São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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pouco conhecimento de geografia lá em Roma, acrescenta, fazendo alusão às palavras do Superior Geral, i.é que ele desejava ir à Suíça por amor à Pátria: “A Suíça dista da minha terra mais ou menos como Roma dista da Suíça”. A Suíça pairava-lhe constantemente aos olhos como o país das suas esperanças; de fato não tardou a vir nesse sentido, mais um convite por intermédio do Embaixador de Varsóvia; São Clemente despachou-o com as melhores esperanças. Preparava-se já para enviar reforço à Curlândia, onde os padres arcavam sob o peso dos trabalhos apostólicos quando, num só dia, vê morrer três de seus padres mais novos e três dias depois o quarto, talvez em conseqüência de algum envenenamento. O choque foi tremendo. Ficando a comunidade reduzida à metade, S. Clemente não podia já pensar na Curlândia e muito menos na Suíça. Deus, porém, não abandonou seu Servo; uma semana antes daquela morte inesperada, a Providência mandara-lhe quatro noviços franceses de vastos e profundos conhecimentos; Passerat, Lenoir, Vannelet e Mercier, que durante a revolução havia fugido de sua terra para completar os estudos na Alemanha; ao rebentar a guerra de 1795, não se sentindo seguros lá, passaram a Varsóvia, onde, depois de breve noviciado na Congregação, fizeram a profissão religiosa no dia de Sto. Estanislau Kostka. Dentre eles destaca-se o Pe. José Constantino Passerat que teve um papel sobremaneira saliente na vida do nosso Santo, como veremos mais adiante. Em fins de 1796 S. Beno contava três padres, catorze clérigos professores, quatro noviços e dois aspirantes. S. Clemente estava satisfeito com a sua comunidade, mormente com o Pe. Passerat, em quem notara disposição declarada para uma perfeição não comum. Em abril de 1797 Napoleão assinou os preliminares da paz com a Áustria. No Sul, pois, o caminho estava aberto: era necessário aproveitar a ocasião. Clemente toma, pela segunda vez, o bordão do viandante e parte para o Oeste; as coisas porém tornaram-se ainda piores que dois anos atrás; a revolução francesa precipitara-se, qual furacão violento, contra o Este ameaçando subverter a ordem em toda a Europa. Não sabemos, se São Clemente, desta vez, chegou até a Suíça; o certo é, que ele esteve em Ratisbona em visita ao santo bispo Wittmann e também na Áustria, onde ainda medrava o josefismo. A Áustria pôs-se em guerra com Napoleão que marchara da Itália contra Viena. Não era, pois, tempo de fundar conventos. Entretanto a viagem não foi totalmente perdida para ele nem para a Congregação, porque teve outra vez o prazer de visitar sua irmã e as alegres crianças bem como seu irmão em Bratelsbrunn, donde levou seu sobrinho Francisco Hofbauer, que se tornou um santo Redentorista, vindo a falecer em Altötting, na Baviera, em 1845. São Clemente não deixou de ficar sentido com o fracasso dessa sua segunda excursão, que não teve melhor êxito que a primeira. Como recompensa, porém, da boa vontade de seu Servo, quis Deus conceder-lhe as alegrias inocentes e santas do seu convento. Ao chegar em casa edificou-se com o movimento sempre crescente na igreja; as crianças da escola, cheias de saudades do seu benfeitor e pai, rodearam-no e fizeram-lhe festa; a casa de estudos progredia também admiravelmente, de sorte que até de longe iam estudantes a Varsóvia para se aperfeiçoar na teologia em S. Beno. São Clemente pode escrever a Roma: “O governo prussiano vê com bons olhos os que se dedicam à