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São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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CAPÍTULO XXIII<br />

A <strong>Congregação</strong> na Áustria<br />

O Imperador visita o Papa — O memorandum — Começa com os jovens —<br />

Eu não o verei — Previsões — Resignação.<br />

A questão referente a <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> ficou indecisa, mas a vigilância policial<br />

continuou. Tentaram conseguir do arquiduque Maximiliano a expatriação de<br />

<strong>Clemente</strong>, porém debalde; esse grande amigo do Santo disse em resposta:<br />

“Viena não precisa só de um <strong>Clemente</strong>; seria para desejar que houvesse lá<br />

ain<strong>da</strong> seis outros homens como ele para reformar a religião”. Entretanto o Núncio<br />

Apostólico, Mons. Leardi, partiu para Roma a fim de informar o papa Pio VII<br />

sobre o estado <strong>da</strong> Igreja na Áustria, e narrou ao Sumo Pontífice as perseguições<br />

de que estava sendo alvo o Pe. <strong>Clemente</strong>, tido pelos maus como espião<br />

romano. Pouco depois chegou a Roma também o Imperador que foi congratular-se<br />

pessoalmente com o Papa pela libertação que acabava de conseguir <strong>da</strong><br />

escravidão francesa. Com fina diplomacia soube Pio VII interceder por <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong>,<br />

<strong>da</strong>ndo a sua Majestade os parabéns pelos sacerdotes zelosos que possuía<br />

em Viena, mormente por <strong>Clemente</strong>, “homem ver<strong>da</strong>deiramente apostólico,<br />

adorno do clero e coluna <strong>da</strong> Igreja”. Como o Papa não ignorava que o maior<br />

crime, atribuído a <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong>, era a sua dedicação e amor à Santa Sé, mencionou<br />

o que <strong>Clemente</strong> muitas vezes dissera a Muzzi, auditor <strong>da</strong> nunciatura:<br />

“Vós, romanos, não sabeis tratar os alemães; entre eles poderíeis conseguir<br />

muito mais, se os compreendêsseis e os soubésseis tratar”. Essa observação<br />

agradou imensamente ao Imperador; a palavra do Papa causou-lhe impressão<br />

e a sinceri<strong>da</strong>de do Servo de Deus mais ain<strong>da</strong>. Ao retirar-se <strong>da</strong> audiência, havi<strong>da</strong><br />

com o Chefe <strong>da</strong> cristan<strong>da</strong>de, o Monarca narrou tudo a seu confessor, Pe. Darnaut,<br />

e ao capelão Pe. Job, que o acompanharam a Roma e acrescentou com majestosa<br />

benevolência: “Ofenderam e magoaram o bom Pe. <strong>Clemente</strong>, estou sentido<br />

com isso, se eu soubesse como reparar tanto desgosto a ele causado...!”<br />

Darnaut conhecia e estimava profun<strong>da</strong>mente o Servo de Deus, e desde há<br />

muito ouvira que ele não tinha maior desejo do que conseguir um lugar seguro<br />

para a <strong>Congregação</strong> na Áustria, e por isso pôde dizer ao Monarca: “O Pe. <strong>Clemente</strong><br />

só tem um desejo: o de ver a <strong>Congregação</strong> aprova<strong>da</strong> na sua Pátria; se V.<br />

Majestade realizasse esse seu desejo, ele ficaria inteiramente satisfeito”.<br />

A 26 de abril o Imperador partiu para o Sul em visita a Nápoles, onde provavelmente<br />

se informou sobre a <strong>Congregação</strong> Redentorista que lá tivera o seu<br />

berço, e sobre o grande fun<strong>da</strong>dor dela, Sto. Afonso de Ligório. Que o Imperador<br />

se interessou vivamente pelo pobre perseguido de Viena deduz-se do fato de<br />

ter ele, no meio <strong>da</strong>s festas e outras manifestações de regozijo, escrito de Nápo-<br />

100<br />

les uma carta ao Santo, pedindo-lhe apresentar à corte as Regras <strong>da</strong> sua <strong>Congregação</strong>,<br />

e indicar o modo como se poderia introduzir também na Áustria o<br />

Instituto do napolitano Afonso de Ligório. É fácil compreender a alegria e a consolação<br />

de <strong>Clemente</strong>, grato em tudo aquilo ao dedo <strong>da</strong> Providência. Salutem ex<br />

inimicis nostris. — O que ele não conseguira diretamente com seus trabalhos e<br />

sofrimentos, desgostos e cui<strong>da</strong>dos, obteve-o por meio dos inimigos que o perseguiam.<br />

