Revista 02-03 - Exército Português
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EM TIMOR<br />
ENCONTRAMO-NOS EM TIMOR<br />
A NOSSA MISSÃO É CUMPRIR<br />
ALEGRIA NO CORAÇÃO<br />
NOS LÁBIOS GESTOS A SORRIR<br />
BEM PREPARADOS ESTAMOS<br />
RESULTANTE DA NOSSA INSTRUÇÃO,<br />
COM ESPÍRITO E SACRIFÍCIO<br />
REPRESENTAREMOS BEM A NOSSA NAÇÃO<br />
OFICIAIS, SARGENTOS E PRAÇAS<br />
TODOS PERTENCEMOS A UM GRANDE BATALHÃO,<br />
DEMONSTRAREMOS A ESTE POVO<br />
CONNOSCO REINARÁ A SALVAÇÃO<br />
O HINO HAVEMOS DE CANTAR<br />
E A JESUS NOSSO SENHOR,<br />
TODOS SOMOS UMA RAZÃO<br />
PARA OS LOUVAR COM ARDOR<br />
Rolhas<br />
SAJ ENG
Camaradas do 1º BIMec/UNMISET<br />
Escrevo estas palavras ainda em Timor.<br />
Não que tenha medo que o regresso me apague da memória tanto sorriso de criança que, da beira<br />
da estrada, sempre nos brindava ao passarmos; tanta imagem dorida, num sem número de<br />
ocasiões, em que o sorriso deu lugar a um olhar vazio que nos comprometia; tanto recorte da<br />
felicidade de um povo que acredita no amanhã e vê os seus sofrimentos como mero tributo, como<br />
simples preço de um futuro que é necessário conquistar.<br />
Não terei o dom de, nesta curta mensagem – ou longa que fosse – vos expressar tudo o que já<br />
senti, o que agora sinto ou irei sentir. Confio, no entanto, que cada um de vós que aqui cumpriu<br />
e também sentiu, saberá ler tudo quanto não vou escrever.<br />
Foram cerca de seis meses em Timor-Leste; foram muitos dias a acrescentar a tantos outros<br />
em que, ainda em Portugal, soubemos preparar e consolidar a nossa firme vontade de servir.<br />
Foram muitos dias longe dos nossos lares, sem que, com isso, haja algo mais a registar do<br />
que uma merecida palavra de apreço e reconhecimento para todas as nossas famílias, as quais,<br />
apesar da distância, sempre, de perto, nos acompanharam e souberam ser um esteio fundamental<br />
da nossa estadia em Timor.<br />
Viemos determinados, serenos e conscientes das nossas capacidades e limitações. Vivemos<br />
momentos de particular satisfação, de profícuo trabalho e merecida alegria. Outros houve,<br />
contudo, de apreensão e mágoa. Não foi só o trágico acontecimento que vitimou o 1ºMar FZ<br />
Nascimento, mas é esse que para sempre ficará vincado, qual cicatriz, profunda, na nossa<br />
memória colectiva.<br />
Hoje, volvido que está o tempo e todos esses momentos, não nos compete a nós formular juízos<br />
de valor sobre o nosso desempenho. Compete-nos, tão só, sentir a consciência tranquila pelo<br />
dever cumprido. Sei que esta é uma “frase-feita”. Mas, que importa, se é verdadeira e não<br />
encontramos outra que tenha tão claro sentido e pleno significado?<br />
Saibamos para sempre disfrutar, em consciência, dessa nossa confiança em saber cumprir.<br />
Por Timor-Leste; Por Portugal.<br />
Bem-Hajam.<br />
PALAVRAS DO COMANDANTE
A CF-21 EM TIMOR<br />
Tudo começou sensivelmente em Outubro quando a Companhia de Fuzileiros 21, começou por receber<br />
cheios de vontade e o desejo inigualável de bem servir, os vários militares vindos das Companhias de Apoio<br />
do Corpo de Fuzileiros.<br />
No dia 18 de Novembro a VI Força FZ Timor, com um efectivo inicial de 150 militares, divididos por<br />
06 Oficiais, 18 Sargentos e 125 Praças destacou da Base de Fuzileiros para a BMI em Santa Margarida,<br />
para integrar mais um Batalhão do <strong>Exército</strong> <strong>Português</strong> para Timor.<br />
Com esta velocidade alucinante os homens de ferro nos seus botes de borracha vêem-se a desembarcar<br />
em terras que em tempos haviam sido pisadas pelos seus antepassados, de quem herdámos a<br />
garra e o sangue que nos corre na guelra, não fosse-mos nós parte do único trio de Homens existentes: os<br />
Bons os Maus e os que vêm do Mar.<br />
Ainda antes da nossa chegada ao T.O. (Teatro<br />
de Operações), decorreu todo um período de<br />
preparação. Esta preparação decorreu sob duas<br />
fases: uma primeira no período de 26 de Setembro<br />
a 17 de Novembro sob a responsabilidade do Comando<br />
do Corpo de Fuzileiros com o objectivo de<br />
aferir e uniformizar procedimentos a nível individual,<br />
de secção e de pelotão. E uma segunda fase,<br />
já integrados no 1ºBIMec (I Batalhão de Infantaria<br />
Mecanizado), e que teve como principal objectivo o<br />
entrosamento colectivo, a nível de Pelotão e Companhia<br />
orientado para a Missão em Timor Leste.<br />
Independentemente do orgulho de sermos<br />
“Fuzileiros”, foi com grande determinação e empenho<br />
que enfrentámos esta oportunidade de efectuar<br />
uma Comissão ao Serviço das Nações Unidas<br />
em Timor, integrados na PKF/UNMISET (United Nations Mission Support of East Timor).<br />
No dia 16 de Janeiro, a 1ª leva de militares do PORBATT (Batalhão <strong>Português</strong>) chegou finalmente a<br />
Timor Leste, ao aeroporto internacional de Baucau. Mas Baucau não era ainda o nosso “navio” de destino.<br />
Seguimos viagem até Liquiça e aí fomos recebidos sob o lema “…Mama a Bucha…”.<br />
Treinados rigorosamente para combate, tínhamos agora entre mãos uma missão completamente diferente,<br />
só possível de concretizar graças à nossa capacidade de adaptação, de disciplina profissional e até<br />
mesmo de improviso.<br />
Independentemente do reduzido grau de ameaça, houve todo um desempenho operacional que não se<br />
limitou só a patrulhamentos permanentes (PKF Presence Patrols), ou a um estado de prontidão que permitisse<br />
actuar rapidamente em quaisquer circunstâncias nos Distritos de Liquiça e Ermera, naquele momento<br />
da nossa responsabilidade.<br />
Efectivamente foram diversas as operações efectuadas, destacando-se: a Operação “Ruby” em conjunto<br />
com a 2ªCAT; a Operação “Fox”; a Operação “Mecafuzo”; a Operação “Microlete” reforçados por<br />
2ªCAT, 3ªCAT, Mod de Apoio e Pelotão de Morteiros; a Operação “Escort” e finalmente a Operação “Pirata”.<br />
Ainda durante este período, 01 equipa de botes participou no enclave de Oecussi, na busca de <strong>02</strong><br />
militares do Batalhão Koreano desaparecidos num trágico incidente. Nunca chegaram a ser encontrados.<br />
Desde o dia 12 de Fevereiro que também mantivemos em permanência um pelotão no Distrito de<br />
Baucau.<br />
Não menos importantes foram as acções CMA (Civil Military Affairs) desencadeadas. Salientam-se as<br />
inúmeras assistências por parte do Serviço de Saúde, não podendo deixar de referenciar que no suco de<br />
Loidahar, duas vidas já meio sucumbidas, foram salvas quando evacuamos<br />
um bebé de 16 meses, e uma bebé de 24 meses para o hospital de<br />
Liquiçá e posteriormente para o Hospital de Dili. Mais tarde chegou-nos a<br />
notícia de que as crianças estavam fora de perigo. Projecções de filmes<br />
nas escolas, centros de juventude, casas de saúde e hospitais, realização<br />
de palestras sobre Dengue e Malária, eventos desportivos com as<br />
comunidades locais, participação nas comemorações do Dia Internacional<br />
da Criança com Escolas locais, onde recebemos trinta crianças na<br />
nossa Unidade vindas de Fatumaca. Proporcionámos um dia inesquecí-
vel a essas crianças começando por dar-lhes carinho, depois uns minutos onde pudemos sentir a sua vitalidade<br />
a rir, a correr, a saltar, e até a gritar de alegria. Mas há momentos para tudo e a hora do almoço é sagrada.<br />
Se nós lhes demos algo, eles não ficaram atrás quando antes da refeição nos encheram a alma com as suas<br />
orações de agradecimento pela refeição. Mas ainda o dia era uma verdadeira criança quando a parte mais<br />
esperada chegou com danças, jogos populares e por fim o lanche a culminar com uma prenda para cada um<br />
deles. Foi um momento de euforia que só parou quando chegaram de novo a Fatumaca. Finalmente, não<br />
podemos deixar de referenciar a participação nas comemorações do Dia da Independência.<br />
Independentemente da intensidade e diversidade de tarefas cumpridas até ao momento, estes militares<br />
mantiveram sempre a sua determinação, e a sua vontade de cumprir a missão que lhes foi atribuída sempre<br />
com profissionalismo e espírito de corpo.<br />
Foi também desta forma e sob a tradição “…do bem receber na Marinha…” que fomos visitados por<br />
diversas entidades, militares e civis, destacando-se o FC (Force Commander), MGen TAN HUCK GIM no<br />
dia 27 de Fevereiro.<br />
Mas foi como homens do mar sempre de peito ao vento, sob os<br />
salpicos das ondas e firmes nos nossos botes que enfrentámos o trágico<br />
incidente com o nosso camarada 1MAR FZC NASCIMENTO no dia<br />
24 de Março, na Praia de Liquiça. Após intensas buscas, ao final de<br />
cerca de 24horas após o seu desaparecimento, uma equipa de mergulhadores<br />
