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De Portugal – “O Mártir” – (1863-1908)

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ALGUNS DADOS<br />

BIOGRÁFICOS<br />

Retrato oficial do rei.<br />

<strong>1863</strong> Nasce D. Carlos, filho de D.<br />

Maria Pia e de D. Luis<br />

1886 Casa com D. Amélia de Orleães<br />

1889 Sucede a D. Luís como Rei<br />

1890 Ultimato inglês a <strong>Portugal</strong><br />

devido ao Mapa cor-de- rosa devido<br />

ao Mapa cor-de- rosa<br />

D.CARLOS I<br />

<strong>De</strong> <strong>Portugal</strong> <strong>–</strong> <strong>“O</strong> <strong>Mártir”</strong> <strong>–</strong> (<strong>1863</strong>-<strong>1908</strong>)<br />

1891 Golpe republicano no Porto (31<br />

de Janeiro)<br />

1892 Grandes dificuldades<br />

financeiras do Estado<br />

1887 É retomada a rotação dos<br />

partidos Progressista e Regenerador.<br />

“Filho de D. Luís e de D. Maria Pia de Sabóia, casou (1886) com<br />

D. Maria Amélia de Orleães, filha dos condes de Paris. Teve uma<br />

educação cuidada, adquirindo uma sólida cultura e gostos requintados.<br />

Tendo iniciado o seu reinado em 1889, enfrentou, logo em 1890, o<br />

impacto do ultimato inglês com toda a onda emotiva que levantou e que<br />

favoreceu a ascensão do republicanismo. Nos anos seguintes, a agitação<br />

nas colónias obrigou a sucessivas intervenções militares que se<br />

saldaram, no entanto, de uma forma geral, por vitórias. Do ponto de<br />

vista da política externa regularizaram-se as relações diplomáticas com<br />

a Inglaterra e com o Brasil e <strong>Portugal</strong> reforçou a sua posição<br />

internacional com visitas do monarca aos principais países europeus e<br />

com a vinda a <strong>Portugal</strong> dos chefes de Estado da Inglaterra, Espanha,<br />

Alemanha e França. Uma das decisões políticas de D. Carlos com mais<br />

pesadas consequências foi o convite, face ao esgotamento do<br />

rotativismo partidário, a João Franco para formar governo (1906), o que<br />

levou ao encerramento do Parlamento e ao início de um período de<br />

ditadura. Com ela cresceu a oposição republicana (que em 28 de Janeiro<br />

de <strong>1908</strong> tenta um movimento revolucionário) e a repressão. É nesse<br />

clima de agitação que se explica o atentado de 1 de Fevereiro de em que<br />

foi assassinado, no Terreiro do Paço, juntamente com o herdeiro, Luís<br />

Filipe. Foi um pintor de mérito, tendo conquistado vários prémios em<br />

competições internacionais. No campo científico, colaborou em<br />

investigaçõse oceanográficas e interessou-se pela ornitologia, tendo<br />

escrito e ilustrado um estudo sobre as aves em <strong>Portugal</strong>.”<br />

Oliveira, Leonel (dir.) - Carlos (sem autor), in Nova Enciclopédia Larrousse,<br />

Círculo de Leitores, 1996.<br />

ALGUNS FACTOS DA VIDA DO REI<br />

1906 Fim da rotação partidária com a<br />

subida de João Franco ao poder<br />

(ditadura)<br />

1907 D. Carlos mantém João Franco<br />

no governo, apesar da contestação da<br />

elite política<br />

1907 Inicia-se uma conspiração entre<br />

políticos republicanos e monárquicos<br />

para derrubar D. Carlos (Julho)<br />

<strong>1908</strong> D. Carlos e o Princípe herdeiro<br />

D. Luis Filipe são assassinados no<br />

Terreiro do Paço, ao regressarem de<br />

Vila Viçosa.


A CAÇA<br />

AS OUTRAS FACETAS DO REI<br />

A OCEANOGRAFIA<br />

A ORNITOLOGIA<br />

A bordo do iate D. Amélia<br />

O iate Amélia. Imagem do desenho oferecido pelo rei D. Carlos a Alexandre Girard como<br />

recordação da campanha oceanográfica de 1896. (fonte: PAILLER, Jean - D. Carlos I, Rei de<br />

<strong>Portugal</strong>: destino maldito de um rei sacrificado. Lisboa: Bertrand Editora, 2002)<br />

El-Rei D. Carlos, em 1907, na tapada de Vila Viçosa, pronto para a caçada


Praia de Cascais<br />

1906, aguarela<br />

Casa-Museu Anastácio Gonçalves Lisboa, <strong>Portugal</strong><br />

O REI PINTOR<br />

O Sobreiro<br />

1905, pastel sobre cartão<br />

Palácio Ducal - Fund. da Casa de Bragança Vila Viçosa, <strong>Portugal</strong>


1 de Fevereiro de <strong>1908</strong><br />

MATARAM O REI!<br />

Reconstituição do regicídio publicada em Paris<br />

pelo Petit Jornal.<br />

Pelas 17 horas no Terreiro<br />

do Paço em Lisboa, o rei<br />

D. Carlos e o Príncipe<br />

herdeiro D. Luís Filipe<br />

foram assassinados com<br />

tiros de uma pistola<br />

automática Browning FN,<br />

calibre 7,65, modelo 1900<br />

e uma carabina<br />

Winchester de 1907 por<br />

dois (ou três?)<br />

simpatizantes da causa<br />

republicana Manuel Buíça<br />

e Alfredo Costa, mortos,<br />

em seguida pela polícia.<br />

O REGÍCIDIO VISTO PELO REI SUCESSOR: O REI D.MANUEL II (excerto do seu diário)<br />

