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universidade federal fluminense escola de serviço social programa ...

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Na atualida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> se afirmar, com razoável precisão, que cada espaço do globo<br />

pertence a algum Estado — vive-se, afinal, num mundo <strong>de</strong> Estados. Existe alguma discussão<br />

acadêmica sobre o caráter gregário do homem, se este lhe seria uma característica inata.<br />

Porém, quanto à sofisticação <strong>de</strong>sse grupo <strong>social</strong>, ao se organizar em Estados, é mais ou menos<br />

consensual que se trata <strong>de</strong> um artifício, <strong>de</strong> uma criação humana. Parece ainda atual o<br />

ensinamento <strong>de</strong> Hobbes (2002, p.15): Porque, pela Arte é criado aquele gran<strong>de</strong> Leviatã a que<br />

se chama Nação ou Estado, que não é senão um Homem Artificial.<br />

Assim, como criação humana, o Estado <strong>de</strong>ve ser tido como uma instituição<br />

instrumentalizada ao povo e, portanto, sua existência passa a ser questionada quando se afasta<br />

<strong>de</strong>sse <strong>de</strong>si<strong>de</strong>rato. Dito <strong>de</strong> outra forma: o bem-estar dos “súditos” do Estado a ele se vincula<br />

ontologicamente. Ou, ainda, na feliz dicção <strong>de</strong> Rawls (1971): o Estado é uma “aventura<br />

cooperativa para vantagem mútua”.<br />

Partindo da premissa <strong>de</strong> que o Estado seja uma criação humana, cabe tentar i<strong>de</strong>ntificar no<br />

espaço-tempo a sua gênese.<br />

A riqueza cultural do mundo helênico praticamente impõe que ali se busque a origem <strong>de</strong><br />

todo o atual acervo cultural do mundo civilizado. Assim é na Filosofia, na Ciência Política, no<br />

Teatro, na Geometria, etc. As exceções são poucas, das quais a mais notável parece ser o<br />

direito que <strong>de</strong>ita suas origens na antiga Roma.<br />

Nessa esteira, a civitas romana e a pólis grega, com visível <strong>de</strong>staque para a Atenas dos<br />

séculos V e IV a.C., são comumente consi<strong>de</strong>radas elaborações pré-estatais <strong>de</strong> sistemas<br />

políticos. Todavia, essa i<strong>de</strong>ntificação parece ter uma natureza mais honorária à já mencionada<br />

riqueza do mundo helênico e à vastidão do Império dominado a partir <strong>de</strong> Roma do que <strong>de</strong><br />

efetiva i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> ou semelhança na estrutura organizacional.<br />

Uma razão para essa conclusão se pren<strong>de</strong> a uma constatação histórica: quando surgiram<br />

os Estados Mo<strong>de</strong>rnos, tanto a pólis grega quanto o Império Romano já tinham sido extintos.<br />

Assim, o que suce<strong>de</strong>u ao Império Romano foi uma Europa caracterizada por uma gran<strong>de</strong><br />

fragmentação da socieda<strong>de</strong> política. Na Europa oci<strong>de</strong>ntal dos séculos IX ao XIII, as relações<br />

políticas entre os indivíduos eram amorfas, imprecisas e os <strong>de</strong>veres <strong>de</strong> obediência eram<br />

variados e com frequência se mostravam superpostos, como relata MORRIS (2005 p. 61) 4 .<br />

4<br />

Veja-se a sintomática <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> um tal John <strong>de</strong> Toul, proferida no século XIII: “Eu, John <strong>de</strong> Toul, faço<br />

conhecido que sou vassalo da Lady Beatrice, con<strong>de</strong>ssa <strong>de</strong> Troyes, e <strong>de</strong> seu mais querido filho, meu caríssimo<br />

senhor con<strong>de</strong> Thibault <strong>de</strong> Champagne, contra todas as pessoas, vivas ou mortas, exceto pela homenagem <strong>de</strong><br />

vassalo que fiz ao lor<strong>de</strong> Enguerran <strong>de</strong> Coucy, a lor<strong>de</strong> John <strong>de</strong> Arcis e ao Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Grandpré. Se acontecer <strong>de</strong> o<br />

Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Grandpré estar em guerra com a con<strong>de</strong>ssa e o con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Champagne por seus próprios agravos<br />

pessoais, eu irei pessoalmente assitir ao con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Grandprée enviarei à Con<strong>de</strong>ssa e ao con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Champagne , se<br />

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