descobriu o corpo do Mar Nascimento já sem vida. Foi um<br />
momento de dor inexplicável que só com uma camaradagem muito<br />
forte permitiu continuar a levar este “navio” a bom porto. A estrutura<br />
abanou, mas não desabou, pelo contrário só ficou mais forte e mais<br />
unida. E se dúvidas haviam rapidamente se desvaneceram ao ver estes<br />
militares a 14 de Abril a assumir uma nova área de responsabilidade, nos Distritos de Baucau e Viqueque.<br />
Com o Handover de Liquiça a <strong>03</strong> de Maio deixámos definitivamente este Distrito.<br />
Novos desafios se nos depararam mas sempre sob o lema do bem cumprir. O primeiro foi o de tão<br />
depressa quanto possível reiniciar a actividade operacional que tão boas recordações vai deixando, e paralelamente<br />
ultimar as condições de vivência no aquartelamento, não só para o tempo de missão que nos resta<br />
como também deixar as melhores condições possíveis para os próximos que vierem “....mamar a bucha....”<br />
VI Força Fz Timor<br />
Como outrora cruzámos os mares<br />
E lutamos em terras sem fim<br />
Boinas negras na clara alvorada<br />
Entre um rio de Iodo e o capim.<br />
Nossas Boinas são negras, tão negras<br />
Como trevas da noite no mar<br />
Boinas negras manchadas de sangue<br />
Dos amigos mortos além-mar.<br />
Desfilai oh Fuzileiros mortos<br />
E juntai-vos ao nosso cantar<br />
Há mil sonhos ainda por viver<br />
Mil batalhas ainda por ganhar.<br />
Recordai companheiros Bolama<br />
Recordai Cantanhez e o Cacheu<br />
Onde um dia acendemos a flama<br />
Que no céu da Guiné se perdeu<br />
Pensamento do Dia:<br />
Mentes pequenas falam de pessoas,<br />
Mentes medíocres falam de coisas,<br />
Mentes em evolução falam de ideias.<br />
Swami Gitananda<br />
BOINAS NEGRAS<br />
E o Zaire ‘inda ao longe nos chama<br />
Chiloango pergunta por nós<br />
Nessa Angola onde a dor se derrama<br />
Fomos dignos de nossos avós.<br />
Moçambique nunca esqueceremos<br />
Quanto sangue deixámos por ti<br />
Do Zambeze às terras do Niassa<br />
Tua voz nos dizia “venci”.<br />
Quer na paz, quer na guerra cantemos<br />
O orgulho de quem sabe ser<br />
Marinheiro e soldado na terra<br />
Que juramos querer defender.<br />
Como sempre gritemos “presente”<br />
Como sempre marchemos a paz (BIS)<br />
Só tem pátria quem sabe morrer<br />
Só tem pátria quem sabe lutar
A 2ªCATMEC NA UNMISET<br />
Junho de 20<strong>02</strong>, a 2ªCAtMec terminava o exercício ROSA BRAVA e fechava assim um ciclo de instrução<br />
colectiva e operacional. Uma nova página estava prestes a abrir-se com a recepção da missão do Batalhão<br />
para aprontar para o Teatro de Operações de Timor-Leste em Janeiro de 20<strong>03</strong>.<br />
A 2ª CAtMec é uma das Companhias com maior número de participações nas FND. Esteve por duas<br />
vezes no TO da Bósnia Herzegovina, em1996/97 e 1998/99, e foi a designada Companhia KILO que integrou<br />
a Agrupamento Delta no TO do Kosovo. Foi com base nesta Companhia, e com o peso das responsabilidades<br />
da sua tradição, que surge a 2ªCAtMec / UNMISET em Agosto do ano passado para preparar e aprontar para<br />
o TO de Timor-Leste.<br />
A 19 de Agosto de 20<strong>02</strong>, apresenta-se na unidade o<br />
Pelotão de atiradores, vindo do RG 3 Madeira, que passou<br />
a constituir o 3ºPel Atiradores. Este dia foi também o início<br />
do aprontamento, que decorreu em Santa Margarida, com<br />
uma passagem por Mafra para o tiro e combate em áreas<br />
edificadas e por algumas Unidades do Exercito para a formação<br />
específica de alguns militares.<br />
Depois de ter iniciado a sua projecção a 15 de Janeiro,<br />
a 23 do mesmo mês em Dili (Becora) a Companhia<br />
assume a sua área de responsabilidade, que compreende<br />
os distritos de Dili, onde se inclui a ilha de Atauro e metade<br />
do distrito de Manatuto. Nesta altura fica também sobre<br />
a sua responsabilidade a área de Baucau com um pelotão<br />
acantonado nas instalações do aeroporto. A actividade<br />
operacional das primeiras semanas no TO é assinalada<br />
pelo intenso empenhamento, quer de patrulhas nas áreas urbanas e nomadização quer por segurança a<br />
pontos fixos, casos do heliporto de Dili, Palácio do Governo e da casa do Primeiro-ministro de Timor-Leste.<br />
Contudo estes primeiros tempos ficam indubitavelmente marcados pela Operação CORVO em Baucau a 31<br />
de Janeiro e pela queda de uma avião de carga, nessa mesma tarde, no final da referida operação. Para além<br />
da parte operacional colocada em prática durante a operação, os militares que na altura se encontravam em<br />
Baucau responderam com firmeza, determinação, frieza e grande presença de espírito ao desastre da aeronave,<br />
tendo-se envolvido desde o primeiro minuto nas operações de segurança, reconhecimento e busca do local<br />
e destroços do avião.<br />
Mas o tempo ganhava asas e as semanas iam se sucedendo, com algumas manifestações em Dili,<br />
apoios CMA e até com o primeiro encontro oficial<br />
da selecção de futebol de Timor-leste frente a uma<br />
estóica equipa representativa do BIMec, a quando<br />
da visita de Eusébio da Silva Ferreira ao território.<br />
Estávamos então em Março e após a 1ª<br />
Feira do Livro realizada neste país, já os períodos<br />
de férias avançavam. A parte Operacional sofria<br />
pequenas alterações e o aquartelamento de Becora<br />
recebia a visita do Oficial de Operações da PKF.<br />
Na entrada para o novo mês, Abril, chega com ele<br />
no dia primeiro o exercício da reserva do Force<br />
Commander, encargo operacional da 2ªCAt. Realizado<br />
na nossa conhecida área de Baucau, agora<br />
AOR da CF21, construiu-se um cenário de crise<br />
provocado pela população descontente com a<br />
actuação da polícia e com ameaça da integridade<br />
física de elementos e instalações na esquadra<br />
de Baucau. O objectivo do exercício foi alcançado, com o helitransporte do Comando da Companhia a dois<br />
pelotões de atiradores a duas secções para a área de crise. Instalar o centro de comunicações, reforçado com<br />
uma equipa do Paquistão, e manter a segurança da área urbana de Baucau. Estávamos já a meio do mês e<br />
sem se apercebermos também a meio da missão porque a 11 de Abril os camaradas do Agr Foxtrot estavam<br />
connosco para o seu reconhecimento. Com a Páscoa veio também o nosso Gen Cmdt da BMI, que muito nos<br />
honrou com a sua presença entre nós e na cerimónia religiosa realizada ao ar livre no Cristo Rei em Dili. Na<br />
parte operacional tudo decorria normalamente, apenas alguns pedidos de pesquisa acautelavam já o mês de
Maio e as comemorações do dia da restauração da<br />
Independência de Timor, e no final de Abril cerca de<br />
90% da Companhia realizou tiro de manutenção na<br />
carreira de tiro de Metinaro. Paralelamente começava<br />
os Campeonatos internos desportivos da 2ª Cat.<br />
Com Maio chegou o dia da Mãe, e realizou-se em<br />
Becora uma cerimónia muito bonita que até teve direito<br />
a procissão, obviamente coordenada pelo nosso<br />
amigo Capelão Borges. Mas foi também o mês de<br />
inúmeras actividades CMA na sequência do dia 20<br />
de Maio, de onde se destaca a limpeza da praia da<br />
Areia Branca, a Fun Run e a noite no Obrigado Barack,<br />
onde a Tasquinha Portuguesa foi a mais concorrida.<br />
Junho estava já à vista. Dia mundial da criança, com<br />
festa em Becora para muitas delas, e sem querer<br />
estava o ultimo período de férias a regressar ficando<br />
a Companhia a 100%, situação que não ocorria desde o início de Março. Claro que entretanto tivemos todos<br />
os campeonatos internos desportivos do Batalhão onde a 2ª Cat,<br />
além de assegurar um brilhante 3º lugar na geral, foi ainda a<br />
entidade organizadora do torneio de futebol 5. Mas estávamos<br />
mesmo no final de mês. Prova disso foi a festa mais emblemática<br />
e carregada de simbolismo para o Batalhão. A 28 de Junho cumpriu-se<br />
a tradição e em terras de Timor Leste comemorou-se um<br />
excelente São João do BIMec.<br />
Agora que estamos em Julho e a apenas uns breves dias<br />
da nossa Medal Parade e regresso a casa, fica em nós a grata<br />
sensação de dever cumprido e um inevitável misto de alegria e<br />
saudade, de quem em breve vai abraçar os seus, mas de quem<br />
deixa para trás o local onde viveu e trabalhou intensamente 6<br />
meses, das suas estradas poeirentas, do por de sol em Atauro<br />
dos risos das crianças à beira da estrada à nossa passagem.<br />
Enfim…para todos a quem a lhes foi pedido para terem confiança<br />
e a tiveram, e souberam enfrentar a passagem dos dias com espírito de missão inabalável o meu muito<br />
obrigado e bem hajam todos. A 2ªCAtMec / UNMISET honrou os seus antecessores.<br />
O Comandante da 2ª CAtMec / UNMISET<br />
Hélder Félix<br />
Cap Inf<br />
MERGULHO E BEM ESTAR<br />
No âmbito do Moral e Bem Estar tem-se desenvolvido a actividade de<br />
Mergulho Amador que contribuiu para a melhoria das condições proporcionadas<br />
aos militares do Batalhão, a este nível. Neste contexto, têm-se realizado<br />
algumas idas às diversas praias de Timor Leste, no dia de descanso dos<br />
militares, com o objectivo de desenvolverem esta área do Mergulho Amador<br />
com o adquirir de novos conhecimentos e aperfeiçoamento de novas técnicas.<br />
A observação da enorme variedade da fauna aquática que as maravilhas<br />
do mundo submarino nos oferecem,<br />
são sem dúvida uma forte motivação para estes militares<br />
realizarem esta actividade.<br />
Ao longo de cada semana e até ao términos da missão,<br />
continuarão a existir diversas actividades neste âmbito, pois é<br />
importante que todos sintam que terão oportunidade de mergulhar,<br />
mantendo e solidificando, ainda mais, a amizade, a camaradagem<br />
e o espírito do mergulho que, durante esta missão, vem<br />
sendo cultivada.<br />
Continuem...<br />
João Loura<br />
Ten Inf
A 3ª Companhia de Atiradores está aquartelada em AILEU (YL823340) e assumiu a área de responsabilidade<br />
em 23Jan<strong>03</strong>.<br />
Tem como área de responsabilidade os distritos de AILEU, AINARO, MANUFAHI e os sub-distritos de<br />
LACLUBAR, SOIBADA e NATARBORA do distrito de MANATUTO. Tinha ainda à sua responsabilidade<br />
presença no distrito de VIQUEQUE, como área de resposta do Batalhão, até 14ABR<strong>03</strong>.<br />
Desde 23Jan<strong>03</strong>, data da transferência da autoridade da 21ª CPara para a 3ª Companhia de Atiradores.<br />
A Companhia executou patrulhas e operações na sua área de responsabilidade, para manter a segurança<br />
nos distritos de AILEU, AINARO, MANUFAHI e nos sub-distritos de LACLUBAR, NATARBORA e<br />
SOIBADA do distrito de MANATUTO, para apoiar a ONU e outras agências das Nações Unidas na consolidação<br />
de um Timor-Leste independente.<br />
Durante este período executamos na nossa área de responsabilidade patrulhas e operações de acordo<br />
com o planeamento da Companhia e aprovado pelo Batalhão, e missões atribuídas pelo Batalhão.<br />
Executamos ainda operações no exterior da nossa área de responsabilidade, atribuídas pelo Batalhão<br />
em prol do Batalhão.<br />
PATRULHAS NÓMADAS APEADAS INFILTRAÇÃO/EXFILTRAÇÃO HELI (+48 HORAS)<br />
Normalmente executamos duas patrulhas deste tipo, por semana e são utilizadas para projectar patrulhas<br />
nas áreas inacessíveis, da área de responsabilidade. Até 17 de Maio executamos 27 patrulhas deste<br />
género.<br />
PATRULHAS NÓMADAS MOTORIZADAS (+48 HORAS)<br />
Este tipo de patrulhas é importante devido à<br />
extensão da área de responsabilidade e porque é<br />
uma das formas de fazer presença na área e conferir<br />
segurança, pela presença, às populações. Até este<br />
momento efectuamos 41 patrulhas deste género.<br />
PATRULHAS MOTORIZADAS (-48 HORAS)<br />
São utilizados para patrulhar todas as áreas mais<br />
acessíveis e as mais perto do aquartelamento, normalmente.<br />
Até este momento executamos 121 patrulhas<br />
deste género.<br />
A 3ªCAT<br />
PATRULHAS NA NOSSA AREA DE RESPONSABILIDADE<br />
Devido à grande extensão da área de responsabilidade, e ao tipo e estado das estradas, que obriga na<br />
maior parte das patrulhas a deslocamentos de três a sete horas de viagem entre o aquartelamento e as áreas<br />
a serem patrulhadas, quer sejam capitais de distritos, capitais de sub-distritos, sucos ou aldeias. Executamos,<br />
normalmente, duas patrulhas nómadas apeadas, (infiltração/exfiltração por helicóptero), patrulhas nómadas<br />
motorizadas, patrulhas motorizadas e apeadas.
RESUMO DAS PATRULHAS<br />
OS PATRULHEIROS DAS MONTANHAS<br />
Através de algumas palavras e na qualidade de um jovem comandante de pelotão, gostaria de dar a<br />
conhecer o trabalho que a 3ª Companhia de Atiradores presta, prestou e continuará a prestar a esta jovem<br />
nação de Timor-leste.<br />
Na nossa Companhia os militares poderão estar empenhados em vários serviços, que vai desde o<br />
serviço interno à unidade, às patrulhas motorizadas, às patrulhas aéreas/helitransportadas e serviço aos<br />
retransmissores.<br />
Sobre o serviço interno, este é assegurado por um pelotão em cada semana e dividido pelas suas 3<br />
secções, que vão alternando entre a porta de armas e reserva. Este serviço trás alguma dificuldade acrescida,<br />
quando os indivíduos da porta de armas têm que mostrar postura e aprumo constante, durante as 24 horas.<br />
Este serviço é nitidamente a imagem do nosso país que deixamos transparecer a este povo.<br />
A nossa Companhia destaca em média 6 a 7 patrulhas motorizadas por semana, com ordens claras do<br />
comando em manter a segurança, nas respectivas áreas de responsabilidade. Uma patrulha deste géneroimplica<br />
algum trabalho, cuidado, planeamento<br />
e essencialmente<br />
muito bom senso, por parte<br />
de todos. Por norma estas<br />
patrulhas carecem de um breve<br />
planeamento por parte do<br />
graduado mais antigo da patrulha,<br />
que irá definir o trajecto,<br />
o tempo de permanência<br />
fora da unidade e objectivos<br />
a cumprir. A partir do momento<br />
em que saímos da nossa<br />
vila de Aileu, as pessoas que<br />
se cruzam com as nossas<br />
patrulhas, nunca se esquecem<br />
de levantar o braço e dizer<br />
“Bom dia senhor”. Aliás,<br />
penso que é um gesto de carinho<br />
por parte dos<br />
timorenses, que vão demonstrando<br />
toda a sua gentileza,
simpatia e respeito por quem trabalha em prole da segurança. Por norma, em cada patrulha de secção,<br />
desloca-se em 2 viaturas Iveco, que são muito confortáveis para quem vai a conduzir e para que vai ao lado do<br />
condutor, mas extremamente desconfortáveis para quem tiver que fazer, quilómetros e quilómetros sem parar.<br />
As nossas patrulhas chegam a ser de 6 a 7 horas até chegar ao ponto de destino e esse destino na maior<br />
parte das vezes é completamente incógnito.<br />
Começámos desde que chegámos a tratar as<br />
nossas viaturas com muito respeito e carinho, porque<br />
se não o fizermos, acaba por ser a nossa própria<br />
viatura a traçar os nossos objectivos de patrulha, ou<br />
seja, se vamos ou não ao suco que pretendemos, se<br />
atravessamos ou não a ribeira que aparentemente tem<br />
pouco caudal, se fazemos ou não chegar alimentação<br />
à população que sofreu com as secas, se passamos<br />
ou não um filme que há alguns dias havíamos<br />
anunciado pela rádio e que todos esperam com ansiedade.<br />
Mas também gostaria de acrescentar que o<br />
desrespeito pela viatura pode ser por vezes fatal … e<br />
como alguém dizia, “só se molha quem anda à chuva”.<br />
Sobre as nossas viaturas, tenho muita para contar,<br />
e apenas fico com a impressão que elas também<br />
são resistentes e audaciosas como os soldados que<br />
temos nesta companhia e quando se tem um “doutor” da mecânica como o nosso, tudo se torna um pouco<br />
mais fácil para os patrulheiros da montanha.<br />
Na nossa companhia e como serviço também temos as patrulhas de helicóptero, que nos transportam<br />
para sítios onda a nossa Iveco não chega. Estas patrulhas são constituídas por 11 elementos, todos eles<br />
importantes e com funções atribuídas: o comandante de pelotão ou sargento de pelotão, um comandante de<br />
secção, dois comandantes de esquadra, com três homens em cada esquadra e um socorrista. A estas<br />
patrulhas, também costumamos chamar de reconhecimento<br />
e segurança. Reconhecimento, porque entramos<br />
em terreno desconhecido e que pretendemos conhecer,<br />
segurança, porque essa é a nossa principal<br />
missão.<br />
Neste tipo de patrulhas o peso é limitado, por<br />
motivos óbvios, mas as nossas mochilas vão sempre<br />
bem apetrechadas e com tudo o que é necessário para<br />
passar 2 noites no mato.<br />
Se há coisas que aprecio e me impressionam<br />
nestas patrulhas é precisamente o respeito e a alegria<br />
com que nos recebem nas suas casas. Também porque<br />
olham para nós, como alguém que poderá resolver<br />
alguns dos seus problemas, necessidades e carências.<br />
A verdade, é que muito fica por fazer e na<br />
maioria das situações sentimo-nos com as mãos atadas,<br />
sem os poder ajudar. Mas, fomo-nos acostumando<br />
desde o princípio a convidar todos os residentes<br />
locais, num jantar, onde oferecemos praticamente tudo o que temos connosco e podemos oferecer. É de<br />
salientar a satisfação e a euforia deste povo nestes momentos.<br />
