São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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18.04.2013 Views

CAPÍTULO VI Na Suabia Ondas de soldados — Napoleão e Clemente — O manto ou a vida — Em Babenhausen — Weinried — Desejam confessar-se? — O rapaz que ri no sermão — A ferreira apostrofada — O violinista convertido — O rapaz libertino — Quebra vidraças e ganha uma missa — Vítima de calúnias — Montgelas — Perseguições. Vendo S. Clemente que Triberg estava perdida para a Congregação e que também Jestetten não lhe estava segura por haver essa cidade passado ao domínio protestante de Baden, volveu suas vistas para Augsburgo, onde tinha um amigo sincero na pessoa de Antônio Nigg, que ocupava o honroso cargo de vigário-geral da diocese, e que, desde há muito, desejava um ginásio bem organizado em Babenhausen. Em novembro de 1805 partiu para lá com Sabelli a fim de se entender com o bispo Clemente Wenceslau e conseguir dele a permissão necessária para a fundação de uma residência em Babenhausen. Foi essa uma viagem bem penosa para o nosso Santo; as trinta léguas que vão de Triberg a Augsburgo fê-las S. Clemente o coração oprimido pelos mais sinistros pressentimentos. Em Varsóvia a revolução tornava-se sempre mais ameaçadora para S. Beno, no Tabor não encontrava garantia alguma, em Triberg estava condenado à inação e entregue às mãos de poderosos inimigos; olhava para Augsburgo, mas não com muitas esperanças ao contemplar a multidão de soldados que inundavam toda aquela região. No dia 1 de outubro Napoleão à frente de um exército de 180.000 homens atravessara o Reno perto de Strassburgo em direção a Stuttgart contra Mack, o general austríaco, que o esperava em Ulm com 80.000 soldados; aos 13 de outubro Napoleão cercou Mack em Ulm e em sete dias a cidade se rendeu devendo 23.000 austríacos depor as armas aos pés do imperador dos franceses. O caminho estava aberto a Napoleão até o coração da Áustria, e seus soldados debandaram para todos os lados na Baviera, roubando e saqueando quanto encontravam sem atenção à miséria, em que iriam cair os pobres saqueados. É pelo meio dessa multidão que São Clemente teve de passar; felizmente porém nada de mal lhe aconteceu. Quando S. Clemente chegou em Augsburgo, lá se achava Napoleão. Que contraste entre essas duas personagens que se encontravam na mesma cidade! entre o vitorioso Napoleão e o perseguido S. Clemente! Aquele triunfou dez anos percorrendo a Europa ao sorriso das armas, vendo reis e imperadores tremer diante dele como a vara batida do vendaval; este perseguido, desconhecido e desprezado, ia de cidade em cidade procurando não a sua glória, mas a de Jesus Cristo. Depois de alguns anos morreu S. Clemente e teve o enterro de 34 um imperador; um ano depois de Clemente faleceu Napoleão e teve o sepultamento de um mendigo. São desígnios da Providência! Depois de recebido amavelmente pelo bispo, volta a Babenhausen para tratar com o príncipe Fugger da fundação da nova residência. De caminho um soldado avança contra ele, e prevendo que Clemente não levava dinheiro consigo, puxa da espada, aponta-lhe o peito e diz: “O manto ou a vida”. Sem o menor sinal de temor ou de impaciência, S. Clemente tira o manto, que nada tinha de precioso, e entrega-o ao soldado, que saiu contente por possuir mais um meio de se resguardar contra o frio. São Clemente, apesar dos esforços feitos, não pôde conseguir senão uma habitação provisória, tão úmida que dos trinta religiosos que a inauguraram, quase todos adoeceram; somente alguns meses depois, foi-lhe possível conseguir uma casa mais espaçosa, porém ainda insuficiente para tanta gente; essa circunstância obrigou alguns a hospedar-se na vizinha aldeia de Weinried na casa do vigário, grande amigo de S. Clemente. De dia o Pe. Clemente ficava com os seus padres em Babenhausen a rachar lenha, cuidar das estufas etc.; na quaresma ele mesmo tomava conta da cozinha; às horas das refeições, nos dias de jejum, ele sentava-se a mesa com a comunidade, mas não tocava nas comidas, porque, em espírito de penitência, nesses dias só tomava alguma coisa depois do sol posto. A atividade apostólica era muito limitada em Babenhausen porque, não tendo eles igrejas própria, eram obrigados a ir à matriz, onde o vigário só lhes permitia celebrar e ouvir confissões, ao púlpito era-lhes proibido subir. Os vigários dos arredores imitavam o vigário de Babenhausen, menos os de Illerberg, que tendo tido S. Clemente dois dias em sua companhia, escreveu no diário. “O Pe. Clemente é um homem muito delicado, tem boa declamação, é muito lido e de muito zelo pela religião; fala um alemão puro, é vienense e tem relações de amizade com todos os senhores de Viena e até com a corte do imperador; à noite a nossa ceia passa-se entre conversas edificantes e científicas... O fim da Congregação é propagar a religião nestes tempos sem fé. “O vigário de Weinried era o mais entusiasta pelo Santo e entregou-lhe a paróquia dando-lhe carta branca; desde a chegada dos Redentoristas o vigário não subiu mais ao púlpito que deixara aos padres, e com íntima satisfação acompanhava o aumento da vida religiosa em sua paróquia. Em Babenhausen visitava ele constantemente os doentes a quem consolava e dava bons conselhos, animando-os e ouvindo-lhes as confissões. De um modo todo especial tomava a peito a direção espiritual das almas; em Weinried quase não saia do confessionário; se as vezes se levantava do tribunal da penitência, ficava ajoelhado perto a rezar o seu breviário. Quando alguém entrava na igreja por curiosidade ou qualquer outro motivo, Clemente levantava-se, ia devagar até onde se achava a pessoa, e com toda a cortesia e amabilidade perguntava, se por acaso desejava se confessar. Esse estratagema produziu os melhores resultados; pessoas que há dezenas de anos já não se tinham reconciliado com Deus, não podendo resistir ao convite do Santo, faziam com arrependimento a confissão e mudaram de vida. O púlpito entretanto era o lugar predileto, onde com ardor discorria sobre as verdades da fé, corrigia os erros, cortava os abusos e mostrava a todos, com argumentos irrespondíveis e fortes, quais os deveres para com Deus e o próxi-

