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São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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equinta<strong>da</strong> barbari<strong>da</strong>de. Em última análise to<strong>da</strong>s essas calami<strong>da</strong>des e misérias<br />

recaíam sobre os pobres lavradores e operários, oprimindo-os e esmagandoos.<br />

Apesar de tudo isso, o reino conseguiu recolher ain<strong>da</strong> as últimas forças<br />

para se levantar de tamanha ruína. O próprio rei colocou-se à frente do povo,<br />

restabelecendo assim a ordem e a tranqüili<strong>da</strong>de pública. Catarina, que ambicionava<br />

para si a Polônia, não podia ver com bons olhos esse estado de coisas;<br />

sob pretexto de tutelar a ordem expediu para a Polônia os militares que, desde<br />

a paz com a Turquia em 1792, estavam à disposição <strong>da</strong> Czarina. Os Polacos,<br />

em justa defesa, pediram auxílio em to<strong>da</strong> a parte, porém debalde; a Saxônia<br />

achava-se demasiado enfraqueci<strong>da</strong>, a Áustria estava ain<strong>da</strong> ocupa<strong>da</strong> com a França;<br />

a Turquia não se restabelecera bastantemente de última guerra; restava<br />

ain<strong>da</strong> a Prússia, que anciava por receber um bom pe<strong>da</strong>ço <strong>da</strong> Polônia depois de<br />

feita a divisão.<br />

No auge do desespero os polacos pegaram em armas, prontos e dispostos<br />

a to<strong>da</strong>s as eventuali<strong>da</strong>des; o rei amedrontado passou vergonhosamente ao lado<br />

dos russos e o general polaco traiu o seu exército. Cosciusko, o último herói <strong>da</strong><br />

Polônia, com seu exército diminuto embora composto só de heróis, não pôde<br />

resistir ao número colossal dos sol<strong>da</strong>dos russos, e assim em 1793 efetuou-se o<br />

segundo desmembramento <strong>da</strong> pobre Polônia. NO ano seguinte, ao receber-se<br />

a ordem do desarmamento completo dos polacos organizou-se em Cracóvia<br />

um levantamento com Cosciusko à frente; o povo parecia eletrizado pelo entusiasmo<br />

e pela esperança <strong>da</strong> vitória, porquanto a sorte <strong>da</strong>s armas estava a sorrir-lhe<br />

favoravelmente; os russos foram esmagados em Varsóvia, e em geral,<br />

em todos os pontos do país. O ódio e a indignação popular contra os inimigos<br />

<strong>da</strong> Pátria era tal, que em Varsóvia se improvisaram forcas onde pereceram<br />

todos os grandes amigos dos russos; durante o último combate contra os súditos<br />

<strong>da</strong> Czarina os polacos penetraram nas prisões e truci<strong>da</strong>ram os prisioneiros<br />

prussianos e russos. Em meados de julho apresentou-se o exército prussiano<br />

às portas de Varsóvia, onde se travou um sangrento combate, enquanto os<br />

russos avançaram pelo lado oposto; indignados e exasperados os polacos formaram<br />

um novo exército para debelá-los, e em um só combate, os russos perderam<br />

9.000 homens. Em 10 de outubro o próprio Cosciusko comandou em<br />

pessoa o exército polaco, composto de 10.000 heróis; o combate foi tão renhido<br />

que, em seis horas, as forças polacas ficaram reduzi<strong>da</strong>s a 2.000 homens caindo<br />

8.000 gloriosamente no campo de batalha; Cosciusko atingido por uma<br />

espa<strong>da</strong> inimiga exclamou: Finis Poloniae. O caminho para Varsóvia estava pois<br />

aberto; em novembro entraram os russos em Praga, que serve de arrabalde a<br />

Varsóvia, em cujas ruas os polacos, homens e mulheres, se defendiam como<br />

leões; mas como o exército inimigo era demasiado grande, a vitória declarou-se<br />

a favor dos russos, cujo general Suwarow, indignado e enfurecido, mandou passar<br />

a fio <strong>da</strong> espa<strong>da</strong> a população inteira, correndo o sangue em torrentes pelas<br />

ruas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de; os que tentaram fugir foram afogados no Vistula. Varsóvia lutou,<br />

porém, debalde; a 13 de junho de 1795 passou a ser uma possessão prussiana.<br />

O assédio <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de pelos russos S. <strong>Clemente</strong> o descreve a seu Superior Geral:<br />

