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eleições - Livros Grátis

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Campanha Abolicionista no Recife – Eleições de 1884 127<br />

estado ansioso da agricultura, que o crédito pessoal da lavoura está quase<br />

destruído pelos hábitos e pela educação do regime de trabalho que ela<br />

adotou, que o seu crédito real oferece uma base muito restrita ao capital<br />

que podia fecundar o solo, porque a incerteza do valor do homem anulou<br />

o valor da terra, e que desse estado de coisas agravado pelo preço baixo do<br />

açúcar, para a lavoura, e pela baixa do câmbio, para o comércio, resulta uma<br />

taxa alta de juro que é a ruína mesmo do agricultor, que ele não tem possibilidade<br />

de pagar – o que tudo produz esse desamor pela profissão, essa<br />

indiferença pela população circunvizinha, esse provisório sem fim, condições<br />

em que a agricultura se torna uma calamidade para o país, para os que<br />

vivem nela, os senhores de engenho, e os que vivem dela, os capitalistas da<br />

praça? (Muito bem! Muito bem!)<br />

É isso porventura o que quer o grande comércio de açúcar do<br />

Recife? Não vê ele, não sente ele que a emancipação traria, pelo menos, o<br />

resultado de destruir essa incerteza – e de criar uma situação estável quando<br />

não trouxesse, o que afirmamos trará, um aumento do valor da terra,<br />

o que dará desde logo base mais segura à dívida hipotecária, e, uma vez<br />

adquirindo valor a terra arável, o parcelamento se faria rapidamente, aparecendo<br />

a pequena propriedade do lavrador – forma natural da cultura da<br />

cana hoje que a iniciativa dos grandes engenhos centrais está determinando<br />

a divisão do plantio e do fabrico?... É um erro, é um grande erro supor que<br />

tolerada a escravidão por mais tempo a crise atual da lavoura e do comércio<br />

resolver-se-ia de modo fácil... A escravidão, eu o tenho dito por vezes,<br />

mas devo repeti-lo, não pode salvar nada do que já está comprometido, só<br />

pode comprometer muita coisa que, talvez, se pudesse ainda salvar. Ela é<br />

literalmente a ruína de classes inteiras, e, enquanto se não fechar esse falso<br />

caminho da fortuna que conduz disfarçadamente ao precipício, a desgraça<br />

da comunhão toda será de dia em dia maior. (Aplausos.)<br />

Vede outro ramo do comércio, o de consumo, e para simplificar<br />

tomemos indistintamente o de importação e o de retalho. Do que é que<br />

precisa todo o comércio que vive de vender para o país e não de comprar<br />

para o estrangeiro? Precisa, está visto, aumentar as suas transações, vender<br />

em larga escala e com as maiores facilidades possíveis. A tudo isso a escravidão<br />

se opõe, porque ela é inimiga do comércio, não o quer dentro das<br />

suas porteiras, vê, nos únicos agentes dele que entram em contato com as

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