mo. Um dos vigários, admiradores de S. Clemente, disse uma vez: “Dai-me quatro homens para o púlpito como o Pe. Clemente, e quatro para o confessionário como o Pe. Passerat, e eu converterei reinos inteiros”. O modo de pregar de S. Clemente era de uma simplicidade admirável; abria o Evangelho a qualquer hora do sermão, apostrofava o povo, fazia perguntas prometendo uma missa a quem respondesse bem etc. Uma vez discorrendo com fogo sobre as verdades eternas, comoveu o povo a ponto de todos prorromperem em prantos e soluços, menos um moço que continuava a rir-se criticando as palavras do pregador. São Clemente parou bruscamente no meio do sermão, fitou por uns momentos o rapaz e disse-lhe com voz firme: “Moço, a igreja não é lugar para brincadeiras; teu procedimento bem mostra que não queres converter-te”. O auditório voltou-se para o jovem, que corou de vergonha, e reconhecendo o erro, pediu perdão e mudou de vida: foi esse o mais proveitoso sermão, que o moço ouvira em sua vida. Em Weinried havia uma senhora, esposa do ferreiro do lugar, já bem idosa, que não gostava muito de se confessar com freqüência, contentando-se com uma única confissão anual pela Páscoa. Encontrando-a casualmente admoestou-a S. Clemente a que se aproximasse mais vezes do santo tribunal da penitência, porquanto já estava velha e não longe da hora em que deveria prestar contas a Deus. A ferreira porém olhou para S. Clemente e disse-lhe: “Mas padre, que diria a gente se a mulher do ferreiro se fosse confessar tantas vezes?” No domingo seguinte São Clemente pregou sobre a recepção freqüente dos Sacramentos, mostrando sua utilidade para o tempo e a eternidade, pois que comunicam força e vigor espiritual à alma para os combates com os inimigos, consolam-na na hora da morte etc., e no fim acrescentou: “Vedes pois que é útil e salutar receber amiúde os Sacramentos; mas a velha ferreira diz: ‘que diria a gente se a mulher do ferreiro se fosse confessar tantas vezes’ — e em seguida olhando para a ferreira que lá estava, apostrofou-a perguntando: ‘Ó boa ferreirinha, que diria a gente se a ferreira estivesse no inferno?’” Não só no púlpito, mas também em suas relações de amizade procurava S. Clemente converter os pecadores e levar as almas para o céu. Uma vez encontrou-se com um músico que tocava violino em todos os bailes e sempre que se apresentava ocasião em qualquer divertimento. Por causa dessa alegria o Santo certamente não o repreenderia, pois que Deus ama os corações alegres e S. Paulo duas vezes, em seguida, aconselha os Filipenses a se alegrarem no Senhor; o rei Davi também dançava diante da arca e tocava sua harpa cantando os salmos do Senhor. — Mas o violinista de Weinried não tocava a harpa sagrada nem cantava os salmos de Davi, mas modinhas inconvenientes, ditadas pelo espírito impuro e pelas vis paixões, escandalizando a todos e levando muitas almas à perdição. S. Clemente, compadecido do pobre violinista, chamou-o às ordens pondo-lhe antes os olhos o estado deplorável de sua alma, a ignobilidade daquele modo de ganhar a vida, o escândalo causado a tantas almas, e o contentamento do demônio, que o queria levar para o inferno. As palavras tão sinceras quão severas de S. Clemente penetraram profundamente no coração do pobre músico que refletindo seriamente nelas, deixou para sempre a vida cômica e pecaminosa que levava e tornou-se um excelente cristão tendo sempre antes os olhos as palavras do Espírito Santo. 