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eleições - Livros Grátis

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30 Joaquim Nabuco<br />

Por isso mesmo, senhores, tudo depende dos operários, da compreensão<br />

que eles possam ter de que da abolição da escravidão, em todas as<br />

suas criações legais e sociais, depende o futuro do trabalho nacional, e por<br />

conseqüência da civilização brasileira.<br />

Confio que da parte dos operários e artistas pernambucanos<br />

não faltará auxílio à nossa obra, e que nas <strong>eleições</strong> de 1 o de dezembro isso<br />

ficará bem patente. Licurgo dizia do povo de uma parte da Grécia que<br />

não era de admirar que ele tivesse juízo um dia em cinco anos. Senhores,<br />

é de esperar que o povo do Recife saiba escolher uma vez em quatro anos.<br />

(Riso aprobativo.) Nesse voto que dais todos os quatro anos resume-se a<br />

parte que vos pertence na direção do país; mas conforme a escolha que<br />

fizerdes então, vereis esse voto único, essa cédula isolada multiplicar-se<br />

durante uma legislatura em todas as votações do Parlamento, e talvez<br />

fazer pender para o lado da escravidão a balança dos destinos nacionais.<br />

Compreendeis, pois, a gravidade da situação em que estais hoje colocados.<br />

(Muito bem!)<br />

Nas diversas reuniões eleitorais em que pretendo tomar parte,<br />

terei ocasião de desenvolver as minhas idéias políticas. Posso, porém, desde<br />

já mostrar-vos em que sentido elas correm. Partidário do governo parlamentar,<br />

entendo que ele pode robustecer-se entre nós por uma tríplice<br />

reforma, não da lei, mas da nossa educação constitucional. A primeira é<br />

que os ministérios representem os partidos e não como até hoje as ambições<br />

que esfacelam os partidos, e assim o nosso governo seja de gabinete e<br />

não de presidente do Conselho. A segunda é que os grandes negócios do<br />

Estado, e com maior razão os menores, sejam em regra decididos em conferência<br />

de ministros e não em despacho imperial, isto é, que a responsabilidade<br />

ministerial seja respeitada. A terceira é que o eixo parlamentar<br />

passe pela Câmara responsável e não pelo Senado vitalício. Entendo que<br />

a maior de todas as reformas políticas, aquela a que pretendo dedicarme,<br />

como hoje à emancipação, quando esta se achar concluída, é uma<br />

descentralização quase federal das províncias, que as torne senhoras da<br />

sua sorte e dê satisfação ao legítimo desejo que elas têm de governar-se<br />

por si mesmas em tudo que não afete a integridade nacional. Inclino-me<br />

a uma lei eleitoral que seja o sufrágio dos que souberem ler e escrever, ao<br />

mesmo tempo que sou contrário a qualquer reforma que tenha por fim

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