Por vezes é difícil explicar o que nos vai na alma nestas alturas, mas a verdade é que todos nós<br />
olhamos para eles com grande satisfação e com a consciência do dever cumprido.<br />
Em jeito de conclusão apenas gostaria de salientar que este povo merece toda a nossa ajuda e sacrifícios<br />
diários e penso que é sempre importante que não nos esqueçamos dos motivos que nos trouxeram a<br />
esta ilha e … da nossa parte Timor poderá contar sempre com os patrulheiros das montanhas.<br />
Fausto Campos<br />
Ten Inf
Formada a 16 de Agosto de 20<strong>02</strong> no Campo<br />
Militar de Santa Margarida, sob o lema de<br />
“Saber Cumprir”, a Companhia de Apoio do 1º<br />
BIMec/UNMISET iniciou a sua “caminhada” para<br />
a missão em Timor com um aprontamento de<br />
cerca de cinco meses em Portugal.<br />
Constituída pelo Pelotão de Reabastecimentos<br />
e Transportes (PelReabTrans), Pelotão<br />
de Morteiros Médios (PelMortMed), Módulo de<br />
Engenharia (ModEng), Módulo de Transmissões<br />
(ModTms), Módulo de Manutenção<br />
(ModMan) e Módulo Sanitário (ModSan), a CAp<br />
1ºBIMec/UNMISET no Teatro de Operações (TO)<br />
em Timor Leste ficou com uma implementação<br />
territorial um tanto ao quanto dispersa, com o<br />
CAP 1ºBIMEC/UNMISET<br />
Comando da Companhia, PelReabTrans,<br />
PelMortMed, ModMan, ModTms, e uma equipa<br />
do ModSan no Aquartelamento de Caicoli,<br />
com ModSan, ModEng, uma Secção de Tms,<br />
e uma Secção de Alimentação no aquartelamento<br />
da 2ª CAt em Becora, com uma equipa<br />
do ModSan, e uma Secção de Alimentação<br />
no aquartelamento da 3ªCAt em Aileu, e<br />
com uma equipa de Alimentação numa primeira<br />
fase em Liquiçá, e posteriormente em<br />
Baucau, com a CF21.<br />
O PELOTÃO DE REABASTECIMETO E SERVIÇOS<br />
Caros camaradas!<br />
Estamos na fase final da nossa missão em Timor-leste e a hora do regresso à nossa pátria está-se a<br />
aproximar a passos largos, nesta altura muitos começam já a olhar para Timor de uma diferente perspectiva,<br />
já com alguma saudade talvez, mas com uma incerteza, a de voltar!<br />
Escrevo este artigo na qualidade de comandante do Pelotão de Reabastecimento e Serviços, uma das<br />
minhas acumulações neste 1ºBIMec / UNMISET, função que tento ocupar com a máxima dignidade, para com<br />
todos os meus camaradas e, se é que assim me é permitido também referir e sem querer apelidar alguém de<br />
algo com que não se identifique, mas nesta fase arrisco-me a dize-lo porque as certezas são bastantes e bem<br />
alicerçadas, amigos, porque é assim, como amigos, que considero uma grande parte dos camaradas com<br />
quem trabalhei, convivi, e senti durante toda a missão neste país do sudoeste asiático, que tantos laços com<br />
a nossa pátria tem enraizados no mais profundo de cada Timorense, e alem dessa dignidade com orgulho,<br />
com muito orgulho em servir o meu país de uma forma tão nobre, trabalhando em proveito da paz mundial, mas<br />
acima de tudo isso com algo que já faz parte de mim e que mantenho presente comigo para sempre num local<br />
muito especial, o enorme orgulho em ter servido ao lado de Portugueses, de Homens preenchidos de vontade<br />
e valor que tão bem souberam cumprir.<br />
“Quando as armas que matam servem para defender a vida ou a liberdade de viver, os anjos choram mas<br />
não acusam”
O PELOTÃO DE REABASTECIMENTOS, O QUE É? O QUE FAZ?<br />
PESSOAL / ORGÂNICA<br />
ACTIVIDADES DE APOIO<br />
O PelReabSvc garante todas as actividades de apoio logístico e de reabastecimento, a partir da posição<br />
de Caicoli.<br />
CLASSE I<br />
Os géneros são entregues pela Eurest em Aileu, Baucau desde 05Abr<strong>03</strong> e Caicoli.<br />
O reabastecimento é efectuado semanalmente às terças e quartas-feiras, secos às terças e frescos e<br />
congelados às quartas-feiras.<br />
O PelReabSvc tem a responsabilidade de dividir e distribuir para as posições de Caicoli, Becora e<br />
Liquica até 05Abr<strong>03</strong>.<br />
Nota: Há uma viatura com arca frigorífica, emprestada pela Eurest, com autorização da ONU, de forma<br />
a possibilitar o transporte dos congelados.<br />
CLASSE II<br />
O PelReabSvc tem a responsabilidade de conferir, inspeccionar e proceder à armazenagem dos artigos<br />
de Classe II para semanalmente os fornecer às Companhias requisitantes.<br />
O reabastecimento das posições é da responsabilidade dos Sargentos de Reabastecimento das mesmas,<br />
que se deslocam a Caicoli semanalmente.<br />
CLASSE III<br />
O PelReabSvc tem a responsabilidade de abastecer geradores, lavandarias, empilhadores e viaturas de<br />
Eng, nas posições de Caicoli e Becora.<br />
Tem atribuído <strong>02</strong> Autotanques M49, com uma capacidade de 4500 lt cada.<br />
Abastecendo em média cerca de 1500 Lt por semana.<br />
Os M 49 são reabastecidos, nas bombas da PETARMINA.<br />
As restantes viaturas de Caicoli são abastecidas diariamente, após o serviço, num posto de abastecimento<br />
definido pela ONU, em Dili.
O reabastecimento do Gás e do Carvão é feito semanalmente, em Caicoli, da mesma forma que os<br />
artigos de Classe II, o PelReabSvc armazena e fornece aos Sargentos de Reabastecimento das posições.<br />
CLASSE VI<br />
O PelReabSvc à semelhança dos artigos de Classe II tem a responsabilidade de conferir, inspeccionar e<br />
proceder à armazenagem dos artigos de Classe VI para semanalmente os fornecer aos Bares das posições<br />
de Aileu, Baucau, Becora e Caicoli.<br />
LAVANDARIA<br />
Meios – 2 atrelados de lavandaria SERT.<br />
A lavandaria efectua a lavagem semanal da roupa de todos os militares de Caicoli, incluindo os 52<br />
militares do contingente brasileiro.<br />
Funciona das 08H às 16H com o apoio de 5 funcionários civis.<br />
Nota: Há militares que pela função, têm necessidade e efectuam duas lavagens semanais, devidamente<br />
autorizados em horário.<br />
ÁGUA A GRANEL<br />
Utilizada para todos efeitos, menos para beber e cozinhar.<br />
A Secção Transportes garante o abastecimento de água a granel às posições de Caicoli e Becora,<br />
apoiada por todos os condutores do PelReabSvc e por militares dos diversos Pelotões e Módulos como<br />
chefes de viatura.<br />
Meios – 04 Autotanques com capacidades de 9000 Lt, 6000 Lt e 2 com capacidade de 4500 Lt.<br />
Utilizam-se diariamente 2 Autotanques, dos 4 disponíveis, ficando 2 de reserva.<br />
Os Autotanques são abastecidos em Dili no Waterpoint da ONU, e abastecem em media um total de 90<br />
000 Lt por dia.<br />
MEIOS / VIATURAS<br />
As viaturas da CAp encontram-se na sua totalidade, sob gestão da Secção Transportes.<br />
-DAF YA 4440 – 13<br />
-Mercedez Benz Basculante – 01
-Iveco 40-10 – 08<br />
-M816 – 01<br />
-Auto Tanque M49 A2C – <strong>02</strong><br />
-Auto Tanque Agua 9000L – 01<br />
-Auto Tanque Agua 6000L – <strong>02</strong><br />
-Auto Tanque Agua 4500L – 01<br />
-UMM Alter II – 11<br />
-Empilhador 5Ton – 01<br />
-Empilhador 10Ton – 01<br />
-Auto-Maca – <strong>02</strong><br />
SUSTENTAÇÃO DE SERVIÇOS<br />
A sustentação de serviços em Caicoli é supervisionada e garantida pelo PelReabSvc apoiado por funcionários<br />
civis, nas seguintes áreas:<br />
-1 Interprete<br />
-5 Lavandaria<br />
-3 Limpeza<br />
-5 Serviços Gerais<br />
-13 Secção Alimentação<br />
TRABALHOS DE ENGENHARIA / VERSUS EXPERIÊNCIA EM TIMOR<br />
Não é novidade relatar o que se fez ou o que se faz quer durante a preparação, quer durante a própria<br />
missão.<br />
Todos sabemos que numa missão deste âmbito se efectuam os mais variados trabalhos (pintar paredes,<br />
montar portas e janelas, execução de rede de água e esgotos, melhoramento de itinerários e de infra-estruturas<br />
quer em prol das nossas tropas quer da população local.<br />
Neste caso concreto o nosso Módulo de Engenharia, não deixou os seus créditos por “mãos alheias”,<br />
começando por dar provas ainda no 1ºBIMec/BMI sedeado<br />
em Santa Margarida , nomeadamente na execução, de um<br />
passeio pedonal desde a zona limítrofe da Companhia de Apoio<br />
até junto da messe de oficiais, dos alojamentos de oficias, na<br />
preparação do pavimento de um novo parque para viaturas de<br />
oficiais e do seu acesso a partir da messe de oficiais para<br />
posterior alcatroamento(executado por uma empresa civil). Referência<br />
ainda para vários trabalhos de pequenas e médias<br />
reparações elaborados em proveito das infra-estruturas da<br />
unidade de aprontamento.<br />
Já no Teatro de Operações de Timor-Leste e dando continuidade<br />
à prática adquirida pelos nossos militares durante<br />
os vários meses de preparação, iniciou-se mais um ciclo de<br />
uma etapa da missão a cumprir, por parte do módulo de engenharia<br />
(trabalhos de construção verticais e horizontais) sendo todos eles de mui e elevada importância.<br />
