gulbenkian

gulbenkian gulbenkian

students.ncl.ac.uk
from students.ncl.ac.uk More from this publisher
17.04.2013 Views

14 e 15 Maio 2009 Grande Auditório temporada gulbenkian demúsica 2008 · 2009 Coro Gulbenkian Orquestra Gulbenkian Coro Infantil da Academia de música de Santa Cecília Lawrence Foster maestro Alexandra mendes violino Stephanie Friede soprano 1

14 e 15<br />

Maio 2009<br />

Grande Auditório<br />

temporada<br />

<strong>gulbenkian</strong><br />

demúsica 2008 · 2009<br />

Coro Gulbenkian<br />

Orquestra Gulbenkian<br />

Coro Infantil da Academia<br />

de música de Santa Cecília<br />

Lawrence Foster maestro<br />

Alexandra mendes violino<br />

Stephanie Friede soprano<br />

1


Fundação Calouste Gulbenkian<br />

seRViÇO De música<br />

director<br />

Risto Nieminen<br />

director adjunto<br />

Miguel Sobral Cid<br />

consultor<br />

Carlos de Pontes Leça<br />

musica@<strong>gulbenkian</strong>.pt<br />

www.musica.<strong>gulbenkian</strong>.pt


14<br />

quinta 21h<br />

Grande Auditório<br />

15<br />

sexta 19h<br />

Grande Auditório<br />

Orquestra Gulbenkian<br />

Coro Gulbenkian<br />

Orquestra Gulbenkian<br />

Coro Infantil da Academia<br />

de música de Santa Cecília<br />

Lawrence Foster maestro<br />

Alexandra mendes violino<br />

Stephanie Friede soprano<br />

ernest bloch<br />

Baal Shem: Três Quadros da Vida Hassídica,<br />

para violino e orquestra<br />

1. Vidui (Contrição)<br />

2. Nigun (Improvisação)<br />

3. Simchas Torah (Júbilo)<br />

Franz Waxman<br />

A Canção de Terezín*<br />

1. On a Sunny Evening<br />

2. Forgotten<br />

3. The Little Mouse<br />

4. Bird Song<br />

5. Now It’s Time<br />

6. Concert in the Old School Garret<br />

7. The Garden<br />

8. Finale<br />

Intervalo<br />

ludwig van beethoven<br />

Sinfonia Nº 5, em Dó menor, op. 67<br />

1. Allegro con brio<br />

2. Andante con moto<br />

3. Allegro<br />

4. Allegro<br />

* 1ª Audição em Portugal<br />

1<br />

MaiO 09


ernest bloch<br />

Genebra, 24 de Julho de 1880<br />

Portland, EUA, 15 de Jullho de 1959<br />

Baal Shem: Três Quadros da Vida Hassídica,<br />

para violino e orquestra c. 15 min.<br />

Música, ritual e identidade judaica: o Baal Shem de Ernest Bloch<br />

A integração da produção do compositor americano nascido na Suíça Ernest<br />

Bloch no circuito transnacional de concertos enquadra-se numa estratégia de<br />

recuperação de repertórios menos divulgados relacionada com modificações<br />

desse circuito a partir dos finais do século XX. Essas mudanças implicaram a<br />

expansão do cânone erudito vigente à época, introduzindo maior variedade<br />

nos programas de concerto. Contudo, um aspecto significativo da recuperação<br />

das obras de Bloch encontra-se relacionado com a sua identidade judaica. Num<br />

período de reavaliação historiográfica e musicológica dos repertórios, têm vindo<br />

a ser divulgadas obras de compositores/compositoras enquadrados numa marginalidade<br />

aos cânones estabelecidos a partir do último terço do século XIX.<br />

Um dos eixos mais relevantes nesse processo é a recuperação da obra de<br />

compositores judeus activos entre o final do século XIX e meados do século<br />

XX, numa articulação entre a memória do Holocausto e o silêncio imposto<br />

pelas instituições políticas. Isso traduziu-se na apresentação e registo fonográfico<br />

daquilo a que o nazismo designou por “música degenerada”, etiqueta<br />

resultante de uma convergência ideologicamente promovida entre aspectos<br />

étnicos, religiosos, estéticos e culturais. À valorização de obras de autores cuja<br />

actividade foi condicionada e até suprimida pelo nazismo, adicionou-se igualmente<br />

a produção de compositores, em grande parte residentes nos Estados<br />

Unidos da América, que recorreram à afirmação da sua identidade judaica<br />

enquanto universo conceptual na sua produção.<br />

O compositor Ernest Bloch enquadra-se nesse processo de disseminação<br />

de repertórios remetentes para uma identidade judaica. Contudo, deve ser<br />

ressalvado que as referências directas ao judaísmo na obra de Bloch são minoritárias,<br />

mas que essas peças (tais como a sinfonia Israel, a rapsódia Schelomo<br />

ou Baal Shem) se afirmaram centrais enquanto veículos de divulgação da sua<br />

produção durante o século XX. Paralelamente, estas contribuíram para a instalação,<br />

promoção e consciencialização de uma cultura judaica à escala global,<br />

em especial no pós-Segunda Guerra Mundial e após a criação do Estado de<br />

Israel. Residente nos Estados Unidos da América desde 1916, território no<br />

qual desempenhou uma variedade de cargos artísticos e docentes após um<br />

apurado processo de formação na Suíça natal, na Bélgica e em França, Bloch<br />

enquadra-se num contexto produtivo heterogéneo, no qual valoriza quer elementos<br />

da tradição musical judaica, quer traços do canto gregoriano ou da<br />

polifonia renascentista, os quais integra nos principais géneros associados aos<br />

contextos do concerto e recital codificados ao longo do Romantismo.<br />

2


A obra Baal Shem, composta em 1923 para violino e piano, foi orquestrada pelo<br />

compositor no ano de 1939 e remete para uma representação programática de<br />

três cenas hassídicas. O judaísmo hassídico é uma corrente teológica judaica<br />

emergente no Leste europeu durante o século XVIII que valorizava um misticismo<br />

entre o erudito e o popular, enfatizando laços comunitários e o papel<br />

místico do rabi enquanto elementos centrais para a prática religiosa. Baal<br />

Shem é o título atribuído ao fundador dessa corrente judaica, Israel ben Eliezer<br />

(1698–1760), tendo sido associado desde a Idade Média ao poder místico curativo<br />

do rabi, conciliando uma tendência intelectualizante do judaísmo com<br />

o imediatismo da fé popular. O tríptico foi composto num idioma que enfatiza<br />

alguns elementos que remetem para o universo simbólico do judaísmo,<br />

tais como a ornamentação ou a valorização de uma modalidade particular.<br />

Paralelamente, os andamentos apontam para eventos específicos da vida religiosa<br />

judaica, em especial associados à relação entre o sujeito e a divindade.<br />

Sendo a salmodia um aspecto central das práticas musicais judaicas, diversos<br />

compositores integraram aspectos que remetem para essa estrutura nas suas<br />

obras vocais e instrumentais. O primeiro andamento assenta numa textura<br />

de cantilena, no qual o solista representa metaforicamente um indivíduo que<br />

realiza a sua contrição, aspecto focal da fé judaica enquanto forma de apresentação<br />

e relacionamento com Deus. O andamento intermédio (por vezes<br />

executado separadamente em concerto) valoriza a apresentação melódica, no<br />

qual um tema ornamentado é processado de forma a atingir um clímax e posteriormente<br />

regressar à atmosfera inicial. A obra termina com um andamento<br />

que remete para a herança judaica transmitida por Moisés, manifestando uma<br />

acentuada intensidade expressiva.<br />

Franz Waxman<br />

Königshütte, 24 de Dezembro de 1906<br />

Los Angeles, 24 de Fevereiro de 1967<br />

A Canção de Terezín c. 45 min.<br />

Infância e trauma no Holocausto: A Canção de Terezín<br />

Após os eventos traumáticos da Segunda Guerra Mundial, em especial o Holocausto,<br />

foram compostas diversas obras que remetem para a memória dessa<br />

tragédia. Nesse contexto enquadram-se obras de compositores que, devido<br />

ao conflito, assumiram publicamente uma identidade judaica e compuseram<br />

obras especificamente remetentes para esse universo, tais como Um sobrevivente<br />

de Varsóvia, de Arnold Schönberg, ou A Canção de Terezín, de Franz<br />

Waxman. Apesar de partilharem uma identidade judaica e alguns elementos<br />

estilísticos (alguns traços da estética de Waxman encontram-se relacionados<br />

com uma abordagem pessoal ao sistema dodecafónico desenvolvido pela<br />

chamada Segunda Escola de Viena), os percursos de ambos os compositores<br />

emigrados nos Estados Unidos da América a partir do início da década<br />

de 30, devido ao crescente anti-semitismo austro-alemão, enquadram-se<br />

3


em quadrantes afastados. Schönberg gozava do estatuto de codificador dos<br />

modernismos em espaço germânico, desenvolvendo, primordialmente, actividades<br />

lectivas e compondo para o circuito americano de concertos. Waxman<br />

desenvolveu, principalmente, a sua actividade no universo de Hollywood,<br />

compondo e orquestrando uma quantidade assinalável de filmes para a florescente<br />

indústria cinematográfica da época. A integração de compositores<br />

judeus emigrados numa indústria intensamente relacionada com judeus activos<br />

no meio empresarial é um aspecto central para a compreensão desse<br />

período, tendo a cinematografia absorvido compositores dotados de um sólido<br />

métier e associados às estéticas modernistas emergentes nas primeiras décadas<br />

do século XX, tais como Franz Waxman, Erich Korngold ou Hanns Eisler.<br />

Paralelamente à sua obra para cinema, Waxman compôs diversas peças<br />

destinadas à execução em salas de concerto. Um dos exemplos mais tardios<br />

dessa produção é, precisamente, A Canção de Terezín, composta entre o<br />

final de 1964 e o início de 1965 e resultante de uma encomenda do Festival<br />

de Cincinnati. Essa encomenda implicava a utilização de temáticas infantis,<br />

sendo que o compositor utilizou textos redigidos por crianças prisioneiras<br />

do campo de concentração de Terezín, posteriormente coligidos e publicados<br />

em diversas línguas.<br />

A estreia mundial da obra deu-se a 22 de Maio de 1965 e nela destaca-se<br />

a plasticidade do estilo compositivo de Waxman, que tanto incorpora elementos<br />

associados ao dodecafonismo (em On a Sunny Evening, por exemplo),<br />

misturando-o com formas como o passacaglia (estrutura frequentemente<br />

utilizada por compositores associados à Segunda Escola de Viena), com elementos<br />

musicais característicos do sinfonismo do final do século XIX e início<br />

do século XX e mesmo com citações da obra de Beethoven (em Concert in<br />

the Old School Garret). Paralelamente, a orquestração e a distribuição das forças<br />

vocais apresenta-se central na unificação de uma estrutura narrativa,<br />

às vezes épica, às vezes imergindo o ouvinte na narração, constituindo um<br />

ciclo sinfónico de canções. Outro aspecto a destacar é o frequente desfasamento<br />

entre os conteúdos semânticos dos poemas (que, talvez devido ao<br />

trauma, raramente abordam directamente a questão do campo de concentração,<br />

concentrando-se numa construção idílica do universo exterior) de forma<br />

a enfatizar um processo de distanciamento que termina com a última canção,<br />

a qual se foca nos horrores de Terezín e consiste numa interpelação a Deus,<br />

reiterando a memória enquanto elemento central na construção de uma cultura<br />

pós-Holocausto.<br />

Waxman recorre, além do coro e do solista, a um coro infantil, cuja presença<br />

remete para o colectivo de crianças presas no campo (sendo que apenas<br />

uma pequena minoria destas sobreviveu à guerra), enfatizando uma certa<br />

atmosfera dialéctica interior/exterior, o que contribui para a enfatização dos<br />

aspectos mais expressivos da obra. Paralelamente, a recordação da barbárie<br />

nazi contraposta com uma perspectiva das suas vítimas infantis apresenta<br />

uma forte eficácia simbólica, potenciada pelos recursos técnicos empregues<br />

pelo compositor.<br />

4


ludwig van beethoven<br />

Bona, 16 (ou 17) de Dezembro de 1770<br />

Viena, 26 de Março de 1827<br />

Sinfonia Nº 5, em Dó menor, op. 67 c. 35 min.<br />

Beethoven e o sinfonismo no início do século XIX:<br />

subjectividade e inter-subjectividade<br />

A mitificação promovida em torno da figura de Beethoven ao longo do século<br />

XIX contribuiu, de forma relevante, para a sua recepção na época e a sua incorporação<br />

no cânone da música erudita ocidental. A representação do compositor<br />

nos meios públicos é um aspecto fortemente associado à mercantilização da<br />

música e sua transacção num mercado livre. Apesar da actividade de Beethoven<br />

se relacionar, embora de forma ambivalente e alterada, com o modelo<br />

mecenático de produção associado à Europa moderna, a sua figura foi iconizada<br />

em paralelo, o que facilitou a sua incorporação quer no cânone musical (à<br />

época apresentado como cumulativo e evolutivo), quer num espaço alargado<br />

de memória colectiva e cultura “popular”. A representação do compositor na<br />

esfera pública da época fez-se de duas formas complementares e aparentemente<br />

paradoxais. Beethoven era frequentemente apresentado como o<br />

arquétipo do génio romântico, isolado e com capacidades quasi-místicas e,<br />

paralelamente, como um ser afligido pela finitude da condição humana.<br />

Esta perspectiva pode ser relacionada com as concepções apresentadas pelo<br />

filósofo e escritor Jean-Paul Sartre no livro O existencialismo é um humanismo.<br />

Nesse curto opúsculo, Sartre encerra a subjectividade num cogito<br />

de inspiração cartesiana, um espaço no qual o particular abrange o universal.<br />

Resumindo, esse cogito assenta numa subjectividade que condensa os<br />

aspectos individual e colectivo num palco em que se desenrolam as escolhas<br />

associadas a um projecto subjectivo. Esta aparente digressão pode ser<br />

um eficaz quadro analítico no enquadramento da produção e apresentação<br />

da obra de Beethoven. Por exemplo, a sua Nona Sinfonia, além das tensões<br />

entre música absoluta e música programática que veio a suscitar a partir de<br />

meados do século XIX, pode ser considerada um percurso no qual o sujeito<br />

individual Beethoven concebe um universo sonoro associado à universalidade<br />

inter-subjectiva dos processos do Iluminismo de matriz burguesa, uma espécie<br />

de condensação da Humanidade numa obra sinfónica.<br />

Outra questão relevante para o enquadramento do compositor é a emergência<br />

de uma historiografia de pendor objectivista que tentou equacionar os cânones<br />

estéticos do compositor e cristalizá-los em fases. Mediante os diversos critérios,<br />

tem vindo a ser possível reposicionar as obras do compositor, taxionomicamente<br />

agrupadas de acordo com projectos de diversas tendências musicológicas.<br />

Nessa categorização, a valorização do sinfonismo dotado de uma forte tendência<br />

organicista e auto-referencial enquadra-se num possível período intermédio<br />

da produção do compositor. Isso não significa que esses elementos apenas se<br />

encontrem nesse período, mas a Quinta Sinfonia tem vindo a ser apresentada<br />

5


enquanto píncaro da produção sinfónica quer do início do Romantismo (pelo<br />

escritor E.T.A. Hoffmann, por exemplo) ou do tardo-Classicismo.<br />

A Quinta Sinfonia apresenta-se enquanto exemplo sobressaliente do processo<br />

de composição beethoveniano da época. Composta entre 1807 e 1808 (apesar<br />

de subsistirem elementos que apontam para o início da sua concepção por<br />

volta de 1803), a obra apresenta uma condensação de diversos traços estilísticos<br />

do que veio a ser designado por Classicismo Vienense, uma designação<br />

pouco indicativa e homogeneizante de uma miríade de práticas musicais<br />

vigentes no espaço austro-húngaro da época. Nesta obra, composta na tonalidade<br />

de Dó menor, frequentemente utilizada na enfatização de elementos<br />

representantes do pathos, o compositor constrói uma macro-estrutura a partir<br />

de um número reduzido de elementos temáticos ou motívicos, sendo de<br />

destacar a célula rítmica percussiva inicial, que germina a obra (para utilizar<br />

uma expressão botânica, marcando uma perspectiva organicista presente em<br />

diversas artes na época, tais como o poema A metamorfose das plantas, de<br />

Goethe). A célula inicial (utilizada pela BBC enquanto sinal rítmico nas suas<br />

emissões durante a Segunda Guerra Mundial) funciona quer como material<br />

temático, quer como catalisador direccional da obra, elemento característico<br />

da produção beethoveniana da época, no qual as formas se encontravam<br />

determinantemente relacionadas com as dialécticas específico/geral ou,<br />

num plano mais destacado, individual/colectivo. Paralelamente, esse modelo<br />

estende-se inclusivamente no domínio da orquestração, em que se encontra<br />

patente uma dualidade cordas/sopros.<br />

Do ponto de vista formal, o primeiro andamento da obra enquadra-se num<br />

modelo organizacional posteriormente designado por “allegro de sonata”, no<br />

qual Beethoven privilegia técnicas de desenvolvimento contrapontístico de<br />

forma a flexibilizar e a condicionar a macroforma, incluindo igualmente uma<br />

coda com desenvolvimento, secção frequentemente utilizada pelo compositor<br />

nas suas obras. O segundo andamento apresenta-se na forma tema e variações,<br />

embora numa perspectiva de metabolização organicista dos materiais temáticos,<br />

um traço que se afirmará de forma preponderante na obra beethoveniana<br />

tardia. O recurso a técnicas de variação que alteram e desenvolvem radicalmente<br />

o material temático e que determinam a macro-estrutura, apresenta-se<br />

enquanto aspecto saliente no tardo-classicismo em geral e na produção do<br />

compositor em particular. Nas mesmas perspectivas estéticas enquadra-se o<br />

Scherzo que, recorrendo ao invólucro tradicional dessa tipologia (Scherzo-Trio),<br />

é alterado, em especial na secção final, na qual a textura de fugato do trio é<br />

sujeita a técnicas associadas ao desenvolvimento temático beethoveniano. A<br />

obra é concluída com um andamento na tipologia “allegro de sonata”, no qual<br />

são introduzidos trombones, instrumentos cujos recursos eram utilizados para<br />

destacar o pathos, marcando significativamente uma alteração aos modelos<br />

orquestrais ocorrida no tardo-Classicismo. Paralelamente, a existência de dois<br />

grupos temáticos contrastantes (inclusivamente no parâmetro orquestração)<br />

apresenta-se central para o desenvolvimento de teorias compositivas associadas<br />

à tipologia “allegro de sonata” ao longo de todo o século XIX.<br />

João Silva<br />

6


Fraz Waxman<br />

Song of Terezín<br />

Os textos em inglês são adaptações do compositor a partir de traduções publicadas no livro<br />

I Never Saw Another Butterfly (McGraw-Hill Book Company, Nova Iorque, 1964)<br />

