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Campanha Abolicionista no Recife – Eleições de 1884 93<br />
“Permiti-me que em minha qualidade de jornalista levante aqui<br />
a minha voz saudando calorosamente o deputado brasileiro e abolicionista<br />
Sr. Nabuco. Permiti-me também, e não achareis seguramente excesso de representação<br />
estas palavras, que me considere neste instante toda a imprensa<br />
liberal da Espanha, intérprete fidelíssimo como creio ser de seus ardentes<br />
sentimentos de simpatia pela causa que personifica o nosso distinto hóspede<br />
na América Latina.<br />
“De fato, sem ofensa a ninguém, longe de meu pensamento e<br />
ainda mais distante de meu ânimo a idéia e o propósito de quebrar no mínimo<br />
o lema generoso e compreensivo desta Sociedade, devo reivindicar,<br />
sem embargo, para a democracia espanhola as honras da solenidade presente.<br />
Nós outros, os democratas, fomos os primeiros a saudar o Sr. Nabuco,<br />
apenas ele pôs o pé em terra ibérica. E quando há poucos dias dispensavase-lhe<br />
a honra singular de um recebimento entusiasta na Câmara eletiva de<br />
Portugal, nós também nos sentíamos lisonjeados como se a sua satisfação<br />
fora nossa própria, como se fôramos nós quem tributasse essa homenagem<br />
de consideração e respeito ao tribuno cujas palavras de fogo, que acabais de<br />
ouvir, entusiasmados, fazem tremer essa horrível instituição da escravidão,<br />
ali donde, como em seu país e em nosso território, se levanta ainda com sua<br />
negrura espantosa, eclipsando a dignidade humana, qual nuvem de maldição<br />
e ignomínia. Sinto neste momento o nobre orgulho de raça, sim, eu o<br />
declaro. Recordo com que indivisível entusiasmo dispensava recentemente<br />
a ilustre capital portuguesa as suas melhores alegrias ao Sr. Nabuco. Queiram<br />
ou não, nós temos que fazer-nos solidários dessas satisfações íntimas.”<br />
E o Sr. Arnau continuava a falar da solidariedade das nações da<br />
Península e das herdeiras do seu gênio e de sua língua na América. Está aí a<br />
aproximação entre duas nacionalidades e dois mundos! (Aplausos.)<br />
Ouçamos agora o Sr. Portuondo, representante de Cuba nas<br />
cortes:<br />
“O Sr. Nabuco”, disse ele, “não é somente nosso irmão como<br />
filho da nossa grande e nobre raça latina, que ocupa tão alto lugar na história<br />
do Antigo e do Novo Mundo, nem por pertencer como nós outros à<br />
grande família liberal, cuja união e cujo amor se consolidam por laços cada<br />
dia mais estreitos e apertados em toda a extensão da terra; somos, além disso,<br />
e sobretudo, irmãos como protetores ardentes e decididos das desgraças