Recordamo-nos da restauração de um edifício destinado à sede da Cruz Vermelha de Aileu, a construção de<br />
novos alojamentos e instalações sanitárias (masculinos e femininos) destinadas aos militares do batalhão<br />
alojados em Caicoli; do apoio dado ao Tribunal de Recurso em Dili na elaboração de uma laje em betão<br />
armado; dos trabalhos de terraplanagem realizados em beneficio de instituições religiosas e de caridade e no<br />
local das futuras instalações da Embaixada de Portugal em Dili.<br />
Posto isto, é importante realçar que muitas vezes o que fica por contar é aquilo que fomos encontrar: a<br />
população, os seus costumes, a sua maneira de ser e de pensar, as suas condições de vida ; ao fim e ao<br />
cabo tudo, aquilo que nos acompanhou e rodeou durante o período da missão.<br />
Toda a forma podemos salientar aquilo que todos pensávamos antes de partir. Por mais e variadas<br />
explicações que nos fossem dadas acerca do Teatro de Operações em Timor Leste, a curiosidade era enorme<br />
e variada:
“O que é que vamos fazer no T.O.?”<br />
“É aquilo para a qual a nos preparamos?”<br />
“Como vai ser o nosso dia a dia?”<br />
“Onde vamos dormir? Em tendas? Em contentores?”<br />
“O calor é insuportável?”<br />
À medida que nos aproximávamos do dia do embarque a<br />
ansiedade tornava-se cada vez maior. O que se pretendia naquele<br />
momento era chegar o mais depressa possível para ver e “apalpar”<br />
como era de facto esta realidade.<br />
Certamente que o dia da partida apesar de desejado é um<br />
momento difícil. Separarmo-nos dos familiares e dos entes queridos<br />
não é tarefa agradável. Mas apesar de tudo isto a motivação<br />
era enorme.<br />
Parte-se de facto para a “aventura” e após longas horas de<br />
avião eis-nos finalmente em Timor, onde fomos recepcionados à<br />
saída do avião com um ar quente e bastante húmido; aqui, rapi- damente nos apercebemos que estávamos<br />
num País diferente daquele a que estávamos habituados, pelo clima e por algumas das marcas de destruição<br />
bem notórias à nossa passagem.<br />
Finalmente chegámos ao fim; por tudo aquilo que fizemos, passámos e sentimos, a Missão foi para<br />
todos nós um motivo de enriquecimento pessoal e profissional.<br />
Esperemos que o trabalho desenvolvido por este Batalhão dê frutos de felicidade e esperança a este<br />
povo timorense.<br />
Certamente que sim!<br />
AS OPERAÇÕES ESPECIAIS<br />
Desde pequeno que sempre ouvi falar das Operações Especiais, mais propriamente dos Ranger’s (terminologia<br />
adoptada devido a oficiais portugueses, pertencentes à unidade, terem tirado o curso de Ranger<br />
americano nos Estados Unidos e pelo qual são conhecidos os militares de Operações Especiais em Portugal).<br />
Também devido ao facto de, viver perto de Lamego e de vez em quanto vê-los passar na estrada em<br />
coluna militar, para exercícios regulares feitos pela unidade. Com o passar dos anos chegou a altura do<br />
serviço militar. Não pensei muito e alistei-me como voluntário para o CIOE.<br />
Após a recruta, vieram três meses que nunca mais irei esquecer. Não vou descrever as actividades que<br />
se faz no curso mas somente descrever toda uma panóplia de sentimentos, emoções, e estados de espírito<br />
e transformações que se pode passar e que irão ficar para sempre na minha alma. Durante todo o curso<br />
somos confrontados com situações em que a<br />
componente física e principalmente a componente<br />
psicológica são postas à prova. Situações<br />
em que se enriquece o espírito de corpo<br />
perante as dificuldades físicas, o espírito de<br />
camaradagem quando temos que ajudar o camarada<br />
ao lado que precisa de nós (“todos por<br />
um e um por todos”), o espírito de sacrifício para<br />
quando parece que já não conseguimos mas<br />
vamos ao fundo da nossa alma buscar as forças<br />
necessárias para ultrapassar o que parece<br />
impossível. São situações que permitem fazer<br />
com que se molde um militar de Operações<br />
Especiais. O desgaste físico e psicológico, a<br />
incomodidade, a incerteza de certezas tudo<br />
permite para um aperfeiçoamento do militar de<br />
Operações Especiais como homem na sua<br />
essência de humano e como militar no que respeita<br />
à parte operacional.<br />
Depois desses três meses sem descanso, vem a cerimónia da entrega das boinas e das chapas de<br />
curso. É o reconhecimento perante as famílias e perante os outros militares que conseguimos superar-nos a<br />
nós mesmos perante a adversidade nas adversidades. Uma cerimónia cheia de emoção e de profunda alegria
mas também de alívio.<br />
Depois começa a parte operacional. Começa-se a aperfeiçoar a técnica de Operações Especiais, tiramse<br />
outros cursos como o curso Sniper, o de Patrulhas Reconhecimento Longo Raio de Acção, o de páraquedismo<br />
entre outros. Tem-se a oportunidade de visitar outros países com diferentes pessoas e diferentes<br />
culturas. Mas penso que o melhor desta experiência inesquecível é o de te conheceres melhor a ti próprio com<br />
experiências adquiridas no curso e as dilações que daí tiras. Os amigos que fazes não de sempre mas que<br />
ficam para sempre e o facto de saberes que fazes parte de um grupo restrito e que são a elite das elites do<br />
nosso país.<br />
Com todas estas experiências e vivências não é de estranhar que todos os “RANGER’S” fiquem<br />
indissociavelmente ligados a esta casa CIOE e a esta família e não esquecendo também a cidade que passa<br />
a ser referência para todos os que passaram por esta casa e para aqueles<br />
que irão passar.<br />
Penso que o curso de Operações Especiais resume-se simplesmente<br />
numa muito complexa frase de Fernando Pessoa (“mensagem”) que li quando<br />
entrei pela primeira vez no refeitório em Penude (local onde se tira o curso)<br />
e que nunca mais irei esquecer e fiz dela um guia para os momentos mais<br />
difíceis da minha vida e que com certeza todos militares que passaram por<br />
Lamego nunca mais esquecerão.<br />
“ CHEIO DE DEUS NÃO TEMO O QUE VIRÁ POIS VENHA O QUE VIER NUNCA SERÁ MAIOR QUEA MINHA<br />
ALMA “<br />
Óscar Martins da Cruz<br />
1ºCabo OE<br />
“QUE OS MUITOS POR SERMOS POUCOS NAM TEMAMOS”<br />
O Destacamento de Operações Especiais (DOE) ou Módulo de Apoio como também é conhecido, é<br />
uma unidade do 1º BIMec no TO de Timor Leste. Em conformidade com a Directiva nº 64 \CEME\<strong>02</strong> de<br />
18JUN<strong>02</strong><br />
O aprontamento do DOE6 decorreu em duas fases. No período de 05 de Setembro de 20<strong>02</strong> a 18 de<br />
Novembro de20<strong>02</strong> decorreu no Centro de Instrução de Operações Especiais, a 1º fase do aprontamento do<br />
DOE6. Assim, foi dada prioridade à instrução específica do emprego das Operações Especiais em Operações<br />
de Apoio à paz. Em 18Nov<strong>02</strong>, iniciou-se a 2ºfase. O DOE6 marchou para o CMSM, unidade onde continuou o<br />
aprontamento até Dec<strong>02</strong>. O treino Operacional teve continuidade se bem com algumas limitações devido a<br />
carências de algum material/equipamento. Notou-se que numa segunda fase, o tempo de permanência no<br />
CMSM revelou-se demasiado extenso. Este período de aprontamento, culminou com a participação do DOE6<br />
no exercício final de aprontamento do 1º BIMec. Tendo o exercício final, no qual o DOE participou, um cenário<br />
apropriado ao tipo de missão em causa, permitindo desta forma o treino das tarefas que se julgavam ser mais<br />
críticas para o TO<br />
O deslocamento do DOE foi iniciado em 14JAN<strong>03</strong>, com 3 elementos, o CMDT do DOE, o seu S1/S4 e<br />
o especialista em comunicações.<br />
Durante o período de 15 dias, efectuaram-se as transferências de materiais, sistemas de comunicação<br />
e contactos / fontes humanas de notícias. Em 20JAN<strong>03</strong> e 27JAN<strong>03</strong> chegou o grosso do DOE, a Timor Leste.<br />
Durante o tempo decorrido da missão, o Módulo de<br />
Apoio foi requisitado para esclarecer determinadas situações<br />
que se vieram a manifestar com a realização de 9<br />
Operações:<br />
1ª Operação: Em 242100IJAN<strong>03</strong> foi realizada uma<br />
missão de vigilância no âmbito do reforço das medidas de<br />
segurança na área de BAUCAU durante o período nocturno.<br />
Foram observados e reconhecidos dois pontos que podem<br />
ser utilizados como locais de desembarque de pessoal<br />
e armamento.<br />
2ª Operação: Em 3<strong>02</strong>100IJAN<strong>03</strong> foi realizada uma<br />
missão de vigilância na região de GARIUAI, em coordenação<br />
com a Policia. O objectivo era recolher informações<br />
sobre uma casa suspeita. A missão terminou com uma<br />
operação de cerco e busca.
