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eleições - Livros Grátis

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48 Joaquim Nabuco<br />

Sim, senhores, precisamos, muito mais do que de reformas políticas,<br />

de reformas sociais, sobretudo de duas grandes reformas; a abolição<br />

completa, civil e territorial da escravidão, que é o meio da integração da<br />

nossa pátria, e o derramamento universal da instrução. (Aplausos.)<br />

Eis a razão pela qual abandonei no Parlamento a atitude propriamente<br />

política para tomar a atitude do reformador social. Foi por que<br />

também eu desenganei-me das reformas políticas.<br />

Essa mesma reforma eleitoral feita pelo Sr. Saraiva (apesar de ser<br />

deputado da maioria, três vezes votei em questão de confiança contra o gabinete<br />

que não queria ampliar a lei) passou contra meu voto não tanto porque<br />

ela alterava fundamentalmente a Constituição, suprimindo o votante e<br />

começando do eleitor, não tanto por isso, como por ser uma tentativa para<br />

fazer retroceder o curso da democracia entre nós e proclamar a política de<br />

desconfiança contra o povo, que eu quero ver de todos os modos elevados<br />

na sua própria estima e aos nossos olhos e educado na escola de todos os<br />

direitos e da mais completa igualdade. (Longos aplausos.)<br />

Mas para isso é preciso que comecemos pelo princípio, e o princípio<br />

não é outro senão a abolição desse mal que se ramifica por todo o<br />

corpo nacional, é o ponto causador de todas as nossas fraquezas e que, enquanto<br />

existir, anulará todos os esforços que possamos tentar, em qualquer<br />

sentido que seja, para melhorar a sorte do nosso país.<br />

Mas, dizem-me, a escravidão está abolida; a lei de 28 de setembro<br />

encarregou-se de obter o resultado que vós quereis conseguir.<br />

Senhores, o referendário da lei de 28 de setembro está entre nós<br />

e é candidato por um dos distritos desta capital. Se estais contentes com a<br />

lei de 28 de setembro, votai por ele; mas deixai-me dizer que a lei de 28<br />

de setembro, vista do futuro, há de parecer um ato muito mesquinho de<br />

reparação nacional. Nela podiam caber talvez as aspirações dos escravos,<br />

esquecidos de si para só pensarem em seus filhos, mas não cabem por certo<br />

as aspirações de um grande povo. (Aclamações.) Ela é um grande poema<br />

truncado; dir-se-ia a Divina Comédia, com o seu inferno em que se debatem<br />

todos aqueles que uma vez entraram na escravidão e deixaram à porta<br />

tenebrosa o último alento de esperança (aplausos); mas sem o paraíso, sem<br />

essa recompensa os futuros cidadãos que ela criou, escravos até aos 21 anos<br />

(aplausos); mas sem o paraíso, sem essa recompensa ideal para esses a quem

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