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28 Joaquim Nabuco<br />

fazer causa comum com os abolicionistas e muitos são encontrados do lado<br />

contrário! (Sensação.)<br />

Tomemos uma grande classe, os moradores do campo, os que vivem<br />

espalhados pelo interior em pobres cabanas, os homens livres que trabalham<br />

em terras alheias. Dão eles sinal algum de compreender o alcance desta<br />

propaganda, de saber que estamos lutando para dar-lhes uma independência<br />

honesta, algumas braças de terra que eles possam cultivar como próprias,<br />

protegidos por leis executadas por uma magistratura independente, e dentro<br />

das quais tenham um reduto tão inexpugnável para a honra das suas filhas<br />

e a dignidade do seu caráter, como qualquer senhor de engenho? (Profunda<br />

sensação.) Não, senhores, eles não compreendem que o abolicionismo é o<br />

começo da propriedade do lavrador. Quem viu nos Estados Unidos o simples<br />

trabalhador do campo, depois de deixar o arado, tomar o jornal e interessarse<br />

pela questão do papel-moeda, cujas relações com o bem-estar do seu lar<br />

doméstico ele perfeitamente compreendia; ou quem viu a tremenda revolução<br />

agrária da Irlanda, não pode deixar de lamentar o grau de inconsciência<br />

da população livre do interior, que parece nem sentir a sua triste condição e<br />

nesse ponto pelo menos estar ainda abaixo do nível de consciência do escravo.<br />

Não é conosco, os que levantamos o grito de – abolição – que se unem essas<br />

vítimas impassíveis do monopólio territorial; é com os outros que levantam<br />

o grito da – escravidão – da escravidão que as esmaga sem que elas o saibam<br />

porque as comprime desde o berço. (Aplausos.)<br />

E, no entanto, senhores, que amor têm a este pobre povo do interior<br />

os que falam em nome dele – porque ele não tem voz? Vou mostrá-lo<br />

com um simples fato. Vós ouvis e sabeis que os sustentadores da escravidão<br />

não contam com a população nacional para coisa alguma fora da própria<br />

escravidão. A teoria deles é que o brasileiro não trabalha e portanto que é preciso<br />

importar elementos de trabalho, quanto mais servil melhor. (Aplausos.)<br />

A solução para eles do mal incurável do nosso povo é o imigrante! Ninguém<br />

mais do que eu deseja a imigração estrangeira, mas a minha teoria quanto à<br />

imigração é esta: quero-a espontânea, por isso repilo a subsidiada; quero-a<br />

homogênea, por isso repilo a chinesa (novos aplausos); mas para atrairmos<br />

imigração natural e vivificante só temos um meio: fazermos do Brasil um país<br />

que os imigrantes queiram para sua pátria, e isso tornando-o antes de tudo<br />

uma pátria para os seus próprios filhos. (Aplausos prolongados.)

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