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São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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Aos jovens poupava paternalmente, como vemos do caso narrado por Pajalich.<br />

Uma vez, escreveu ele, o Servo de Deus humilhou publicamente, não sei por<br />

que motivo, a um dos seus confrades; um penitente e discípulo de <strong>Clemente</strong>,<br />

“Dr. Madlener”, estranhou a severi<strong>da</strong>de com que o Santo tratava seus congregados,<br />

e atreveu-se a perguntar-lhe, porque é que não procedia com a mesma<br />

severi<strong>da</strong>de, mas antes com tanto carinho, para com os outros penitentes e discípulos,<br />

ao que o Santo respondeu: “Vós ain<strong>da</strong> não me pertenceis e por isso<br />

não terei de prestar a Deus contas tão rigorosas de vós, como por ele que é<br />

meu súdito”. Isso está inteiramente de acordo com o que ele uma vez disse a<br />

um dos seus estu<strong>da</strong>ntes e futuros Redentoristas: “Quando estivermos uma vez<br />

no nosso posto, deveremos começar seriamente a fazer penitência e a santificar-nos<br />

antes de pregar aos outros”; e em outra ocasião: “É preciso começar<br />

com os jovens, porque com os velhos pouco se poderá fazer”. Essas repeti<strong>da</strong>s<br />

expressões do Santo mostram o desejo que nutria de abrir em breve o noviciado<br />

para ensinar aos jovens to<strong>da</strong>s as virtudes e introduzi-los e consolidá-los na<br />

vi<strong>da</strong> interior do convento.<br />

Não menos se preocupava o Santo com o lado material, isto é, com a<br />

aquisição do necessário à comuni<strong>da</strong>de a instalar-se confortavelmente no novo<br />

convento. “Quando a <strong>Congregação</strong> estiver aprova<strong>da</strong> na Áustria, disse ele, man<strong>da</strong>rei<br />

o Pe. Martinho para a Suíça, porque ele ain<strong>da</strong> não presta para Superiores”.<br />

Em outra ocasião afirmou que chamaria o Pe. José Passerat, homem santo<br />

e excelente Diretor de almas. Num dos seus armários, na gaveta mais larga e<br />

fun<strong>da</strong>, havia grande quanti<strong>da</strong>de de doces, pacotes de café etc. que lhe tinham<br />

sido ofertados por alguns amigos; apontando para esses objetos, tão agradáveis<br />

ao pala<strong>da</strong>r, disse a um dos seus discípulos: “Isso tudo é para os nossos<br />

confrades em N. Sra. <strong>da</strong> Esca<strong>da</strong>”.<br />

Entretanto a aprovação diferia-se mais do que se supunha, e <strong>Clemente</strong><br />

percebia que Deus, provavelmente, não lhe queria conceder a alegria de introduzir<br />

a <strong>Congregação</strong> na Áustria; o que ele semeara a custo de abun<strong>da</strong>ntes<br />

suores, outros deveriam colher. Como outrora Moisés só pôde avistar de longe<br />

a terra <strong>da</strong> promissão sem ter o prazer de levar lá o povo que dirigira e governara<br />

quarenta anos na travessia do deserto, repartindo com ele alegrias e dores,<br />

assim <strong>Clemente</strong> antegozava, sim, a aprovação <strong>da</strong> sua Ordem, mas percebia<br />

também que não seria ele o escolhido por Deus para organizar o primeiro noviciado<br />

e introduzir firme e definitivamente, além dos Alpes, a <strong>Congregação</strong> que<br />

tanto amava.<br />

Teria <strong>Clemente</strong> sentido no princípio esse duro golpe <strong>da</strong> Providência? Uma<br />

Irmã Ursulina contava que, quando no convento deram ao Servo de Deus os<br />

parabéns pelo decreto imperial, que em breve garantiria legalmente a subsistência<br />

<strong>da</strong> <strong>Congregação</strong> na Áustria, ele suspirando exclamou: “Mas eu não o<br />

verei”, disse-o com precisão, embora se esperasse a ca<strong>da</strong> momento a aprovação,<br />

e <strong>Clemente</strong> não apresentasse propriamente nenhum sintoma de enfermi<strong>da</strong>de<br />

grave. Os discípulos do Santo, as irmãs e, em geral, os amigos tinham a<br />

convicção certa de que <strong>Clemente</strong> viveria pelo menos ain<strong>da</strong> uns anos, pois que<br />

Deus não o podia tirar no momento em que ele mais necessário parecia ser à<br />

<strong>Congregação</strong>. O Servo de Deus, porém, era inabalável nas suas palavras, falava<br />

como profeta que contempla e conhece o futuro. Uma outra vez, conversan-<br />

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do com um amigo médico disse: “Enquanto eu viver, na<strong>da</strong> se fará, mas depois<br />

<strong>da</strong> minha morte conventos se erguerão”. Entretendo-se outra vez com a Irmã<br />

Jacoba que lhe expunha suas dúvi<strong>da</strong>s interiores etc. afirmou o Santo: “Primeiro<br />

é preciso que eu morra, só depois é que a <strong>Congregação</strong> se difundirá”. A uma<br />

outra irmã, falando familiarmente sobre o futuro <strong>da</strong> sua Ordem na Áustria e<br />

sobre o bem imenso que os Padres Redentoristas haviam de operar pela glória<br />

de Deus e o bem <strong>da</strong>s almas imortais e abandona<strong>da</strong>s naqueles tempos tão<br />

tristes, o Servo de Deus assegurou “que o Imperador não haveria de assinar o<br />

decreto aprovando a <strong>Congregação</strong> na Áustria, enquanto ele não tivesse <strong>da</strong>do<br />

sua alma ao Criador”. Expressões idênticas empregou o Servo de Deus em<br />

diversas ocasiões, de sorte que podemos afirmar, sem medo de erro, que Deus<br />

lhe manifestara essa disposição <strong>da</strong> sua vontade.<br />

De um lado exultava o Servo de Deus prevendo o futuro <strong>da</strong> obra, pela qual<br />

se batera, garantido e seguro, do outro sentia, humanamente falando, o golpe<br />

<strong>da</strong> Providência, que assim o provava e privava <strong>da</strong> maior consolação dos seus<br />

trabalhos. O Servo de Deus, porém, resignou-se com a vontade santíssima do<br />

Altíssimo, e em certo ponto sentia-se mesmo consolado, conforme se externou<br />

uma vez: “Devo morrer antes que a <strong>Congregação</strong> se propague, então poderei<br />

fazer mais para os meus junto do trono de Deus do que agora em vi<strong>da</strong>”.<br />

Como é próprio dos Santos, esquivar-se à vista dos homens, para que to<strong>da</strong><br />

a glória, nas grandes obras, recaia sobre o Autor de todo o bem, que é Deus,<br />

<strong>Clemente</strong>, prevendo a grandeza <strong>da</strong> <strong>Congregação</strong>, desejava com to<strong>da</strong> a humil<strong>da</strong>de<br />

desaparecer do cenário <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Manifestou esse seu desejo com as palavras:<br />

“Grande honra se me está preparando dentro em breve, prefiro morrer já,<br />

antes que isso se realize”.

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