Choir<br />

1. on a sunny evening<br />

Anónimo<br />

On such a purple sun-shot evening<br />

the world is growing and I pray<br />

for all the souls in mortal danger,<br />

today, tomorrow, every day.<br />

The trees are flowering forth in beauty,<br />

their very wood all gnarled and old.<br />

I scarcely dare to look above me<br />

into crowns of gold.<br />

The sun as made a veil of gold,<br />

so lovely that my body aches.<br />

The heavens shriek with blue.<br />

Convinced, I smiled by some mistake.<br />

The world’s abloom and seems to smile.<br />

I want to fly, but where? How high?<br />

And I would like to go on living<br />

and share their laughter and their sigh.<br />

Mezzo-Soprano<br />

2. forgotten<br />

Zdenek Ornest<br />

Fleeting memory,<br />

bring peace into my heart<br />

and make me think of her whom<br />

I have loved.<br />

Maybe when you caress me<br />

I shall smile again.<br />

You are my favorite one<br />

and my beloved friend.<br />

Fleeting memory,<br />

tell me a fairy tale about my girl,<br />

lost in eternity.<br />

Tell me about the golden trinket<br />

and call the swallow;<br />

bring her back to me.<br />

Coro<br />

num fim de tarde ensolarado<br />

Num fim de tarde tão purpúreo<br />

e dardejado de sol,<br />

o mundo engrandece e eu rezo<br />

por todas as almas em perigo de morte,<br />

hoje, amanhã, todos os dias.<br />

Belas, as árvores não cessam de florescer,<br />

os seus troncos, nodosos e envelhecidos.<br />

Quase não me atrevo a olhar para cima,<br />

para dentro das coroas douradas.<br />

O sol criou um véu de ouro,<br />

tão gracioso que o meu corpo dói.<br />

Os céus gritam o seu azul.<br />

Convencido, eu sorrio por engano.<br />

O mundo floresce e parece sorrir.<br />

Desejaria voar, mas para onde? A que altura?<br />

E desejaria continuar a viver<br />

partilhando o seu riso e a sua beleza.<br />

Meio-Soprano<br />

olvidado<br />

Fugaz memória,<br />

traz paz ao meu coração<br />

e faz com que pense naquela que amei.<br />

Talvez que, quando me acariciares,<br />

eu possa de novo sorrir.<br />

És a minha preferida e a amiga<br />

mais querida.<br />

Fugaz memória,<br />

Conta-me uma história acerca<br />

do meu amor,<br />

perdido na eternidade.<br />

Fala-me da jóia dourada<br />

e chama a andorinha;<br />

trá-la de novo para mim.<br />

7


Go fly to her and ask<br />

if she still thinks of me;<br />

if she is well and ask her, too,<br />

if I am sill her dearest, precious dove.<br />

And hurry back don’t lose your way.<br />

The’re yet so many things to say.<br />

How sweet you were.<br />

Will you return some day?<br />

I loved you so much, so very much.<br />

Farewell my love!<br />

Children’s Choir<br />

3. the little mouse<br />

M Kosek / H. Loevy-Bachner<br />

A mousie sat upon a shelf,<br />

catching fleas in his coat of fur.<br />

But he couldn’t catch her.<br />

What chagrin.<br />

She’d hidden way inside his skin.<br />

He turned and wriggled, knew no rest.<br />

That flea was such a nasty pest.<br />

His daddy came and searched his coat,<br />

caught the flea and away he ran<br />

to cook her in the frying pan.<br />

The little mouse cried, “Come and see!<br />

For lunch we’ve got a nice, fat flea!”<br />

Choir<br />

4. bird song<br />

Anónimo<br />

He does not know the world at all<br />

who stays in his nest and does not go out.<br />

He does not know what birds know best,<br />

nor what I want to sing about,<br />

that the world is full of loveliness.<br />

Hey! Try to open up your heart to beauty,<br />

go to the woods someday<br />

and weave a wreath of memory there.<br />

Then if the tears obscure your way<br />

you’ll know how wonderful<br />

it is to be alive.<br />

8<br />

Voa até ela e pergunta-lhe<br />

se ainda pensa em mim;<br />

e se está bem e pergunta-lhe, também,<br />

se ainda sou o seu mais querido<br />

e precioso pombo.<br />

E apressa-te e não te percas no caminho.<br />

Há ainda tanto a dizer.<br />

Como eras gentil!<br />

Voltarás algum dia?<br />

Amei-te tanto, tanto!<br />

Adeus, meu amor.<br />

Coro Infantil<br />

o ratinho<br />

Sentou-se um ratinho numa prateleira,<br />

a apanhar pulgas no seu casaco de pêlo.<br />

Mas uma houve que não conseguiu apanhar.<br />

Que chatice!<br />

Ela escondera-se por debaixo da pele.<br />

E ele rolou e torceu-se, sem descanso.<br />

Mas que pulga tão aborrecida!<br />

Veio então o seu pai e vasculhou-lhe<br />

o casaco,<br />

apanhou a pulga e lá foi ele a correr<br />

para a cozinhar na frigideira.<br />

O ratinho gritou então: “Venham ver!<br />

Que bela e gorda pulga temos<br />

para o almoço!”<br />

Coro<br />

canção das aves<br />

Desconhece completamente o mundo<br />

aquele que se senta no ninho e não parte.<br />

Não aprende o que as aves sabem de cor,<br />

nem aquilo sobre o qual canto:<br />

que o mundo está repleto de encantos.<br />

Ei! Tenta abrir o teu coração à beleza,<br />

dirige-te a um bosque um dia destes<br />

e tece ali um fio de memória.<br />

E se as lágrimas obscurecerem<br />

o teu caminho<br />

saberás então como é maravilhoso estar vivo.


