eleições - Livros Grátis
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76 Joaquim Nabuco<br />
dos servos da Rússia, assim como é a bandeira de Washington defronte<br />
dos muros de Richmond. Em nosso país foi a bandeira da Inconfidência, a<br />
bandeira de 1817, a bandeira do Ipiranga, a bandeira do Ato Adicional, até<br />
que hoje volta a ser de novo a bandeira da Constituição.<br />
“Nós a temos visto algumas vezes triunfar, temo-la visto, mesmo,<br />
mutilada mas ainda gloriosa, por entre o fumo que a cerca, além das<br />
trincheiras que a detêm, galgar as alturas do poder, ocupadas pelos nossos<br />
adversários, como quando Eusébio varreu o tráfico da face dos mares e Rio<br />
Branco decretou a emancipação dos escravos! Mas essa bandeira liberal em<br />
que nos dez últimos anos esteve escrito o dístico – Reforma ou Revolução;<br />
em que nós escrevemos: eleição direta, liberdade religiosa, emancipação dos<br />
escravos, não é a que tremula nas mãos do Sr. Presidente do Conselho,<br />
peço-lhe perdão de dizê-lo. A que S. Ex a pede privilégio para carregar, assim<br />
como a ilustre casa de Medina Celi reclamava nas festas do Santo Ofício o<br />
privilégio de levar a bandeira da Inquisição, é outra, é a bandeira de escrúpulos<br />
respeitáveis, de concessões tardias, de reformas sofismadas, mas não é<br />
a bandeira do partido, e S. Ex a que governa em nosso nome, para completar<br />
sua ilustre vida, deve restituí-la aos conservadores a quem ela pertence, à<br />
Coroa que lhe confiou, para que essa reforma censitária, essa restrição odiosa<br />
do direito de voto, não seja conhecida na história como a apostasia do<br />
partido liberal.” (Longos aplausos.)<br />
Agora, senhores, vede como eu impugnava um dos atos que ficaram<br />
célebres do gabinete, a doação a alguns particulares do vale do Xingu e<br />
de tudo quanto fosse encontrado naquele vastíssimo território:<br />
“Nesta questão”, disse eu ao terminar o meu discurso, “não vejo os<br />
pequenos interesses individuais, só vejo os grandes interesses do direito e da justiça<br />
comprometidos, e por isso falo com este calor. Em nome de tudo quanto<br />
de mais generoso e elevado pode existir no coração humano, peço o respeito ao<br />
direito de propriedade, que é tão sagrado quando se trata dos cafezais plantados<br />
nas margens do Paraíba, como quando se trata da flecha ou do arco, da caça ou<br />
da pesca do índio. Eu que espero o dia da emancipação do escravo não posso<br />
concordar com a formação de companhias que ameacem os direitos ou que<br />
explorem, sem garantia alguma, o serviço e a liberdade dos indígenas.<br />
“Digo-o com toda a franqueza, espero que a região abençoada do<br />
Amazonas que pode ser o berço dum grande povo seja um dia governada não