educação da mocidade, e por isso muitos nos favorece preferindo a nossa es- 26 cola a todas as outras”. Tudo parecia correr de vento em popa para os Redentoristas em S. Beno — quando em Berlim nuvens negras se preparavam, às ocultas, para se precipitar contra o convento de São Clemente. Já em 1796 o governo proibira a todas as Congregações e Ordens religiosas admitir noviços à profissão sem a sua alta licença; três anos mais tarde, em 1799, apareceu nova proibição de abraçar a vida religiosa aos jovens que não tivessem ainda feito o serviço militar, ou que ainda não houvessem completado 24 anos, e isso mesmo com a licença do governo; a ninguém era permitido comunicar-se com Roma, sob as mais severas penas; os noviços não podiam usar o hábito religioso; durante o noviciado em vez de livros de piedade deviam dar-se aos noviços obras científicas, obrigá-los a compor trechos de literatura em polaco e alemão, e dedicar-se ao estudo da álgebra, geometria, desenho, história natural, física, tecnologia e pedagogia teórica e prática; terminado o noviciado, farse-iam dois exames diante de examinadores protestantes: o primeiro, antes da profissão religiosa, o segundo, antes da ordenação que não podia ser feita senão por bispos alemães, quando se tratava de alunos germanos. Para a fiscalização do cumprimento dessa lei constituiu-se, em toda a parte, uma Comissão de conselheiros; os de Varsóvia professavam todos o protestantismo e tinham por presidente um homem detestável, inimigo fidalgal dos conventos. Além disso o governo proibiu protrair as rezas para além das 18 horas, sendo apenas permitido deixar aberta a igreja até às 20 horas, porém só de 1 de maio a 1 de outubro. Isso era naturalmente a morte de S. Beno e da florescente fundação redentorista. S. Clemente mandara vir a Varsóvia uma belíssima imagem da Ssma. Virgem, que queria colocar na igreja com a maior solenidade e o maior concurso do povo. Esse desejo foi considerado um crime; o governo protestou, mandou chamar o Superior do convento, que não se deixou todavia amedrontar. Considerando que em coisas de religião nada tinha que perguntar a protestantes, Clemente esperou, à noite, o povo ausentar-se da igreja, e ocultamente colocou a imagem no lugar preparado; no dia seguinte foi grande o contentamento dos católicos, quando viram a belíssima imagem da Virgem sobre o altar, porém, não menor a indignação do governo. São Clemente foi citado perante o consistório episcopal protestante, onde relatou o fato sem mais graves conseqüências. O Servo de Deus percebeu que as coisas iam de mal a pior e temia, não sem motivo, que o expulsassem da cidade; revestiu-se de toda a prudência e soube tentear os negócios com tal diplomacia, que nada sucedeu de desagradável à igreja dos Redentoristas durante todo o tempo, que Varsóvia esteve debaixo do poder prussiano, não deixando, porém, nunca de defender os direitos sacrossantos da Igreja com franqueza e energia apostólica. Tal modo de vida, porém, não agradava nada a Clemente, inimigo da guerra, onde nada medra nem prospera; suspirava por um lugar seguro, onde pudesse ver seus noviços tranqüilos e sossegados; não o encontrando no Norte, lembrou-se da Itália, mas infelizmente lá também a coisa não ia bem. Foi necessário curvar-se ante a mão de Deus e adorar os juízos do Eterno. Nesse interim os padres da Curlândia receberam de Roma a dispensa dos votos. Antes de encetarmos a narração da terceira viagem de fundação, lancemos um olhar para os trabalhos do Santo em Varsóvia nesse lapso de tempo.

