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I BARBARAMENTE FUIIIADOS - Nosso Tempo Digital

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0<br />

C<br />

0<br />

2 Ca<br />

0<br />

0<br />

0 Rinclo So Francisco é, provavelrnente,<br />

o maior baino do interior<br />

do I'arani Corn quase 20 ml! habitantes<br />

(c cerca de 8 mil eleitores),<br />

este bairro distante 8 quilômetros do<br />

Centro do For do Iguacu é formado<br />

P01 tres lotcarnentos: Morumbi I, II<br />

e Ill e atualmente esti quase emenda-<br />

do corn urn quarto: o Portal da Foz.<br />

Nascido cm funçio de maLt urn<br />

dos tantos cirns (ou seria ma fe)<br />

cometidos pela administraçao Clóvis<br />

Cunha Vianna, quo autonzou o loteamento<br />

"no fun do mundo" para favorecer<br />

urna imohiiiria, o Rinco<br />

São Francisco serviu pars atender<br />

os milhares do ompregados do Itaipu.<br />

Corn o pasar dos anos, no auge do<br />

Itaipu, o Rincdo tornou-se uma area<br />

relativarnente próspera. apesar dos<br />

inürneros problernas enfrentados em<br />

funçao do compicto abandono pot<br />

parte do poder piiblico municipal.<br />

Mas hoje a situacäo é diferente: "Do<br />

c3da 10 pessoas que a gente encontra<br />

4 estäo dosomprogadas", garante Antonio<br />

das Graçaa, vereador do bairn,<br />

elcito corn 1.600 votos. Fazendo uma<br />

anIlise mais fria, o vereador acredita<br />

quo 40 por canto da poputação residente<br />

naquele hairro estio desempregados.<br />

Cornerciantes da toca!idade<br />

acham quo case nürnero sobe Para 50<br />

pot cento somando-se os quo<br />

vivem de "bicos".<br />

Formado em sua maioria pot<br />

pessoas do baixa rends, o Rincio São<br />

Francisco aprosenta tioje problemas<br />

serIsaiinos akm do desemprego: mor•<br />

talidade infantil elevada, falta de<br />

assisténcia méda, ruas em pessimo<br />

estado de conservaçio, coletivos precdrios...<br />

(3m dado estarrecedor, constatado<br />

após cansstiva pesquisa do Setor<br />

Jovern do PMDB: mil crianças na<br />

idade de 7a I2anosestosemescola<br />

pot falla do vagas.<br />

Dando tnicio a uma série de reportagens<br />

sobre este bairro, NOSSO<br />

TEMPO ouviu comerciantes, soldados<br />

do módulo poUciat c o vereador Antonio<br />

das Graças quo constatou metancólicamentc:<br />

"Tern muita criança<br />

morrendo pot causa de doenças, mas<br />

nós sabemos que a grande responsável<br />

é mesmo a lome".<br />

RIN(AO SAO FAN(IS(O<br />

........... I-<br />

.. ::.<br />

-T-fl<br />

04 6<br />

V :'<br />

z ..:t<br />

Julio: raunca vi tantos desempregados<br />

JULIO DONIN (fotógrafo)eu<br />

não sou o tinico fotógrafo<br />

daqui. Tern urn outro mais<br />

I pra baixo. VocêssodojornaI<br />

<strong>Nosso</strong> <strong>Tempo</strong>? Meus parabéns,<br />

tâ born esse jornalzinho. Antes<br />

eu comprava a 'Folha I ,<br />

mas desisti porque näo publicam<br />

mais nada que interesse gente.<br />

A crise? Bah, rapaz, estd muito<br />

grande. Tern muita gente desempregada<br />

e o movimento caiu<br />

rnuito. Teve horas que eu pensei<br />

em fechar. Ainda por azar, esses<br />

dias passaram dois picaretas tirando<br />

fotografias de todo mundo,<br />

faturaram urna nota e foram<br />

embora. E nós que pagarnos irnpostos<br />

estarnos a( sofrendo. 0-<br />

Iha, rapaz, o negocic està ficando<br />