3ª Operação: De 12FEV<strong>03</strong> até 13FEV<strong>03</strong> foi realizada uma missão de vigilância na região de MATABEAN<br />
MANE, afim de obter informações sobre possíveis actividades ilegais num local suspeito.<br />
4ª Operação: Em 190800FEV<strong>03</strong> foi realizada uma missão de vigilância, com o objectivo de detectar<br />
possíveis movimentos suspeitos.<br />
5ª Operação: Entre 24FEV<strong>03</strong> e 26FEV<strong>03</strong> foram realizadas missões de vigilância no âmbito da Operação<br />
MICROLETE, onde foram empenhadas as 2 equipas em que o DOE se articulava. A missão tinha como<br />
objectivo verificar o padrão dos movimentos na região de GLAI.<br />
6ª Operação: Em 28FEV<strong>03</strong> foi realizada uma missão de HUMINT, no âmbito da operação “MICROLETE”,<br />
em ATSABE, afim de recolher informações, junto da população local, sobre a localização de Milícias e assim<br />
dar resposta ao 1º e único plano de pesquisa.<br />
7ª Operação: em 092000IMAR<strong>03</strong> foi realizada uma missão de vigilância no âmbito do reforço das<br />
medidas de segurança na área de Leotelo durante o período nocturno.<br />
8ª Operação: Em 190700IMAR<strong>03</strong>, no âmbito da operação “PIRATA”, foi realizado reconhecimento na<br />
região de MOTA MANOBIRA, local onde se julgavam existir milícias, afim de detectar indícios que pudessem<br />
levar à localização das referidas milícias.<br />
9ª Operação: De 09IABR<strong>03</strong> até 11IABR<strong>03</strong>foi realizado um reconhecimento na região de VIQUEQUE,<br />
afim de recolher informação a fornecer dados ao BAT sobre actos de vandalismo.<br />
Durante o tempo decorrido da missão o Módulo de Apoio ministrou o 1º Curso de Montanhismo aos<br />
Bombeiros de Timor-leste no período de 10 de Março de 20<strong>03</strong> a 28 de Março de 20<strong>03</strong>, em Dili. Este curso teve<br />
como objectivo final desenvolver nos instruendos as suas capacidades físicas, psicológicas e de auto-confiança<br />
de forma a proporcionar-lhes os conhecimentos em montanhismo necessários para os habilitar, no final do<br />
curso, a:<br />
· Executar o resgate e salvamento em montanha<br />
· Ministrar instrução de montanhismo<br />
Participaram neste curso 14 elementos tendo finalizado com êxito 4 elementos.<br />
O Módulo de Apoio ministrou o estágio de métodos de Instrução aos Bombeiros de Timor-leste no<br />
período de 12 de Maio de 20<strong>03</strong> a 23 de Maio de 20<strong>03</strong>, em Dili. O estágio de metodologia da instrução, para os<br />
Bombeiros de Timor-leste teve como objectivo final desenvolver nos instruendos as suas capacidades de<br />
ensino, psicológicas e de auto-confiança de forma a proporcionar-lhes os métodos necessários para os habilitar,<br />
no final a:<br />
· Ministrar a sua própria instrução<br />
· Elaborar planos guias de sessão<br />
Participaram neste estágio 12 elementos tendo finalizado<br />
com êxito 6 elementos.<br />
O Módulo de Apoio fez o acompanhamento, assistência<br />
militar e supervisão do 2º Curso de Montanhismo<br />
ministrado aos Bombeiros de Timor-leste pelos próprios,<br />
no período de 2 de Junho de 20<strong>03</strong> a 20 de Junho de 20<strong>03</strong>,<br />
tendo este curso o mesmo objectivo final do primeiro ministrado<br />
pelo Módulo de Apoio. Participaram e finalizaram<br />
com êxito 11 elementos.<br />
Ao termos ministrado os dois cursos e um estágio,<br />
implicitamente contribui-se para que a língua portuguesa<br />
fosse falada por mais 30 elementos. Contribuindo desta forma para a divulgação do <strong>Português</strong>.<br />
Este foi o contributo que as operações especiais deixaram a este povo irmão que já sofreu tanto, foi<br />
pouco neste mar de necessidades mas desta forma fica aberta a porta para as próximas forças de Operações<br />
Especiais fazerem mais e melhor, no âmbito das Operações de Paz<br />
João Alves<br />
Cap Inf
A MISSÃO AGRÍCOLA PORTUGUESA EM TIMOR-LESTE<br />
A Missao Agrícola Portuguesa em Timor Leste (MAPTL) começou a trabalhar no ano de 2000, como<br />
componente agrícola da Missão Portuguesa, durante o período de transição para a independência do território,<br />
então administrado pela ONU.<br />
Actualmente, sob a égide do Instituto <strong>Português</strong> de Apoio ao Desenvolvimento IPAD, Ministério dos<br />
Negócios Estrangeiros, a equipa liderada pelo Eng. Nuno Moreira é composta por quatro técnicos portugueses<br />
e cerca de sessenta trabalhadores timorenses, prestando serviço no domínio agrícola e florestal, com<br />
dois pólos de desenvolvimento rural, localizados nos distritos de Aileu e Ermera.<br />
O objectivo central da MAPTL é apoiar as jovens instituições timorenses no desenvolvimento rural<br />
do território, o qual tem uma matriz económi- ca eminentemente agrícola. Indo de encontro à vontade<br />
manifestada pelo Governo Timorense, tra- balha-se na área das culturas de rendimento, ou seja,<br />
aquilo que os agricultores conseguem vender, com o café em primeira linha, não esquecendo as<br />
alternativas futuras potenciais, como sejam a baunilha, o cravinho, a canela e a pimenta, bem<br />
como as principais culturas alimentares, desenvolvendo actualmente trabalhos relacionados<br />
com a técnica de produção do arroz e de variadas fruteiras tropicais. A floresta surge<br />
como componente fundamental des- te ordenamento agrícola, dando forma a sistemas<br />
de cultivo agro-florestais, em que se procura pela integração das duas componentes,<br />
melhorar a qualidade dos so- los, providenciando simultaneamente lenha,<br />
alimentação para os animais, madei- ras para construção e investir fortemente em<br />
madeiras valiosas, tais como o sândalo e a teca. Obviamente que, num quadro de<br />
quase completa ausência de informa- ção científica actual, todo este trabalho<br />
pressupõe alguma actividade de in- vestigação, como suporte técnico de apoio<br />
a quem aqui trabalha.<br />
As suas áreas de acção são as zonas altas de montanha, onde<br />
a terra é intrinsecamente mais difícil de ser trabalhada, com<br />
gravíssimos problemas de ero- são, e consequente empobrecimento<br />
acelerado da fertilidade dos terrenos, e em que a um período<br />
de chuvas intensas se se- gue um período seco de seis meses.<br />
As questões da irrigação e armazenamento de água, pelo regime<br />
torrencial das chuvadas, são um desafio técnico. As vias de comunicação<br />
são muito deficien- tes e tornam complicada, senão impossível,<br />
a comercialização dos escassos produtos e tornam facilmente<br />
invisível a pobre- za generalizada, as vagas cíclicas<br />
de fome, e a vida extre- mamente dura dos agricultores<br />
destas áreas. A perda completa das culturas, seja<br />
pela seca, seja pelas enxurradas, é algo que ocorre<br />
com relativa frequên- cia, facto já variadas vezes<br />
presenciado pelos técnicos portugueses.<br />
Acresce um facto cultural: o agricultor<br />
timorense com fome não pede!<br />
O apoio ao agricultor pobre passa certamente pela formação dos mesmos, associada à capacitação dos<br />
técnicos agrícolas timorenses, e continuado apoio às suas instituições, de modo a permitir um aumento<br />
sustentado dos rendimentos da comunidade rural. Assim, não se procura um fugaz aumento imediato da<br />
produção agrícola, mas um desenvolvimento rural construído de modo sustentado. Daí que nos sejam muito<br />
mais importantes os mais de 300 agricultores que já passaram pelas nossas acções de formação, o apoio<br />
dado às escolas, à universidade, aos técnicos do governo e da administração local, do que, por exemplo, as<br />
cerca de 40.000 árvores entretanto plantadas.<br />
Tal como seria de esperar, a comunidade portuguesa, actuante nos mais diversos sectores da sociedade<br />
timorense, procura tirar benefícios da integração dos recursos humanos, técnicos e materiais, na medida<br />
do possível, potenciando o esforço que o nosso país realiza actualmente nesta jovem nação. Um excelente<br />
exemplo disso é, com certeza, a cooperação entre a 3ªCompanhia de Atiradores/1ºBIMEC, aquartelados em<br />
Aileu, e a MAPTL. Esta cooperação, não protocolada, resulta da postura de flexibilidade e espírito de entreajuda<br />
com que os militares portugueses vêm apoiando os seus compatriotas, facilitando-lhes aspectos práticos do<br />
dia-a-dia, aumentando-lhes a eficácia no terreno nas mais variadas situações.
Assim, para além do sentimento de segurança, que advém directamente da sua actividade militar, e que<br />
se repercute positivamente na prestação de todos os que aqui vivem, tem de ser referida a assistência diária<br />
com refeições e as ajudas na reparação de maquinaria, citando apenas alguns casos. Por outro lado, tem-se<br />
assistido a participações voluntárias em actividades de cunho eminentemente social, como foi o apoio a<br />
sementeiras de campos das viúvas de vítimas dos conflitos de 1999, ou a viabilização de certas campanhas<br />
florestais, através da disponibilização de viaturas e pessoal. Outro bom exemplo da excelente integração de<br />
esforços é o facto de se usar para fertilização dos terrenos do Centro Agroflorestal Quinta Portugal, em Aileu,<br />
terra vegetal que resulta da compostagem de materiais originados em actividades dos nossos militares, e que<br />
são finalmente transportados pelos mesmos para aquele pólo de desenvolvimento da MAPTL.<br />
(Este artigo foi elaborado pela 3ªCAt/1ºBIMec com a colaboração do Sr Engº PEDRO PASSOS )<br />
ACTIVIDADES CMA<br />
Durante a missão em Timor-Leste, decorreram diversas actividades e apoios CMA (Civil and Military<br />
Afairs), coordenadas pela célula CMA do comando do batalhão apoiado pelas companhias junto da sua<br />
area de responsabilidade, com o propósito de estabelecer contacto com a população, autoridades civis e<br />
policiais, com o objectivo de projectar aspectos relacionados com a construção, cultura e assistência humanitária.<br />
Dentro das diversas actividades à a salientar as seguintes:<br />
Informação pública e apoio social em Atsabe e Hatolia, com projecção de filmesem<br />
escolas, cortes de cabelo à militar as cianças, consulta e medicação de doentes<br />
Apoio aos escuteiros de Dili no dia de Baden Powell com passeio de botes da<br />
CF21, e na execução de rappel<br />
Instrução ao Corpo de Bombeiros de Timor-Leste em técnicas de<br />
montanhismo<br />
Tratamentos primarios de saúde à poplação local mais isolada durante a<br />
execução de patrulhas<br />
Apoio a escolas em actividades culturais<br />
Entrega de cerca de 200 pés de Sandalo no distrito de Manufahi e plantação<br />
de arvores ao longo do itenerario de Aileu - Dili em apoio à Missão<br />
Agrícola Portuguesa<br />
Entrega de material escolar em algumas escolas;<br />
Montagem de sistema de som e palco na Escola Portuguesa<br />
Apoio à primeira feira do livro lusófono com fumigação das instalações,<br />
transportedos livros entre o Instituto Camões e o local de exposição e montagem<br />
de uma tribuna
Comemoração do Dia Mundial da Criança com projecção de filmes,<br />
lanche e distribuição de brinquedos nos diversos aquartelamentos do<br />
Batalhão<br />
Transporte e distribuição de alimentos em apoio à World Food Program<br />
Desobstrução de viasde comunicação e apoio à população no resgate<br />
de viaturas<br />
Auxilio com viaturas e pessoal na limpeza da vila de Aileu<br />
Entrorização das Imagens de Nossa Senhora de Fatima e de Santo António<br />
de Lisboa, cedidas pelo Sr Capelão do Batalhão ao estabelicimento<br />
prisional de Becora-Dili<br />
FESTA DA NOSSA SENHORA DO MONTE<br />
Realizou-se no passado dia 06 de Maio, Dia da Mãe, no aquartelamento de Becora, as comemorações em<br />
memória à Nossa Senhora do Monte, Padroeira do Monte, da Ilha da Madeira, comemorações alusivas ao 3º Pelotão da<br />
2ª CAtMec/UNMISET, pelotão constituído por militares oriundos desta Ilha.<br />
A cerimónia teve início pelas 10h, após a chegada dos ilustres convidados e constou com uma missa celebrada<br />
pelo Sr. Capelão Antonio Borges, em honra ao Dia da Mãe e em honra à Nossa Sra. do Monte. Em seguida seguiu-se<br />
uma procissão pelo aquartelamento, um convívio entre os militares da 2ª CAt e convidados, com a prova da bebida<br />
tradicional da Ilha da Madeira, a Poncha. A celebração terminou com um almoço onde a espetada típica madeirense foi<br />
seu apanágio.