CAPÍTULO IV Os anos de 1798 a 1802 Os trabalhos do Santo — Uma cura curiosa — Conversões numerosas — A congregação dos Oblatos — Três missões em regra — Os padres de S. Beno — Date et dabitur — Isto foi para mim... — O Pe. Passerat — A direção do Seminário — Escolas paroquiais — Desinteligências e explicações — Os livre pensadores em ação — S. Beno hostilizado. De 1798 a 1802 S. Beno tinha atingido ao apogeu da grandeza e desenvolvimento. Achando-se em casa, era S. Clemente que tomava sobre si todo o peso do trabalho; desejava excitar os outros padres ao trabalho apostólico mais pelo exemplo do que por palavras. Verba movent, exempla trahunt. Uma senhora da alta nobreza polaca, quando já avançada em anos, escreveu o seguinte juízo sobre S. Clemente: “Parece-me ter sempre antes os olhos aquele sacerdote venerando em sua atitude tão nobre e cheia de dignidade, e entretanto tão simples; ele irradiava sempre alegria ao derredor de si; suas palestras eram chans não usando nelas palavras rebuscadas, mas traíam sempre a grandeza de espírito e inspiravam imediatamente confiança; seu grande amor para com Jesus Cristo transluzia em todas as suas ações... de seus olhos percebia-se a pureza do seu coração e a paz íntima da sua alma... ele afadigava-se sem conhecer descanso”. E realmente S. Clemente era incansável. Não raras vezes, da cozinha onde estava a remediar os poucos conhecimentos culinários do Irmão Manoel, no caso de alguma visita mais nobre, ia ao confessionário ou, tirando o avental, subia do fogão ao púlpito. Era sempre ele que celebrava todos os dias a última missa cantada e pregava os sermão principal; por assunto da pregação costumava tomar a epístola do último domingo, da qual só explicava dois ou três versículos, porém com tal clareza que sobre o tema não restava dúvida alguma por resolver nos ouvintes. Por vezes ele mesmo apostrofava, do púlpito, os alunos da escola e os estudantes para assim manter sempre viva a atenção; louvava os aplicados e censurava os preguiçosos. Como se vê, era tudo isso muito familiar. Diversos conventos de religiosas queriam-no para Diretor espiritual, v. g. as Beneditinas, Visitandinas, Carmelitas etc. O confessor ordinário dessas últimas era o Pe. Podgorski; às vezes, porém, era necessário que São Clemente, o próprio Vigário Geral, interviesse no caso. Assim estando uma vez o Pe. Podgorski quase desesperado com os escrúpulos de uma das Irmãs, por nome Josefa, mandou chamar o Vigário Geral, que logo apareceu e citou a Irmã escrupulosa. Vendo-a tão abatida, as faces encovadas e a nervosia estampada no rosto, disse sorrindo. “A Irmã coma muita galinha e durma bastante, que os escrúpu- 27 los desaparecerão”. A pobrezinha corou-se, mas sarou completamente em corpo e alma, vindo a exercer, diversas vezes, o cargo de Superiora antes da morte, que só a levou depois de muitos anos de vida religiosa, estando ela em idade bem avançada. Os convertidos davam muito trabalho aos padres; atraídos pela beleza da música, os protestantes também freqüentavam a igreja dos Redentoristas, e não poucos se converteram ouvindo os sermões cheios de unção e erudição do nosso Santo. Inúmeros judeus também se apresentaram pedindo o batismo; antes porém de renascerem pelas águas lustrais eram preparados pelo Pe. Lenoir, versado em todas as línguas orientais e conhecedor profundo do Talmud. Uma ou outra dessas conversões judaicas não eram sinceras, mas sim motivadas pelo interesse; os judeus, odiados pelos católicos, deixavam-se batizar para o aumento da freguesia, continuando todavia em as práticas do judaísmo. É por isso que algumas vezes S. Clemente dizia a sorrir: “O judeu deveria ser afogado nas águas do Vistula logo após o batizado”. As conversões sinceras e duradouras eram tão numerosas, que foi necessário alugar um quarto na casa vizinha, para se ter mais comodidade em instruir todos os que queriam abjurar a heresia. Nesse mesmo tempo S. Clemente dedicou-se ao aperfeiçoamento da Congregação dos Oblatos, que poucos anos antes instituíra, confeccionando os Estatuto que deveriam ser apresentados em Roma à aprovação da Santa Sé. Para a propaganda dessa obra santa serviu-se das viagens pela Alemanha, Suíça, Áustria etc. O número de Oblatos não era grande, porque só se admitiam pessoas conhecidamente piedosas, almas de virtudes provadas e acrisoladas. O noviciado devia durar um ano; a formula de profissão continha juramento de fidelidade irrevogável à Santa Sé e a promessa de “edificar, quanto possível, o próximo com bons exemplos, desviá-lo dos princípios subversivos da época, difundir o conhecimento da Santa Igreja Romana, implantar os bons costumes, espalhar a leitura de livros bons e piedosos, de escritos segundo o Espírito de Jesus Cristo, e destruir nos corações o reinado da culpa”. O Oblato recebia um nome e o hábito da Ordem, que ele trazia somente em casa, para se lembrar constantemente do seu compromisso; os associados estavam debaixo das ordens de um Diretor provincial, escolhendo-se um lugar determinado para as reuniões e as conferências. A direção suprema, porém, pertencia ao Vigário Geral dos Redentoristas. Desde 1800 podia S. Clemente dedicar-se às missões propriamente ditas, que são o escopo principal da Congregação Redentorista. Até então as circunstâncias tão desagradáveis, ocasionadas pelas constantes guerras e revoluções e, não menos, pela má vontade dos governantes, não lhe permitiam pensar nisso; agora parecia viável esse apostolado da palavra. E de fato, em 1801 foram pregadas três grandes missões: a primeira em uma das matrizes de Varsóvia e as outras duas em cidades do interior. Estas últimas estiveram ao cargo do Pe. Thadeu Hübl que saiu acompanhado de cinco missionários; uma delas durou quinze dias e a outra trinta, ambas com o mais estupendo resultado: mais de onze mil pessoas, em cada uma delas, receberam os santos sacramentos da confissão e da comunhão. Em uma carta ao Superior Geral, descreve São Clemente uma dessas missões, acrescentando que o maior adversários da

