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universidade federal fluminense escola de serviço social programa ...

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Como é próprio das esquematizações, a síntese que lhes é inerente po<strong>de</strong> induzir<br />

polarizações reducionistas que nem sempre traduzem a extensão e profundida<strong>de</strong> dos<br />

fenômenos. Assim, no quadro acima, é correta a atribuição do sinal “-” aos direitos sociais na<br />

Rússia pós-1989, expressando que, <strong>de</strong> fato, os influxos da globalização neoliberal ali se<br />

fizeram presentes atrofiando os direitos sociais; entretanto, a atribuição do sinal “+” aos<br />

direitos políticos para aquela mesma Rússia (pós-1989) <strong>de</strong>ve ser vista com ressalvas, pois o<br />

regime que lá se implantou carrega muitos ranços do regime anterior, com algumas<br />

permanências como a perseguição política, num ambiente <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia meramente formal<br />

— o que não significa dizer que o regime atual seja idêntico ao anterior.<br />

Um aspecto relevante acerca da crítica ao mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Marshall é à adoção <strong>de</strong> uma<br />

linearida<strong>de</strong> rígida na implementação dos direitos. Quando se pensa, por exemplo, na<br />

cronologia <strong>de</strong> implementação <strong>de</strong> direitos, os sociais colocados no termo final <strong>de</strong>ssa trajetória,<br />

a remissão à época do chamado milagre brasileiro, na década <strong>de</strong> 70 do século passado, em que<br />

se propagava a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> “primeiro fazer crescer o bolo para <strong>de</strong>pois dividi-lo” que, apesar <strong>de</strong><br />

tardiamente, foi <strong>de</strong>rrotada, ao ser colocada vis-à-vis com a máxima <strong>de</strong> Herbert José <strong>de</strong> Souza,<br />

o Betinho, “quem tem fome tem pressa”.<br />

A segunda perspectiva <strong>de</strong> multiplicação <strong>de</strong> direitos correspon<strong>de</strong> à extensão <strong>de</strong> direitos a<br />

outros sujeitos distintos do homem consi<strong>de</strong>rados isoladamente no sentido <strong>de</strong> se esten<strong>de</strong>r essa<br />

proteção a outros sujeitos além do homem. Assim, os direitos da entida<strong>de</strong> familiar, das<br />

minorias étnicas e religiosas.<br />

Esta dimensão <strong>de</strong> multiplicação <strong>de</strong> direitos adquire especial relevo no prestígio da<br />

dignida<strong>de</strong> da pessoa humana, notadamente das minorias diante do <strong>de</strong>spotismo das maiorias.<br />

Nesse ponto, é sempre útil lembrar Bovard (1994): “A <strong>de</strong>mocracia <strong>de</strong>ve ser muito mais do que<br />

dois lobos e uma ovelha votando sobre o que farão para o jantar”. Essa perspectiva é<br />

particularmente edificante quando se pensa em lutas célebres <strong>de</strong> minorias como a dos negros<br />

pelos direitos civis nos Estados Unidos, dos gays e lésbicas na Revolta <strong>de</strong> Stonewall 22 e,<br />

sempre, as que envolvem as relações <strong>de</strong> gênero.<br />

22<br />

O nome da revolta <strong>de</strong>riva do bar homônimo situado em Nova Iorque que, em 1969, foi palco <strong>de</strong> um<br />

enfrentamento entre gays e lésbicas com a polícia que sempre ali aparecia para extorquir os freqüentadores. A<br />

luta esten<strong>de</strong>u-se por vários dias, cada dia aglomerando mais revoltosos, sendo divulgada por todos os Estados<br />

Unidos, o que <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ou protestos por todo o país e também por outros países do mundo. Esse episódio é a<br />

gênese do movimento <strong>social</strong> <strong>de</strong>nominado “Orgulho Gay“, <strong>de</strong>rivado do dia em que homossexuais saíram do<br />

gueto e foram para as ruas reivindicar direitos.<br />

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