Itaú Cultural

REVISTA
Nesta edição, Continuum é dedicada às crianças
Em entrevista exclusiva, o Menino
Maluquinho responde às perguntas
dos pequenos leitores.
ITAÚ CULTURAL 22
Proibido para maiores
E mais:
Veja uma pintura e desvende os
seus mistérios.
Passatempos mais do que divertidos.
Participe com suas ideias 1
itaucultural.org.br/continuum | participe com suas ideias

Para crianças de todas as idades
Se quem abriu esta revista é uma criança: seja bem-vinda! Fizemos uma edição especial, recheada de boas
surpresas. Respire fundo e vire as páginas. Lendo as nossas reportagens, você descobrirá muitas coisas
legais. Uma de nossas matérias, por exemplo, conta como é bom crescer, crescer e crescer até virar vovô.
Em outro texto, dê uma de detetive e descubra como
era a vida de artistas famosos quando tinham tão pouca
idade quanto a sua.
E sabe o Menino Maluquinho? Pois é, ele também está
na revista. Numa entrevista exclusiva, o garoto que
gosta de andar com uma panela na cabeça responde
às perguntas de leitores. A edição termina com
tirinhas criadas por João Montanaro, que aos 13
anos é uma revelação dos quadrinhos.
A palavra continnum, que dá nome à revista, aliás, significa continuidade, que quer dizer
algo que não acaba nunca. Por isso mesmo, esta edição dedicada às crianças
continua na internet com mais novidades para você, leitor mirim. Mas,
se por acaso quem abriu a revista é um adulto, seja bem-vindo
também. E não se esqueça de levar esta edição especial
aos pequenos.
Continuum Itaú Cultural Projeto gráfico Jader Rosa Edição Marco Aurélio Fiochi, Mariana Lacerda Redação André Seiti, Érica Teruel
Guerra, Thiago Rosenberg Revisão Polyana Lima, Samantha Arana Colaboraram nesta edição Ana Moraes, Augusto Paim, Beto Uechi,
Daniel Lourenço, Fábio Prikladnicki, Fernando Vilela, Ionit Zilberman, Isabel de Azevedo, João de Azevedo, João Montanaro, Laerte
Silvino, Marcia Misawa, Mariana Sgarioni, Micheliny Verunschk, Murilo Silva, Susana Tavares, Renato Moriconi, Rodrigo Silveira, Rubens
Paiva, Thaís Fonseca Agradecimentos Ana Cláudia Cavalcante Gomes, Ana Cláudia Machado Paim, André Zatz, Ângela Ilha Flores,
Carla Huffel, Coraci Ruiz, Cristina Ramalho, Dirce Carrion (ONG Imagem da Vida), Fundação Itaú Argentina (Anabella Ciana, José Pages);
Fundação Itaú Chile (Carolina Bueno, Kathi Muller), Fundação Itaú Uruguai (Fernanda Aricieta, Stella Elizaga), Karla Dunder, Laura Aires
Ferreira de Oliveira, Luiza Fagá, Marlene Lopes Afonso da Silva, Nelson Screnci, Núcleo de Educação do Itaú Cultural, Patrícia Moreno
Fernandes (Centro para Crianças e para Adolescentes Miosótis), Pinacoteca do Estado de São Paulo, Renata Bittencourt, Roberta Sant’
Anna Lessa, Secretaria de Educação do Município de Dilermando de Aguiar (RS), Yvonne Prieto, Ziraldo
capa ilustração: Ionit Zilberman
contracapa anúncio: Kultur Studio
2 Continuum Itaú Cultural
Tiragem 10 mil − distribuição gratuita, periodicidade bimestral. Sugestões e críticas devem ser
encaminhadas ao Núcleo de Comunicação e Relacionamento continumm@itaucultural.org.br. Jornalista
responsável Ana de Fátima Sousa MTb 13.554
Esta publicação segue as normas do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em 1990,
em vigor desde janeiro de 2009.
Participe com suas ideias 3
Ilustração: Daniel Lourenço
Receba a Continuum gratuitamente. Envie e-mail informando seu endereço para
continuum@itaucultural.org.br
ISSN 1981-8084 Matrícula 55.082 (dezembro de 2007)

