eleições - Livros Grátis
eleições - Livros Grátis
eleições - Livros Grátis
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
96 Joaquim Nabuco<br />
descobrir-se coisa comparável à violação da Lei de 7 de novembro de 1831<br />
e à redução ao cativeiro de um milhão de africanos livres. Mas conspiração<br />
contra a liberdade, nunca houve em nosso país nada igual a que eu denunciei<br />
em 1880 da tribuna da Câmara. Quem eram os conspiradores? Seriam<br />
brasileiros? Não, senhores, foram ingleses. (Aplausos.)<br />
Uma companhia inglesa de mineração no Brasil, a do Sr. João d’El-<br />
Rei, comprou, em 1845, todos os bens de outra companhia também inglesa,<br />
chamada de Cata-Branca, e entre esses bens estavam 384 escravos que ela se<br />
comprometeu a alforriar quatorze anos depois, isto é, em 1859. Pois bem, de<br />
1859 a 1879, quando tomei a palavra na Câmara, esses homens legalmente<br />
livres ficaram todos, exceto os que morreram no cativeiro e estes em número<br />
de 262, mantidos em estado de escravidão pela companhia inglesa.<br />
Não há fato semelhante em nossa história! Eu denunciei-o com<br />
todas as forças como um ultraje tanto ao nosso país como à Inglaterra, e<br />
foi essa denúncia coroada pela liberdade dos que restavam daquele grande<br />
número de vítimas de uma conspiração sinistra, que a Anti-Slavery Society<br />
me agradeceu como um serviço à humanidade. (Aplausos.) Longe, pois, de<br />
captar-lhe as simpatias detraindo do meu país, foi por uma acusação vigorosa<br />
e sem atenuação do procedimento de súditos ingleses (adesão geral) que<br />
mereci a estima daquela sociedade ilustre e desinteressada que trabalha pela<br />
causa da humanidade em todos os países e que tendo conseguido a liberdade<br />
dos escravos ingleses não descansou ainda, e continua a lutar para conseguir<br />
a dos escravos cubanos, brasileiros, egípcios e muçulmanos. (Aplausos.)<br />
Eu penso e sinto como ela; sou inimigo da escravidão em todas as partes do<br />
mundo, e muito mais do que em qualquer outra no meu próprio país. Não<br />
reconheço pátria à escravidão, fique isto bem claro, eu que peço que todos<br />
os escravos tenham uma pátria. (Longos aplausos.)<br />
Em Londres, meus senhores, a Anti-Slavery Society fez-me uma<br />
manifestação pública, que o seu presidente, um filho do grande Buxton,<br />
comparou à que tinha sido feita ao imortal abolicionista americano,<br />
William Lloyd Garrison. Sim, se eu denunciei a escravidão brasileira em<br />
Londres, Garrison, Frederick Douglass, Beecher e a autora benemérita de<br />
A Cabana do Pai Tomás também foram à Inglaterra denunciar a escravidão<br />
norte-americana! (Adesão.) Mas, eis como eu terminava o meu discurso no<br />
Charing Cross Hotel: