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São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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pregação. Todos os dias á uma missa às 6 horas com exposição do Santíssimo,<br />

durante o qual o povo canta, havendo em segui<strong>da</strong> uma instrução ao povo em<br />

polaco; durante a instrução celebram-se missas para aqueles que não compreendem<br />

alemão nem polaco. Às 8 horas, missa canta<strong>da</strong> a cantochão com uma<br />

pregação em polaco, e logo em segui<strong>da</strong> uma outra em alemão. Termina<strong>da</strong> essa<br />

instrução os meninos <strong>da</strong> escola vão à igreja, onde começa a missa solene a<br />

grande orquestra: assim encerra-se o culto <strong>da</strong> manhã. Depois no meio-dia: aos<br />

domingos e dias santos há catecismo para as crianças às 2 horas, às 3 h. as<br />

irman<strong>da</strong>des cantam o ofício parvo de Nossa Senhora, às 4 h. há pregação para<br />

os alemães, segui<strong>da</strong> de vésperas solenes; termina<strong>da</strong>s estas, uma pregação em<br />

polaco e enfim a visita ao Santíssimo Sacramento e a Nossa Senhora segundo<br />

o método do venerável Servo de Deus, Afonso de Ligório. Nos dias úteis os<br />

exercícios pomeridianos começam só depois <strong>da</strong> aula. Todos os dias às 5 horas<br />

<strong>da</strong> tarde há pregação em alemão, visita ao Santíssimo e em segui<strong>da</strong> outra pregação<br />

em polaco, via sacra e cânticos sacros em louvor de Jesus Sacramentado<br />

e <strong>da</strong> Santíssima Virgem; rematando tudo faz-se com o povo o exame de consciência,<br />

rezam-se os atos cristãos, procede-se à leitura <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> do Santo, cuja<br />

festa a igreja celebra no dia seguinte, e por fim a la<strong>da</strong>inha de Nossa Senhora,<br />

findo o que fecha-se a igreja”. Essa era a vi<strong>da</strong> em S. Beno no longo período de<br />

dez anos! Ca<strong>da</strong> dia cinco pregações: três em polaco e duas em alemão, aos<br />

domingos ain<strong>da</strong> duas aulas de catecismo; diariamente três missas solenes e<br />

tantos outros exercícios. E como tudo isso não se fazia para o mesmo público,<br />

mas para diversas classes de pessoas que se revezavam, era aquilo uma missão<br />

contínua de dez anos.<br />

Alguns talvez sintam tentação de pensar, ser essa ativi<strong>da</strong>de um exagero e<br />

quiçá, um abuso. Quem porém conhece o estado deplorável em que se achava<br />

Varsóvia em matéria de fé e de costumes, certamente se convencerá <strong>da</strong> grande<br />

sabedoria e prudência, que nesse particular guiaram a S. <strong>Clemente</strong>, cujo desejo<br />

sincero era a reforma radical e a restauração <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de tão decaí<strong>da</strong>. “Escân<strong>da</strong>los,<br />

vícios”, escreve ele, “atingiram aqui o seu auge e é difícil encontrar o<br />

caminho mais seguro e o modo mais eficaz de melhorar a situação; desde o<br />

clero até o mais miserável mendigo está tudo corrompido; é para se temer que<br />

Deus afaste o candelabro do seu lugar”.<br />

E S. <strong>Clemente</strong> não exagerava. Varsóvia possuía mais ou menos o caráter e<br />

as quali<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s grandes ci<strong>da</strong>des modernas, a saber: frivoli<strong>da</strong>de a descrença<br />

nas altas ro<strong>da</strong>s sociais, e ignorância e imorali<strong>da</strong>de no povo baixo. Um outro<br />

escritor, conhecedor profundo <strong>da</strong>quele tempo, descreve a alta socie<strong>da</strong>de de<br />

então: “Varsóvia <strong>da</strong> alta aristocracia, que se revolvia e remexia atrás do carro<br />

triunfal <strong>da</strong> revolução francesa, corroí<strong>da</strong> nas orgias do rei Estanislau pela depravação<br />

<strong>da</strong> sensuali<strong>da</strong>de, a Varsóvia de então com seus palácios, com seus adultérios<br />

nos salões, com suas profanações do matrimônio pelo dinheiro vil, não<br />

queria saber de Deus nem do bem <strong>da</strong> Pátria, contanto que lhe fosse <strong>da</strong>do gozar<br />

e divertir-se”. S. <strong>Clemente</strong> ain<strong>da</strong> supunha pouco o que se fazia então, não pela<br />

falta de sacerdotes e conventos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, que contava 400 padres seculares e<br />

