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São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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CAPÍTULO V<br />

Na diocese <strong>da</strong> Constância<br />

Em Altötting — Monte Tabor — Pe. Passerat Reitor — Ordenação dos clérigos<br />

na Itália — As necessi<strong>da</strong>des do novo convento — <strong>Clemente</strong> em Jestetten<br />

— O rico cardápio — Triberg, santuário <strong>da</strong> Virgem — Uma noite no paiol —<br />

Recepção em Triberg — Reanimação <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> de pie<strong>da</strong>de — Raiva do demônio<br />

— Triberg abandona<strong>da</strong>.<br />

Em fins de 1802 <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> deixou Varsóvia pela terceira vez, em procura<br />

de algum lugar, onde pudesse estabelecer definitivamente a sua <strong>Congregação</strong><br />

na Alemanha; tinha tanta convicção de que conseguiria realizar o seu<br />

desejo ardente nessa viagem, que tomou consigo o Pe. Thadeu Hübl, embora<br />

este parecesse indispensável ao serviço espiritual de Varsóvia e ao an<strong>da</strong>mento<br />

<strong>da</strong>s obras <strong>da</strong> Igreja de S. Beno. Com essa viagem S. <strong>Clemente</strong> despedia-se<br />

propriamente <strong>da</strong> Polônia, porque embora tenha ain<strong>da</strong> voltado duas vezes a<br />

Varsóvia, só o fez por circunstâncias imprevistas — e na opinião do Santo essas<br />

visitas deviam ser brevíssimas e apressa<strong>da</strong>s. Isso não era indício nem prova<br />

de aversão que talvez sentisse para com a Polônia, que ele amava como sua<br />

segun<strong>da</strong> Pátria, cuja língua conhecia a fundo, cuja sorte infeliz lhe traspassava<br />

o coração. <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> convencera-se de que sua <strong>Congregação</strong> não poderia<br />

ter ver<strong>da</strong>deira garantia de subsistência para o futuro no Norte <strong>da</strong> Europa, enquanto<br />

não lançasse raízes em algum pe<strong>da</strong>ço do território alemão.<br />

<strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> e o Pe. Thadeu vestem a batina dos sacerdotes seculares —<br />

naquele tempo não era permitido de viajar de outra forma — e a pé vão de<br />

Varsóvia até a Alemanha não receando a distância nem temendo os perigos<br />

provenientes <strong>da</strong>s constantes revoluções e guerras, mas confiando somente na<br />

proteção do céu. Levou consigo também o clérigo Sabelli, passou por Viena, foi<br />

a Baviera onde se deteve, um dia, no santuário de Nossa Senhora de Altötting,<br />

erigido por S. Roberto, seu primeiro bispo, a mais de mil anos. Depois de desabafar<br />

o seu coração ante a imagem milagrosa <strong>da</strong> Virgem, recomen<strong>da</strong>ndo-lhe<br />

com fervor a sua pessoa e o feliz êxito <strong>da</strong>s suas pesquisas para o bem <strong>da</strong><br />

<strong>Congregação</strong>, sem jamais sonhar que aquele mesmo Santuário, um dia, seria<br />

confiado aos cui<strong>da</strong>dos dos seus filhos espirituais, continuou a viagem até<br />

Jestetten, onde perguntou pelo Monte Tabor, que lhe fora oferecido pelo príncipe<br />

Schwarzenberg. A nova mora<strong>da</strong> eram as ruínas de um antigo castelo, quase<br />

sem telhado e com as paredes encosta<strong>da</strong>s. <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> compreendeu que a<br />

pobreza e a miséria seriam ali companheiras de seus filhos; mas lembrando-se<br />

de Varsóvia, cujo convento no princípio se achava em idênticas condições e que<br />

ele, com poucos vinténs no bolso, conseguiu levantar, criou coragem e aceitou<br />

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a fun<strong>da</strong>ção, ain<strong>da</strong> mais que Jestetten se achava na divisa de quatro países:<br />