22. Um papo de maluquinho
Os leitores entrevistaram o Menino Maluquinho, personagem de Ziraldo, e
descobriram por que ele tem macaquinhos no sótão.
6. Vamos brincar
de detetive?
Teste seus conhecimentos e desvende quem foram
as crianças que se tornaram grandes artistas.
12. Sob o olhar
das crianças
O Mercado Municipal de São Paulo é clicado
por pequenos fotógrafos.
18. Além do que se vê
Um quadro é muito mais que o desenho
numa tela. Descubra o que existe por trás de
uma pintura.
26. Vovôs arteiros
Saiba quem são os vovôs que, assim como
seus netos e netas, gostam de fazer arte.
30. Faça arte
com a Continnum
Conheça o tema da próxima edição e envie
cartas ou e-mails com sugestões, críticas e, é
claro, elogios.
26 38
32. Um mundo
para descobrir
Entre em itaucultural.org.br/continuum e
conheça coisas bacanas que preparamos
para você.
34. Trabalho do
amiguinho
Pintando o sete: veja a arte feita por leitores
da Continuum.
36. Para ler
e navegar
Games, livros, sites, músicas... Dicas para
ficar por dentro do universo da arte e
da cultura.
2009|22
4 Continuum Itaú Cultural
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46
38. Sertão Japão
O encontro especial de uma menina
que viajou em cima de um peixe e de
um garoto que voou em um pavão.
46. Passatempos
Divirta-se aprendendo sobre arte e cultura
em jogos desafiantes.
56. Antenas mirins
Livros e artistas que fazem a cabeça
das crianças.
58. Cartuns
Picasso volta à infância para pintar melhor.

Por Micheliny Verunschk | Ilustração Rodrigo Silveira Pirlimpimpim!
A gente sabe, mas às vezes esquece, que um
dia todo adulto já foi criança. Até gente famosa,
sabia? Pensando nisso, convidamos você para
um jogo. Que tal descobrir quem são essas
pessoas? Nós damos as pistas e você, fazendo
de conta que é um detetive, adivinha quem é.
Se quiser, pode chamar o papai e a mamãe para
serem seus assistentes nesta investigação.
Tente adivinhar quem é nosso primeiro adulto famoso:
Pista 1
Quando ele era criança, morou na roça e costumava imaginar que os legumes
eram brinquedos.
Pista 2
Ele também vivia lendo livros e ia sempre a um lugar chamado “biblioteca
do Visconde”.
Pista 3
Quando cresceu, virou escritor. E o que o fez ser querido pelas crianças foram
umas histórias sobre um sítio especial, onde moram uma menina de nariz
arrebitado, uma boneca de pano e um sabugo de milho muito sabido.
Ficou muito fácil, não é? Que tal encontrá-lo escondido no meio dos desenhos
da página anterior?
6 Continuum Itaú Cultural Participe com suas ideias 7

Viva la vida!
Pista 1
O título acima é sua primeira pista, esperto detetive! É o nome de um quadro
famoso, pintado pelo segundo adulto misterioso, que é uma mulher.
Pista 2
Ela nasceu e viveu no México. Aos 6 anos, ganhou o apelido de “perna-de-pau”,
pois ficou bastante doente e teve de começar a andar de muleta.
Pista 3
Quando virou adulta, pensou em ser médica. Depois de um acidente entre um trem
e o ônibus onde estava, ficou de cama por vários meses. Foi aí que se interessou
pela pintura e acabou se tornando uma grande artista.
Pista 4
A maioria dos seus quadros mostra... ela mesma!
Essa foi fácil, não?
Que tal agora fazer um desenho da artista na tela ao lado? Aposto que ela iria adorar!
8 Continuum Continuum Itaú Cultural Cultural
Participe com suas ideias 9

