universidade federal fluminense escola de serviço social programa ...

O tema mereceu a atenção do Prof. Paul Hirst (1992, p.30):
proteção. A lei, retórica e elegante, não o interessa. A eleição,
mesmo formalmente livre, lhe reserva a escolha entre
opções que ele não formulou. (sem negrito no original)
A noção dominante — a democracia representativa como
democracia — serve de fato para legitimar o grande governo
moderno e para livrá-lo de praticamente todo controle. A vitória
eleitoral permite silenciar outras exigências ligadas à disputa
política, à pressão pública e à obrigação de prestar contas;
permite ao governo ignorar contestações à sua autoridade, as
quais podem de fato ser necessárias para que ele se torne mais
eficiente e fiscalizável.
Por fim, a mesma crítica que se faz à ideia de passagem aplica-se à de gerações de
direitos, pelo menos ao se adotar o sentido evolucionista de geração, implicando descartes
sucessivos dos precedentes.
Na mesma direção, porém de uma perspectiva heurística diferente, o sociólogo inglês
Thomas Humphrey Marshall propõe uma cronologia de fruição de direitos, partindo da
sociedade inglesa, tida por paradigma. Essa seqüência temporal indica que as conquistas
devam partir dos direitos civis, seguindo-se-lhes os direitos políticos e, apenas após a
conquista dos dois primeiros, a apropriação dos direitos sociais. Essa sequência cronológica,
por ter marcado as transformações normativas na Inglaterra moderna, foi erigida à condição
de “benchmarking” na sociologia política.
A linearidade é, de certa forma, disseminada e dominante na abordagem da dessa
temática de interesse direto para a evolução da cidadania. A perspectiva de Marshall se erigiu
à condição de referência para se aferir o status de modernidade de outras sociedades que, na
medida de sua conformação àquele padrão, são denominadas de “centro” ou de “periferia” da
modernidade.
O esquema de Marshall comporta, entretanto, críticas fundadas como sintetiza Tavolaro
(2008, p. 125):
Para iniciar, o esquema conceitual de Marshall já foi acusado de
negligenciar assimetrias de gênero: conforme Fraser e Gordon,
por exemplo, tanto sua periodização quanto sua diferenciação
conceitual pressupõe, em vez de problematizar, hierarquias de
gênero que, via de regra, obstacularizam a universalização plena
da cidadania.
Critica-se Marshall também por seu silêncio diante do conflito
étnico-racial e por tomar a condição dos ‘“cidadãos brancos’
como referência na definição da cidadania moderna...
Coloca-se que a caracterização de Marshall também não dá
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