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94 Joaquim Nabuco vítimas da opressão e da tirania, como defensores incansáveis dos direitos sagrados da personalidade humana. “Nós, os cubanos, em cujo nome falo agora, vemos ainda no nobre campeão da liberdade dos negros mais um título ao nosso fraternal carinho. Somos americanos; somos filhos daquela terra esplendorosa e admirável, que nossos ilustres antepassados, os portugueses e os espanhóis, surpreenderam em dias para sempre memoráveis, lá entre os nebulosos e escuros horizontes que envolviam os confins do planeta; daquela terra que com esforço poderoso arrancaram do seio profundo dos mares e mostraram ao mundo atônito como aparição imensa de belezas não igualadas e de incomparáveis esplendores; daquela terra cuja vida, ao nascer entre pesares e alegrias, dores e prazeres, foi esmaltada pelos fatos mais grandiosos e sublimes de todos os tempos e de todos os lugares. Quando nós, os americanos, latinos, nos encontramos em qualquer parte deste velho mundo... as nossas almas experimentam iguais impressões, e nossos corações comovem-se ao impulso dos mesmos nobres e generosos sentimentos. E depois quando às recordações do passado glorioso e às realidades do presente sucedem as aspirações pelo futuro, então, ah! então também encontramo-nos unidos em uma esperança comum cuja realização poderá ser mais ou menos próxima, mas nem por isso menos evidente e incontrastável: a de ver um dia triunfantes os grandes ideais da democracia, baseados no respeito à liberdade e dignidade humanas, no reconhecimento e exercício dos direitos naturais do homem e na soberania dos povos.” (Aplausos.) E como pela minha parte me exprimia eu? Ides ouvir-me, aqui está o final de meu discurso de Madri: “É pela generalidade do mal, que não pode existir num ponto do mundo civilizado sem o contaminar em toda sua extensão, que se explica a universalidade do sentimento abolicionista de sociedade, como esta, cuja esfera abrange o mundo inteiro, a escravidão toda. Hoje só há escravos no Brasil; pois bem, estou certo muito breve não os haverá mais no mundo. Nas manifestações que acabais de fazer-me, nos aplausos com que tendes recebido minhas palavras, vós me dais a prova de que a causa da emancipação não é de um povo só, mas de todos os povos, e, ainda mais, de que o sentimento liberal não se detém nas fronteiras de cada país, mas associa-se a todas as lutas que se travam pela liberdade humana, em qualquer parte do planeta.”
Campanha Abolicionista no Recife – Eleições de 1884 95 Essa certeza de que primeiro Portugal, depois a Espanha, e em seguida os outros povos viram a bandeira em torno da qual nós combatemos, há de inspirar ao mesmo tempo que terror aos nossos adversários, ânimo e coragem ao partido abolicionista brasileiro. Não há, senhores, no mundo inteiro atualmente um ponto onde se esteja realizando uma obra maior, mais universal, mais cheia de interesse para a humanidade do que a que empreendemos no Brasil em favor da liberdade de um milhão e quinhentos mil escravos. (Aplausos repetidos.) Está ali, senhores, outra dessas reuniões em que eu desacreditava o Brasil e o fazia descer na estima do mundo! Singular resultado o que eu obtinha, esse de arrancar tais expansões aos homens de coração que me ouviam, do fazê-los identificarem-se comigo, de aliarem a sua pátria com a minha num mesmo sonho de liberdade e de engrandecimento para ambas. (Sensação e aplausos.) Agora passemos à Inglaterra, com a qual principalmente se me associa, no que se me faz grande honra, porque a admiração que sinto pela raça anglo-saxônia, pelo que ela tem feito pela liberdade humana, pela parte com que ela entra para a civilização moderna, é o que eu só vos posso expressar, dizendo que ela aumenta em mim o sentimento da minha dignidade pessoal e do meu respeito próprio. Sim, senhores, é na Inglaterra que se compreende que majestade, é a expressão própria, pode encerrar-se neste simples título que em outros países não vale nada de cidadão: só o inglês sente renovado em si o orgulho com que nos grandes dias de Roma ainda o plebeu da Urbs exclamava: Civis Romanas Sum! em todos os outros países parece que falta alguma coisa à dignidade desse título! (Muito bem!) Diz-se, senhores, que para tornar o meu nome popular entre a Anti-Slavery Society, a célebre sociedade abolicionista de Londres, não duvidei difamar o Brasil. É sempre a mesma história, mas a verdade é muito diversa. Antes de partir para Londres eu já era muito conhecido da Anti- Slavery Society, já tinha recebido dela uma honrosíssima mensagem de agradecimento por um dos atos da minha carreira de que mais me prezo. Seria por ter denunciado algum crime da escravidão cometido por brasileiros? Não, senhores, foi por ter denunciado a maior conspiração que jamais houve neste país para privar escravos da sua liberdade legalmente adquirida. Digo a maior conspiração porque como atentado público seria impossível
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Essa certeza de que primeiro Portugal, depois a Espanha, e em<br />
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ânimo e coragem ao partido abolicionista brasileiro. Não há, senhores, no<br />
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Está ali, senhores, outra dessas reuniões em que eu desacreditava<br />
o Brasil e o fazia descer na estima do mundo! Singular resultado o que eu<br />
obtinha, esse de arrancar tais expansões aos homens de coração que me<br />
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minha num mesmo sonho de liberdade e de engrandecimento para ambas.<br />
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Agora passemos à Inglaterra, com a qual principalmente se me<br />
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raça anglo-saxônia, pelo que ela tem feito pela liberdade humana, pela parte<br />
com que ela entra para a civilização moderna, é o que eu só vos posso<br />
expressar, dizendo que ela aumenta em mim o sentimento da minha dignidade<br />
pessoal e do meu respeito próprio. Sim, senhores, é na Inglaterra que<br />
se compreende que majestade, é a expressão própria, pode encerrar-se neste<br />
simples título que em outros países não vale nada de cidadão: só o inglês<br />
sente renovado em si o orgulho com que nos grandes dias de Roma ainda<br />
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Diz-se, senhores, que para tornar o meu nome popular entre a<br />
Anti-Slavery Society, a célebre sociedade abolicionista de Londres, não duvidei<br />
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Digo a maior conspiração porque como atentado público seria impossível