Grande <strong>Clemente</strong>! por ele interessaram-se os maiores poderes sobre<br />

a terra: o Papa e o Imperador!<br />

Sem mais detença pôs-se o Santo ao trabalho, compôs o Memorandum,<br />

em que expôs com prudência o fim <strong>da</strong> <strong>Congregação</strong>. Como a palavra “missão”<br />

era detesta<strong>da</strong> em Viena e facilmente irritaria os nervos dos burocratas, <strong>Clemente</strong><br />

suprimiu-a escrevendo simplesmente que a <strong>Congregação</strong> se ocupava em<br />

ministrar a instrução aos ignorantes e o socorro espiritual aos necessitados,<br />

sendo assim útil à Igreja e ao Estado.<br />

O Imperador ao voltar de Roma, mandou chamar o Servo de Deus para<br />

uma audiência especial, ficando agra<strong>da</strong>velmente impressionado com a aparência<br />

enérgica, firme e jovial do nobre ancião, a quem tratou com benevolência; o<br />

Monarca deu-lhe permissão de fazer mais algum pedido; <strong>Clemente</strong> somente<br />

acrescentou o desejo de obter a Igreja de N. Sra. <strong>da</strong> Esca<strong>da</strong> em Viena para a<br />

<strong>Congregação</strong>, e a permissão de se poder interessar pelos Boêmios <strong>da</strong> Capital<br />

com um culto especial na língua deles.<br />

Esse pediu encheu to<strong>da</strong>s as medi<strong>da</strong>s dos desejos do Imperador.<br />

A 29 de outubro de 1819 o Santo apresentou o Memorandum com a Regra,<br />

que o Monarca entregou a uma comissão especial, composta de amigos do<br />

Santo e de pessoas <strong>da</strong> confiança do Imperador. Tudo parecia sorrir esperançosamente<br />

ao Santo, mas a coisa não deixava de ter suas dificul<strong>da</strong>des devido às<br />

circunstâncias desfavoráveis <strong>da</strong> época e ao fato de exigir tempo demasiado<br />

longo para pôr o novo Instituto em acordo com as leis vigentes.<br />

Enquanto a comissão gastava tempo em examinar a Regra, os bons e os<br />

maus trabalhavam, todos com a certeza <strong>da</strong> vitória; os amigos de <strong>Clemente</strong> não<br />

perderam vasa de agir ativamente em prol <strong>da</strong> <strong>Congregação</strong> <strong>da</strong>ndo as melhores<br />

informações sobre ela, fazendo-lhe as mais lisonjeiras referências e, mais que<br />

tudo pedindo a Deus com fervorosas orações pelo feliz resultado <strong>da</strong>s negociações.<br />

Os maus não desistiram, embora se sentissem bem humilhados e não se<br />

atrevessem a contrariar abertamente os desejos do Imperador; procuravam protelar<br />

o an<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> revisão esperando do tempo o arrefecimento do entusiasmo<br />

do Monarca, ou algum caso imprevisto que desfizesse os planos. O Servo<br />

de Deus não duvi<strong>da</strong>va <strong>da</strong> aprovação, contava até com o resultado consolador e<br />

dispunha as coisas para não haver retar<strong>da</strong>mento de espécie alguma, quando<br />

chegasse o decreto imperial. O Santo tinha apenas consigo o Pe. Martinho Stark,<br />

jovem de seus 33 anos, confiava porém no zelo dos seus discípulos, com os<br />

quais queria <strong>da</strong>r início à sua grande obra. Alguns dentre eles eram teólogos,<br />

outros já haviam terminado os estudos, e outros até já haviam recebido o<br />

presbiterado, exercendo o cargo de coadjutores para passar o tempo, até a<br />

admissão no Instituto. Nesse interim <strong>Clemente</strong> dedicou-se ain<strong>da</strong> com mais carinho<br />

à formação esmera<strong>da</strong> dos seus jovens, que eram para ele o futuro <strong>da</strong><br />

<strong>Congregação</strong>, e sentia-se feliz por encontrar em todos a maior boa vontade.

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