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universidade federal fluminense escola de serviço social programa ...

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Como estrutura política institucionalizada, o Estado <strong>de</strong> Bem-Estar é uma construção<br />

civilizatória das mais complexas, abrangentes e exitosas, tendo surgido nos países capitalistas<br />

da Europa Oci<strong>de</strong>ntal e angariado forte supedâneo econômico nos EUA a partir da gran<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pressão.<br />

Assim, no final do século XIX, o crescente protagonismo das organizações sindicais e as<br />

condições trabalhistas ensejadas pela Revolução Industrial <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>iam o surgimento <strong>de</strong><br />

políticas sociais — inicialmente com preocupações previ<strong>de</strong>nciárias e trabalhistas.<br />

Sobre a importância das condições a que eram submetidos os trabalhadores, uma<br />

recorrente permanência ao longo <strong>de</strong> toda a história do trabalho, Castel (2008, p.218) registra:<br />

Se os consumos alimentares e alguns elementos do modo <strong>de</strong><br />

vida se modificaram, a situação econômica <strong>de</strong> um pequeno<br />

arrendatário normando do século XVII não é, sem dúvida,<br />

essencialmente distinta da <strong>de</strong> seu homólogo do século XIV,<br />

nem a condição <strong>de</strong> um pisoador flamengo da baixa Ida<strong>de</strong> Média<br />

difere da dos miseráveis trabalhadores nas fábricas <strong>de</strong> Lyon no<br />

século XVIII...<br />

A existência <strong>de</strong> uma miséria <strong>de</strong> massa <strong>de</strong>corre, pois, <strong>de</strong> razões<br />

sociológicas tanto quanto <strong>de</strong> razões diretamente econômicas.<br />

Aqui a referência <strong>de</strong> Castel pren<strong>de</strong>-se aos efeitos do liberalismo econômico e da<br />

Revolução Industrial sobre as condições <strong>de</strong> vida dos trabalhadores. Em outra passagem da<br />

mesma obra Castel (2008, p.223):<br />

Mas, eis o paradoxo. Arrancada econômica portanto: em alguns<br />

setores — as finanças e o comércio sobretudo, as indústrias em<br />

via <strong>de</strong> concentração — o avanço é extraordinário e a expansão<br />

beneficia, ainda que <strong>de</strong> modo <strong>de</strong>sigual, a quase todos os grupos<br />

sociais. Porém, os assalariados são os únicos per<strong>de</strong>dores na<br />

questão. Segundo os cálculos realizados por Ernest Labrousse,<br />

<strong>de</strong> 1726 a 1789, o salário médio cresce <strong>de</strong> 26%, mas o custo <strong>de</strong><br />

vida aumenta 62%, isto é, uma diminuição da renda da or<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong> um quarto. É que os pobres não mais morrendo em massa,<br />

continuam a procriar; assim, tornam-se mais numerosos e, ao<br />

mesmo tempo, mais pobres.<br />

Assim, no plano da política sindical, verifica-se um movimento que, gEstado na<br />

Inglaterra, França e Alemanha, dissemina-se para outros países capitalistas ainda na segunda<br />

meta<strong>de</strong> do século XIX. No plano das instituições políticas, observa-se gradativa absorção das<br />

normas trabalhistas pelos or<strong>de</strong>namentos jurídicos europeus. Exemplo <strong>de</strong>ssa positivação das<br />

normas trabalhistas é a Convenção <strong>de</strong> Berlim, <strong>de</strong> 1890, que prescreve um conjunto <strong>de</strong> normas<br />

trabalhistas que <strong>de</strong>veriam ser seguidas pelos Estados convenentes.<br />

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