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eleições - Livros Grátis

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Campanha Abolicionista no Recife – Eleições de 1884 99<br />

dades na província ao grupo que ele dirigia e que era então o perseguido.<br />

Respondi ao meu ilustre amigo que não se tratava da minha dignidade, mas<br />

que minhas convicções me obrigavam a aumentar até a força de meu ataque<br />

ao ministério, como ia fazê-lo naquela mesma sessão; que ele, portanto,<br />

não me considerasse em seus cálculos políticos e dissesse aos ministros que<br />

nenhum poder tinha sobre mim e não devia portanto sofrer por minha<br />

causa. Eu tinha em vista essa conversa, essa renúncia do presente pelo futuro,<br />

quando a noite, numa sessão majestosa em que ministros e maioria<br />

abandonaram os seus postos e a minoria e o povo encheram literalmente<br />

o recinto da Câmara, dirigindo-me ao Sr. Leôncio de Carvalho, ministro<br />

demitido, disse-lhe: “Nós que somos moços tenhamos sempre diante dos<br />

olhos o exemplo de Alexandre ao partir para as suas remotas conquistas da<br />

Ásia, dividindo as suas províncias, cidades e riquezas entre os seus amigos<br />

e respondendo a um deles que lhe perguntava: – Mas o que reservas para<br />

ti? – A esperança! A vez das nossas idéias há de chegar!” Essa esperança<br />

era longínqua, entretanto! Tendo renunciado o apoio do grupo Vila Bela e<br />

sendo visto com frieza pelo outro grupo que era nesse tempo ardentemente<br />

ministerial e se preparava para destruir o contrário, apenas dissolvida a<br />

Câmara, eu, que nenhum interesse tinha em assistir a tais proscrições no<br />

seio do partido nem em pertencer a uma das duas facções inimigas, desisti<br />

desde logo de pedir nas futuras <strong>eleições</strong> o apoio de qualquer delas. Sob o<br />

Ministério Saraiva, a divisão continuou chegando ao auge nesse lamentável<br />

acontecimento da Vitória, e, portanto, ainda sob aquele ministério que fez<br />

a eleição vi-me impossibilitado de ser candidato por esta província, não<br />

querendo sê-lo de um grupo. Também eu só podia apresentar-me pela capital<br />

e nesta não podia pensar em tornar-me adversário do Dr. José Mariano,<br />

e não devia, por muitos motivos, impugnar a eleição do Dr. Costa Ribeiro.<br />

Foi em tais condições que me apresentei pela corte, que por ser o município<br />

neutro não pertence a província alguma e por ser a capital do Império e o<br />

centro da nossa vida nacional daria à batalha abolicionista a maior repercussão.<br />

Mas eu não podia então ser eleito pela corte; depois dir-vos-ei porque<br />

não podia tampouco ser eleito agora. A idéia abolicionista representava<br />

naquela época uma simples agressão; não tinha chegado a ser aceita pela<br />

consciência nacional. O Partido Liberal não a levava em conta, e portanto<br />

apresentando-me em nome dessa idéia eu apresentava-me fora do partido,

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