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São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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tante do espírito haurido na Igreja de S. Beno, é o combate sempre crescente<br />

que contra os Redentoristas faziam os livre pensadores de Varsóvia, que se<br />

sentiam seriamente ameaçados em seu governo absoluto sobre a ci<strong>da</strong>de. Luz<br />

sobre a situação de então lança uma carta escrita por um oficial a seu amigo:<br />

“Imagine... há aqui uma Ordem, os Benonitas, quase todos alemães, que não<br />

obstante a grande aversão que todos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de sentem contra os germanos,<br />

têm conseguido com argúcia jesuítica fazer com que o povo os estime mais do<br />

que aos próprios sacerdotes nacionais, e esteja pronto a se deixar truci<strong>da</strong>r por<br />

eles. É certo que são trabalhadores, enquanto que alguns sacerdotes polacos<br />

são preguiçosos; são instruídos ao passo que os polacos são uns idiotas que<br />

an<strong>da</strong>m sempre bêbados; eles sabem prender o povo conservando a igreja aberta<br />

<strong>da</strong>s 6 horas <strong>da</strong> manhã às 9 <strong>da</strong> noite, cantando, pregando, incensando... possuem<br />

uma multidão de Irman<strong>da</strong>des de homens e de mulheres, tirados <strong>da</strong> mais<br />

baixa cama<strong>da</strong> popular, e servem-se <strong>da</strong>s confissões para terem maior influência...<br />

eu quisera oferecer 100 ducados a quem quebrasse o Crucifixo de S.<br />

Beno nas costas desses padrecos”. Quem isso escreveu foi o célebre Zacharias<br />

Werner, que dez anos depois deveria tornar-se um dos maiores e mais sinceros<br />

amigos de S. <strong>Clemente</strong> em Viena.<br />

Em 1800 S. <strong>Clemente</strong> mesmo escreve: “Os jacobinos espalham contra nós<br />

to<strong>da</strong> a sorte de invencionices injustas, somos escarnecidos nos teatros públicos,<br />

o próprio clero está contra nós, exceto o bispo e alguns cônegos, somos<br />

publicamente ameaçados com a forca”. Os inimigos usaram contra os<br />

Redentoristas todos os meios vis de combate, de que se costumam servir contra<br />

as Ordens religiosas em geral: escárnio, calúnia, ameaças. S. Beno foi apresentado<br />

por eles ao público como uma fonte de desordens e abusos para to<strong>da</strong><br />

a ci<strong>da</strong>de, como se os Redentoristas disseminassem a discórdia nas famílias;<br />

negligenciassem os deveres domésticos, roubassem as alfaias preciosas <strong>da</strong><br />

igreja, enviassem ladrões para expoliarem os bens <strong>da</strong> igreja etc. etc. Em plena<br />

rua eram os padres escarnecidos e, à tarde, muitas vezes esperados por pessoas<br />

arma<strong>da</strong>s de chicotes nas diversas esquinas, por onde tinham de passar.<br />

Nos dias do carnaval os Benonitas eram a fantasia predileta dos rapazes, que<br />

se vestiam dos paramentos litúrgicos para se tornarem mais engraçados. Os<br />

mais abjetos e indignos panfletos eram contra eles espalhados entre o povo. O<br />

alvo principal dos seus esforços resumia-se na desmoralização completa dos<br />

padres junto ao governo, para assim mais desimpedidos e com mais facili<strong>da</strong>de<br />

golpear de morte a ativi<strong>da</strong>de apostólica que tanto os incomo<strong>da</strong>va. E de fato, o<br />

governo recebeu as mais execráveis acusações contra eles que foram apresentados,<br />

não só como perturbadores <strong>da</strong> ordem pública e <strong>da</strong> paz, mas também<br />

como transgressores <strong>da</strong> moral e instigadores de revoltas políticas. Ora to<strong>da</strong>s<br />

essas acusações e vis calúnias caiam necessariamente sobre <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong><br />

que era a alma de todo aquele movimento de <strong>São</strong> Beno, e por isso mesmo o<br />

alvo predileto do ódio dos sectários e <strong>da</strong>s nefan<strong>da</strong>s calúnias. Se uns o veneravam<br />

a ponto de lhe beijarem a barra <strong>da</strong> batina e os vestígios dos pés, outros<br />

consagravam-lhe o mais entranhável ódio, como a um fanático, não poupando<br />

paus e pedras nem coisa alguma que o pudesse molestar. Mais tarde olhando<br />

retrospectivamente para esses acontecimentos de Varsóvia dizia ele: Uns prostravam-se<br />

diante de mim, para me beijar os pés, outros me cobriam de lama;<br />

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aqueles exageravam na honra e estes no desprezo”.<br />

A ação do governo prejudicou muito a ativi<strong>da</strong>de pastoral de S. <strong>Clemente</strong>,<br />

mas o ódio dos livre pensadores incentivou ain<strong>da</strong> mais a coragem do Servo de<br />

Deus e o seu desejo de combater o erro e de alcançar a vitória <strong>da</strong>s almas, que<br />

quisera depositar aos pés do Redentor. Os olhos fitos no céu aceitou tudo aquilo<br />

com calma e santo heroísmo, desprezando o desprezo contanto que Deus<br />

fosse glorificado e a sua queri<strong>da</strong> <strong>Congregação</strong> se consoli<strong>da</strong>sse no Norte. O que<br />

mais o afligia era ver que também no clero encontrava inimigos, que se obstinavam<br />

em não querer compreender as suas melhores intenções; isso ele mesmo<br />

dá a entender em uma carta ao Núncio de Viena a 9 de maio de 1802. Em<br />

tantos apuros e dificul<strong>da</strong>des não tinha o Santo a quem se dirigir, a nenhum dos<br />

sacerdotes seculares de então atrevia-se a abrir o coração ou pedir conselho. O<br />

seu único amigo e confidente era um ex-jesuíta, homem de merecimento e<br />

peso que outrora, como membro <strong>da</strong> Companhia, missionara a Pomerânia, a<br />

Rússia, a Lituânia e a Polônia — e também a este quis Deus chamar para si,<br />

quando na i<strong>da</strong>de de noventa anos, atacado de um colapso, expirou ao rezar a<br />

la<strong>da</strong>inha de todos os santos no segundo dia <strong>da</strong>s Rogações. Os outros amigos<br />

do Santo estavam longe, em Viena. Deus, aos poucos, ia rompendo os laços<br />

que o prendiam a Varsóvia e preparava sua i<strong>da</strong> a Viena, cujo Núncio Severoli<br />

muito o desejava.

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