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São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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melhor e mais santa impressão. A notícia <strong>da</strong> morte de <strong>Clemente</strong> espalhou-se<br />

com a rapidez do relâmpago para tristeza dos bons e contentamento dos maus.<br />

No dia seguinte uma multidão imensa, na expressão do Pe. Rinn, veio visitar o<br />

corpo do Santo, pois que todos queriam beijar-lhe as mãos pela última vez e<br />

receber por relíquia algum objeto que lhe tivesse pertencido. A condessa<br />

Szecheny osculava, entre lágrimas, as mãos do Santo, não podendo ausentarse<br />

de perto do seu antigo Diretor espiritual, que tanto a confortara em seus<br />

sofrimentos e angústias. Quando alguém se lembrou de avisá-la que tivesse<br />

cui<strong>da</strong>do para não contrair, por contágio, a moléstia do Santo (supunham que ele<br />

tivesse sofrido o tifo abdominal), a condessa respondeu: “Não tenho medo porque<br />

os Santos não infeccionam a ninguém”. O desejo de levar relíquias do Santo<br />

era tamanho, que foi mister vigiar o caixão, porque uns cortavam pe<strong>da</strong>ços <strong>da</strong><br />

batina e do cabelo, outros levavam fragmentos quebrados ao caixão, enquanto<br />

que outros limpavam a casa levando tudo o que sabiam ter pertencido ao Servo<br />

de Deus. A voz geral que se faziam ouvir em Viena era: “Temos um Santo no<br />

céu”.<br />

No dia seguinte iam ser entregues à terra os despojos mortais do grande<br />

Apóstolo de Viena. Como a morte fora simples e assisti<strong>da</strong> apenas pelos amigos<br />

do Santo, supunha-se que <strong>da</strong> mesma simplici<strong>da</strong>de se revestiria também o seu<br />

sepultamento. Encarregado dos funerais era o Pe. Martinho que, adoentado<br />

ain<strong>da</strong>, se achava distante na fazen<strong>da</strong> de um nobre senhor; dos estranhos nenhum<br />

se lembrou disso. A um ou outro que perguntava pelo enterro, respondiase<br />

que tudo seria feito com simplici<strong>da</strong>de. Uns dias antes havia o Pe. Martinho<br />

interrogado ao Santo, que é que se deveria fazer caso ele viesse falecer, ao que<br />

o Santo respondeu: “Fique sossegado, Deus há de providenciar”. E aquela palavra<br />

foi uma profecia. “Naquela quinta-feira, escreve Pajalich, houve um certo<br />

sossego, do meio-dia às 2 horas, sem que pessoa alguma se lembrasse do<br />

sepultamento; parece que o padre Martinho dera ordem de se fazer tudo do<br />

modo mais simples e oculto possível... Mas Deus providenciou para que o enterro<br />

se tornasse pomposo. Os admiradores do Servo de Deus sentiram um<br />

desejo irresistível de contribuir para o realce do sepultamento do Apóstolo de<br />

Viena.<br />

Desde as 2 horas começaram a chegar homens e mais homens, vindos de<br />

to<strong>da</strong>s as direções para a Igreja de Sta. Úrsula, onde agradeceram ao Senhor os<br />

inúmeros benefícios recebidos por intermédio do falecido; pouco depois apareceu<br />

na residência de <strong>Clemente</strong> um caixão de madeira consistente, destinado<br />

ao Santo; era presente do conde Szecheny. Na medi<strong>da</strong> que se aproximava a<br />

hora do enterro crescia o número de penitentes, amigos e admiradores que lhe<br />

vinham prestar as últimas honras. Chega<strong>da</strong> a hora do préstito fúnebre as duas<br />

ruas que conduzem a Sta. Úrsula, achavam-se apinha<strong>da</strong>s de povo; <strong>da</strong> mesma<br />

forma chegou grande número de sacerdotes, e enfim precedidos <strong>da</strong> cruz apareceram<br />

em nobre cortejo os clérigos e padres do seminário arquiepiscopal,<br />

sem que para isso tivessem recebido ordem ou permissão; atrás dessa procissão<br />

caminhava o célebre Zacharias Werner de pluvial rico ao lado de numerosa<br />

assistência. Pobres e ricos, nobres e plebeus, pessoas de todos os estados e<br />

posição, até sol<strong>da</strong>dos, compareceram ao acompanhamento do cadáver. Termina<strong>da</strong>s<br />

as orações prescritas e entoado o Miserere, pôs-se o magnífico préstito<br />

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em movimento. Os discípulos de <strong>Clemente</strong>, futuros Redentoristas, pegaram as<br />

alças do caixão, que carregaram com profundo respeito e devoção, acompanhados<br />

por outros que empunhavam velas. Coisa admirável! ninguém havia<br />

convi<strong>da</strong>do o povo, e a multidão apareceu empunhando velas acesas; uma multidão<br />

incalculável, no maior recolhimento, formando a guar<strong>da</strong> de honra do cadáver!<br />

