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Campanha Abolicionista no Recife – Eleições de 1884 57<br />

que já libertou três províncias, outro que assentou praça de soldado raso<br />

nas fileiras do Sr. Paulino... Porventura os vossos sentimentos serão conservadores?<br />

Conservar o quê? O que é que neste país não carece de reforma<br />

radical?<br />

Para que os conservadores voltem ao poder é preciso que nós,<br />

homens da reforma e do movimento, lhes deixemos a eles, os homens da<br />

conservação, alguma coisa que mereça ser conservada! (Aprovação geral.) O<br />

período atual, porém, não é de conservação, é de reforma, tão extensa, tão<br />

larga e tão profunda que se possa chamar Revolução; de uma reforma que<br />

tire este povo do subterrâneo escuro da escravidão onde ele viveu sempre, e<br />

lhe faça ver a luz do século XIX. Sabeis que reforma é essa? É preciso dizêlo<br />

com a maior franqueza: é uma lei de abolição que seja também uma lei<br />

agrária.<br />

Não sei se todos me compreendeis e se avaliais até onde avanço<br />

neste momento levantando pala primeira vez a bandeira de uma lei agrária,<br />

a bandeira da constituição da democracia rural, esse sonho de um grande<br />

coração, como não o tem maior o abolicionismo, esse profético sonho de<br />

André Rebouças.<br />

Pois bem, senhores, não há outra solução possível para o mal<br />

crônico e profundo do povo senão uma lei agrária que estabeleça a pequena<br />

propriedade, e que vos abra um futuro, a vós e vossos filhos, pela posse e<br />

pelo cultivo da terra. Esta congestão de famílias pobres, esta extensão de<br />

miséria – porque o povo de certos bairros desta capital não vive na pobreza,<br />

vive na miséria –, estes abismos de sofrimento não têm outro remédio senão<br />

a organização da propriedade da pequena lavoura. É preciso que os brasileiros<br />

possam ser proprietários de terra, e que o Estado os ajude a sê-lo. Não<br />

há empregos públicos que bastem as necessidades de uma população inteira.<br />

É desmoralizar o operário acenar-lhe com uma existência de empregado<br />

público, porque é prometer-lhe o que não se lhe pode dar e desabituá-lo do<br />

trabalho que é a lei da vida.<br />

O que pode salvar a nossa pobreza não é o emprego público,<br />

é o cultivo da terra, é a posse da terra que o Estado deve facilitar aos que<br />

quiserem adquiri-la, por meio de um imposto – o imposto territorial. É<br />

desse imposto que nós precisamos principalmente, e não de impostos de<br />

consumo que vos condenam à fome, que recaem sobre as necessidades da

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