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Campanha Abolicionista no Recife – Eleições de 1884 79<br />

O Senado rejeitou com desdém o projeto. O gabinete, em vez de<br />

pedir logo a dissolução como faria um governo forte, quis ganhar tempo.<br />

Nesse intervalo deu-se no Rio um acontecimento lamentável: a cobrança de<br />

um imposto impopular foi impugnada por um motim e esse fato decidiu a<br />

sorte de um ministério que parecia desafiar amigos e adversários.<br />

Diante do Ministério Sinimbu, a minha atitude não fora propriamente<br />

de abolicionista antes de tudo, mas sim de liberal oposicionista.<br />

Vós vistes que a questão dos escravos figurava em todos os meus discursos;<br />

que eu me apoiava na emanciapação para guerrear o gabinete, e que devia<br />

assim ser chamado abolicionista porque o era, e abolicionista que já colocava<br />

a emancipação acima do partido. Mas em 1879 o principal dever de um<br />

abolicionista era derrubar o gabinete que se propunha como programa seu<br />

garantir a escravidão, restaurar a grande propriedade e deixar estabelecida<br />

a corrente chinesa, isto é, a mongolização do nosso país. Era um erro tão<br />

grande como o dos que o tinham africanizado.<br />

Com a subida do Ministério Saraiva, a situação política mudou<br />

completamente. Eu pela minha parte me via em frente de um ministério<br />

composto de alguns dos meus melhores amigos da Câmara, como eram Pedro<br />

Luís, Homem de Melo, Buarque de Macedo, e presidido pelo estadista<br />

de maior prestígio pessoal do país. Numa sessão da Câmara, o Sr. Saraiva<br />

fez-me a honra e a surpresa de declarar que não me tinha ido buscar para<br />

seu colega por fazer eu parte da Minoria da deputação pernambucana no<br />

Ministério Sinimbu. Eu não fazia parte da Minoria, essa Minoria compunha-se<br />

de mim somente. Mas semelhante declaração mostra a relação<br />

em que eu me achava para com o ilustre presidente do Conselho. S. Ex a<br />

fez-me logo a honra de ouvir-me sobre o seu projeto de reforma, ao qual<br />

pude sugerir um ou outro melhoramento, como por exemplo da divisão<br />

das paróquias em seções, que faz a eleição concluir-se no mesmo dia. Eu<br />

tinha todos os motivos pessoais para aproximar-me do novo gabinete; mas<br />

desde que me levantei para apoiá-lo estabeleci francamente os limites da<br />

minha adesão.<br />

“Consinta-me o nobre presidente do Conselho”, disse-lhe eu,<br />

“que acompanhando-o nessa reforma eleitoral que há de ser vencedora, e<br />

dando-lhe todo o meu apoio para a realização da sua nobre empresa, eu lhe<br />

diga: lembrai-vos de que uma grande desigualdade existe na nossa socieda-

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