Ô abre alas!!!
Se você gosta de Carnaval, é bem possível
que conheça o terceiro adulto misterioso.
Pista 1
Ela compôs esta música (que faz sucesso
há 110 anos!):
Ô abre alas que eu quero passar!
Eu sou da Lira não posso negar,
Seu vovô e sua vovó com certeza já brincaram
muitos carnavais ao som desta
canção, então que tal pedir uma ajudinha
a eles?
Pista 2
Quando era criança, no Rio de Janeiro, ela
adorava tocar piano e, claro, brincar. Especialmente
as brincadeiras de roda, pois
sabia todas as cantigas.
Pista 3
Aos 11 anos, ela criou sua primeira música,
uma canção de Natal. O mais bacana
é que juntou instrumentos usados para
tocar música clássica, como piano e flauta,
aos ritmos populares brasileiros, cheios de
ginga. Ninguém tinha feito isso antes!
Para descobrir quem é, ordene as letras
vermelhas e forme o nome completo
desta artista.
Ele criou um mundo mágico
Pista 1
O último adulto misterioso nasceu em Chicago, Estados Unidos, em 1901. Era um menino
que adorava desenhar flores e animais.
Pista 2
Ele teve de começar a trabalhar cedo entregando jornais para ajudar a família. Às vezes,
algum adulto, com pena do seu esforço, dava um brinquedo a ele. Mas o presente
que mais queria só conseguiu comprar depois que cresceu: um trem de verdade, que
ele instalou no jardim de sua mansão.
Pista 3
Já deu para perceber que o cara ficou muito rico, aliás, ficou milionário! E sabe como
ele conseguiu isso? Desenhando!
Pista 4
Ele também era fã de cinema. Gostava tanto de filmes que, quando virou adulto, foi
trabalhar num estúdio de desenhos animados.
Pista 5
Um de seus personagens era um ratinho falante e orelhudo.
Já decifrou todas as dicas? Sabe de quem estamos falando?
Que tal anotar o nome do adulto misterioso na folhinha abaixo?
10 Continuum Itaú Cultural
Participe com suas ideias 11
Respostas: Monteiro Lobato, Frida Kahlo, Chiquinha Gonzaga, Walt Disney.

Sob o olhar
das crianças
O mundo na altura dos pequenos fotógrafos. O Mercado Municipal de
São Paulo foi fotografado em ensaio que mostra um diferente ponto
de vista.
Fotos Isabel de Azevedo e João de Azevedo [9 anos]
Coordenação Ana Moraes | Apoio Marcos Moraes
12 Continuum Itaú Cultural
Participe com suas ideias 13

Esta foto foi tirada com uma
câmera feita de uma caixa
de sapatos, numa técnica
chamada pin-hole.
14 Continuum Itaú Cultural Participe com suas ideias 15

Isabel, a Bebel, mora em São Paulo. Gosta de cantar e atuar e quer
ser atriz ou bióloga. Adorou a experiência de fotografar o Mercadão
paulistano por causa das diferentes cores de frutas, das vitrines e
das câmeras que pôde usar.
O João gosta de jogar futebol, videogame e tocar piano − até já fez
dois recitais. Durante a sessão no Mercadão, lanchou pizza e pastel,
comida que adora, e curtiu muito fazer as fotos.
16 Continuum Itaú Cultural Participe com suas ideias 17

Além do que se vê
Por Fábio Prikladnicki | Infográfico Rubens Paiva
Veja esta pintura.
Há muito mais coisas por trás dela do que se pode imaginar.
Vire a página e descubra!
18 Continuum Itaú Cultural Participe com suas ideias 19

Todos esses personagens são
parecidos com o homem que
aparece na obra Caipira
Picando Fumo, de 1893, do
artista Almeida Júnior
(1850-1899).
Almeida Júnior, Caipira Picando Fumo, 1893
pintura – óleo sobre tela 202 cm x 141 cm
acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo/Brasil
– transferido do Museu Paulista, 1905
E então, você prestou bastante atenção na imagem da
página anterior? Antes de saber um pouco mais sobre ela,
faça um exercício: na sua opinião, quem são os
personagens que aparecem pintados? Pensando nisso,
se você fosse o artista, que título daria ao trabalho?
O artista que criou este quadro se chama Nelson Screnci.
Ele batizou a obra de Os Excluídos. Você imagina por quê?
A semelhança não é por
acaso: Screnci se inspirou
na obra de Almeida Júnior
para fazer a sua. Esse
processo se chama
releitura. E isso não é
cópia, nem imitação, mas
um novo jeito de ver algo
já produzido.
O caipira era uma figura
típica da área rural, mas os
outros personagens
fazem parte da vida na
cidade e costumamos
vê-los no nosso dia a dia:
um cozinheiro, um
porteiro de prédio, um
frentista de posto de
gasolina, um garçom,
entre outros.
Mas o que eles têm em
comum? Uma das
respostas é que todos,
de acordo com o
artista, têm uma vida
difícil, com pouco
dinheiro e poucas
oportunidades. Por
essa razão, o título que
o artista deu à obra é
Os Excluídos.
Antes de usar a tinta, o
artista desenhou os
contornos dos personagens
com lápis preto. Só depois
os coloriu. Isso dá a
impressão de que eles são
pessoas de antigamente, da
mesma época do caipira.
Um dos recursos usados na
pintura é a repetição.
Colocando imagens lado a
lado, ela mostra melhor as
semelhanças e as diferenças.
Os personagens têm algo em
comum (são “excluídos” e
estão todos na mesma
posição), mas também têm
suas diferenças: cada um com
sua profissão, suas roupas, seu
jeito próprio. Assim, eles
aparecem com cores de fundo
diferentes.
Para fazer esta pintura, Screnci
usou tinta acrílica, que é
parecida com o guache, que
você já deve ter usado na
escola. Os tipos de tinta mais
utilizados pelos artistas
profissionais são a acrílica e a
tinta a óleo. A vantagem da
acrílica (e do guache também)
é que ela seca mais rápido e
não tem substâncias tóxicas.
20 Continuum Itaú Cultural Participe com suas ideias 21