UMA BOLA POR TIMOR<br />
Integrado na visita à República Democrática de Timor Leste da Delegação “Uma Bola Por Timor” decorreu,<br />
no Estádio Municipal de Díli, no passado dia 2 de Março de 20<strong>03</strong>, um jogo amigável entre a Selecção de<br />
Futebol da RDTL e uma Equipa representativa do 1º BIMec/UNMISET.<br />
O jogo foi organizado pelo Batalhão <strong>Português</strong> e pela<br />
CVTL, tendo sido presenciado por milhares de pessoas e<br />
pelas figuras de proa do Governo e Administração de Timorleste,<br />
para além da Delegação da Campanha “Uma Bola<br />
por Timor”. No intervalo, Eusébio e o Presidente da RDTL<br />
dirigiram-se ao centro do relvado, atirando dezenas de<br />
bolas de futebol para as bancadas. Houve ainda lugar à<br />
marcação de uma grande penalidade por parte de Eusébio,<br />
defendida, em grande estilo, pelo Presidente.<br />
O jogo foi gravado, na íntegra, pela TVTL para posterior<br />
transmissão em deferido. Constituiu a primeira transmissão<br />
do género efectuada pela televisão de Timor Leste.<br />
Foi um dia de grande confraternização constituindo<br />
um momento alto da visita daquela delegação Portuguesa,<br />
da Cruz Vermelha de Timor Leste e do 1º BIMec/<br />
UNMISET.<br />
CODIGO DA CONDUTA DAS FORÇAS DE MANUTENÇÃO DE PAZ<br />
A Força de Manutenção de Paz em Timor-leste está imbuída de em espírito de paz para todos os povos<br />
do mundo. Neste contexto a carta das Nações Unidas requer que todo o pessoal mantenha o mais alto nível<br />
de integridade e conduta. Nós como elementos de manutenção da paz, representantes das Nações Unidas,<br />
estamos em Timor-leste para ajudar este jovem País a recuperar do trauma de um conflito. Como tal devemos<br />
estar preparados para aceitar os contrastes circunstanciais de Timor-leste de acordo com o trabalho e os<br />
ideais das Nações Unidas. Este código de conduta traduz-se nas linhas gerais para Forças em Operações de<br />
Manutenção de Paz das Nações Unidas, constituindo-se em regras básicas para serem observadas por todo<br />
o pessoal militar.<br />
1. Lembra-te que a expectativa da população local será sempre alta e as tuas acções, o teu<br />
comportamento e as tuas palavras serão constantemente observadas e monitorizadas. Mantém consciência<br />
de como os teus actos podem ser interpretados. Isto é tão importante quanto as intenções. Condutas
impróprias podem causar sérios prejuízos para a missão e para a reputação da PKF.<br />
2. Mostra-te compreensivo e interessado pela causa histórica e pelos recentes acontecimentos<br />
em Timor-Leste. Em Setembro de 1999 Timor-Leste viveu um dos mais importantes momentos da sua<br />
história. A maioria da população estava desalojada. Muitos perderam todos os seus haveres para salvar a<br />
própria vida. Os seus lares foram destruídos, muitos perderam amigos ou ente-queridos. Assim o sofrimento<br />
e as perdas foram um apelo para particular sensibilidade e humanismo das Nações Unidas. Comentários<br />
politicamente impróprios e comportamentos espalhafatosos devem ser evitados.<br />
3. Respeita a cultura, as tradições, os costumes e as práticas locais. Os elementos da PKF devem<br />
estar constantemente conscientes da importância do respeito pelos costumes e práticas de Timor-Leste,<br />
assim como dos países vizinhos. Para isso devem ser observadas as seguintes regras gerais:<br />
a Mostrar particularmente respeito pelos líderes políticos, líderes religiosos, líderes comunitários<br />
e pelos cidadãos mais velhos.<br />
b Pedir autorização antes de tirar fotografias.<br />
c Vénias são desnecessárias.<br />
d Evitar usar o primeiro nome de alguém, principalmente dos mais idosos, antes de estabelecer<br />
claramente relações de confiança.<br />
e Não elevar o tom de voz.<br />
4. Trata todos os habitantes locais com o máximo de cortesia, respeito e consideração, Tu estás aqui<br />
como convidado para ajudá-los e serás bem-vindo e admirado. Nunca peças nem aceites qualquer compensação<br />
material, recompensa ou dádiva. Os elementos Timorenses da UNMISET são nossos parceiros na reconstrução<br />
do País. Devemos tratá-los com o mesmo respeito que gostaríamos que nos tratassem a nós.<br />
Nunca devemos adoptar uma atitude superior. Se não souberes o nome de qualquer membro trata-o por<br />
“Senhor”, “Senhora”, ou “Sinhorina”.<br />
5. Não incorras em actos imorais de abuso ou exploração sexual, física ou psicológica da<br />
população local ou membros das Nações Unidas, especialmente mulheres e crianças. Relativamente<br />
ao relacionamento entre homens e mulheres Timorenses, não é apropriado o homem convidar a mulher,<br />
particularmente mulheres jovens, para actividades fora do local de trabalho a menos que estejam acompanhados<br />
por um Timorense.<br />
6. Veste fala e age de forma apropriada a um membro das Nações Unidas. Os membros das<br />
Nações Unidas devem vestir-se moderadamente. Calções e camisolas curtos ou muito justos não são apropriados<br />
para o trabalho ou para encontros formais fora do local de trabalho.<br />
7. Respeita e preserva os direitos humanos de todos. Apoia e socorre os enfermos, doentes e<br />
fracos. Não actues em vingança ou com maldade, particularmente quando tens alguém sob detenção<br />
ou sob custódia.<br />
8. Trata com o devido cuidado e cautela tudo o que seja dinheiro, veículos, equipamentos e propriedades<br />
pertença das Nações Unidas, que te estejam distribuídos e não os uses em negócios ou trocas para proveito<br />
próprio.<br />
9. Não entres em consumos excessivos ou tráfico de bebidas alcoólicas ou de drogas.<br />
a. A posse, venda ou uso de drogas controladas é expressamente proibida. A UNMISET tem uma<br />
visão muito séria sobre qualquer envolvimento ilegal com drogas. Qualquer situação de uso ou<br />
posse de drogas ilegais resultará no imediato repatriamento individual.<br />
b. Consumo excessivo de bebidas alcoólicas pode originar acidentes graves ou outros incidentes.<br />
O pessoal da PKF não pode exceder os limites aceitáveis de consumo de bebidas alcoólicas. O<br />
limite estabelecido para consumo de bebidas alcoólicas é de duas latas de cerveja (ou equiva<br />
lente) por dia. Contudo os Comandantes dos Contingentes podem adaptar esta restrição duran<br />
te o período de trabalho conforme determinado pelo FC e NCCs. Comportamentos de embria<br />
gues, indignos ou espalhafatosos não serão nunca aceites.<br />
10. Mantém respeito e preserva o meio ambiente incluindo a flora e a fauna.<br />
a. Não estragar.
. Não retirar coral do mar.<br />
c. Não atacar, disparar contra ou caçar qualquer espécie.<br />
d. Não pegar em qualquer espécie de planta tropical, porque é considerada propriedade privada.<br />
11. A maioria dos Leste Timorenses são católicos Romanos devotos.<br />
a. Não fazer barulho perto das Igrejas durante a Missa.<br />
b. Para assistir à Missa deve ser usada roupa formal. Não devem ser usadas camisolas caveadas<br />
ou calções.<br />
c. Ter atenção aos feriados: Quadra de Páscoa; Dia do massacre (1 de Novembro).<br />
d. Conduzir devagar quando encontrar cortejos fúnebres.<br />
e. Mostrar especial respeito pelas pessoas que estão de luto o qual pode durar pelo menos um ano.<br />
Não é apropriado convidar pessoas de luto para eventos sociais.<br />
12. Manter a máxima discrição no manuseamento de informação confidencial e assuntos de âmbito<br />
oficial que podem pôr vidas em risco ou manchar a imagem das Nações Unidas.<br />
ETERNAMENTE LIGADOS<br />
Se é certo que morremos um pouco cada vez que perdemos um ente querido, é igualmente certo que<br />
o tempo que partilhamos, juntamente com os seus conteúdos (gestos, palavras, conivências, camaradagem…),<br />
nos enriquece infinitamente.<br />
Se é certo que quando morremos deixamos atrás de nós tudo o que possuímos e levamos apenas o<br />
que somos, é igualmente certo que o que somos fica também com aqueles que continuam a existência<br />
terrena. Por isso afirmamos que o 9801795 1MAR FZC António José da Silva Nascimento continua connosco,<br />
faz parte, de forma inolvidável, do nosso ser.<br />
Se é certo que esta despedida abrupta foi vivida no silêncio, na dor, na reflexão e na memória, é<br />
igualmente certo que a fé e a união nos levantaram de novo a fronte, para continuar a olhar o sol nascente<br />
que ilumina e aquece Timor Leste.<br />
O 1ºBIMec UNMISET, de modo particular a CF21, associam-se à saudade e ao luto da família do<br />
Camarada António Nascimento, cientes de que, como escreve Fernando Pessoa, “morrer é apenas não ser<br />
visto. Morrer é a curva da estrada que continua”.<br />
BIOGRAFIA<br />
O 9801795 1MAR FZC António José da Silva Nascimento, assentou praça, na<br />
Armada, em regime de voluntariado, em 13 de Março de 1995.<br />
Frequentou os seguintes cursos: Formação Básica de Praças, Formação de<br />
Grumetes Fuzileiros, Formação de Marinheiros Fuzileiros, Especialização em Comunicações,<br />
Aperfeiçoamento em Nadador Salvador.<br />
Durante a sua carreira na Marinha, prestou serviço nas seguintes Unidades:<br />
Escola de Fuzileiros, Batalhão de Fuzileiros nº 2, Companhia de Apoio de Fogos,<br />
Corveta João Coutinho, Fragata João Belo, Grupo 2 de Escolas de Armada, Capitania<br />
do Porto de Setúbal, 1ª e 2ª Forças de Recolha na Guiné, 6ª Força FZ Timor.<br />
Durante a sua carreira foi-lhe concedido um Louvor Colectivo.<br />