“Mal libertados do assédio prussiano presenciamos o dos russos, o qual, embora<br />

não demorasse muito, teve um resultado horrível: mais de 16.000 homens,<br />

21<br />

mulheres e crianças foram truci<strong>da</strong>dos barbaramente; a nós coube a infelici<strong>da</strong>de<br />

de ser testemunhas dessas cenas horrorosas que se deram em frente <strong>da</strong> nossa<br />

casa à margem do Vistula; graças a Deus na<strong>da</strong> sofremos dos milhares de armas<br />

de fogo russas; os tiros passaram por sobre o telhado <strong>da</strong> igreja e <strong>da</strong> nossa<br />

residência, estando nós sempre em gravíssimo perigo de morte”. Foi nessa<br />

ocasião que S. <strong>Clemente</strong> fez o voto de ir em romaria a S. João Nepomuceno em<br />

Praga, se Varsóvia fosse poupa<strong>da</strong>.<br />

Vinte meses esteve Varsóvia sob o domínio russo, o que lhe foi de grande<br />

vantagem. O governo verificando serem pequenas as acomo<strong>da</strong>ções escolares,<br />

destina<strong>da</strong>s aos pobres, ofereceu generosamente os meios para a construção<br />

de escolas mais espaçosas. O convento de S. Beno foi aumentado e as suas<br />

necessi<strong>da</strong>des provi<strong>da</strong>s pelo governo. Esse estado de coisas, porém, não durou<br />

muito tempo, pois que em 1796 Varsóvia foi entregue oficialmente à Prússia,<br />

que lá governou durante dez anos. Os tempos normalizaram-se, mas Varsóvia<br />

decaiu consideravelmente, baixando de 120.000 habitantes a apenas 68.000.<br />

S. Beno lucrou muito com a chega<strong>da</strong> dos Prussianos, que viam nos padres<br />

Redentoristas um reforço do elemento alemão, embora os Redentoristas se<br />

conservassem sempre neutros, distribuindo seus benefícios indistintamente a<br />

alemães e polacos. De um documento <strong>da</strong>quele tempo temos a seguinte notícia:<br />

“Atualmente sustenta o Instituto (de S. Beno) 40 crianças e fornece instrução a<br />

200; esta ramifica-se no ensino do alemão, polaco, latim, religião, história, geografia,<br />

história natural...; os professores são homens de talento”.<br />

A ativi<strong>da</strong>de espiritual desenvolvi<strong>da</strong> por S. <strong>Clemente</strong> e seus padres na Igreja<br />

de S. Beno excede a qualquer descrição; foi coisa nunca vista na Europa. O<br />

povo, compreendendo que os Benonitas — assim chamavam os Redentoristas<br />

— longe de qualquer pretensão política apenas procuravam a glória de Deus e<br />

o bem <strong>da</strong>s almas, mormente entre a moci<strong>da</strong>de, escolheu a Igreja de S. Beno<br />

para centro de edificante pie<strong>da</strong>de. Desde o dia do assalto de Varsóvia em 1794<br />

a igreja começou a apinhar-se de povo, mais de polacos que de alemães, porque<br />

aqueles se deliciavam em ouvir as pregações polacas do Pe. Podgorski,<br />

que possuía um exterior angélico e a eloqüência de um João Crisóstomo. O<br />

número <strong>da</strong>s comunhões distribuí<strong>da</strong>s é a prova mais evidente e incontestável do<br />

progresso consolador e sempre crescente <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> de pie<strong>da</strong>de na Igreja dos<br />

Benonitas; quando os padres lá chegaram havia 2.000 comunhões anuais, em<br />

1800 já houve 100.000. Nas funções religiosas a aglomeração era tanta, que<br />

não cabendo na igreja, que comportava só mil pessoas, os fiéis ficavam a rezar<br />

no cemitério e ao longo <strong>da</strong>s ruas para ao menos de longe ouvirem missa aos<br />

domingos. Com a introdução de novas devoções e exercícios, como novenas,<br />

tríduos etc. não passava um dia sem pregações, missas solenes etc. Isso foi um<br />

sucesso extraordinário, porque Polacos se sentem bem quando as missas e as<br />

funções religiosas se prolongam por muito tempo e são realiza<strong>da</strong>s com pompa.<br />

Em 1800 já todos os moradores de Varsóvia e <strong>da</strong>s imediações conheciam e<br />

estimavam a Igreja de S. Beno, onde se pregava uma missão contínua. É o<br />

próprio S. <strong>Clemente</strong> quem nos dá a seguinte descrição dos seus trabalhos em<br />

S. Beno: “Aos domingos e dias santos, às 5 horas <strong>da</strong> manhã há instrução para<br />

os operários e empregados, que não podem ouvir, em outra hora, a palavra<br />

divina, havendo em segui<strong>da</strong> uma missa para eles; nos dias úteis omite-se essa

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