pouco conhecimento de geografia lá em Roma, acrescenta, fazendo alusão às<br />

palavras do Superior Geral, i.é que ele desejava ir à Suíça por amor à Pátria: “A<br />

Suíça dista <strong>da</strong> minha terra mais ou menos como Roma dista <strong>da</strong> Suíça”.<br />

A Suíça pairava-lhe constantemente aos olhos como o país <strong>da</strong>s suas esperanças;<br />

de fato não tardou a vir nesse sentido, mais um convite por intermédio<br />

do Embaixador de Varsóvia; <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> despachou-o com as melhores esperanças.<br />

Preparava-se já para enviar reforço à Curlândia, onde os padres arcavam<br />

sob o peso dos trabalhos apostólicos quando, num só dia, vê morrer três<br />

de seus padres mais novos e três dias depois o quarto, talvez em conseqüência<br />

de algum envenenamento. O choque foi tremendo. Ficando a comuni<strong>da</strong>de reduzi<strong>da</strong><br />

à metade, S. <strong>Clemente</strong> não podia já pensar na Curlândia e muito menos na<br />

Suíça. Deus, porém, não abandonou seu Servo; uma semana antes <strong>da</strong>quela<br />

morte inespera<strong>da</strong>, a Providência man<strong>da</strong>ra-lhe quatro noviços franceses de vastos<br />

e profundos conhecimentos; Passerat, Lenoir, Vannelet e Mercier, que durante<br />

a revolução havia fugido de sua terra para completar os estudos na Alemanha;<br />

ao rebentar a guerra de 1795, não se sentindo seguros lá, passaram a<br />

Varsóvia, onde, depois de breve noviciado na <strong>Congregação</strong>, fizeram a profissão<br />

religiosa no dia de Sto. Estanislau Kostka. Dentre eles destaca-se o Pe. José<br />

Constantino Passerat que teve um papel sobremaneira saliente na vi<strong>da</strong> do nosso<br />

