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São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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CAPÍTULO IV<br />

Os anos de 1798 a 1802<br />

Os trabalhos do Santo — Uma cura curiosa — Conversões numerosas —<br />

A congregação dos Oblatos — Três missões em regra — Os padres de S. Beno<br />

— Date et <strong>da</strong>bitur — Isto foi para mim... — O Pe. Passerat — A direção do<br />

Seminário — Escolas paroquiais — Desinteligências e explicações — Os livre<br />

pensadores em ação — S. Beno hostilizado.<br />

De 1798 a 1802 S. Beno tinha atingido ao apogeu <strong>da</strong> grandeza e desenvolvimento.<br />

Achando-se em casa, era S. <strong>Clemente</strong> que tomava sobre si todo o<br />

peso do trabalho; desejava excitar os outros padres ao trabalho apostólico mais<br />

pelo exemplo do que por palavras. Verba movent, exempla trahunt. Uma senhora<br />

<strong>da</strong> alta nobreza polaca, quando já avança<strong>da</strong> em anos, escreveu o seguinte<br />

juízo sobre S. <strong>Clemente</strong>: “Parece-me ter sempre antes os olhos aquele sacerdote<br />

venerando em sua atitude tão nobre e cheia de digni<strong>da</strong>de, e entretanto tão<br />

simples; ele irradiava sempre alegria ao derredor de si; suas palestras eram<br />

chans não usando nelas palavras rebusca<strong>da</strong>s, mas traíam sempre a grandeza<br />

de espírito e inspiravam imediatamente confiança; seu grande amor para com<br />

Jesus Cristo transluzia em to<strong>da</strong>s as suas ações... de seus olhos percebia-se a<br />

pureza do seu coração e a paz íntima <strong>da</strong> sua alma... ele afadigava-se sem<br />

conhecer descanso”. E realmente S. <strong>Clemente</strong> era incansável. Não raras vezes,<br />

<strong>da</strong> cozinha onde estava a remediar os poucos conhecimentos culinários do<br />

Irmão Manoel, no caso de alguma visita mais nobre, ia ao confessionário ou,<br />

tirando o avental, subia do fogão ao púlpito. Era sempre ele que celebrava todos<br />

os dias a última missa canta<strong>da</strong> e pregava os sermão principal; por assunto <strong>da</strong><br />

pregação costumava tomar a epístola do último domingo, <strong>da</strong> qual só explicava<br />

dois ou três versículos, porém com tal clareza que sobre o tema não restava<br />

dúvi<strong>da</strong> alguma por resolver nos ouvintes. Por vezes ele mesmo apostrofava, do<br />

púlpito, os alunos <strong>da</strong> escola e os estu<strong>da</strong>ntes para assim manter sempre viva a<br />

atenção; louvava os aplicados e censurava os preguiçosos. Como se vê, era<br />

tudo isso muito familiar.<br />

Diversos conventos de religiosas queriam-no para Diretor espiritual, v. g. as<br />

Beneditinas, Visitandinas, Carmelitas etc. O confessor ordinário dessas últimas<br />

era o Pe. Podgorski; às vezes, porém, era necessário que <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong>, o<br />

próprio Vigário Geral, interviesse no caso. Assim estando uma vez o Pe. Podgorski<br />

quase desesperado com os escrúpulos de uma <strong>da</strong>s Irmãs, por nome Josefa,<br />

mandou chamar o Vigário Geral, que logo apareceu e citou a Irmã escrupulosa.<br />

Vendo-a tão abati<strong>da</strong>, as faces encova<strong>da</strong>s e a nervosia estampa<strong>da</strong> no rosto,<br />

disse sorrindo. “A Irmã coma muita galinha e durma bastante, que os escrúpu-<br />

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los desaparecerão”. A pobrezinha corou-se, mas sarou completamente em corpo<br />

e alma, vindo a exercer, diversas vezes, o cargo de Superiora antes <strong>da</strong> morte,<br />

que só a levou depois de muitos anos de vi<strong>da</strong> religiosa, estando ela em i<strong>da</strong>de<br />

bem avança<strong>da</strong>.<br />

Os convertidos <strong>da</strong>vam muito trabalho aos padres; atraídos pela beleza <strong>da</strong><br />

música, os protestantes também freqüentavam a igreja dos Redentoristas, e<br />

não poucos se converteram ouvindo os sermões cheios de unção e erudição do<br />

nosso Santo. Inúmeros judeus também se apresentaram pedindo o batismo;<br />

antes porém de renascerem pelas águas lustrais eram preparados pelo Pe.<br />

Lenoir, versado em to<strong>da</strong>s as línguas orientais e conhecedor profundo do Talmud.<br />