Da Redação | Desenhos Ziraldo
Muito brincalhão e danado, o Menino Maluquinho usa uma panela na cabeça. Deita, rola,
pinta e borda, se empanturra de cocada e bolo. Faz festa o tempo todo. Ele nasceu em
1980, quando um senhor de sobrancelhas largas e cabeleira branca, mestre do desenho,
lhe deu vida. Até hoje, o Menino Maluquinho segue encantando a criançada.
Ele brinca demais, come demais, corre demais. E, apesar da sua agenda cheia, esse
personagem especial da literatura para crianças resolveu sair dos livros. E sabe para quê?
Para responder as perguntas dos pequenos leitores da Continuum, nesta entrevista.
Se você tivesse um microfone gigante, o
que diria para todas as crianças do Brasil?
Ler é mais importante do que estudar.
Por que você é tão maluquinho? (Irene
Calheiros, São Paulo)
Acho que é porque tenho macaquinhos
no sótão, vento nos pés, o olho maior do
que a barriga, fogo no rabo...
Por que você usa uma panela na cabeça?
(Anna de Araújo, Recife)
Para brincar de soldado. Só que eu sempre
sou o comandante e não fica bem
usar um quepe de papel.
22 Continuum Itaú Cultural Participe com suas ideias 23

O que significam os macaquinhos no
sótão? E por que você ganha sempre
no futebol? (Pedro de Araújo, Recife)
O sótão é aquela parte da casa que fica
entre o forro e o telhado. Uma casa com o
sótão cheio de macaquinhos ia ficar maluca,
né não? Eu ganho sempre no futebol
porque, modéstia à parte, sou um craque.
Como você consegue cuidar de dez
namoradas sem uma saber da outra?
(Anna de Araújo, Recife)
Todas sabem umas das outras.
Menino Maluquinho, e hoje, o que
você tem no sótão? (Adriana Peliano,
São Paulo)
Macacões.
O que você acha do aquecimento global?
E o que as crianças podem fazer
para ajudar a salvar o planeta?
Ia ser muito bom se a gente pudesse fazer
alguma coisa. O que podemos fazer,
agora, é cobrar dos adultos, dos nossos
pais, dos professores, para que
façam tudo direito. E ficar atentos
para que cada um de nós, menino
ou menina, cresça como
bons cidadãos.
Quando o Menino Maluquinho deixar
de ser um menino, ele irá se transformar
em um adulto bem doidinho?
Como será?
Eu vou ser um cara legal, pode crer.
O que você diria para as crianças que
trocam as brincadeiras da rua, como
futebol e esconde-esconde, pelo
videogame e pela televisão?
Vocês não sabem o que estão perdendo.
Depois, vão crescer e ficar repetindo: “Ah,
meu Deus, eu não soube aproveitar a minha
infância!”.
Qual a pergunta mais maluquinha que
você sempre quis que fizessem para
você? E qual seria a resposta?
Nunca quis que me fizessem perguntas
maluquinhas, mas adoro adivinhas. Por
exemplo: você sabe o que é um pontinho
vermelho dentro da lagoa?
Um jacared.
24 Continuum Itaú Cultural Participe com suas ideias 25

