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Campanha Abolicionista no Recife – Eleições de 1884 51<br />
“A França – disse-se uma vez – é bastante rica para pagar a sua<br />
glória.” Senhores, o Brasil não é bastante rico para pagar o seu crime!<br />
(Aplausos repetidos.)<br />
É, penso eu, dever dos eleitores do Recife revelarem do modo o<br />
mais público a sua convicção de que não há interesse algum em prolongar<br />
o estado atual de coisas.<br />
O projeto Dantas espalhou imensa esperança sobre este país e<br />
esta esperança terá forças para impedir que a queiram resolver por uma<br />
decepção tremenda. Não, não está no poder de 40 ou 50 mil eleitores deter<br />
o curso de uma onda de dez milhões de homens que clamam pela liberdade<br />
do trabalho. (Aplausos.) O censo pode ser alto, mas não será alto bastante<br />
para impedir que passe por cima dele a torrente, que vai tudo nivelando, da<br />
consciência nacional. (Aplausos.)<br />
O que pode acontecer é que com a emancipação siga também o<br />
sufrágio universal, ou que um grave abalo social venha realizar aquilo que<br />
podeis fazer por vossa livre vontade. (Aplausos.)<br />
O Partido Liberal chamou afinal a si essa grave tarefa.<br />
Reconhecendo-o, senhores, rendo homenagem ao partido que<br />
assumiu o nome de Liberal, por ter assim justificado o seu nome (aplausos),<br />
e devo render-lhe homenagem, porque combati cinco anos os chefes desse<br />
partido para fazê-los abraçar a reforma, que eu julgava dever ser o ponto de<br />
partida de qualquer movimento liberal, a igualdade social do nosso povo.<br />
(Aplausos.)<br />
Peço, portanto, a todos vós, meus comprovincianos e correligionários<br />
políticos, que empregueis os vossos esforços para que no dia 1 o de dezembro<br />
seja proclamada a vitória abolicionista. Não há classe cujo voto eu<br />
não tenha o dever e o direito de pedir. Peço os votos do comércio, porque<br />
estou convencido de que comércio e escravidão são termos incompatíveis<br />
(aplausos), de que o comércio deve ter no Brasil o papel que tem tido em<br />
toda a parte, isto é, o de explorador, de pioneer da civilização. (Aplausos.)<br />
Peço o voto da lavoura, porque não compreendo por lavoura os senhores<br />
de escravos, mas também, e sobretudo, os trabalhadores agrícolas, todos os<br />
homens da enxada, todos quantos a escravidão reduz a simples substitutos<br />
de escravos. (Aplausos.) Peço o voto dos militares de mar e terra, porque o<br />
exército deve lembrar-se de que, se a honra nacional foi salva nos campos