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Campanha Abolicionista no Recife – Eleições de 1884 65 temos fraquezas de escravos – e a massa da população brasileira composta de descendentes ou de senhores ou de escravos, e em grande parte de escravos que foram senhores, têm os vícios combinados dos dois tipos, o senhor e o escravo, tipos que aliás formam um só, porque em geral o escravo é um senhor a quem só falta o escravo e o senhor é um escravo a quem só falta o dono (longos aplausos) –, os que temos, dizia eu, um desses vícios ou todos eles, devemos pelo exame da nossa consciência e pelo uso da nossa firmeza esclarecida vencer e dominar qualquer desses tristes legados da escravidão. Este é um dos meios, senhores, para tal fim, e como abolicionista não posso deixar de aplaudir os esforços que fazeis para vos unirdes, vos associardes e criardes um exemplo para o nosso povo. A liberdade sem o trabalho não pode salvar este país da bancarrota social da escravidão, nem tampouco merece o nome de liberdade; é a escravidão da miséria. (Aplausos.) O trabalho sem a instrução técnica e sem a educação moral do operário não pode abrir um horizonte à nação brasileira. Ora, dessa educação nada faz parte mais essencial do que o que nós vemos hoje nesta reunião: o culto à família, o respeito e a proteção à velhice, por fim a previdência. É um belo espetáculo este; o velho pai que se finou continuando a ser o chefe invisível da sua família, para a qual, à força de constância, de sobriedade e de abnegação, ele constituiu um pequeno pecúlio, que o faz ainda na morte viver entre os seus, adorado como um dos antigos deuses do lar e apontando à sua descendência a estrada da honra e do desinteresse. (Muito bem! Muito bem!) Eu vos felicito uma vez mais, senhores: que sejais um desmentido ao grave defeito de que tantas vezes somos acusados, de não mantermos as boas instituições que criamos; de termos nobres impulsos, as melhores intenções, mas pouca perseverança; e que este Montepio popular possa sobreviver-vos e aos vossos filhos, é o meu ardente voto de brasileiro e de pernambucano. (Aplausos repetidos.)
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Terceira Conferência no Teatro Santa Isabel A 16 de novembro M EUS senhores, prometi fazer-vos uma exposição completa de minha vida pública desde que em 1879 tomei assento no Parlamento como deputado desta província, e venho neste momento cumprir a minha promessa ou antes desempenhar-me daquele dever. É com efeito um dever. A eleição para o Parlamento imprime em quantos têm a honra de merecê-la o caráter indelével de homens públicos, e sendo ela, como é, um mandato, quem o recebeu está obrigado a dizer que uso fez dele. Os homens novos podem entrar na carreira política pedindo ao povo que lhes abra generosamente um crédito de confiança e trabalhando depois para pagarem a dívida assim contraída; mas os que uma vez mereceram tal liberalidade só devem solicitar novamente os votos dos seus concidadãos apresentando um saldo a seu favor, mostrando o que fizeram em honra e benefício da nação que representaram. (Muito bem!) Senhores, vós mandais ao Parlamento não representantes de Pernambuco somente, mas representantes pernambucanos da nação brasileira. O mandato que conferis é duplo. O vosso deputado deve ser fiel aos
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Terceira Conferência<br />
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A 16 de novembro<br />
M EUS senhores, prometi fazer-vos uma exposição completa<br />
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como deputado desta província, e venho neste momento cumprir a<br />
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É com efeito um dever. A eleição para o Parlamento imprime em<br />
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