eleições - Livros Grátis
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Campanha Abolicionista no Recife – Eleições de 1884 91<br />
cerrou a sessão de 8 de janeiro de 1881 proclamando a abolição dos últimos<br />
vestígios da escravidão nas nossas possessões ultramarinas.”<br />
Eis aí o que foi a sessão de 8 de janeiro de 1881! Impedido de<br />
falar no recinto das cortes, escrevi uma carta de agradecimento ao presidente<br />
da Câmara, carta que foi tornada pública por todos os jornais de<br />
Lisboa. Em outra agradeci as unânimes manifestações da imprensa. Nesses<br />
documentos não escondo o único título pelo qual julgo ter direito à estima<br />
dos meus concidadãos, confesso-me francamente abolicionista, denuncio a<br />
escravidão como se estivesse diante dela.<br />
E por que não procederia eu assim? A história não está cheia de<br />
exemplos que me justificam? Por que ter contemplações com uma instituição<br />
que não se sacia de lágrimas humanas, que não tem horror ao sangue,<br />
que precisa para existir da ignorância e da degradação? Que povo jamais<br />
sofreu despotismo igual ao da escravidão doméstica, ao martírio da raça<br />
negra, à perseguição dos escravos? O que queríamos era fazer a escravidão<br />
envergonhar-se de si mesma, e essa vergonha já apareceu; era que a escravidão<br />
não se confundisse com a pátria, não se identificasse com ela e que pelo<br />
contrário o brasileiro tivesse o direito de denunciá-la à Europa e à América<br />
como o inimigo mortal do seu país! (Longos aplausos.)<br />
O que se deu durante a minha curta passagem por Lisboa foi assim<br />
uma aproximação entre os espíritos liberais dos dois povos portugueses. Eu<br />
havia dito no discurso que proferi como orador oficial da colônia portuguesa<br />
do Rio no terceiro centenário de Camões: “O Brasil e os Lusíadas são as duas<br />
maiores obras de Portugal”. Isto definia o nosso sentimento para com a pequena<br />
nação européia que pôde gerar este colosso sul-americano. Por outro<br />
lado, o sentimento português para conosco era da mesma natureza. O português<br />
tem hoje duas pátrias: Portugal e Brasil. Dessa afinidade de sentimentos<br />
nasceu a manifestação que me foi feita nas cortes; ela não foi senão um brado<br />
tão eloqüente quanto desinteressado e fraternal da antiga metrópole para que<br />
a nação em que ela se revê através do oceano e na qual adivinha um futuro<br />
glorioso para a sua língua e sua raça completasse a obra da Independência<br />
pelo resgate dos seus filhos escravizados, isto é, ganhasse sobre si mesma uma<br />
vitória igual à que em 1822 ganhou contra a mãe pátria.<br />
Passemos agora à Espanha. Em Madri, senhores, eu encontrava<br />
um núcleo de abolicionistas intransigentes, em cuja consciência a imagem da