15 regulares, mas pela falta de ativi<strong>da</strong>de no clero. “Fora <strong>da</strong> igreja dos Lazaristas<br />

e dos Reformados”, escreve ele, “só se prega uma vez por semana nas outras<br />

igrejas de Varsóvia e isso mesmo de modo incompreensível para o povo, sem<br />

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entusiasmo e sem espírito”.<br />

Para necessi<strong>da</strong>des supremas remédios extraordinários: eis a lógica natural<br />

e simples que organizou a missão contínua de S. Beno. Além disso, era essa<br />

também a única missão que se podia pregar naqueles tempos calamitosos. É<br />

necessário notar que, com esses trabalhos múltiplos e constantes, S. <strong>Clemente</strong><br />

não se mostrava cruel para seus padres martirizando-os, porque o Santo cui<strong>da</strong>va<br />

sempre para que o serviço fosse bem dividido os diversos sacerdotes <strong>da</strong><br />

comuni<strong>da</strong>de. O povo, em extremo satisfeito e contente com as soleni<strong>da</strong>des pomposas<br />

e os esforços aturados dos Redentoristas, não hesitava em ofertar o<br />

necessário para o sustento do culto e as despesas <strong>da</strong> igreja, e <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong><br />

não conhecia limites em sua generosi<strong>da</strong>de em se tratando <strong>da</strong> glória de Deus e<br />

dos Santos.<br />

De um modo todo especial fazia o Servo de Deus revestirem-se de soleni<strong>da</strong>de<br />

e pompa as procissões do Santíssimo Sacramento, mormente na festa de<br />

Corpus Christi, em que a Igreja presta publicamente a Jesus as homenagens<br />

de sua gratidão pelos tesouros de graças recebi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Eucaristia no altar e<br />

especialmente na mesa <strong>da</strong> comunhão. Nesse dia adornava a igreja com as<br />

mais lin<strong>da</strong>s flores que encontrava na ci<strong>da</strong>de, não se preocupando com o preço<br />

delas. Como a procissão só se podia fazer ao redor <strong>da</strong> igreja, providenciava<br />

para que esta e o largo se achassem profusamente ornamentados de luzes e<br />

flores; doze coroinhas caminhavam com turíbulos fumegando, enquanto que<br />

uma multidão de meninos, adornados de prata e ouro, espargiam flores diante<br />

do Santíssimo; os sacerdotes compareciam paramentados de pluviais<br />

riquíssimos; sendo o palio, mais suntuoso ain<strong>da</strong>, carregado pelos seis senhores<br />

mais nobres <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de; senhoras <strong>da</strong> mais alta nobreza e até príncipes faziam<br />

questão de trabalhar, ca<strong>da</strong> ano, no adorno do palio no qual pregavam flores e<br />

emblemas, <strong>da</strong> Eucaristia; só o ouro no palio avaliava-se em 3.000 escudos perto<br />

do ostensório formavam a guar<strong>da</strong> nobre do Santíssimo numerosos rapazes,<br />

em cujas vestes reluziam a prata e o ouro, com asas doura<strong>da</strong>s, simbolizando os<br />

querubins que rodeiam o trono do Altíssimo no céu. Na frente <strong>da</strong> procissão<br />

caminhavam as Associações e Irman<strong>da</strong>des com seus respectivos estan<strong>da</strong>rtes,<br />

símbolo <strong>da</strong> vitória de Jesus sobre o mundo, e logo em segui<strong>da</strong>, centenas de<br />

virgens, vesti<strong>da</strong>s de branco, empunhando velas acesas e entoando, sem cessar,<br />

piedosos hinos a Jesus Sacramentado, enquanto que os sinos de S. Beno,<br />

como se quisessem cantar também, faziam ecoar ao longe os sentimentos de<br />

fé e o entusiasmo do povo católico. Atrás de Jesus Sacramentado ia a ban<strong>da</strong> de<br />

música, prestando homenagens ao Rei dos reis, e logo em segui<strong>da</strong> os milhares<br />

de fiéis que cantavam e rezavam em voz alta. Termina<strong>da</strong> a procissão, <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong><br />

subia ao púlpito e com seu verbo afogueado e empolgante falava do<br />

amor imenso do Prisioneiro dos nossos tabernáculos. Termina<strong>da</strong> a alocução do<br />

Santo o Pe. Blumenau, orador arrebatado, ascendia à tribuna sagra<strong>da</strong> e discorria,<br />

em polaco, sobre o mesmo assunto, arrancando lágrimas aos ouvintes.<br />

Com essas soleni<strong>da</strong>des externas queria S. <strong>Clemente</strong>, além de prestar publicamente<br />

as homenagens de adoração que competem a Jesus, chamar a<br />

atenção do povo e guiá-lo para Deus; “as soleni<strong>da</strong>des públicas”, dizia ele, “atraem<br />

por seu esplendor e aos poucos cativam o povo, que ouve mais com os<br />

olhos do que com os ouvidos”.

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