Santo, como veremos mais adiante. Em fins de 1796 S. Beno contava três<br />

padres, catorze clérigos professores, quatro noviços e dois aspirantes. S. <strong>Clemente</strong><br />

estava satisfeito com a sua comuni<strong>da</strong>de, mormente com o Pe. Passerat,<br />

em quem notara disposição declara<strong>da</strong> para uma perfeição não comum.<br />

Em abril de 1797 Napoleão assinou os preliminares <strong>da</strong> paz com a Áustria.<br />

No Sul, pois, o caminho estava aberto: era necessário aproveitar a ocasião.<br />

<strong>Clemente</strong> toma, pela segun<strong>da</strong> vez, o bordão do vian<strong>da</strong>nte e parte para o Oeste;<br />

as coisas porém tornaram-se ain<strong>da</strong> piores que dois anos atrás; a revolução<br />

francesa precipitara-se, qual furacão violento, contra o Este ameaçando subverter<br />

a ordem em to<strong>da</strong> a Europa. Não sabemos, se <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong>, desta vez,<br />

chegou até a Suíça; o certo é, que ele esteve em Ratisbona em visita ao santo<br />

bispo Wittmann e também na Áustria, onde ain<strong>da</strong> medrava o josefismo. A Áustria<br />

pôs-se em guerra com Napoleão que marchara <strong>da</strong> Itália contra Viena. Não<br />

era, pois, tempo de fun<strong>da</strong>r conventos. Entretanto a viagem não foi totalmente<br />

perdi<strong>da</strong> para ele nem para a <strong>Congregação</strong>, porque teve outra vez o prazer de<br />

visitar sua irmã e as alegres crianças bem como seu irmão em Bratelsbrunn,<br />

donde levou seu sobrinho Francisco <strong>Hofbauer</strong>, que se tornou um santo<br />

Redentorista, vindo a falecer em Altötting, na Baviera, em 1845.<br />

<strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> não deixou de ficar sentido com o fracasso dessa sua segun<strong>da</strong><br />

excursão, que não teve melhor êxito que a primeira. Como recompensa,<br />

porém, <strong>da</strong> boa vontade de seu Servo, quis Deus conceder-lhe as alegrias inocentes<br />

e santas do seu convento. Ao chegar em casa edificou-se com o movimento<br />

sempre crescente na igreja; as crianças <strong>da</strong> escola, cheias de sau<strong>da</strong>des<br />

do seu benfeitor e pai, rodearam-no e fizeram-lhe festa; a casa de estudos progredia<br />

também admiravelmente, de sorte que até de longe iam estu<strong>da</strong>ntes a<br />

Varsóvia para se aperfeiçoar na teologia em S. Beno. <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> pode escrever<br />

a Roma: “O governo prussiano vê com bons olhos os que se dedicam à<br />

educação <strong>da</strong> moci<strong>da</strong>de, e por isso muitos nos favorece preferindo a nossa es-<br />

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cola a to<strong>da</strong>s as outras”. Tudo parecia correr de vento em popa para os<br />

Redentoristas em S. Beno — quando em Berlim nuvens negras se preparavam,<br />

às ocultas, para se precipitar contra o convento de <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong>. Já em 1796 o<br />

governo proibira a to<strong>da</strong>s as Congregações e Ordens religiosas admitir noviços<br />