When dewdrops sparkle in the grass<br />

and earth’s aflood with morning light,<br />

a blackbird sings upon a bush<br />

to greet the dawning after night. Ah!<br />

Children’s Choir<br />

5. now it’s time<br />

Alena Synkova-Munkova<br />

Listen!<br />

The boat whistle<br />

has sounded now,<br />

and we must sail out<br />

toward unknown ports.<br />

Listen! Now it’s time!<br />

Listen!<br />

Well sail a long, long way,<br />

and dreams will turn to truth.<br />

Oh, how sweet the name Morocco.<br />

Listen! Now it’s time!<br />

The winds are weaving songs of<br />

yesterday,<br />

could I just look up at the milky way<br />

and only think of violets.<br />

Listen! Now it’s time!<br />

Mezzo-Soprano<br />

6. concert in the old school garret<br />

Anónimo<br />

White fingers of the sexton<br />

sleep heavy upon us.<br />

Half a century since anyone<br />

as much as touched this piano.<br />

Let it sing again as it was made<br />

to yesterday.<br />

Phantom hands which strike<br />

softly or which thunder.<br />

The forehead of this man was as heavy<br />

as the heavens before it rains.<br />

Under the weigh of excitement<br />

the springs forgot to squeak.<br />

Half a century since anyone<br />

as much as touched this piano.<br />

Quando as gotas de orvalho brilham<br />

na relva<br />

e a terra é uma torrente de luz da manhã,<br />

um melro canta sobre um arbusto<br />

saudando a aurora após a noite. Ah!<br />

Coro Infantil<br />

chegou a hora<br />

Escuta!<br />

Soou agora<br />

o apito da embarcação<br />

e temos de partir<br />

para portos desconhecidos.<br />

Escuta! Chegou a hora!<br />

Escuta!<br />

Percorreremos um longo, longo caminho,<br />

e os sonhos tornar-se-ão realidade.<br />

Ah! Como é doce o nome de Marrocos.<br />

Escuta! Chegou a hora!<br />

Os ventos tecem canções de antigamente,<br />

pudesse eu simplesmente olhar<br />

a via láctea<br />

e pensar em violetas.<br />

Escuta! Chegou a hora!<br />

Meio-Soprano<br />

concerto no velho sótão da escola<br />

Os brancos dedos do sacristão<br />

repousam pesados sobre nós.<br />

Faz já meio século desde que alguém<br />

tocou desta forma este piano.<br />

Deixai-o soar de novo, como antigamente.<br />

Mãos de fantasma tocando<br />

suavemente ou como se trovejando.<br />

A fronte deste homem era tão intensa<br />

como os céus antes das chuvas.<br />

Sobe o peso da emoção<br />

as molas esqueciam-se de chiar.<br />

Faz já meio século desde que alguém<br />

Tocou desta forma este piano.<br />

9


Our good friend, Time,<br />

has fled the faxes of all clocks.<br />

And, like a bee, which has lived long<br />

enough<br />

and sucked up all the honey,<br />

lies down to dry itself in the sun.<br />

There with closed eyes,<br />

a different person sits.<br />

There with closed eyes,<br />

he sees the keys as veins<br />

though which soft blood flows gently<br />

when you kiss them with a knife,<br />

and still them with a song.<br />

And yesterday this man cut all the veins<br />

and opened all the organ stops,<br />

bribed all the birds to sing.<br />

White fingers of the sexton<br />

sleep heavy upon us.<br />

Stopped over in your manner of death.<br />

You are like Beethoven.<br />

Your forehead was as heavy<br />

as the heavens before the rains.<br />

Children’s Choir<br />

7. the garden<br />

Branta Bass<br />

That little garden,<br />

with it’s budding roses<br />

today is full of fragrance<br />

sweet and strong.<br />

And on the small and narrow path<br />

a little boy walks happily along.<br />

That little boy is like the little rosebud<br />

with tiny petals floating to the floor.<br />

But when that rosebud comes to bloom,<br />

the little boy will be no more.<br />

Mezzo-Soprano, Choir, Children’s Choir<br />

8. finale<br />

Eva Pickova<br />

Today the Ghetto knows a different fear.<br />

Close in its grip, death wields an icy<br />

scythe.<br />

10<br />

O nosso bom amigo, o Tempo,<br />

fugiu das engrenagens de todos<br />

os relógios.<br />

E como uma abelha, que viveu demais<br />

e sorveu todo o mel,<br />

deitou-se a secar ao sol.<br />

Ali, de olhos cerrados,<br />

um homem diferente se senta.<br />

Ali, de olhos cerrados<br />

ele vê as teclas como veias<br />

através das quais corre<br />

docemente o sangue<br />

quando com uma faca as beijas,<br />

e as acalmas com uma canção.<br />

E este homem cortou ontem todas as veias<br />

e abriu todas as chaves do órgão<br />

e forçou todas as aves a cantar.<br />

Os brancos dedos do sacristão<br />

repousam pesados sobre nós.<br />

Interrompido na tua forma de morte.<br />

Tu és como Beethoven.<br />

A tua fronte era tão intensa<br />

como os céus antes das chuvas.<br />

Coro Infantil<br />

o jardim<br />

Aquele pequeno jardim,<br />

com as suas rosas em botão,<br />

está hoje repleto de aromas<br />

doces e intensos.<br />

E pelo curto e estreito carreiro<br />

um rapazinho caminha alegremente.<br />

O rapazinho é como o pequeno botão,<br />

pétalas pequeninas, flutuando até ao chão.<br />

Mas quando o botão de rosa florescer<br />

o rapazinho já terá partido.<br />

Meio-Soprano, Coro, Coro Infantil<br />

conclusão<br />

Conhece hoje o Gueto um medo diferente.<br />

Fechada em suas garras, a morte brande<br />

uma gélida gadanha.


An evil sickness spreads<br />

a terror in its wake,<br />

The victims of its shadow<br />

weep and writhe.<br />

Today a father’s heart-beat tells his fright.<br />

And mothers bend their heads<br />

into their hands.<br />

The children choke and die<br />

with typhus here.<br />

A bitter tax is taken from their hands.<br />

My heart still beats inside<br />

my breast today<br />

while friends have left for other worlds.<br />

Perhaps it’s better to die today,<br />

than watching this, who can say.<br />

No, no, my God, we must not die,<br />

not watch our numbers melt away.<br />

We want to make a better world.<br />

We want to work and live!<br />

Tradução de Ofélia Ribeiro<br />

Uma doença maléfica espalha<br />

o horror no seu curso,<br />

As vítimas da sua sombra choram<br />

e contorcem-se.<br />

O terror de um pai mede-se hoje<br />

pelas batidas do seu coração.<br />

E as mães escondem as cabeças<br />

em suas mãos.<br />

As crianças sufocam e morrem de tifo aqui.<br />

De suas mãos um fardo amargo<br />

é arrancado.<br />

Hoje, bate ainda o meu coração<br />

dentro do peito,<br />

Enquanto amigos meus partiram<br />

já para outros mundos.<br />

Talvez seja melhor morrer hoje,<br />

Do que assistir a isto. Quem sabe?<br />

Não, não meu Deus, não temos de morrer,<br />

Nem ver os nossos números a desaparecer.<br />

Queremos fazer um mundo melhor.<br />

Queremos trabalhar e viver!<br />

11


12<br />

Lawrence Foster maestro<br />

Em 2008-2009, Lawrence Foster cumpre a sua<br />

sétima temporada como Director Artístico e Maestro<br />

Titular da Orquestra Gulbenkian. A partir da temporada<br />

2009-2010 será também o Director Musical da<br />

Orquestra da Ópera Nacional de Montpellier.<br />

Os destaques da presente temporada, como maestro convidado, incluem o<br />

ciclo integral dos Concertos para Piano de Beethoven, com a Orquestra Nacional<br />

de Lyon e Radu Lupu (Abril 2009), uma digressão em Espanha com o<br />

Ensemble Orchestral de Paris e a continuação do ciclo da Sinfonias de Enesco,<br />

com a NDR Radio Philharmonie de Hanôver. Na temporada 2009-2010,<br />

dirigirá a Orquestra de Paris, a Orquestra do Gewandhaus de Leipzig, a Filarmónica<br />

de Helsínquia, a Filarmónica da Holanda, a Sinfónica de Gotemburgo<br />

e a Orquestra Filarmónica da Radio France. Depois do sucesso do seu recente<br />

ciclo das Sinfonias de Schumann, com a Filarmónica Checa (gravado pela Pentatone)<br />

voltará a colaborar com esta orquestra na Primavera de 2011.<br />

Lawrence Foster trabalhou com várias orquestras juvenis. No Verão de 2004,<br />

dirigiu a Orquestra Juvenil Australiana nos Proms da BBC e no Concertgebouw<br />

de Amesterdão e liderou esta mesma orquestra numa digressão semelhante<br />

em Julho de 2007. Realiza uma digressão com a Junge Deutsche Philharmonie<br />

na Páscoa de 2009 e dirige também a Orquestra da Academia no Festival<br />

de Schleswig-Holstein em Agosto de 2009. Foi Director Musical do Festival<br />

de Aspen, voltando a actuar no mesmo festival no Verão de 2009, por ocasião<br />

do 60º aniversário.<br />

Lawrence Foster tem-se apresentado também nos mais prestigiados teatros<br />

de ópera do mundo. Os seus desempenhos recentes neste domínio incluíram<br />

a sua estreia no Festival de Bregenz em 2006, onde apresentou a ópera de<br />

Debussy La chute de la maison Usher (completada por Robert Orledge), uma<br />

produção de Padmavati de Roussel no Théâtre du Châtelet, com a Orquestra<br />

Filarmónica da Radio France, e a sua estreia com a Ópera de Leipzig numa<br />

produção de Ariadne auf Naxos de R. Strauss, na Primavera e Verão de 2008.<br />

Na presente temporada, dirige Salammbô de Ernest Reyer, com a Ópera de<br />

Marselha, regressa à Staatsoper de Hamburgo para uma reposição de Pelléas<br />

et Mélisande, seguindo-se uma produção de Der Freischütz de Weber na temporada<br />

2009-2010. Com a Orquestra Gulbenkian, Lawrence Foster dirige pelo<br />

menos uma ópera em versão de concerto em cada temporada. Como Director<br />

Musical indigitado da Orquestra e Ópera Nacional de Montpellier, dirigiu a<br />

ópera Esmeralda de Louise Bertin, no Festival de Montpellier de 2008.<br />

Nascido em 1941 em Los Angeles, filho de pais romenos, Lawrence Foster<br />

é um grande divulgador e intérprete da música de Georges Enesco, tendo<br />

sido, entre 1998 e 2001, Director Artístico do Festival Georges Enesco. Em<br />

2005, para assinalar os 50 anos da morte do compositor romeno, a EMI lançou<br />

um conjunto de discos gravados por Lawrence Foster e pelas Orquestras<br />

de Monte Carlo e Nacional de Lyon.


Anteriormente, Lawrence Foster desempenhou funções de direcção musical<br />

na Sinfónica de Barcelona, na Filarmónica de Monte Carlo, na Sinfónica de<br />

Jerusalém, na Sinfónica de Houston e na Orquestra de Câmara de Lausanne.<br />

Em Janeiro de 2003, Lawrence Foster foi condecorado pelo Presidente da<br />

Roménia pelos serviços prestados à música romena.<br />

Alexandra mendes violino<br />

Natural de Lisboa, Alexandra Mendes iniciou os seus estudos<br />

musicais aos seis anos de idade na Academia de Música<br />

de Santa Cecília, sob a orientação do professor Alberto Nunes,<br />

com quem terminou o Curso Complementar de Violino do Conservatório<br />

Nacional de Lisboa. Aos 16 anos, com uma bolsa da<br />

Fundação Calouste Gulbenkian, continuou os seus estudos com<br />

o professor Alberto Lysy, na Academia Menuhin, em Gstaad, na<br />

Suíça, onde permaneceu dois anos. Durante a estadia nesta Academia,<br />

fez parte da Camerata Lysy, com a qual realizou várias<br />

digressões na Europa e na América do Sul, apresentando-se também<br />

como solista em violino e viola. De regresso a Portugal, em<br />

1981, ingressou na Orquestra Gulbenkian, exercendo actualmente<br />

as funções de chefe de naipe dos segundos violinos.<br />

Para além de se ter apresentado a solo com a Orquestra da RDP, a Nova Filarmonia<br />

Portuguesa e a Orquestra Gulbenkian, é no entanto em agrupamentos<br />

de música de câmara que a sua actividade mais se tem evidenciado, pela sua<br />

identificação com muito do repertório existente. Desde 1986, é 1º Violino do<br />

Quarteto de Cordas de Lisboa, com o qual tem realizado numerosos concertos<br />

em Portugal e nalguns países da Europa, apresentando-se também na rádio<br />

e na televisão. Com este agrupamento, gravou um disco com os dois Quartetos<br />

de Joly Braga Santos. Participou também na gravação da edição integral<br />

das obras de música de câmara do compositor António Victorino d’Almeida. É<br />

professora na Escola Superior de Música de Lisboa desde 1997.<br />

Stephanie Friede soprano<br />

Stephanie Friede é uma das mais solicitadas sopranos internacionais.<br />

Nasceu em Nova Iorque e graduou-se pela Juilliard<br />

School e pelo Conservatório de Música de Oberlin. Na temporada<br />

passada, interpretou o papel de Minnie, em La fanciulla<br />

del West de Puccini, no Novo Teatro Nacional de Tóquio, na<br />

Ópera de Nova Iorque, na Vlaamse Opera de Antuérpia, na<br />

Ópera de Zurique e no “Maggio Musicale” de Florença.<br />

A Deutsche Oper Berlin convidou-a para interpretar Madeleine<br />

(André Chenier de Umberto Giordano), Sieglinde (A Valquíria),<br />

13


Marietta (Die tote Stadt de Korngold) e Santuzza (Cavalleria rusticana de Mascagni).<br />

Estreou-se no Gran Teatre del Liceu de Barcelona em Wintermärchen<br />

de Philipp Boesmann (co- produção com o Théâtre de la Monnaie). No Grande<br />

Teatro de Genebra cantou o papel principal em Manon Lescaut de Puccini,<br />

bem como Katarina Ismailova em Lady Macbeth de Mtsensk de Chostakovitch.<br />

Marcello Viotti convidou-a para concertos importantes com a Orquestra<br />

da Rádio de Munique, como Il Tabarro e Suor Angelica de Puccini e Arlesiana<br />

de Cilea. Outros convites incluíram: Flammen de Schulhoff, no Festival de<br />

Viena; o papel principal em The Bitter Tears of Petra von Kant, de Gerald Barry,<br />

na Ópera Nacional Inglesa; Cio-cio San, em Madama Butterfly, na Semperoper<br />

de Dresden; Wanda, em Sophie’s Choice, em Covent Garden, com Sir Simon<br />

Rattle; Amelia, em Um Baile de Máscaras, na Ópera Estadual de Hamburgo;<br />

o papel principal em Salomé, com Fabio Luisi e a Orquestra Sinfónica MDR;<br />

Chrysothemis, em Elektra, no Teatro dell’Opera de Roma. Actuou também na<br />

Ópera Estadual de Viena, na Ópera Estadual de Berlim, na Ópera da Bastilha,<br />

na Ópera de Göteborg, na Opera North (Leeds), na Ópera de Dusseldorf e na<br />

Ópera de Cincinatti, sob a direcção de maestros de renome, como Christian<br />

Thielemann, Fabio Luisi, Franz Welser-Möst, Bertrand de Billy, Mark Elder, Ulf<br />

Schirmer, Simon Rattle, Kurt Masur, Riccardo Chailly, Valery Gergiev e Marcello<br />

Viotti, entre outros.<br />

Em concerto interpretou, entre outras obras: a 8ª Sinfonia de Mahler, com<br />

Riccardo Chailly, no Concertgebouw de Amesterdão; a Sinfonia Nº 14 de<br />

Chostakovitch, em Zurique; a Missa Glagolítica de Janácek, com a Orquestra<br />

Hallé e o maestro Mark Elder; a 9ª Sinfonia de Beethoven, com Kurt Masur e<br />

a Filarmónica de Londres.<br />

Coro Infantil da Academia de música de Santa Cecília<br />

O Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília é constituído por uma<br />

selecção dos alunos de Coro desta escola, dos 9 aos 15 anos de idade. Com<br />

um número de elementos variável, em virtude da renovação a que é sujeito<br />

em cada ano lectivo, apresenta-se regularmente em audições e concertos da<br />

Academia, ou a convite de outras instituições.<br />

Participou em 1990, com grande êxito, num concerto na Salle Gaveau em<br />

Paris, interpretando música de compositores portugueses. Colaborou na<br />

Expo’92, em Sevilha, integrando a recriação da Embaixada do Rei D. Manuel I<br />

ao Papa Leão X, de 1514, interpretando música do século XVI.<br />

Na temporada 1991-92, apresentou-se com o Coro e a Orquestra Gulbenkian<br />

no programa comemorativo do centenário de Arrigo Boito e na temporada<br />

seguinte esteve novamente em evidência na Aula Magna da Reitoria da Universidade<br />

de Lisboa, ao actuar num concerto do Ciclo “Grandes Orquestras<br />

Mundiais” onde, com a Orquestra Sinfónica de Viena e o Coro Gulbenkian,<br />

integrou o conjunto de intérpretes da 3ª Sinfonia de Gustav Mahler.<br />

14


Em 1994, a convite da Orquestra I Solisti Veneti, actuou no concerto inaugural<br />

do Festival de Música de Veneza, dirigido pelo Maestro Claudio Scimone.<br />

No âmbito das actividades musicais de Lisboa Capital Europeia da Cultura ‘94,<br />

o Coro participou em importantes concertos com a Orquestra do Festival de<br />

Budapeste e com a Orquestra Filarmónica Checa. Interpretou A Danação de<br />

Fausto de Berlioz, com a Orquestra Filarmónica de Estrasburgo.<br />

Na temporada Gulbenkian 1995-96, participou na interpretação do War<br />

Requiem e da Spring Symphony de Benjamin Britten, com o Coro e a Orquestra<br />

Gulbenkian. Em 1996, um grupo de rapazes participou, com a Orquestra<br />

do Século XVIII, sob a direcção de Frans Brüggen, na apresentação da Paixão<br />

segundo São Mateus de J. S. Bach, em concertos realizados em Bolonha, Ferrara<br />

e Lisboa. Ainda em 1996, colaborou com o Coro La Cigale de Lyon num concerto<br />

em Lisboa, organizado pela ANISC.<br />

Em anos mais recentes, outra colaborações com o Coro e a Orquestra Gulbenkian<br />

incluíram: Carmina Burana, de Carl Orff (Fevereiro de 2002); Paixão<br />

segundo São Mateus, de J. S. Bach (Março de 2002 e Abril de 2006); Cenas do<br />