Por Mariana Sgarioni | Ilustração Marcia Misawa
Eles desenham, escrevem livros, fazem mágica e até aparecem na tela do cinema.
O mais bacana é que ainda pintam e bordam com os netos.
O avô da Nina sabe fazer mil coisas interessantes. Por exemplo: ele desenha superbem.
Tanto que desenhou ela própria aos 7 anos de idade, no livro chamado
Menina Nina. Ele também sabe contar histórias tão bacanas que elas já foram
parar no teatro e no cinema. O avô da Nina é o Ziraldo, aquele que inventou o
Menino Maluquinho.
Além da Nina, que hoje tem 16 anos, ele é avô da Alice, de 14, do Vicente e
do Miguel, de 11, da Manuela, de 8, e do Joaquim, de 5 anos. “O que meu avô
mais gosta é colocar todos os netos dentro do carro e levar para passear, para
conhecer lugares como os museus”, conta Nina.
O Ziraldo tem esse nome engraçado porque a mãe dele se chamava Zizinha e o pai
Geraldo. Resolveram juntar os dois nomes, o Zi da mãe e o Raldo do pai. O resultado,
adivinha! Ziraldo.
Umas das pessoas mais importantes na vida do Ziraldo foi o avô, o seu Hortêncio, que
virou personagem principal de seu livro O Menino e Seu Amigo. “Meu avô era um homem
muito criativo. Ele escolheu nomes fantásticos para suas filhas. A primeira chamou de Ia,
que é o menor nome do mundo, e a segunda de Zizinha.”
O seu Hortêncio adorava mostrar aos amigos como o neto Ziraldo era inteligente. Hoje
o vovô Ziraldo faz a mesma coisa com o neto Vicente, que gosta tanto de ler que sempre
dorme agarrado aos livros. O vovô coruja gosta também de mostrar as habilidades do
caçula Joaquim, que aos 5 anos já sabe tocar berimbau e bateria. Legal esse vovô, não é?
Foto: Fabio Heizenreder/Editora Abril
26 Continuum Itaú Cultural Participe com suas ideias 27

Vovô no palco
O avô da Clara também gosta muito de escrever. Ele cria peças de teatro e
dirige filmes para o cinema – só que para adultos. O nome dele é Domingos
de Oliveira. Em um desses filmes, chamado Separações, a Clara aparece
bem rapidinho, quando ainda era um bebê. “Eu não me lembro dele me filmando.
Mas ele gosta bastante de nos fotografar”, diz ela, de 9 anos, filha da
atriz e também escritora Maria Mariana. A Clara tem outros três irmãos:
Laura, de 7 anos, Gabriel, de 5, e Isabel, de 2.
“O vovô aqui é uma figura respeitada”, conta Domingos.
“Por isso, precisei ensaiar muito para não fazer feio com
meu último presente”, diz, ao lembrar da incrível caixa de
mágicas que comprou para os netos no último aniversário
deles. Olhem que coincidência, todos os netos de Domingos
completam anos no mesmo mês, em fevereiro.
Já deu para ver que essa turma reunida faz a maior festa,
né? Tanto que o vovô Domingos se esquece de
ficar sério e se derrete todinho. Sabe por quê? Para
ele, toda a sabedoria do mundo está nas mãos das
crianças. “As crianças estão mais perto daquilo que
chamam de Deus. Por isso gosto tanto delas”, diz
ele. Então, que tal convidar seu avô para voltar a ser
criança – nem que seja só um pouquinho?
Fotos: acervo pessoal
Cada um apronta do seu modo
Alguns vovôs podem não ser artistas, mas mostram
ter muito talento naquilo que fazem.
Vovô dentista: quer coisa mais
linda do que uma gargalhada
bem gostosa? Se o seu avô é
dentista, é ele que ajuda a fazer
dos sorrisos obras-primas. Afinal,
quem tem dentes bem cuidados
não tem medo de sorrir.
Vovô jardineiro: o seu avô deixa
o mundo mais colorido. Ele é
um verdadeiro pintor – de suas
mãos brotam novas árvores, flores
coloridas e enormes gramados
prontos para o futebol.
Vovô sapateiro: esta profissão
é muito especial, pois ajuda
as pessoas a pisar no chão
com firmeza e andar por aí
para conhecer o mundo. Sem
um bom par de sapatos feito
pelo seu avô, muita gente não
iria tão longe.
Vovô engenheiro: sabe aquelas
pontes tão altas que até assustam?
Elas foram feitas, com muito
cuidado, pelos vovôs engenheiros.
Por isso, você não precisa ter
medo na hora de atravessar!
28 Continuum Itaú Cultural Participe com suas ideias 29

Faça arte com a
Continuum!
Você gosta de desenhar? Costuma brincar com a máquina fotográfica?
Acha divertido escrever histórias? Toca algum instrumento musical?
Se a resposta for sim, então você também pode ser um artista!
Mostre seu talento aos leitores da revista Continuum. É só enviar suas obras de
arte para o e-mail participecontinuum@itaucultural.org.br. Podem ser
desenhos, fotografias, contos, poemas, músicas... Qualquer coisa!
Depois disso, é só entrar no nosso site: itaucultural.org.br/continuum. Seu
trabalho vai estar lá – pra todo mundo ver!
Músicos de todas as idades podem participar do concurso Canções
para Arteiros. Basta criar uma música que fale às crianças sobre o
mundo da arte.
As canções podem ser enviadas (também para
participecontinuum@itaucultural.org.br) até o dia
20 de outubro. As melhores serão publicadas no
nosso site. E o primeiro colocado ainda ganha
um prêmio! O regulamento completo está
em itaucultural.org.br/continuum.
Ilustração Susana Tavares
30 Continuum Itaú Cultural Participe com suas ideias 31