35 “Não te comprazas de ir às assembléias de grande tumulto, nem ainda às pequenas; porque ali são freqüentes os pecados que se cometem” (Eclo 18,32) Lá em Weinried havia um indivíduo que se chafurdara em todos os vícios e crimes, seduzindo a quantos podia; detestava a igreja e seus ministros; blasfemava contra a religião e em seus lábios só se encontrava palavras injuriosas e ofensivas contra os padres, os bispos e o próprio Deus. O vigário trabalhara em vão procurando todos os meios possíveis de conversão, a fim de o levar para o caminho da virtude; mas vendo a perversidade do rapaz, desesperou da sua conversão. S. Clemente porém não desanimou, orou e orou bastante pelo infeliz ao Pai, cuja misericórdia é infinita. Em seguida, com toda a ternura de um coração amigo, aproximou-se do grande pecador; aos poucos foi-lhe mostrando toda a fealdade do vício, e conseguiu que ele rezasse e fosse a igreja. A misericórdia divina tocou-lhe o coração e ele se converteu sinceramente fazendo a sua confissão debulhado em lágrimas. Depois de reparar com o arrependimento sincero os escândalos que causara, perguntou a S. Clemente como deveria agir para desfazer o mal ocasionado aos outros por sua vida escandalosa. Como bom pai aconselhou-lhe o Santo que fizesse quanto estivesse ao seu alcance, pois que o escândalo é como um grande incêndio que se ateia com uma pequena faísca, e não se apaga nem com o maior cuidado e trabalho; mas que confiasse na misericórdia divina e pedisse perdão a todos a começar pelo vigário e de fato levou-o ao pároco, que ficou atônito ao ver o Pe. Clemente e o criminoso entrarem juntos em sua casa; mais perplexo porém se sentiu quando o rapaz escandaloso se prostrou a seus pés chorando de compunção, como outrora Madalena aos pés de Jesus; não pôde conter-se de alegria o bom vigário, chorou com o penitente e no excesso de contentamento deu três saltos no quarto como se fosse ainda rapazinho na flor da idade. Meio anos apenas estivera S. Clemente em Babenhausen, e a cidade já mostrava um aspecto inteiramente novo quanto à vida de piedade e à prática das virtudes; e esse progresso espiritual não era conseqüência de um entusiasmo passageiro que se extingue como um fogo de palha, mas real e duradouro pois que, dezenas de anos depois, ainda se encontraram na cidade pessoas que levavam uma vida santa, recordadas dos sábios ensinamentos de S. Clemente. Os habitantes de Weinried agrupavam-se em redor de São Clemente como os filhos em torno do pai, amavam-no sinceramente, e não poucas vezes, vendo a grande pobreza do Santo, levavam-lhe o necessário para a sua subsistência; respeitavam-no como a um Santo e beijavam o chão por onde ele passava. Por mais que São Clemente procurasse esconder o brilho das suas virtudes e corresse atrás das humilhações e até do desprezo dos homens, a sua santidade se fazia sentir a todos com tanto maior admiração quanto maior cuidado tinha o Santo em ocultá-la. A fisionomia e a lembrança de Clemente imprimiram-se tão indelevelmente na alma daquele bom povo, que muitos e muitos anos depois que o Santo já se achava na eternidade, ele ainda falava com gratidão e saudades do bom e santo padre Clemente. Sessenta anos depois da saída do Pe. Clemente de Babenhausen, mostraram a sua fotografia a uma velhinha, que vendo o retrato derramou lágrimas de contentamento exclamando como que fora de si de alegria: “É o Pe. Clemente!” A velhinha, quando vira o

