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eleições - Livros Grátis

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110 Joaquim Nabuco<br />

tar a minha província, e não outra, e da província, a capital que é o seu<br />

cérebro, o seu coração, a sua vontade. As circunstâncias me favoreceram,<br />

o meu nome foi aceito e estou hoje pleiteando a minha eleição conforme<br />

todos os meus precedentes, à luz da mais clara publicidade, com as<br />

mesmas idéias que defendi no Parlamento, sem iludir ninguém, para não<br />

atraiçoar ninguém. (Adesão geral.)<br />

Eis aí a minha história, senhores, a história de seis anos determinada,<br />

dia por dia, em cada um dos seus acontecimentos pelo mandato<br />

que me conferistes em 1879. Foi esse mandato que deu à minha vida<br />

a direção que ela tem tido, por forma que eu posso dizer que, mesmo<br />

no estrangeiro, era ainda o representante de Pernambuco. (Prolongados<br />

aplausos.)<br />

Apresento-me aos vossos sufrágios, com a minha carreira toda<br />

diante dos vossos olhos. Acreditai-me que me sinto altamente recompensado.<br />

Eu cheguei à única posição que podia tentar-me: a de um simples<br />

particular que é escutado por todo o país. Na Câmara ou fora da Câmara,<br />

no Brasil ou na Europa, julgo pertencer hoje a um Parlamento maior e<br />

mais alto do que a Assembléia Geral, o Parlamento da opinião. (Aplausos.)<br />

Enquanto eu proceder como tenho procedido, estou certo que terei votos<br />

bastantes da parte inteligente, desinteressada e livre do país para ocupar<br />

um lugar naquela Assembléia. (Novos aplausos.) Não viso nesta questão da<br />

emancipação glória pessoal. Permiti que eu vos repita o que disse a tal respeito<br />

em São Paulo: “Há na Odysséia”, disse eu, “um episódio que pode servir-nos<br />

de parábola, a nós abolicionistas. É Ulysses dizendo a Polifemo que<br />

se chamava Ninguém, e depois o Ciclope com a papuda abrasada, atroando<br />

os ares com os gritos da sua categoria e respondendo aos gigantes que lhe<br />

perguntavam quem lhe causara tais sofrimentos e lhe arrancava tais clamores<br />

no sossego da noite divina.” Foi Ninguém. “Se não é ninguém, respondiam<br />

os ciclopes, se estás só, não te podemos valer contra o golpe com que<br />

Júpiter te fere!” Senhores, não é nenhum de nós que mata a escravidão, é<br />

o espírito do nosso tempo, e por isso o nome do verdadeiro abolicionista é<br />

Ninguém; e eu não quero outro para mim nesta causa. (Sensação, salva de<br />

palmas.) Sim, senhores, o que eu desejo é que depois da luta terrível entre<br />

abolicionistas e escravocratas a emancipação seja realizada entre as alegrias<br />

da nação, e que nós todos, como os atenienses para conciliar as divindades

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