Um mundo para
descobrir
Jogos, atividades, histórias e músicas esperam por você no site
Continuum Criança.
Desafie sua memória e seus conhecimentos em jogos exclusivos,
conheça histórias engraçadas e assustadoras e se divirta ao som
da trilha de Plunct Plact Zum, Vila Sésamo e Sítio do Picapau Amarelo,
entre muitas outras!
E você pode participar dizendo qual é o filme, o desenho ou o
jogo que mais gosta ou enviando pra gente uma foto que você
mesmo tirou!
Acesse itaucultural.org.br/continuum a partir de 15 de setembro.
Ilustração Murilo Silva
32 Continuum Itaú Cultural
Participe com suas ideias 33

Trabalho do amiguinho
O Laerte Silvino, leitor da Continnum, mandou estes desenhos em
homenagem a todas as crianças.
Acesse itaucultural.org.br/continuum a partir de XXXXXX
Ilustração Murilo Silva
34 Continuum Itaú Cultural Participe com suas ideias 35

Para ler e navegar
Dicas para ficar por dentro do mundo da arte e da cultura
MÚSICA
Pequeno Cidadão, de Antonio Pinto, Arnaldo Antunes, Edgard Scandurra e Taciana Barros
(Optical Media, 2009)
Criado por quatro grandes artistas brasileiros, o CD traz canções feitas para os filhos deles.
Rock, samba e música eletrônica são alguns dos sons que estão neste trabalho.
LIVRO
Exercícios de Ser Criança, de Manoel de Barros (Salamandra,
48 páginas, 1999)
Um menino que carregava água na peneira e uma menina que
viajava a bordo de um caixote com rodas de lata são os personagens
de dois poemas recheados de ingenuidade. As ilustrações,
bem diferentes, foram feitas de bordados, como a capa
desta revista.
Eu que Fiz, de Ellen e Julia Lupton (Cosac Naify, 152 páginas, 2007)
Nos tempos de seus avós, quase tudo era feito em casa: roupas,
brinquedos, acessórios... Saiba que isso ainda é possível! Este manual
prático ensina a desenvolver projetos caseiros, dando utilidade
a objetos em desuso.
GAMES
Letroca (acesse o site fulano.com.br e encontre o link do game no menu à esquerda)
Você é bom com as palavras? Então, teste seus conhecimentos formando o maior número
de palavras possível com diferentes combinações de letras.
Bejeweled (popcap.com/gamepopup.php?theGame=diamondmine)
O jogo é simples e lembra um pouco o tradicional Tetris: você deve mover as peças de
um tabuleiro para que elas formem, no mínimo, sequências de três itens iguais. A cada
combinação, as peças são eliminadas e substituídas por outras.
Chronotron (xgenstudios.com/game.php?keyword=chronotron)
Jogo que exige muita atenção e raciocínio. Um robô, que pode retornar ao passado, deve
fazer diversas tarefas que desafiam qualquer noção de espaço-tempo.
INTERNET
unicefkids.org.br
Quer aprender e se divertir ao mesmo tempo? O site mirim do Fundo das Nações Unidas
para a Infância (Unicef ) tem de tudo: de informações sobre os direitos infantis a jogos
educativos, passando por vídeos e enquetes. Destaque para os fóruns que contam com
depoimentos de crianças de várias regiões do Brasil.
animamundi.com.br
Um morcego de duas cabeças que é perturbado por
uma fadinha. Fantasmas que habitam o metrô de Nova
York, nos Estados Unidos. Um gato e um elefante que
têm seu dia a dia mudado por um peixe. Você pode assistir
a essas e a muitas outras histórias em animações
(de várias partes do mundo) no site do festival Anima
Mundi. E é tudo de graça.
36 Continuum Itaú Cultural
Participe com suas ideias 37