CAPÍTULO VI<br />

Na Suabia<br />

On<strong>da</strong>s de sol<strong>da</strong>dos — Napoleão e <strong>Clemente</strong> — O manto ou a vi<strong>da</strong> — Em<br />

Babenhausen — Weinried — Desejam confessar-se? — O rapaz que ri no sermão<br />

— A ferreira apostrofa<strong>da</strong> — O violinista convertido — O rapaz libertino —<br />

Quebra vidraças e ganha uma missa — Vítima de calúnias — Montgelas —<br />

Perseguições.<br />

Vendo S. <strong>Clemente</strong> que Triberg estava perdi<strong>da</strong> para a <strong>Congregação</strong> e que<br />

também Jestetten não lhe estava segura por haver essa ci<strong>da</strong>de passado ao<br />

domínio protestante de Baden, volveu suas vistas para Augsburgo, onde tinha<br />

um amigo sincero na pessoa de Antônio Nigg, que ocupava o honroso cargo de<br />

vigário-geral <strong>da</strong> diocese, e que, desde há muito, desejava um ginásio bem organizado<br />

em Babenhausen. Em novembro de 1805 partiu para lá com Sabelli a<br />

fim de se entender com o bispo <strong>Clemente</strong> Wenceslau e conseguir dele a permissão<br />

necessária para a fun<strong>da</strong>ção de uma residência em Babenhausen. Foi<br />

essa uma viagem bem penosa para o nosso Santo; as trinta léguas que vão de<br />

Triberg a Augsburgo fê-las S. <strong>Clemente</strong> o coração oprimido pelos mais sinistros<br />

pressentimentos. Em Varsóvia a revolução tornava-se sempre mais ameaçadora<br />

para S. Beno, no Tabor não encontrava garantia alguma, em Triberg estava<br />

condenado à inação e entregue às mãos de poderosos inimigos; olhava para<br />

Augsburgo, mas não com muitas esperanças ao contemplar a multidão de sol<strong>da</strong>dos<br />

que inun<strong>da</strong>vam to<strong>da</strong> aquela região. No dia 1 de outubro Napoleão à frente<br />

de um exército de 180.000 homens atravessara o Reno perto de Strassburgo<br />

em direção a Stuttgart contra Mack, o general austríaco, que o esperava em<br />

Ulm com 80.000 sol<strong>da</strong>dos; aos 13 de outubro Napoleão cercou Mack em Ulm e<br />

em sete dias a ci<strong>da</strong>de se rendeu devendo 23.000 austríacos depor as armas<br />

aos pés do imperador dos franceses. O caminho estava aberto a Napoleão até<br />

o coração <strong>da</strong> Áustria, e seus sol<strong>da</strong>dos deban<strong>da</strong>ram para todos os lados na<br />

Baviera, roubando e saqueando quanto encontravam sem atenção à miséria,<br />

em que iriam cair os pobres saqueados. É pelo meio dessa multidão que <strong>São</strong><br />

<strong>Clemente</strong> teve de passar; felizmente porém na<strong>da</strong> de mal lhe aconteceu.<br />

Quando S. <strong>Clemente</strong> chegou em Augsburgo, lá se achava Napoleão. Que<br />

contraste entre essas duas personagens que se encontravam na mesma ci<strong>da</strong>de!<br />

entre o vitorioso Napoleão e o perseguido S. <strong>Clemente</strong>! Aquele triunfou dez<br />

anos percorrendo a Europa ao sorriso <strong>da</strong>s armas, vendo reis e imperadores<br />

tremer diante dele como a vara bati<strong>da</strong> do ven<strong>da</strong>val; este perseguido, desconhecido<br />

e desprezado, ia de ci<strong>da</strong>de em ci<strong>da</strong>de procurando não a sua glória, mas a<br />

de Jesus Cristo. Depois de alguns anos morreu S. <strong>Clemente</strong> e teve o enterro de<br />

34<br />

um imperador; um ano depois de <strong>Clemente</strong> faleceu Napoleão e teve o sepultamento<br />

de um mendigo. <strong>São</strong> desígnios <strong>da</strong> Providência!<br />

