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São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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de quali<strong>da</strong>de alguma. O coração bondoso de <strong>Clemente</strong> ao ler aquelas notícias,<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong>s pelo santo Pe. Passerat, que não era capaz de exageros, sentiu-se comovido.<br />

As necessi<strong>da</strong>des materiais dos seus padres em Jestetten traspassaram-lhe<br />

a alma; ele, o homem forte, chorou de compaixão; as lágrimas rolaramlhe<br />

pelas faces como que para apagarem aquelas novas, conti<strong>da</strong>s nas cartas e<br />

tão tristes ao seu coração. Como bom Superior obrigado a olhar para seus<br />

súditos, não hesitou em tomar outra vez o bordão do peregrino para fazer novamente,<br />

a pé, a caminha<strong>da</strong> de 300 horas até o Monte Tabor afim de levar auxílio<br />

a seus caros filhos; tomou consigo um estu<strong>da</strong>nte de Varsóvia, que desejava ser<br />

redentorista e, passando por Dresden, Augsburgo e Constança onde tinha negócios<br />

de urgência, chegou a Tabor a 21 de setembro. Até a primavera do ano<br />

seguinte permaneceu lá a compartilhar com os seus súditos as agruras de uma<br />

vi<strong>da</strong> de privações e pobreza. O edifício, que tinha em vista de comprar, não o<br />

pôde obter. A comuni<strong>da</strong>de crescia entretanto dia a dia; naquela <strong>da</strong>ta lá se achavam<br />

seis padres, quatro irmãos, nove noviços e diversos estu<strong>da</strong>ntes; estes dormiam<br />

no sótão <strong>da</strong> igreja; como nos cinco quartos, de que se compunha a residência<br />

inteira, a comuni<strong>da</strong>de não encontrassem acomo<strong>da</strong>ção suficiente, os seis<br />

padres e os três teólogos dormiam nas mansar<strong>da</strong>s <strong>da</strong> casa, enquanto que os<br />

noviços e os irmãos leigos iam procurar o descanso dentro de uma torre no<br />

jardim; por uma pequena esca<strong>da</strong> de mão subiam até em cima e ficavam, a<br />

noite, expostos ao vento, à neve e em geral a to<strong>da</strong>s as inclemências do tempo.<br />

Para defender os padres do rigor do inverno, havia apenas uma estufa no salão<br />

que servia simultaneamente de sala de recreio e de estudos; de acordo com a<br />

habitação, a comi<strong>da</strong> era também pouca e insuficiente; não se tomava café o ano<br />

inteiro, o almoço consistia num prato de sopa e noutro de legumes com um<br />

pe<strong>da</strong>cinho de carne, que não aparecia na mesa às quartas e sextas-feiras e<br />

aos sábados: o jantar era o ano todo o mesmo, isto é: sopa e batatas; a única<br />

bebi<strong>da</strong> era a água <strong>da</strong> cisterna, exceto aos domingos e quintas-feiras em que<br />

aparecia à mesa um pequeno copo de vinho azedo. S. <strong>Clemente</strong> porém não se<br />

espantava com tão pouco; com prazer compartilhava essas privações e com o<br />

exemplo e santas palavras animava a todos os seus, que esquecidos dos efeitos<br />

<strong>da</strong>quela pobreza extrema, sentiam-se felizes por estarem debaixo <strong>da</strong> direção<br />

de um Superior tão santo e sábio; era edificante vê-lo, não poucas vezes, a<br />

enxa<strong>da</strong> na mão, ir ao campo com seus confrades passando horas e horas naquele<br />

trabalho penoso e rude. Felizmente, como atesta o próprio S. <strong>Clemente</strong>,<br />

com aquele estado miserável <strong>da</strong>s finanças reinava no convento o genuíno espírito<br />

religioso: era o entusiasmo natural que costuma apoderar-se de gente nova<br />

nas recentes fun<strong>da</strong>ções. Todos os domingos e dias santificados pregava <strong>Clemente</strong><br />

em Jestetten, como o fazia em Varsóvia, e o povo acudia de todos os<br />

lados. <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> em seu grande zelo apostólico instruía todos nas ver<strong>da</strong>des<br />

<strong>da</strong> religião e não cessava de convidá-los à confissão e à santa comunhão<br />

— e os católicos obedeceram afinal às instâncias do Santo e grande movimento<br />

religioso desenvolveu-se na Capela dos Redentoristas de Jestetten. O tempo<br />

que restava <strong>da</strong>s pregações, audição de confissões e despacho <strong>da</strong> grande correspondência<br />

epistolar, S. <strong>Clemente</strong> o empregava na oração e em outros exercícios<br />

de pie<strong>da</strong>de.<br />

Deus quis recompensar seu Servo. Umas oito léguas distante de Jestetten<br />

32<br />

existe uma ci<strong>da</strong>de chama<strong>da</strong> Triberg, célebre por uma imagem milagrosa <strong>da</strong><br />