FUZILEIRO UMA VEZ, FUZILEIRO PARA SEMPRE<br />
Quando me procurarem,<br />
encontrar-me-ão nas dunas<br />
dividido entre a terra e o mar<br />
Miguel Torga
A UNMISET E O FUTURO DE TIMOR-LESTE<br />
The United Nations will continue to maintain a presence in East Timor throughout the post-independence<br />
period to ensure the security and stability of the nascent State. A successor mission, known as the United<br />
Nations Mission of Support in East Timor (UNMISET), was set up by resolution 1410 (20<strong>02</strong>) unanimously<br />
adopted by the Security Council on 17 May. The Mission was established for an initial period of 12 months,<br />
starting on 20 May 20<strong>02</strong>, with the following mandate: to provide assistance to core administrative structures<br />
critical to the viability and political stability of East Timor; to provide interim law enforcement and public Security<br />
and to assist in developing the East Timor Police Service (ETPS); and contribute to the maintenance of the<br />
new country’s external and internal security.<br />
The Council decided that the Mission, to be headed by a Special Representative of the Secretary-<br />
General, would initially comprise 1,250 civilian police and an initial military troop strength of 5,000, including<br />
120 military observers. The civilian component would include focal points for gender and HIV/AIDS, a<br />
Civilian Support Group of up to 100 personnel filling core functions, a Serious Crimes Unit and a Human<br />
Rights Unit.<br />
The Council decided that downsizing of UNMISET should proceed as quickly as possible, after careful<br />
assessment of the situation on the ground, and that the Mission would, over a period of two years, fully<br />
devolve all operational responsibilities to the East Timorese authorities as soon as feasible, without<br />
jeopardizing stability.<br />
As Nações Unidas irão manter a sua presença em Timor Leste durante o período pos-independencia,<br />
para assegurar a devida segurança e estabilidade do recém – nascido estado. A UNMISET foi estabelecida<br />
unanimemente pelo Conselho de Segurança das UN em 17MAI<strong>02</strong>, através da resolução 1410 (20<strong>02</strong>). A<br />
missão foi, inicialmente, estabelecida por um período de 12 meses, começando a 20 de Maio de 20<strong>02</strong>, com<br />
o seguinte mandato: Providenciar assistência às estruturas administrativas centrais, críticas à viabilidade<br />
e estabilidade política de Timor Leste; providenciar um auxilio temporário na segurança pública, assim<br />
como no desenvolvimento da Policia de Timor Leste; Contribuir para a manutenção da segurança interna<br />
e externa deste novo País.<br />
O Conselho das NU decidiu que a Missão, presidida por um Representante do Secretário-Geral,<br />
deveria ser composta, inicialmente por 1250 policias civis, e uma força militar de 5000 homens, incluindo<br />
120 Observadores Militares. A componente civil seria constituída por elementos focalizados para a sexualidade<br />
e HIV/SIDA, um Grupo de Apoio a Civis, constituído até 100 pessoas satisfazendo as tarefas centrais,<br />
uma Unidade de Crimes Graves e uma Unidade de Direitos Humanos.<br />
O Conselho das NU decidiu que o downsizing da UNMISET deveria desenrolar-se o mais rápido<br />
possível, depois de uma cuidada avaliação da situação no terreno, e que a Missão deveria, durante um<br />
período de dois anos, entregar toda a responsabilidade operacional às autoridades Timorenses assim que<br />
possível, sem pôr em causa a estabilidade.<br />
Desta forma prevê-se que em meados de 2004 toda a autoridade, segurança interna e externa esteja<br />
nas mãos do povo timorense e seus líderes.<br />
Se me amas, não chores!<br />
Se conhecesses o mistério imenso<br />
do Céu onde agora vivo,<br />
este horizonte sem fim,<br />
esta luz que tudo reveste e penetra,<br />
não chorarias, se me amas!<br />
Estou já absorvido no encanto de Deus,<br />
na sua infindável beleza.<br />
Permanece em mim o teu amor,<br />
uma enorme ternura<br />
que nem tu consegues imaginar.<br />
vivo numa alegria puríssima.<br />
Nas angústias do tempo<br />
pensa nesta casa<br />
onde um dia<br />
estaremos reunidos para além da morte,<br />
matando a sede<br />
na fonte inesgotável da alegria<br />
e do amor infinito.<br />
Não chores,<br />
se verdadeiramente me amas!<br />
(S. Agostinho)
RESGASTE E SALVAMENTO<br />
- CURSO DE MONTANHISMO AOS BOMBEIROS DE TIMOR LESTE -<br />
Coube ao Módulo de Apoio desencadear uma acção pioneira, resultante de um trabalho iniciado com o<br />
DOE 5: instruir os Bombeiros de Timor-leste com conhecimentos de montanhismo que permitissem executar<br />
o resgate e salvamento em montanha.<br />
Este intitulou-se 1º Curso de Montanhismo aos Bombeiros de Timor-leste e teve como duração 3<br />
semanas, começando a 10 de Março e finalizando a 28 de Março de 20<strong>03</strong>. Foram focados diversos temas:<br />
Identificação de material; Utilização e manutenção do material de montanhismo diverso; Execução de nós<br />
e ataduras; Técnicas de transposição de vãos verticais; Deslocar-se em posição de transposição de vãos<br />
verticais; Montar/ Executar uma técnica de transposição de vãos verticais, Técnica de transposição de vãos<br />
horizontais e cursos de água; Montar/Executar técnicas de transposição de vãos horizontais (paralelas<br />
horizontal e vertical); Montar/Executar técnicas de transposição de vãos horizontais (Funicular); Montar/Executar<br />
técnica de recuperação de feridos, descendente, sem maca; Montar/Executar técnica de recuperação<br />
de feridos, descendente, com<br />
maca; Preparar maca para<br />
helitransporte, Técnicas de escalada.<br />
O curso iniciou-se com 14<br />
bombeiros de Dili. Estes foram<br />
sujeitos antes de iniciar o curso<br />
a provas médicas realizadas no<br />
aquartelamento de Becora, verificando-se<br />
assim uma condição<br />
mínima física a que todos tiveram<br />
de corresponder.<br />
O curso decorreu em diversos<br />
locais: Bombeiros de Dili,<br />
nas instalações adjacentes, na<br />
torre de montanhismo no Bairro<br />
Pité, avaliação final em Liquiça;<br />
tendo finalizado em Dili com uma<br />
exibição onde foram espectadores<br />
Senhor Primeiro-ministro de Timor-leste, Ministro do Interior, Director Protecção Civil, Embaixador de<br />
Portugal em Timor-leste e Adido Militar em Timor-leste. Finalizaram com aproveitamento 4 elementos.<br />
Cabia agora a estes, serem instruídos na metodologia da instrução preparando-os como futuros instrutores<br />
de montanhismo e podendo assim continuar um trabalho que se revelou de uma importância fulcral.<br />
E foi isso que aconteceu de 12 de Maio a 23 de Maio de 20<strong>03</strong>, o Módulo de Apoio ministrou o Estágio de<br />
Metodologia da Instrução a 12 bombeiros de Timor-leste (Dili, Aileu, Maliana), tendo finalizado com êxito 6<br />
elementos.<br />
O passo seguinte foi a assessoria ao 2º Curso de Montanhismo, tendo este já instrutores timorenses<br />
responsáveis pelo curso. Este decorreu de 2 de Junho a 20 de Junho de 20<strong>03</strong>, tendo iniciado 12 bombeiros.<br />
Encerrou com uma cerimónia na Torre de montanhismo no Bairro Pité, presidida pelo Vice-presidente<br />
do Parlamento onde compareceram várias entidades: Ministro dos Transportes e Telecomunicações, Brigadeiro<br />
Taur Matan Ruak, Director da Protecção Civil, Coronel Cristina de Aguiar, Coronel Borges, Coronel<br />
Lere Anan Timor, Cmdt PORBATT e TCor Pedro.<br />
Finalizaram com aproveitamento o curso 10 elementos.<br />
Durante estes quatro meses sentimos que Portugal conseguiu fortalecer relações existentes entre<br />
dois povos cuja história juntou. E se me perguntarem se valeu a pena, basta recordar a emoção com que<br />
os Bombeiros agradeceram o apoio fornecido.<br />
Bem hajam!<br />
Hugo Rodrigues<br />
Ten Inf
CHEGADA DO 1ºBIMEC A TIMOR SAIDA DO 2ºBIPARA<br />
A jornada iniciou-se a 16 de Janeiro de 20<strong>03</strong>, no AT1 – Figo Maduro, com o embarque de 194 militares<br />
num “AIRBUS – A320”, para terras de TIMOR LESTE, onde pela primeira vez uma Unidade da Brigada<br />
Mecanizada Independente iria desenvolver as Operações de Apoio à Paz, que tanto já estava habituada a<br />
fazer nos territórios dos Balcãs. Seguiram-se nas semanas depois as viagens com 219 camaradas e a<br />
última com 233.<br />
Chegado a Timor o 1º BIMec/UNMISET iniciou as suas actividades com a responsabilidade sobre a<br />
AOR a partir do dia 23 de Janeiro de 20<strong>03</strong>, data em que decorreu a cerimónia de Transferência de Autoridade<br />
– TOA. Aí se reuniram os elementos remanescentes do 2º BIPara/UNMISET e os recém-chegados do<br />
“BIMec”, para de forma oficial e perante um conjunto de personalidades da PKF e de Timor Leste, entre os<br />
quais o Force Commander PKF, S.Ex.a o MGEN TAN HUCK GIM e S.Ex.a o BGEN TAUR MATANRUAK,<br />
Comandante das Forças de Defesa de Timor Leste – F-FDTL, entregar-se a Área de Responsabilidade ao<br />
Comandante do 1º BIMec/UNMISET, representado pela entrega do estandarte das Nações Unidas ao<br />
nosso Batalhão<br />
APRESENTAÇÃO DO BATALHÃO PELO EX.MO COMANDANTE<br />
DO 1BIMEC/UNMISET<br />
MILITARES DA 2CAT E DA CF 21 –<br />
1BIMEC / UNMISET<br />
ENTREGA DO ESTANDARTE DAS NU AO EX.MO<br />
COMANDANTE DO 1BIMEC/UNMISET
UMA NOITE DE CINEMA
REST DAY