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eleições - Livros Grátis

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Campanha Abolicionista no Recife – Eleições de 1884 161<br />

É preciso mais alguma coisa do que o nosso medo para constituir<br />

a criminalidade alheia. (Aplausos.) O povo tinha o direito de ir a São José, e<br />

ninguém tinha portanto o direito de atirar sobre ele por lá. (Novos aplausos.)<br />

Ele tinha o direito de assistir à eleição, e ninguém tinha o direito de torná-la<br />

clandestina, fechando a porta num momento de terror. Em São José não<br />

havia que rasgar papéis, porque a ata não estava começada. A eleição tinha<br />

ficado inutilizada desde o momento em que se estabeleceu a clandestinidade<br />

dela. (Aplausos.)<br />

Ninguém do lado liberal tinha interesse em derramar sangue,<br />

e se houve sangue derramado resultou ele de um conflito no qual o que<br />

prevaleceu foi, como em todos os casos semelhantes, a inconsciência e a<br />

crueldade desse elemento perigoso e sanguinário que aparece em todas as<br />

lutas eleitorais de nosso país e que é um resto da escravidão.<br />

Resumindo, a cena de São José não foi um plano, não teve um<br />

fim, não é de forma alguma da responsabilidade do Partido Liberal, nem de<br />

José Mariano, e todos devemos sentir-nos infinitamente menos responsáveis<br />

por ela do que quantos ainda hoje apóiam a escravidão pela dilaceração<br />

de escravos nas garras sangrentas da Lei de Lynch. (Sensação.)<br />

Mas, senhores, vejamos como o fato de não se ter concluído a<br />

eleição na Matriz de São José afetou e afeta a eleição do 1 o Distrito. Reconhecendo-se<br />

a votação constante do edital do Diário, o Dr. Portela tinha<br />

maioria de votos sobre mim.<br />

Ele pretende assim ter sido eleito no primeiro escrutínio, por<br />

isso não se apresenta no segundo convocado para o dia 9, e os seus amigos<br />

dizem que, tendo ele ganho a eleição, é injusto e imoral consentir que a<br />

vitória lhe seja roubada por um ato de violência, do qual foi vítima o seu<br />

próprio fiscal.<br />

Senhores, eu não teria objeção alguma a que o diploma de deputado<br />

pelo 1 o Distrito fosse expedido ao meu adversário, se a lei o permitisse.<br />

Em tal caso eu iria à Câmara pedir uma nova eleição, baseando-me em que<br />

essa pequena maioria de três a quatro votos que ele, segundo as suas alegações,<br />

teve acima do quociente legal foi uma parte insignificante de votos<br />

obtidos por fraude, abuso de confiança ou corrupção.<br />

Nenhuma Câmara moralizada deixaria de reconhecer o meu direito<br />

a uma nova eleição. Pois bem, essa nova eleição é o segundo escrutí-

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