Não sendo Sta. Úrsula igreja matriz, devia o préstito dirigir-se à catedral de<br />

Sto. Estevam. Era tocante e emocionante aquele cena! a multidão se desfazia<br />

em prantos e, às vezes, soluçava; senhoras com os filhinhos nos braços choravam<br />

como crianças. Em frente ao convento <strong>da</strong>s Ursulinas fez-se uma segun<strong>da</strong><br />

encomen<strong>da</strong>ção entre as lágrimas <strong>da</strong>s Irmãs que pranteavam seu pai espiritual<br />

e insigne benfeitor; nas exéquias revezaram-se o Pe. Zacharias Werner e o Pe.<br />

Schmid, confessor do Santo. A tarde era magnífica, o ar tranqüilo, o ruído habitual<br />

dos carros de praça cessara naquelas ruas, por onde ia passar o préstito<br />

fúnebre até a catedral. Reinava silêncio profundo, em que tanto mais se ouviam<br />

os dobres, as marchas fúnebres e os sons plangentes <strong>da</strong> ban<strong>da</strong> musical bem<br />

como os hinos e as orações, entrecorta<strong>da</strong>s de soluços, que se elevavam ao céu<br />

pelo falecido. Era um ver<strong>da</strong>deiro triunfo; o préstito movia-se vagaroso por causa<br />

<strong>da</strong> multidão de povo e dos inúmeros carros que acompanhavam o cadáver.<br />

Obstupefação geral causou o fato de se achar aberta, em par, a porta principal<br />

de Sto. Estevam, a qual nunca se abre por ocasião dos enterros, a não ser<br />

que se trate de pessoas altamente coloca<strong>da</strong>s, ou de muita influência na socie<strong>da</strong>de,<br />

mediante o pagamento de cem florins de prata. E ninguém sabia quem<br />

tinha aberto, ain<strong>da</strong> mais que o capelão havia <strong>da</strong>do ordens terminantes em contrário.<br />

Ao chegar o préstito em o largo de Sto. Estevam começou a escurecer;<br />

isso só servir para <strong>da</strong>r ao enterro o aspecto de triunfo; as milhares de pessoas<br />

que enchiam a vastíssima praça e as ruas vizinhas, empunhavam velas, que<br />

acesas, formavam um como mar de luzes ondulantes no meio <strong>da</strong> multidão. Era<br />

uma coisa nunca vista! donde aquelas velas? quem tivera a idéia de comprá-las<br />

to<strong>da</strong>s? ninguém o poderia dizer. A catedral gigantesca ficou apinha<strong>da</strong>; depois<br />

do Libera-me o Pe. Zacharias Werner com o coração comovido e a voz a tremer<br />

cantou a absolvição e as orações prescritas. Por ser já noite fecha<strong>da</strong>, os restos<br />

mortais do Santo foram depositados no necrotério por aquela noite.<br />

Viena jamais vira enterro tão comovente e magnífico como aquele; foi uma<br />

ver<strong>da</strong>deira apoteose em que tomou parte a Capital <strong>da</strong> Áustria em sua quase<br />

totali<strong>da</strong>de, e o que é mais admirável ain<strong>da</strong>, tudo isto sem convite algum. No dia<br />

seguinte o corpo foi levado ao cemitério de Enzersdorf, ao cargo dos Padres<br />

Franciscanos. Sobre o túmulo humilde de <strong>Clemente</strong> colocaram simples epitáfio:<br />

“Fidelis servus et prudens, isto é, Servo fiel e prudente”.<br />

Nesse dia apareceu uma notícia sobre o Servo de Deus, publica<strong>da</strong> pelo<br />

célebre cientista A<strong>da</strong>m Müller no mais afamado órgão de imprensa vienense,<br />

nos termos seguintes: “A 15 de março de 1820 faleceu aqui, pelo meio-dia, na<br />

i<strong>da</strong>de de 69 anos o R. Pe. <strong>Clemente</strong> <strong>Maria</strong> <strong>Hofbauer</strong>, Vigário geral <strong>da</strong> <strong>Congregação</strong><br />

do Santíssimo Redentor, fun<strong>da</strong><strong>da</strong> pelo bem-aventurado Afonso de Ligório,<br />

e confessor do convento <strong>da</strong>s Ursulinas. A ativi<strong>da</strong>de fecun<strong>da</strong> e estupen<strong>da</strong>, que<br />

só ele pôde desenvolver em circunstâncias difíceis e posições arrisca<strong>da</strong>s, confirmam-nos<br />

os muros de <strong>São</strong> Beno em Varsóvia, além dos milhares de testemunhas<br />

que ele alimentou, vestiu e conduziu a Deus por meio de uma vi<strong>da</strong> cristã.

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