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Campanha Abolicionista no Recife – Eleições de 1884 81<br />

questão o seu apoio ao governo, não estabeleciam nesse terreno a sua questão<br />

de confiança política; em três ou quatro meses, porém, nós éramos um<br />

grupo unido para o combate, e onde se achava um achavam-se todos.<br />

No último Parlamento de 1882–1884 não houve na Câmara<br />

uma minoria abolicionista tão resoluta e firme como a que se formou, no<br />

fim da legislatura de 1879 e 1880. Em todas as questões relativas à liberdade<br />

nós podíamos contar com estes dez votos, a começar do Amazonas:<br />

Saldanha Marinho, Costa Azevedo, Joaquim Serra, Costa Ribeiro, José<br />

Mariano, Joaquim Nabuco, Barros Pimentel, Jerônimo Sodré, Marcolino<br />

Moura e Correia Rabelo.<br />

Foi nesse ano de 1880 que tive a honra de pedir urgência para<br />

fundamentar um projeto de emancipação. A Câmara concedeu a urgência<br />

para uma sexta-feira. O efeito desse voto foi tremendo: dir-se-ia que as<br />

fazendas do Rio e de São Paulo iam marchar sobre a capital. O Sr. Martinho<br />

Campos fez-me a honra de procurar-me para dizer-me que ia propor<br />

que a sessão fosse secreta. Respondi-lhe que em sessão secreta não tomaria<br />

a palavra e que estando em minoria na Câmara o que eu queria era falar<br />

para o país. (Aplausos.) Era estranho que em 1880 se quisesse discutir em<br />

secreto um assunto que em 1871 fora discutido do modo mais público. Era<br />

isso proclamar um novo dogma: o dogma da escravidão. No dia marcado<br />

a Câmara não se reuniu; a idéia de fazer greve prevaleceu sobre a de converter<br />

a sessão em conciliábulo. Quando pedi nova urgência, o governo fez<br />

questão de gabinete, a urgência caiu por votação nominal a 30 de agosto<br />

de 1880, mas não sem grande pesar da parte adiantada da Câmara que se<br />

via obrigada a passar pelas forcas caudinas – o silêncio e a compressão – do<br />

escravagismo, e não sem que o país visse um grupo de homens, movidos<br />

tão-somente por uma idéia, inscreverem-se do lado da liberdade de discussão<br />

no Parlamento e da liberdade pessoal no país com o sacrifício das suas<br />

adesões públicas e particulares.<br />

Eu iria muito longe, meus senhores, se quisesse fazer o histórico<br />

da sessão de 1880, mas foi durante ela que se formou o atual movimento<br />

abolicionista.<br />

Foi então que fundamos a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão,<br />

cujo Manifesto tive a honra de redigir e que traduzido em duas<br />

línguas foi a carta de apresentação dos abolicionistas brasileiros ao mun-

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