Depois de recebido amavelmente pelo bispo, volta a Babenhausen para<br />

tratar com o príncipe Fugger <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> nova residência. De caminho um<br />

sol<strong>da</strong>do avança contra ele, e prevendo que <strong>Clemente</strong> não levava dinheiro consigo,<br />

puxa <strong>da</strong> espa<strong>da</strong>, aponta-lhe o peito e diz: “O manto ou a vi<strong>da</strong>”. Sem o menor<br />

sinal de temor ou de impaciência, S. <strong>Clemente</strong> tira o manto, que na<strong>da</strong> tinha de<br />

precioso, e entrega-o ao sol<strong>da</strong>do, que saiu contente por possuir mais um meio<br />

de se resguar<strong>da</strong>r contra o frio.<br />

<strong>São</strong> <strong>Clemente</strong>, apesar dos esforços feitos, não pôde conseguir senão uma<br />

habitação provisória, tão úmi<strong>da</strong> que dos trinta religiosos que a inauguraram,<br />

quase todos adoeceram; somente alguns meses depois, foi-lhe possível conseguir<br />

uma casa mais espaçosa, porém ain<strong>da</strong> insuficiente para tanta gente; essa<br />

circunstância obrigou alguns a hospe<strong>da</strong>r-se na vizinha aldeia de Weinried na<br />

casa do vigário, grande amigo de S. <strong>Clemente</strong>. De dia o Pe. <strong>Clemente</strong> ficava<br />

com os seus padres em Babenhausen a rachar lenha, cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong>s estufas etc.;<br />

na quaresma ele mesmo tomava conta <strong>da</strong> cozinha; às horas <strong>da</strong>s refeições, nos<br />

dias de jejum, ele sentava-se a mesa com a comuni<strong>da</strong>de, mas não tocava nas<br />

comi<strong>da</strong>s, porque, em espírito de penitência, nesses dias só tomava alguma<br />

coisa depois do sol posto. A ativi<strong>da</strong>de apostólica era muito limita<strong>da</strong> em<br />

Babenhausen porque, não tendo eles igrejas própria, eram obrigados a ir à<br />

matriz, onde o vigário só lhes permitia celebrar e ouvir confissões, ao púlpito<br />

era-lhes proibido subir. Os vigários dos arredores imitavam o vigário de<br />

Babenhausen, menos os de Illerberg, que tendo tido S. <strong>Clemente</strong> dois dias em<br />

sua companhia, escreveu no diário. “O Pe. <strong>Clemente</strong> é um homem muito delicado,<br />

tem boa declamação, é muito lido e de muito zelo pela religião; fala um<br />

alemão puro, é vienense e tem relações de amizade com todos os senhores de<br />

Viena e até com a corte do imperador; à noite a nossa ceia passa-se entre<br />

conversas edificantes e científicas... O fim <strong>da</strong> <strong>Congregação</strong> é propagar a religião<br />

nestes tempos sem fé. “O vigário de Weinried era o mais entusiasta pelo<br />

Santo e entregou-lhe a paróquia <strong>da</strong>ndo-lhe carta branca; desde a chega<strong>da</strong> dos<br />

Redentoristas o vigário não subiu mais ao púlpito que deixara aos padres, e<br />

com íntima satisfação acompanhava o aumento <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> religiosa em sua paróquia.<br />

Em Babenhausen visitava ele constantemente os doentes a quem consolava<br />

e <strong>da</strong>va bons conselhos, animando-os e ouvindo-lhes as confissões. De um<br />

modo todo especial tomava a peito a direção espiritual <strong>da</strong>s almas; em Weinried<br />

quase não saia do confessionário; se as vezes se levantava do tribunal <strong>da</strong> penitência,<br />

ficava ajoelhado perto a rezar o seu breviário. Quando alguém entrava<br />

na igreja por curiosi<strong>da</strong>de ou qualquer outro motivo, <strong>Clemente</strong> levantava-se, ia<br />

devagar até onde se achava a pessoa, e com to<strong>da</strong> a cortesia e amabili<strong>da</strong>de<br />

perguntava, se por acaso desejava se confessar. Esse estratagema produziu os<br />

melhores resultados; pessoas que há dezenas de anos já não se tinham reconciliado<br />

com Deus, não podendo resistir ao convite do Santo, faziam com arrependimento<br />

a confissão e mu<strong>da</strong>ram de vi<strong>da</strong>.<br />

O púlpito entretanto era o lugar predileto, onde com ardor discorria sobre<br />

as ver<strong>da</strong>des <strong>da</strong> fé, corrigia os erros, cortava os abusos e mostrava a todos, com<br />

argumentos irrespondíveis e fortes, quais os deveres para com Deus e o próxi-

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