à profissão sem a sua alta licença; três anos mais tarde, em 1799, apareceu<br />

nova proibição de abraçar a vi<strong>da</strong> religiosa aos jovens que não tivessem ain<strong>da</strong><br />

feito o serviço militar, ou que ain<strong>da</strong> não houvessem completado 24 anos, e isso<br />

mesmo com a licença do governo; a ninguém era permitido comunicar-se com<br />

Roma, sob as mais severas penas; os noviços não podiam usar o hábito religioso;<br />

durante o noviciado em vez de livros de pie<strong>da</strong>de deviam <strong>da</strong>r-se aos noviços<br />

obras científicas, obrigá-los a compor trechos de literatura em polaco e<br />

alemão, e dedicar-se ao estudo <strong>da</strong> álgebra, geometria, desenho, história natural,<br />

física, tecnologia e pe<strong>da</strong>gogia teórica e prática; terminado o noviciado, farse-iam<br />

dois exames diante de examinadores protestantes: o primeiro, antes <strong>da</strong><br />

profissão religiosa, o segundo, antes <strong>da</strong> ordenação que não podia ser feita senão<br />

por bispos alemães, quando se tratava de alunos germanos. Para a fiscalização<br />

do cumprimento dessa lei constituiu-se, em to<strong>da</strong> a parte, uma Comissão<br />

de conselheiros; os de Varsóvia professavam todos o protestantismo e tinham<br />

por presidente um homem detestável, inimigo fi<strong>da</strong>lgal dos conventos. Além disso<br />

o governo proibiu protrair as rezas para além <strong>da</strong>s 18 horas, sendo apenas<br />

permitido deixar aberta a igreja até às 20 horas, porém só de 1 de maio a 1 de<br />

outubro. Isso era naturalmente a morte de S. Beno e <strong>da</strong> florescente fun<strong>da</strong>ção<br />

redentorista.<br />

S. <strong>Clemente</strong> man<strong>da</strong>ra vir a Varsóvia uma belíssima imagem <strong>da</strong> Ssma. Virgem,<br />

que queria colocar na igreja com a maior soleni<strong>da</strong>de e o maior concurso<br />

do povo. Esse desejo foi considerado um crime; o governo protestou, mandou<br />

chamar o Superior do convento, que não se deixou to<strong>da</strong>via amedrontar. Considerando<br />

que em coisas de religião na<strong>da</strong> tinha que perguntar a protestantes,<br />

<strong>Clemente</strong> esperou, à noite, o povo ausentar-se <strong>da</strong> igreja, e ocultamente colocou<br />

a imagem no lugar preparado; no dia seguinte foi grande o contentamento dos<br />

católicos, quando viram a belíssima imagem <strong>da</strong> Virgem sobre o altar, porém,<br />

não menor a indignação do governo. <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> foi citado perante o consistório<br />

episcopal protestante, onde relatou o fato sem mais graves conseqüências. O<br />

Servo de Deus percebeu que as coisas iam de mal a pior e temia, não sem motivo,<br />

que o expulsassem <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de; revestiu-se de to<strong>da</strong> a prudência e soube tentear os<br />

negócios com tal diplomacia, que na<strong>da</strong> sucedeu de desagradável à igreja dos<br />

Redentoristas durante todo o tempo, que Varsóvia esteve debaixo do poder prussiano,<br />

não deixando, porém, nunca de defender os direitos sacrossantos <strong>da</strong> Igreja com<br />

franqueza e energia apostólica. Tal modo de vi<strong>da</strong>, porém, não agra<strong>da</strong>va na<strong>da</strong> a<br />

<strong>Clemente</strong>, inimigo <strong>da</strong> guerra, onde na<strong>da</strong> medra nem prospera; suspirava por um<br />

lugar seguro, onde pudesse ver seus noviços tranqüilos e sossegados; não o encontrando<br />

no Norte, lembrou-se <strong>da</strong> Itália, mas infelizmente lá também a coisa não<br />

ia bem. Foi necessário curvar-se ante a mão de Deus e adorar os juízos do Eterno.<br />

Nesse interim os padres <strong>da</strong> Curlândia receberam de Roma a dispensa dos votos.<br />

Antes de encetarmos a narração <strong>da</strong> terceira viagem de fun<strong>da</strong>ção, lancemos<br />

um olhar para os trabalhos do Santo em Varsóvia nesse lapso de tempo.

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