Virgem cuja história é a seguinte: A pouca distância <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de havia um pinheiro<br />

à beira <strong>da</strong> estra<strong>da</strong>. Aconteceu que um dos muitos transeuntes, para excitar<br />

pensamentos de pie<strong>da</strong>de nos que passavam, abriu no pinheiro uma cavi<strong>da</strong>de,<br />

onde colocou uma pequena imagem de <strong>Maria</strong> Santíssima, com a frente volta<strong>da</strong><br />

para uma fonte límpi<strong>da</strong> que brotava de um rochedo não muito distante. A imagem<br />

não tardou a ser conheci<strong>da</strong> por todos, e havendo um conhecido morfético<br />

recuperado miraculosamente a saúde somente por se ter banhado nas águas<br />

<strong>da</strong> fonte, a devoção à Virgem do Pinheiro começou a aumentar-se até atingir as<br />

proporções do entusiasmo. Com o tempo porém a devoção arrefeceu e a imagem<br />

<strong>da</strong> Virgem caiu no esquecimento. Depois de receber as homenagens do<br />

povo, fez a Virgem por diversas vezes, ouvirem-se no bosque doces e suaves<br />

melodias que ecoavam pelos arredores. Três sol<strong>da</strong>dos atraídos por aquelas<br />

vozes misteriosas foram ao bosque, ajeitaram o nicho <strong>da</strong> Virgem e a romaria<br />

recomeçou com tanto fervor, que foi mister derrubar o pinheiro e levantar um<br />

templo, um santuário que pudesse conter as massas. Na<strong>da</strong> menos de 153.000<br />

pessoas recebiam lá anualmente os santos sacramentos <strong>da</strong> confissão e comunhão.<br />

Com o fim de facilitar ao povo o exercício <strong>da</strong>s suas devoções, construiuse<br />

perto do templo um espaçoso prédio com acomo<strong>da</strong>ções para quinze sacerdotes,<br />

e assim Triberg tornou-se um dos mais célebres santuários <strong>da</strong> zona;<br />

príncipes e princesas não excetuando o próprio imperador José I, iam, repeti<strong>da</strong>s<br />

vezes, a Triberg cumprir seus votos e homenagear a Rainha do universo.<br />

No decorrer dos tempos esfriou um tanto a devoção; as guerras quase contínuas<br />

e os princípios falsos do racionalismo começaram a infiltrar a descrença nos<br />

corações, de sorte que o Santuário já não era quase visitado. Além disso o<br />

cui<strong>da</strong>do do santuário foi confiado a sacerdotes idosos, que não <strong>da</strong>vam bons<br />

exemplos em sua vi<strong>da</strong> particular. Os moradores de Triberg, ouvindo que em<br />

Jestetten havia sacerdotes sérios, animados de zelo, foram ter com o arquiduque<br />

Fernando de Modena a quem pertencia Triberg, e instaram com ele para que<br />

conseguisse padres como os de Jestetten para diretores do Santuário. O<br />

arquiduque prometeu gostosamente realizar os desejos de seus súditos e chegou<br />

até oferecer 960 escudos para três padres de Jestetten, que quisessem<br />

encarregar-se <strong>da</strong> administração e direção do Santuário. Os moradores de Triberg,<br />

satisfeitos com a decisão do arquiduque e a licença concedi<strong>da</strong>, foram expor a<br />

súplica também a S. <strong>Clemente</strong>, a quem fizeram ver as grandes dificul<strong>da</strong>des com<br />

que se achavam, o desejo ardente do povo e a promessa do arquiduque. S.<br />

<strong>Clemente</strong> depois de uma breve viagem a Lucerna, aonde levou dois clérigos<br />

para serem ordenados pelo Núncio Testaferrata que lá se achava, partiu para<br />

Triberg com quatro padres e alguns estu<strong>da</strong>ntes. Embora o tempo ameaçasse<br />

muita chuva, S. <strong>Clemente</strong> não teve receio, partiu; não tardou porém a desabar<br />

uma chuva torrencial que molhou os nossos caminhantes até a medula dos<br />

ossos. Depois de marcharem umas doze horas sentiram-se cansados, além<br />

disso a escuridão <strong>da</strong> noite chuvosa não lhes permitia ir adiante. A beira <strong>da</strong><br />

estra<strong>da</strong> viu S. <strong>Clemente</strong> uma casa e perto dela um paiol e uma estrebaria,<br />

entrou na casa e adiantando-se para o dono pediu-lhe um pouso para aquele<br />

noite. O pobre do homem vendo os padres, inteiramente molhados e ouvindo o<br />

pedido de S. <strong>Clemente</strong> ficou perplexo sem saber como sair do embaraço: ele

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