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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Primeira Conferência no Teatro Santa Isabel A 12 de outubro MEUS senhores eu seria completamente destituído de espírito público se uma manifestação como esta que me acabas de fazer, em seguida ao generoso discurso do Dr. José Mariano, não me compensasse com grande saldo de reconhecimento, o que eu possa porventura ter sofrido pelas prevenções há anos criadas contra mim nesta minha cidade natal, e as rivalidades pessoais e animosidades políticas de então. Estes aplausos, antes de me ouvirdes; este acolhimento tão espontâneo quanto cordial que encontro no meio de vós, mostram que na opinião do povo do Recife, pelo menos, não fui indigno portador do mandato pernambucano, e que ele compreende, aprovando-me, que a atitude por mim assumida no Parlamento de 1879 a 1880 – de independência para com os grupos em que se dividia a nossa deputação – me foi imposta pela necessidade de ficar fiel às grandes tradições desta província. Também, senhores, se na Câmara ou fora da Câmara prestei algum auxílio direto ou indireto ao movimento que nestes últimos anos tem absorvido a opinião e chegou a impor-se ao governo, os meus esforços me são tanto mais caros quanto, partindo de um pernambucano, representam uma parcela do ascendente e da influência que esta província sempre exerceu nos destinos do país. (Muito bem!)
22 Joaquim Nabuco Eu disse que me faltaria espírito público se esta demonstração não me fizesse esquecer quaisquer sofrimentos; mas devo acrescentar que me faltaria de todo coragem se não me sentisse animado para continuar na luta em que estou empenhado, quando tenho diante de mim espetáculos populares como o desta reunião, em que um mesmo fluido patriótico e pernambucano atravessa todos os corações e um mesmo espírito de resistência e de combate parece dar como coiraça a uma grande idéia que caminha o peito de um povo que se levanta. (Aplausos.) Há menos de um mês achei-me em São Paulo diante de um auditório como este, no qual havia como entre vós o brilhante reflexo intelectual de uma Academia, e em que se sentia palpitar a mesma simpatia pela sorte do escravo, a mesma ansiedade pela sorte do país, que de alma em alma chega até mim neste momento como uma onda humana de compaixão; e agora o meu primeiro impulso, ao verificar nesta cidade a existência do mesmo entusiasmo, um fenômeno idêntico dessa maré vivificante e crescente do abolicionismo brasileiro, não pode ser outro senão o de proclamar essa unanimidade moral do nosso povo, essa alvorada simultânea de todos os seus instintos generosos, essa união de todos nós para a obra da expiação e da reparação que deve ser comum. Sim, senhores, desafio a que se me conteste quando afirmo que a consciência nova da pátria brasileira, que nós abolicionistas representamos, está tomando posse, e posse definitiva e perpétua, de todos os pontos do país até onde ela já conseguiu penetrar. Saúdo pois na capital do Norte, como saudei em São Paulo, esse espírito novo que vai quebrando, argola por argola, a pesada cadeia da escravidão que há 300 anos prende num mesmo suplício o escravo e o senhor, o escravo e a pátria! (Muito bem!) Saúdo esse espírito de liberdade nesta capital com tanto mais efusão quanto sou pernambucano! Parece, senhores, que ofendo a susceptibilidade de algumas pessoas, que devem achar-se ou estar representadas neste recinto, cometendo a ousadia de confessar-me pernambucano, mas é que não lhes reconheço, nem a ninguém, o direito de proscrever-me moralmente. Podem, sim, negar-me os seus votos para deputado; dizer que no Parlamento não concorri para realçar o papel desta grande província; acusar-me por me ter isolado dos grupos inimigos da deputação pernambucana, crime que confesso e que cometi para não cometer um maior: o de renegar os princípios funda-
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Primeira Conferência<br />
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MEUS senhores eu seria completamente destituído de<br />
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menos, não fui indigno portador do mandato pernambucano, e que ele<br />
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Também, senhores, se na Câmara ou fora da Câmara prestei algum<br />
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