cada dia mais difIcil. Antes a<br />

gente trabalhava menos e sobrava<br />

dinheiro. Hoje, so trabaiha,<br />

trabalha e mál dá para a despesa<br />

da famllia. Isso corn muita economia."<br />

"Aqui eu pago 7 mil por<br />

rnês de aluguel. So desta pecinha<br />

onde tenrta o toto. Depois tern<br />

ainda a Iuz e a Sgua. Tern o<br />

transporte,rnas quando no choye<br />

procuro andar a p6 para econornizar".<br />

-.<br />

••.-'•'<br />

<br />

j•<br />

! fi'4'•<br />

Fome, desemprego, doencas,<br />

analf abefismo .1.desespero<br />

"Pensel ate em fechar as porta<br />

Entra uma mulher corn duas<br />

criancas:<br />

—Quanto e que custa para<br />

fazer foto pra identidade?<br />

O fotógrafo responde: rniI e<br />

quinhentos cruzeiros para trés fotografias<br />

5 x 7.<br />

—Tern que set serviço garantido<br />

porque eu fui bater IS na cidade<br />

e as fotos näo prestararn.<br />

—Meu serviço 6 garantido e<br />

o preço 6 estabelecido pela Uniäo<br />

dos Fotografos, responde<br />

Julio.<br />

A mulher diz que vai arrumar<br />

os cabelos e no dia seguinte<br />

bater as fotos. 0 fotOgrafo continua:<br />

"Aqui no Rincéo temos<br />

problemas de escolas também.<br />

ei que tern muita gente Sem au-<br />

Ia."<br />

"Mas o major probtema<br />

mesmo 6 o desemprego. Veja<br />

quanta gente nas ruas. Antes no<br />

se via isso. Eu mesmo tenho urn<br />

rapaz que estudava de dia e, para<br />

ajudar na despesa da casa, foi<br />

transferido para a noite,rnas ate<br />

agora néo consegulu arrumar serviço.<br />

JS faz uns seis rneses e na-<br />

'da. Pedimos ate 4uda para pol(ticos,<br />

mas não adiantou nada."<br />

Mortalidade infantil<br />

é muito acentuada<br />

SOLONSCHUTZ "Jd faz urn<br />

ano que abri esta farm àcia aqui<br />

no Rinco. No começo Ia bern,<br />

vendia rnuito, mas depois o pessoal<br />

começou a ganhar a conta<br />

no Unicon (Unicon ë a empreiteira<br />

de Itaipu) e a movirnento<br />

começou a fracassar. Hoje deve<br />

ter aqui na vila mais de 5 mil de .<br />

sempregados. 0 pessoal vern<br />

cornprar fiado todos as dias,<br />

mas a qente procurd sequrar, não<br />

vender a prazo, senäo quebra mesma,<br />

mas tern muitas vezes que 6<br />

impossivel. E quando chega uma<br />

mae no colo corn urna criança<br />

doente ou chega alguém chorando<br />

pedindo par urn remédlo e es.<br />

t6 sem dinheiro. Da ía gente tern<br />

que entregar. SO este mês deu 65<br />

mil do fiados. Tudo remédlo de<br />

500, 600 cruzeiros ,a gente<br />

vai deixar abguérn rnorrer<br />

causa deste dinheiro.<br />

"Eles procuram mais produ•<br />

tos populates: Dorif, Melagriäo,<br />

etc. 0 quo mais acontece aqui é<br />

criança corn desidrataçâb e gente<br />

corn problernas de pete. Acredito<br />

quo uma das causas é a falta de<br />

higiene, mas corn rebacão a desidrataço<br />

a causa d a fattade uma<br />

afimentaçäo adequada. Aqul chega<br />

muita criarlça chorando e a<br />

mae pensa que está doente. Na<br />

verdade 6 fome, porque não tern<br />

beite para beber. A mortalidade<br />

infantib 6 muito grande. N tomos<br />

dados sobre isso, mas todc<br />

mundo sabe que morre muita<br />

criança pequena".<br />

Solor-.:<br />

tern rnu:ta<br />

cr,anca<br />

pequens<br />

morrendo<br />

do fume

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