“Fausto” de Goethe, de Schumann (Janeiro de 2004); cantata Saint Nicolas,<br />

op.42, de Britten (Maio de 2004); Sinfonia Nº. 3, Kaddish, de Bernstein (Outubro<br />

de 2004); Die Legende von der Heiligen Elisabeth, de Liszt (Janeiro de 2007).<br />

O Coro integra os World Litle Singers, instituição da UNICEF, apoiada pela<br />

UNESCO, com o objectivo de divulgar os princípios contidos na carta dos<br />

Direitos das Crianças e pertence à Federação Europeia de Coros da União, destinada<br />

a coros infantis e juvenis.<br />

O Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília é, desde 1987, dirigido<br />

pelo maestro Artur Carneiro.<br />

Ana Rita Valente<br />

António Simões Pereira<br />

António Santos Nunes<br />

Beatriz Nunes Rodrigues<br />

Benedita Cardoso de Menezes<br />

Carlos André Mariano<br />

Carlota Ferreira Louceiro<br />

Catarina Guedes Mendes<br />

Catarina Ferreira Barreiros<br />

Catarina Cardoso Brown<br />

Catarina de Almeida Mota<br />

Diana Cristina Marques<br />

Frederico Ludovice Paixão<br />

Joana Neves Vilarinho<br />

Joana Marques Vidal<br />

Joana Kawahara Lino<br />

João Miguel Coelho<br />

Luís Filipe Coutinho<br />

Luís Neves de Campos<br />

Madalena Moura Burnay<br />

Margarida Pereira de Abreu<br />

Maria Correia Patrício<br />

Maria de Aguiar Pedro<br />

Maria Sacadura Simões<br />

Maria Vaz Pinto<br />

Maria Leonor Figueirinhas<br />

Maria Luís Santos<br />

Mariana Falcão Moreira<br />

Mariana Casanova Ferreira<br />

Marta Rocha Santos<br />

Mónica Figueiredo Rodrigues<br />

Patrícia Nunes da Fonseca<br />

Pedro Rebocho Ferreira<br />

Pedro Miguel Santos<br />

Rebeca Simões Gomes<br />

Rui Vaz Pinto<br />

Rui Almeida Mota<br />

Sérgio Ladeira Pires<br />

Simão Jesus Pereira<br />

Susana Gestal Medeiros<br />

Susana Santos Buínhas<br />

15


Coro Gulbenkian<br />

Fundado em 1964, o Coro Gulbenkian conta presentemente com uma formação<br />

sinfónica de cerca de 100 cantores, actuando igualmente em grupos<br />

vocais reduzidos, conforme a natureza das obras a executar. Assim, o Coro<br />

Gulbenkian tanto pode apresentar-se como grupo a cappella, o que tem<br />

acontecido regularmente para a interpretação de polifonia portuguesa dos<br />

séculos XVI e XVII, como colaborar com a Orquestra Gulbenkian ou outros<br />

agrupamentos para a execução de obras coral-sinfónicas do repertório clássico<br />

e romântico. Na música do século XX, campo em que é particularmente<br />

conhecido, tem interpretado, frequentemente em estreia absoluta, inúmeras<br />

obras contemporâneas de compositores portugueses e estrangeiros. Tem<br />

sido igualmente convidado para colaborar com as mais prestigiadas orquestras<br />

mundiais, entre as quais a Orquestra do Século XVIII , a Filarmónica de<br />

Berlim, a Sinfónica de Baden-Baden, a Filarmónica de Londres, a Sinfónica de<br />

Viena, a Sinfónica do Norte da Alemanha, a Filarmónica Checa, a Filarmónica<br />

de Estrasburgo, a Filarmónica de Montecarlo e a Orquestra do Concertgebouw<br />

de Amesterdão, Orquestra Nacional de Lyon, ao lado das quais foi dirigido por<br />

figuras como Colin Davis, Claudio Abbado, Emmanuel Krivine, Frans Brüggen,<br />

Michael Gielen, Franz Welser-Möst, Rafael Frübeck de Burgos, Gerd Albrecht<br />

e Theodor GuschIbauer.<br />

Para além da sua apresentação regular na temporada de concertos da Fundação,<br />

em Lisboa, e das suas digressões em Portugal, o Coro Gulbenkian actuou<br />

em numerosos países em todo o mundo, entre os quais Alemanha, Argentina,<br />

Bélgica, Brasil, Canadá, Dinamarca, Espanha, França, Holanda, Hungria,<br />

Índia, Inglaterra, Iraque, Israel, Itália, Macau (quando sob administração portuguesa),<br />

Malta, Mónaco, Japão e Uruguai, Estados Unidos da América.<br />

Em 1992, uma digressão em várias cidades da Holanda e da Alemanha com<br />

a Orquestra do Século XVIII deu origem à gravação ao vivo da Nona Sinfonia<br />

de Beethoven, que foi incluída na edição integral das sinfonias de Beethoven<br />

que Frans Brüggen realizou para a Philips com aquela orquestra. Seria o início<br />

de uma colaboração muito estreita entre os dois agrupamentos, responsável<br />

pela realização de inúmeras outras digressões conjuntas, com actuações na<br />

Alemanha, França, Inglaterra, Itália, Holanda, Japão e, mais recentemente, em<br />

Março de 2005, à China (Hong-Kong), onde aliás colaborou igualmente com a<br />

Orquestra Filarmónica local.<br />

Paralelamente a esta colaboração e às digressões que frequentemente realizou<br />

com a Orquestra Gulbenkian e outros agrupamentos no estrangeiro, o<br />

Coro Gulbenkian tem participado em alguns importantes festivais internacionais,<br />

onde se salientam as suas actuações no Festival Eurotop (Amesterdão),<br />

no Festival Veneto (Pádua e Verona), no Festival de Catedrais da Picardia<br />

(França) e no Festival Internacional de Música de Granada e, mais recentemente,<br />

no Hong Kong Arts Festival 2005.<br />

16


No plano discográfico, o Coro Gulbenkian está representado nas editoras<br />

Philips, Archiv / Deutsche Grammophon, Erato, Cascavelle, Musifrance,<br />

FNAC-Music e Aria-Music, tendo ao longo dos anos registado um repertório<br />

diversificado, com particular incidência na música portuguesa do século XVI<br />

ao século XX. Algumas destas gravações receberam prémios internacionais,<br />

tais como o Prémio Berlioz, da Academia Nacional Francesa do Disco Lírico, o<br />

