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128 Joaquim Nabuco<br />

suas fábricas, o mascate e, mais recentemente, o vendeiro, um aliciador de<br />

escravos, um cúmplice de furtos. Além disso, a escravidão restringe o dinheiro<br />

a poucas mãos que o vêm derramar na cidade, é certo, e isso impede<br />

a formação de pequenos centros de comércio no interior, outros tantos<br />

meios de desenvolver e multiplicar as relações comerciais; ao passo que pelo<br />

caráter mesmo do sistema escravista grande parte do capital produzido pelo<br />

escravo está condenado a ser exportado, ou como lucros de estrangeiros, ou<br />

como despesa de brasileiros ricos na Europa. Tudo isso, senhores, diminui<br />

as oportunidades e impede o crescimento do comércio, que precisa sobretudo<br />

que todos os brasileiros sejam seus consumidores, e consumidores<br />

diretos, e que veria pela emancipação multiplicar-se o número destes por<br />

toda a população que pudesse viver do seu trabalho. (Aplausos.)<br />

Eu iria muito longe se quisesse neste momento estudar convosco<br />

o efeito que tem sobre o comércio a tarifa da escravidão. Sim, se como eu<br />

disse as finanças hoje arruinadas do Brasil são as finanças da escravidão, a<br />

tarifa de importação, base principal dessas finanças, deve também ser chamada<br />

a tarifa da escravidão. Mas todos vós conheceis o mecanismo, que por<br />

vezes eu mesmo vos tenho exposto, graças ao qual chegamos a arrecadar<br />

anualmente a cifra colossal do nosso orçamento. Nenhum financeiro nosso<br />

parou um momento diante desta simples questão – se nós podemos gastar<br />

o que gastamos. Um dos axiomas deles em matéria de finanças é este: O<br />

país pode gastar quanto se puder arrecadar. Esse axioma eles o completam<br />

com outro: – Deve-se gastar (além do que se arrecada) quanto se puder<br />

tomar emprestado. Graças a esses axiomas nós comprometemos já não somente<br />

a vida das gerações atuais, condenadas in perpetuum ao jugo pesado<br />

do imposto máximo, mas as gerações futuras que não nos hão de esquecer.<br />

Pois bem, essa tarifa que eleva extraordinariamente pelas suas flutuações,<br />

juntas às flutuações do câmbio, assim como pelos seus altos preços, o valor<br />

de todos os artigos de que precisamos, causa muitos estorvos ao comércio<br />

e diminui, quanto mais cresce, o desenvolvimento natural das transações.<br />

E até onde subirá ela? O que há além desses preços? Não tenhais dúvida<br />

alguma – eles hão de subir ainda muito. O Brasil é um território vastíssimo,<br />

tem necessidades de toda ordem, a sua despesa não pode ficar estacionária,<br />

por mais que se a restrinja, ao passo que o recurso único admitido está nos<br />

impostos indiretos, já esgotados. Deixai continuar o sistema da escravidão

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