eleições - Livros Grátis
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138 Joaquim Nabuco<br />
contribuinte, o qual só paga impostos não sabendo quanto paga, os impostos<br />
do Brasil são na sua maior parte indiretos. Em tal sistema a tarifa é<br />
sempre protecionista, e a nossa está caminhando para ser proibitiva. Não<br />
creio que se pudesse mudar de repente a incidência geral da nossa taxação e<br />
recorrer a outros impostos, e por isso não pedirei que se tire às artes e indústrias<br />
nacionais a proteção de que já gozam, mas também não concorrerei<br />
para constituir monopólio e criar indústrias de falsificação tornando a tarifa<br />
proibitiva. Essa espécie de proteção é o roubo do pobre, e num país agrícola<br />
é um contra-senso. Não, senhores, não será elevando o preço de todos os<br />
produtos, tornando a vida mais cara, obrigando a população a pagar impostos<br />
exagerados a cada fabricante, que eu me hei de prestar a proteger as<br />
artes... A proteção que prometo reclamar é outra, e quase que toda indireta.<br />
As indústrias a que devemos entregar-nos são as indústrias naturais do país,<br />
aquelas em que o estrangeiro não possa competir conosco, as que deixem<br />
ao produtor lucro razoável saído do produto mesmo e não da equivalência<br />
aos direitos da tarifa que obrigam o consumidor a pagar-lhe. Mas, senhores,<br />
criado o mercado de salário no país, aberta a terra ao pequeno cultivador,<br />
nascendo os centros locais, começando-se a destruir o estigma lançado sobre<br />
o trabalho, o progresso das artes acompanhará a transformação do país<br />
e elas crescerão com ele. (Aplausos.)<br />
Do que vós precisais é principalmente de educação técnica,<br />
e, se eu entrar para a Câmara, tratarei de mostrar que os sacrifícios<br />
que temos feito para formar bacharéis e doutores devem agora cessar<br />
um pouco enquanto formamos artistas de todos os ofícios.(Aplausos<br />
repetidos.) É tempo de pensarmos na educação do operário de preferência<br />
à educação do bacharel. (Riso.) É tempo de cuidarmos do nosso<br />
povo, e pela minha parte pelo menos não pouparei esforços para que<br />
o Estado atenda a esse imenso interesse do qual ele parece nem ter<br />
consciência. (Aplausos.)<br />
É essa a dupla proteção que vos prometo promover: a primeira,<br />
leis sociais que modifiquem as condições do trabalho, como ele se manifesta<br />
sob a escravidão, e façam da indústria nacional a concorrente vitoriosa<br />
da estrangeira em tudo que for seu legítimo domínio, e, a segunda, o que o<br />
Estado vos deve e tem tardado demais a vos dar: a educação de cidadãos e<br />
de artífices. (Aplausos.)