«No dia 1 de Fevereiro regressavam suas Majestades EI-Rei D. Carlos I, a rainha, a Senhora Dona Amélia, e Sua Alteza o Príncipe Real,<br />

de Vila Viçosa onde ainda tinham ficado. Eu tinha vindo cedo (uns dias antes) por causa dos meus estudos de preparação para a Escola<br />

Naval. [...] Na capital estava tudo num estado de excitação extraordinária. [...] <strong>De</strong>pois do almoço estive a tocar piano muito contente<br />

porque naquele dia dava-se pela primeira vez o Tristão e Isolda de Wagner no teatro de S. Carlos. [...] Pouco depois recebi um telegrama<br />

da minha adorada Mãe dizendo-me que tinha havido um descarrilamento na Casa Branca, que não tinha acontecido nada, mas que vinham<br />

com três quartos de hora de atraso. [...] <strong>De</strong>i graças a <strong>De</strong>us, mas nem me passou pela mente, como bem se pode calcular, o que havia de<br />

acontecer. [...]<br />

«Um pouco depois das 4 horas sal do Paço das Necessidades num landau com o visconde de Asseca em direcção ao Terreiro do Paço. [...]<br />

Finalmente chegou o barco em que vinham meus pais e meu irmão. Abracei-os e viemos seguindo até à porta [...], entrámos para a<br />

carruagem os quatro.<br />

No fundo a minha adorada Mãe dando a esquerda ao meu pobre Pai. O meu chorado Irmão diante do meu Pai e eu diante da minha Mãe. O<br />

que agora vou escrever é o que me custa mais: ao pensar no momento horroroso que passei confundem-se-me as ideias. Que tarde e que<br />

noite mais atroz! Saímos da estação bastante devagar. Minha Mãe vinha-me a contar como se passou o descarrilamento na Casa Branca<br />

quando se ouviu o primeiro tiro no meio do Terreiro do Paço, mas que eu não ouvi. Era sem dúvida o sinal para começar aquela<br />

monstruosidade. [...]<br />

«Eu estava olhando para o lado da estátua de D. José e vi um homem de barba preta com um grande gabão. Vi esse homem abrir a capa e<br />

tirar uma carabina. Estava tão longe de pensar num horror destes que disse para mim mesmo: «Que má brincadeira.» O homem saiu do<br />

passeio e veio pôr-se atrás da carruagem e começou a fazer fogo. [...] Logo depois de o Buiça ter feito fogo (que eu não sei se acertou)<br />

começou uma perfeita fuzilada como numa batida às feras. [...] Saiu de baixo da arcada do Ministério um outro homem que desfechou uns<br />

poucos de tiros à queima-roupa sobre o meu pobre Pai. Uma das balas entrou pelas costas e outra pela nuca, o que o matou<br />

instantaneamente. [...] <strong>De</strong>pois disto não me lembro quase do resto: foi tão rápido! Lembro-me perfeitamente de ver minha adorada e<br />

heróica Mãe de pé na carruagem com um ramo de flores na mão gritando àqueles malvados animais: "Infames, infames."<br />

«A confusão era enorme. [...] Vi o meu Irmão em pé dentro da carruagem com uma pistola na mão. [...]<br />

«<strong>De</strong> repente, já na rua do Arsenal, olhei para o meu queridíssimo Irmão. Vi-o caído para o lado direito com uma ferida enorme na face<br />

esquerda, de onde o sangue jorrava como de uma fonte. Tirei um lenço da algibeira para ver se lhe estancava o sangue. Mas que podia eu<br />

fazer? O lenço ficou logo como uma esponja. [...]<br />

Eu também fui ferido num braço por uma bala. Faz o efeito de uma pancada e um pouco de uma chicotada. [...]<br />

«Agora que penso neste pavoroso dia e no medonho atentado parece-me e tenho quase a certeza (não quero afirmar porque nestes<br />

momentos angustiosos perde-se a noção das coisas) que eu escapei por ter feito um movimento instintivo para o lado esquerdo. [...]»


D. MANUEL II<br />

O último rei de <strong>Portugal</strong><br />

Em virtude do assassínio de seu pai e do irmão mais velho tornou-se<br />

inesperadamente rei de <strong>Portugal</strong> em 1910. Não tinha experiência política nem fora<br />

educado para reinar.<br />

Simpático e pacífico, empenhou-se na criação de um ambiente de<br />

apaziguamento político. No entanto, os ministérios eram constantemente abalados<br />

pelas facções em luta, pelas tempestades parlamentares pelas diatribes da imprensa e<br />

pelos interesses políticos já muito já muito determinados.<br />

Em 5 de Outubro de 1910, a Monarquia foi substituída pela República,<br />

obrigando o Rei a exilar-se em Inglaterra. Casou mas não teve descendência.<br />

<strong>De</strong>dicou-se à música e ao estudo dos livros impressos em <strong>Portugal</strong> nos séculos XV e<br />

XVI.<br />

Morreu em 1932 em Inglaterra.<br />

Oliveira, Leonel (dir.) - Carlos (sem autor), in Nova Enciclopédia Larrousse, Círculo de Leitores, 1996.<br />

Professoras Helena Lopes e Elisabete Cristóvão <strong>–</strong> Projecto Páginas do Tempo

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