Sertão Japão
Texto e ilustração por Fernando Vilela
Foi numa noite estrelada
de festa de São João.
A fogueira ali armada,
gente tomando quentão.
Lá eu tive um lindo encontro,
que marcou meu coração.
Bem ao lado da fogueira
ela estava a me olhar.
Branquinha de olhos puxados;
decidi me aproximar.
Quando estávamos bem perto,
nós tentamos conversar.
O problema era que ela
não entendia português.
Percebi em duas frases
que falava japonês.
“Essa língua eu não conheço!
Não conto nem até três.”
38 Continuum Itaú Cultural Participe com suas ideias 39

Mas a princesa me olhou.
Queria se comunicar.
Tirou da bolsa papéis,
era esperta pra danar.
Sentou-se logo no chão,
começou a desenhar.
Uma carpa gigantesca
e vermelha ela pintou.
A história que contava
foi de como aqui chegou.
Veio com sua família,
muitos bichos enfrentou.
Depois eu contei a ela,
rabisquei com emoção.
Mostrei que eu conhecia
todo aquele meu sertão,
pois voei durante meses
na cauda de um pavão.
40 Continuum Itaú Cultural Participe com suas ideias 41

A conversa ficou boa
quando deu uma mistura.
Falamos de tudo um pouco,
cada um da sua cultura.
Do peixe cru do sushi,
do doce da rapadura.
A família da branquinha
logo se aproximou.
Sorriram todos pra mim
e ela se levantou.
Era hora de ir embora.
Com a cabeça acenou.
42 Continuum Itaú Cultural Participe com suas ideias 43

Nunca mais eu esqueci
este encontro encantado.
Fiquei com muita saudade,
triste e apaixonado.
Um dia eu a visito.
Vou no meu pavão alado.
44 Continuum Itaú Cultural Participe Participe com com suas suas ideias ideias 45

Passatempos
Criação Thaís Fonseca e Beto Uechi
Continue o desenho
O parque fica mais animado colorido! Termine os traços e pinte a figura para deixar
o lugar bem divertido.
Cartão-Postal
Para esta atividade, você precisa de cola branca e tesoura sem ponta.
Recorte o contorno de cada objeto e o limite da moldura. Depois, é só colar as
figuras dentro da paisagem. No verso, você assina e coloca o nome da pessoa que
irá receber o seu cartão.
46 Continuum Itaú Cultural Participe com suas ideias 47

Jogo dos sete erros
Tem algo estranho na cena e não é a banda
de jazz de bichos. Compare as figuras
para encontrar os sete erros escondidos.
48 Continuum Itaú Cultural Participe com suas ideias 49

Cruzadinha das cores
Para preencher os quadradinhos da cruzada, encontre a resposta certa de cada frase.
Uma dica: cada palavra é uma cor.
1– Alimento doce e saboroso que dá
nome a um tom de marrom.
2 – Cor da gema do ovo.
3 – As florestas costumam ter muito
desta cor.
4 – Cor de uma pantera muito
conhecida pelas crianças.
5 – Tom de roxo que dá nome a
uma flor.
6 – Resultado da mistura do vermelho
com o amarelo.
7 – Cor conhecida pela clareza máxima.
8 – Fruto que dá nome a uma cor de
tom alaranjado.
9 – Nome do grupo de cores
associado à sensação de calor.
10 – Muitas pessoas têm esta cor de
olhos.
11 – Os apaixonados costumam enviar
rosas desta cor como presente.
12 – Quando vai chover, é comum
dizer que a nuvem tem esta cor.
13 – A cor do céu em um dia bonito.
14 – A mais escura de todas as cores.
Respostas: 1. chocolate, 2. amarela, 3. verde, 4. rosa, 5. violeta,
6. laranja, 7. branca, 8. abóbora, 9. quente, 10. castanho, 11.
vermelha, 12. cinza, 13. azul, 14. preta
50 Continuum Itaú Cultural Participe com suas ideias 51

Encontre os objetos
As crianças querem fazer uma colagem, mas antes
têm de reunir o material. Marque com um lápis os
objetos que elas precisam encontrar no meio das
figuras do quarto.
Elas querem encontrar....
Livro azul, tesoura, tubo de cola, lápis, régua, caderno,
caixa de lápis de cor, pincel, tubinho de tinta,
montinho de lantejoulas.
Carta enigmática
Quer saber o que os primos estão
combinando para as férias? Decifre
as palavras para ler a carta.
52 Continuum Itaú Cultural Participe com suas ideias 53

