eleições - Livros Grátis
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98 Joaquim Nabuco<br />
lição nas colônias francesas e o veterano e glorioso abolicionista a quem é<br />
principalmente devido aquele ato, o Senador Vítor Schoelcher, instava para<br />
que eu estivesse presente. Mas a minha passagem não foi sem efeito. Eu dei<br />
informações ao Sr. Schoelcher sobre os nossos esforços, e o banquete de 5<br />
de maio de 1881 foi todo uma animação à nossa obra. O Sr. Schoelcher<br />
apresentou um voto de simpatia aos abolicionistas do Brasil e Gambetta<br />
saudou a abolição no mundo. “Eu vim aqui”, disse o estadista da Terceira<br />
República, “associar-me com todos os meus amigos em favor de uma causa<br />
já ganha, ao menos pela França; de uma causa abraçada por todos os espíritos<br />
generosos tanto em Espanha como na Inglaterra, na América do Norte<br />
como na do Sul e que há de em breve ter unanimidade em todo o globo<br />
habitado.” (Aplausos.)<br />
Está aí, senhores, longamente contada a história da minha viagem<br />
à Europa. Vós a vistes em suas linhas principais: uma viagem de descanso<br />
convertida em uma peregrinação abolicionista, as simpatias do mundo<br />
chamadas a nós; em Portugal a aproximação de dois povos, em Madri<br />
a das duas Américas, na Inglaterra a de dois mundos, para a abolição da<br />
escravidão na Terra, e no meio de tudo nem uma palavra contra o Brasil,<br />
pelo contrário, em toda parte votos ardentes pelo nosso triunfo proclamado<br />
como a vitória nacional por excelência.<br />
Eu sei que há muito quem se acredite mais patriota do que eu<br />
porque, enquanto dissipam em Paris fortunas representadas por escravos,<br />
ou calam-se sobre as nossas instituições ou descrevem o Brasil como o paraíso<br />
dos escravos e a escravidão como um estado melhor do que o proletariado<br />
europeu. Há, porém, diversos modos de ser patriota, e eu represento<br />
um estado de consciência moral diverso do de quantos se habituaram à<br />
escravidão ao ponto de não sentir mais, desde o último dos seus protegidos<br />
até ao mais alto! (Aplausos.)<br />
Voltando ao Rio, meus senhores, em maio de 1881, eu tinha que<br />
preparar-me para a campanha eleitoral. Eu sabia que não seria eleito por<br />
parte alguma, mas era do meu dever dar batalha. Na Câmara eu renunciara<br />
o apoio dos meus amigos de Pernambuco. O Barão de Vila Bela pediu-me<br />
uma vez, quando o Ministério Sinimbu reorganizou-se com a entrada dos<br />
Srs. Sodré e Moreira de Barros, que, se eu achasse compatível com a minha<br />
dignidade, cessasse a oposição que fazia ao gabinete para não criar dificul-