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universidade federal fluminense escola de serviço social programa ...

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Essa evolução, todavia, esbarra num óbice relevante constituído pelo processo <strong>de</strong><br />

homogeneização cultural <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ado pela globalização e, nesse sentido, merece <strong>de</strong>staque a<br />

<strong>de</strong>nsa trincheira intelectual erigida por estudos contra hegemônicos, como os do filósofo<br />

português Boaventura <strong>de</strong> Sousa Santos (1997, p 11-32) que afirma que, tanto o localismo se<br />

projeta no globalismo, quanto o globalismo se projeta no localismo. É particularmente<br />

instigante a constatação <strong>de</strong> Boaventura <strong>de</strong> que não existe um fenômeno que seja a priori<br />

global ou, nas palavras do autor, “...não existe condição global para a qual não consigamos<br />

encontrar uma raiz local, uma imersão cultural específica.” E, a justificar o motivo pelo qual<br />

as pesquisas não partem da localização o que, na sua avaliação, seria epistemologicamente<br />

mais a<strong>de</strong>quado, lança um libelo contra hegemônico ao atribuir a adoção da perspectiva da<br />

globalização ao fato <strong>de</strong> “...o discurso científico hegemônico ten<strong>de</strong>r a privilegiar a história do<br />

mundo na versão dos vencedores”.<br />

Tendo sempre presente a precaução <strong>de</strong> manter abertas as sendas a outras fontes, abolindo<br />

o monopólio cultural eurocentrado, merece ser <strong>de</strong>stacado, todavia, que é usual atribuir-se ao<br />

segundo pós guerra, sempre com referência às inegáveis atrocida<strong>de</strong>s perpetradas por regimes<br />

totalitários nazi-fascistas, o ponto <strong>de</strong> partida do maior protagonismo dos direitos humanos<br />

como reação aqueles genocídios — mais uma vez a Europa como centro irradiador das<br />

virtuoses <strong>de</strong> viés humanitário. O que nem sempre se registra é que se trata <strong>de</strong> uma reação a<br />

algo nada meritório: as atrocida<strong>de</strong>s gestadas e perpetradas nessa mesma Europa. Também é<br />

raro algum registro das atrocida<strong>de</strong>s anteriores perpetradas pelo regime stalinista que, com seus<br />

expurgos, dizimou multidões acusadas da prática <strong>de</strong> crimes <strong>de</strong> opinião. Essas circunstâncias<br />

não escaparam à observação <strong>de</strong> Boaventura <strong>de</strong> Sousa Santos (1997, p 11-32):<br />

De facto, durante muitos anos, após a Segunda Guerra<br />

Mundial,os direitos humanos foram parte integrante da política<br />

da guerra fria , e como tal consi<strong>de</strong>rados pela esquerda. Duplos<br />

critérios na avaliação das violações dos direitos humanos,<br />

complacência para com ditadores amigos, <strong>de</strong>fesa dos sacrifícios<br />

dos direitos humanos em nome do <strong>de</strong>senvolvimento — tudo<br />

isso tornou os direitos humanos suspeitos enquanto guião<br />

emancipatório.<br />

Sob a perspectiva oci<strong>de</strong>ntal, tendo por balizamentos o Estado Mo<strong>de</strong>rno e o<br />

constitucionalismo, é razoável pensar nas bases do atual “direito dos direitos humanos” como<br />

assentadas nas <strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong>clarações <strong>de</strong> direitos: a da Declaração da In<strong>de</strong>pendência dos<br />

Estados Unidos da América, <strong>de</strong> 1776, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, <strong>de</strong><br />

1789, e a Declaração Universal dos Direitos Humanos , da ONU, <strong>de</strong> 1948.<br />

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