Baden, Suíça, Württemberg e Áustria. De Jestetten esperava poder entrar um<br />

dia na Alemanha, e enquanto isso não se realizasse, teriam os seus padres um<br />

campo de trabalho inteiramente novo, onde poderiam pregar as mais<br />

consoladoras missões. Sem mais detença escreveu a Constança pedindo autorização<br />

para fun<strong>da</strong>r o convento e chamou de Varsóvia o Pe. José Passerat, a<br />

quem nomeou Reitor de Jestetten. Nessa nomeação mostrou o Vigário Geral<br />

admirável tato de governo. — Pe. Passerat amigo <strong>da</strong> pobreza e <strong>da</strong> abnegação<br />

própria, era o homem para aquela fun<strong>da</strong>ção, sobre a qual com o seu espírito de<br />

oração e de sacrifício atrairia as mais copiosas bênçãos do céu. Entretanto <strong>São</strong><br />

<strong>Clemente</strong> e o Pe. Thadeu puseram mãos à obra para a restauração <strong>da</strong> casa e a<br />

acomo<strong>da</strong>ção do convento. Ao chegar o Pe. Passerat com seus estu<strong>da</strong>ntes encontrou<br />

a casa mais ou menos em condições de recebê-lo e de agasalhar os<br />

bons clérigos.<br />

<strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> não se demorou muito em Jestetten; levando consigo o Pe.<br />

Passerat foi a Joinville na Champagne a ver, se poderia fun<strong>da</strong>r na França algum<br />

convento de Redentoristas, pois que a duquesa de Angoulême, filha de Luiz<br />

XVI, lhe tinha <strong>da</strong>do as mais belas esperanças, quando se achava em Mitau com<br />

os Redentoristas. Infelizmente não lhe foi possível realizar esse grande plano<br />

por a França se achar em guerra naquela ocasião.<br />

Acompanhado do Pe. Thadeu e de três clérigos S. <strong>Clemente</strong> atravessou os<br />

Alpes e foi a Itália para lá conseguir a ordenação dos três teólogos e tratar<br />

pessoalmente com o Superior Geral de negócios importantes <strong>da</strong> <strong>Congregação</strong>.<br />

Essa medi<strong>da</strong> era de necessi<strong>da</strong>de em virtude <strong>da</strong> nova lei que acabou de ser<br />

promulga<strong>da</strong> pelo governo. Os clérigos não podiam ser ordenados em Varsóvia<br />

porque pela lei só se ordenavam lá os súditos alemães nascidos na Prússia; em<br />

Constança tampouco era-lhes possível receber as ordens sacras porque o Vigário<br />

Geral Wessenberg, que governava a diocese em nome de Dalberg, não<br />

era ain<strong>da</strong> nem sacerdote. Deixando os clérigos em Spello perto de Foligno,<br />

continuou a viagem com o Pe. Hübl até Roma, onde foi recebido em audiência<br />

pelo Papa Pio VII, que o Servo de Deus bem conhecia — era o antigo bispo de<br />

Tívoli que, anos atrás, lhe dera o hábito de ermitão e lhe mu<strong>da</strong>ra o nome de<br />

João para <strong>Clemente</strong>; o papa ouviu-o com benevolência, aprovou oralmente os<br />

Estatutos <strong>da</strong> <strong>Congregação</strong> dos Oblatos, concedendo-lhe muitos privilégios. Não<br />

lhe foi possível avançar até Nápoles e Nocera, onde teria tido o prazer de celebrar<br />

sobre o túmulo do Santo Fun<strong>da</strong>dor; prometeu porém ao Superior Geral<br />

voltar no ano seguinte. Essa promessa porém S. <strong>Clemente</strong> não realizaria mais<br />

em sua vi<strong>da</strong>, não obstante ter sido grande e ardente o desejo de cumpri-la.<br />

Ordenados a 23 de outubro, os neo-presbíteros celebraram a primeira missa no<br />

dia seguinte, e nessa mesma manhã puseram-se a caminho de volta para o<br />

Monte Tabor onde chegaram sãos e salvos. <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> demorou-se ain<strong>da</strong><br />

sete dias no novo convento para pôr em ordem os negócios <strong>da</strong>s Irmãs, que lá<br />

havia; depois disso voltou para Varsóvia com o Pe. Thadeu Hübl.<br />

Mal haviam decorrido uns meses após a saí<strong>da</strong> de <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong>, quando<br />

cartas e mais cartas apareceram em Varsóvia, nas quais o Pe. Passerat expunha<br />

ao Vigário Geral as duras necessi<strong>da</strong>des por que passava a nova comuni<strong>da</strong>de<br />

de Jestetten pela falta absoluta do mais indispensável; não havia recursos

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