strong>da</strong>s humilhações e até do desprezo dos homens, a sua santi<strong>da</strong>de<br />

se fazia sentir a todos com tanto maior admiração quanto maior cui<strong>da</strong>do<br />

tinha o Santo em ocultá-la. A fisionomia e a lembrança de <strong>Clemente</strong> imprimiram-se<br />

tão indelevelmente na alma <strong>da</strong>quele bom povo, que muitos e muitos<br />

anos depois que o Santo já se achava na eterni<strong>da</strong>de, ele ain<strong>da</strong> falava com<br />

gratidão e sau<strong>da</strong>des do bom e santo padre <strong>Clemente</strong>. Sessenta anos depois <strong>da</strong><br />

saí<strong>da</strong> do Pe. <strong>Clemente</strong> de Babenhausen, mostraram a sua fotografia a uma<br />

velhinha, que vendo o retrato derramou lágrimas de contentamento exclamando<br />

como que fora de si de alegria: “É o Pe. <strong>Clemente</strong>!” A velhinha, quando vira o

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