Uma ou outra dessas conversões ju<strong>da</strong>icas não eram sinceras, mas sim motiva<strong>da</strong>s<br />

pelo interesse; os judeus, odiados pelos católicos, deixavam-se batizar para<br />

o aumento <strong>da</strong> freguesia, continuando to<strong>da</strong>via em as práticas do ju<strong>da</strong>ísmo. É por<br />

isso que algumas vezes S. <strong>Clemente</strong> dizia a sorrir: “O judeu deveria ser afogado<br />

nas águas do Vistula logo após o batizado”. As conversões sinceras e duradouras<br />

eram tão numerosas, que foi necessário alugar um quarto na casa vizinha,<br />

para se ter mais comodi<strong>da</strong>de em instruir todos os que queriam abjurar a heresia.<br />

Nesse mesmo tempo S. <strong>Clemente</strong> dedicou-se ao aperfeiçoamento <strong>da</strong> <strong>Congregação</strong><br />

dos Oblatos, que poucos anos antes instituíra, confeccionando os<br />

Estatuto que deveriam ser apresentados em Roma à aprovação <strong>da</strong> Santa Sé.<br />

Para a propagan<strong>da</strong> dessa obra santa serviu-se <strong>da</strong>s viagens pela Alemanha,<br />

Suíça, Áustria etc. O número de Oblatos não era grande, porque só se admitiam<br />

pessoas conheci<strong>da</strong>mente piedosas, almas de virtudes prova<strong>da</strong>s e acrisola<strong>da</strong>s.<br />

O noviciado devia durar um ano; a formula de profissão continha juramento de<br />

fideli<strong>da</strong>de irrevogável à Santa Sé e a promessa de “edificar, quanto possível, o<br />

próximo com bons exemplos, desviá-lo dos princípios subversivos <strong>da</strong> época,<br />

difundir o conhecimento <strong>da</strong> Santa Igreja Romana, implantar os bons costumes,<br />

espalhar a leitura de livros bons e piedosos, de escritos segundo o Espírito de<br />

Jesus Cristo, e destruir nos corações o reinado <strong>da</strong> culpa”. O Oblato recebia um<br />

nome e o hábito <strong>da</strong> Ordem, que ele trazia somente em casa, para se lembrar<br />

constantemente do seu compromisso; os associados estavam debaixo <strong>da</strong>s ordens<br />

de um Diretor provincial, escolhendo-se um lugar determinado para as<br />

reuniões e as conferências. A direção suprema, porém, pertencia ao Vigário<br />

Geral dos Redentoristas.<br />

Desde 1800 podia S. <strong>Clemente</strong> dedicar-se às missões propriamente ditas,<br />

que são o escopo principal <strong>da</strong> <strong>Congregação</strong> Redentorista. Até então as circunstâncias<br />

tão desagradáveis, ocasiona<strong>da</strong>s pelas constantes guerras e revoluções<br />

e, não menos, pela má vontade dos governantes, não lhe permitiam pensar<br />

nisso; agora parecia viável esse apostolado <strong>da</strong> palavra. E de fato, em 1801<br />

foram prega<strong>da</strong>s três grandes missões: a primeira em uma <strong>da</strong>s matrizes de Varsóvia<br />

e as outras duas em ci<strong>da</strong>des do interior. Estas últimas estiveram ao cargo<br />

do Pe. Thadeu Hübl que saiu acompanhado de cinco missionários; uma delas<br />

durou quinze dias e a outra trinta, ambas com o mais estupendo resultado: mais<br />

de onze mil pessoas, em ca<strong>da</strong> uma delas, receberam os santos sacramentos<br />

<strong>da</strong> confissão e <strong>da</strong> comunhão. Em uma carta ao Superior Geral, descreve <strong>São</strong><br />

<strong>Clemente</strong> uma dessas missões, acrescentando que o maior adversários <strong>da</strong>

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