Passo a passo
Faça você mesmo a sua máscara de robô.
Fotos Edouard Fraipont
Materiais
Caixa de leite (lavada e seca), tesoura sem
ponta, grampeador, barbante e caneta.
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Desenhe o olho, o nariz e a boca da máscara.
Os olhos são dois quadrados pequenos
e o nariz só é recortado na parte de
baixo e nas laterais.
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Recorte as laterais de cima e de baixo
da caixa de leite e faça um corte reto no
meio da embalagem, para abri-la. Acerte
as bordas como num retângulo.
Depois de recortar os olhos, o nariz e
a boca, faça um risco na diagonal em
cada um dos quatro cantos da caixa
(mas deixe um espaço sem recortar entre
as pontas, como na foto). Em seguida,
faça três linhas pontilhadas na parte
da testa e do queixo.
Recorte as quatro pontas e faça um corte
em cima dos pontilhados. As tiras serão
usadas para dar forma à máscara.
Junte as tiras e grampeie-as. Faça o mesmo
do outro lado.
Com tesoura, faça um furo nas laterais, na altura dos olhos do robô. Amarre o barbante
nos furos para usar a máscara.
Pronto!
Se quiser, decore com colagens ou crie caras engraçadas
com papéis de outra cor.
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Máscara ensinada pela arte-educadora Márcia Brito, do Atelier Caixadagua33 (caixadagua33.com).

Antenas mirins
Quer ler um livro e não sabe qual? Quer conhecer as artes visuais e não sabe por onde começar?
Confira as sugestões de quatro pequenos leitores.
Ilustração Renato Moriconi
Gosto bastante das pinturas do
Monet. Elas são lindas, criativas e
muitas foram feitas ao ar livre. De
longe, parecem uma coisa com formas,
mas, quando chegamos perto,
parecem uns borrões malfeitos. Acho
que outras crianças deviam conhecer
a arte dele porque talvez comecem
a se interessar por aprender técnicas
e fazer pintura. E, quando crescer,
podem até ser pintores ou pintoras
como ele.
Violeta Silveira Ruiz, 8 anos, Campinas
O livro que eu indico é o que estou lendo
agora: Lua Nova (editora Intrínseca,
2009), segunda parte da série Crepúsculo,
da Stephenie Meyer. A Bella, no primeiro
livro, se apaixona pelo Edward e descobre
que ele é um vampiro. Ela corre perigo,
mas os dois se amam. No segundo livro,
ele e a família têm que ir embora. E,
até onde eu li, ela fica meio deprê. Todo
mundo poderia ler esse livro, mas sei que
tem gente que não gosta. A história é viciante.
Leva você a outro mundo. Gosto
de ler porque é uma coisa tranquila, você
fica no seu canto, numa boa. E também
não depende do clima, dá para fazer com
chuva ou com sol.
Ana Carolina Yamamoto, 11 anos, São Paulo
As obras dos artistas Lygia Pape e Cildo Meireles são muito bonitas. Lygia tem um
trabalho com uns fiozinhos bem fininhos que parece que atravessam uns nos outros mas
na verdade é efeito da luz. E Cildo fez umas salas pintadas de várias cores. E quando você
entra nelas tem sensações diferentes. Acho que as pessoas não deviam deixar de conhecer
esses dois artistas. Se um dia houver exposição com eles, não perca.
Beatriz Maia dos Anjos, 11 anos, Recife
Imagine
que você e
sua família vão fazer
um passeio para conhecer
a história do Rio de Janeiro e
acabam entrando num túnel do
tempo. É isso o que acontece com a
menina Ludi, seus dois irmãos, seus pais e
ainda a empregada muito querida por eles. A
família é levada a 1904, quando o prefeito, Pereira Passos, resolve tornar obrigatória a
vacina contra a febre amarela. O povo não gosta da ideia e se revolta. E Ludi também não
gosta do que o prefeito está fazendo e se mete na história. Entre pessoas muito importantes
do início do século XX, ela acaba ficando amiga do escritor Machado de Assis, o primeiro a
perceber que a família não é daquele tempo.
O livro – Ludi na Revolta da Vacina (editora Salamandra, 1999) –, escrito por Luciana Sandroni, nos
leva a grandes aventuras. Recomendo a todos os que gostam de ler e se aventurar. E ainda dá para
aprender um pouco da história do Rio de Janeiro e do Brasil. É realmente uma viagem no tempo!
Maria Eduarda Sant’ Anna Lessa, 11 anos, Rio de Janeiro
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Cartuns João Montanaro
João tem 13 anos e nasceu em São Paulo. Ele diz que cria seus desenhos para que as
pessoas sintam cócegas no raciocínio. Veja mais em porjoao.blogspot.com.
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