Grand Prix International du Disque, da Academia Charles Cros, e o Orphée d’Or,<br />

entre outros.<br />

Em 2006, por ocasião do cinquentenário da morte de Luís de Freitas Branco,<br />

assinalado no ano anterior, o Coro Gulbenkian registou a primeira integral<br />

dos Madrigais Camonianos deste compositor. Ainda em 2006, gravou para a<br />

editora Portugaler obras a cappella de Pedro Gambôa e Lourenço Ribeiro, e<br />

Vilancicos Negros do Século XVII, de Santa Cruz de Coimbra.<br />

Desde 1969, Michel Corboz é o Maestro Titular do Coro, sendo as funções de<br />

Maestro Adjunto desempenhadas por Fernando Eldoro e as de Maestro Assistente<br />

por Jorge Matta.<br />

17


Coro Gulbenkian<br />

Michel Corboz Maestro Titular<br />

Fernando eldoro Maestro Adjunto<br />

Jorge Matta Maestro Assistente<br />

Sopranos<br />

Ana Rodrigues<br />

Ariana Russo<br />

Arminda Soares<br />

Clara Coelho<br />

Cristina Cardoso<br />

Elvire de Paiva<br />

Filomena Oliveira<br />

Graziela Lé<br />

Joana Gil<br />

Joana Siqueira<br />

Liliana Sebastião<br />

Lucilia de Jesus<br />

Luiza Dedisin<br />

Mafalda Nascimento<br />

Maria José Conceição<br />

Mariana Moldão<br />

Marisa Figueira<br />

Mónica Antunes<br />

Rosa Caldeira<br />

Rosalina Segura<br />

Sandra Carvalho<br />

Sara Marques<br />

Tânia Viegas<br />

Teresa Azevedo<br />

Verónica Silva<br />

18<br />

Contraltos<br />

Ana Raquel Rodrigues<br />

Ana Urbano<br />

Catarina Saraiva<br />

Cristina Simões<br />

Elisabeth Silveira<br />

Inês Mariano<br />

Inês Martins<br />

Inês Mazoni<br />

Joana Nascimento<br />

Lucinda Gerhardt<br />

Mafalda Borges Coelho<br />

Manon Marques<br />

Marília Figueiredo<br />

Marisa Raposo<br />

Marta Queiroz<br />

Michelle Rollin<br />

Patrícia Mendes<br />

Tânia Valente<br />

Teresa Almeida<br />

Tenores<br />

António Gonçalves<br />

Artur Afonso<br />

Diogo Pombo<br />

Fernando Ferreira<br />

Francisco Gameiro<br />

Frederico Projecto<br />

Gabriel Cipriano<br />

Jaime Bacharel<br />

João Barros<br />

João Branco<br />

João Custódio<br />

João Pedro Cabral<br />

João Sebastião<br />

Manuel Almeida<br />

Pedro Miguel<br />

Pedro Nascimento<br />

Pedro Rodrigues<br />

Pedro Teixeira<br />

Rui Miranda<br />

Samuel Antão<br />

Sérgio Fontão<br />

Baixos<br />

André Baleiro<br />

Artur Carneiro<br />

Fernando Gomes<br />

Filipe Leal<br />

Horácio Santos<br />

João Luís Ferreira<br />

João Pereira<br />

João Valeriano<br />

José Damas<br />

José Bruto Costa<br />

José Figueiredo<br />

Manuel Carvalho<br />

Manuel Rebelo<br />

Mário Almeida<br />

Nuno Fidalgo<br />

Pedro Morgado<br />

Ricardo Martins<br />

Rui Borras<br />

Rui Gonçalo<br />

Sérgio Silva<br />

Tiago Batista<br />

Coordenadora<br />

Caroline Mascarenhas<br />

Secretária / Arquivista<br />

Rebeca Cantos


Orquestra Gulbenkian<br />

Foi em 1962 que a Fundação Calouste Gulbenkian decidiu estabelecer um<br />

agrupamento orquestral permanente, no início constituído apenas por doze<br />

elementos (Cordas e Baixo Contínuo), sob o nome de Orquestra de Câmara<br />

Gulbenkian. Esta formação inicial foi sendo progressivamente alargada, contando<br />

hoje a Orquestra Gulbenkian (designação adoptada desde 1971) com<br />

um efectivo de sessenta e seis instrumentistas, que pode ser pontualmente<br />

expandido de acordo com as exigências dos programas executados.<br />

Esta constituição, pouco habitual nos nossos dias e situando-se entre a formação<br />

de câmara e a sinfónica, permite à Orquestra Gulbenkian a abordagem<br />

interpretativa de um amplo repertório que abrange todo o período Clássico,<br />

uma parte significativa da literatura orquestral do século XIX e muita da<br />

música do século XX. Obras pertencentes ao repertório corrente das grandes<br />

formações sinfónicas tradicionais, nomeadamente a produção orquestral<br />

de Haydn, Mozart, Beethoven, Schubert, Mendelssohn ou Schumann, podem<br />

assim ser dadas pela Orquestra Gulbenkian em versões mais próximas dos<br />

efectivos orquestrais para que foram originalmente concebidas, no que respeita<br />

ao equilíbrio da respectiva arquitectura sonora interior.<br />

Os programas realizados pela Orquestra Gulbenkian obedecem, por princípio,<br />

a uma preocupação de incluir, no âmbito dos diversos períodos abrangidos<br />

pelo seu repertório, composições raramente ouvidas ou mesmo completamente<br />

desconhecidas do público em geral. Nesta perspectiva, a Orquestra<br />

apresentou já um grande número de primeiras audições absolutas de obras<br />

contemporâneas, muitas das quais encomendadas pela própria Fundação<br />

Calouste Gulbenkian, quer a grandes nomes da criação musical do nosso<br />

tempo, como Berio, Penderecki, Xenakis ou Halffter, entre outros, quer aos<br />

mais representativos compositores portugueses da actualidade. Tem vindo,<br />

assim, a exercer junto do grande público uma acção cultural de carácter formativo<br />

da maior importância.<br />

Em cada temporada, a Orquestra Gulbenkian realiza no Grande Auditório da<br />

Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, uma série regular de concertos, em<br />

cujo âmbito tem tido ocasião de colaborar com alguns dos maiores nomes do<br />

mundo da música (maestros e solistas), tendo por diversas vezes sido igualmente<br />

chamada a intervir em espectáculos de ópera. Por outro lado, percorre<br />

todos os anos em digressão um elevado número de localidades de Portugal,<br />

cumprindo desta forma uma significativa função descentralizadora.<br />

No plano internacional, por sua vez, a Orquestra tem vindo a ampliar gradualmente<br />

a sua actividade, tendo até agora efectuado digressões na Europa,<br />

Ásia, África e Américas. No passado mais recente, de referir o convite que<br />

a Orquestra Gulbenkian recebeu para participar no Ciclo “Orquestas del<br />

19


Mundo”, em Madrid, em que apresentou, com Evgeny Kissin como solista, a<br />

integral dos concertos para piano de Beethoven. Este programa foi também<br />

ouvido em Munique (Philharmonie im Gasteig) e Berlim (Philharmonie), onde<br />

a Orquestra o apresentou em Fevereiro de 2005. Em Dezembro de 2006, apresentou-se<br />

em Amesterdão, Paris e Madrid, numa digressão com a pianista<br />

Hélène Grimaud, e já em 2007, desta vez com os pianistas Arcadi Volodos e<br />

Lise de La Salle, realizou uma digressão à Alemanha e Hungria, tocando em<br />

cidades como Berlim, Munique, Hamburgo e Budapeste, entre outras. Neste<br />

mesmo ano, a Orquestra Gulbenkian regressou à Alemanha, para se apresentar<br />

com Lang Lang em cinco cidades diferentes.<br />

A Orquestra Gulbenkian gravou já dezenas de discos, associando o seu nome<br />

às editoras discográficas Philips, Deutsche Grammophon, Hyperion, Teldec,<br />

Erato, Adès, Nimbus e Lyrinx, entre outras, e de onde ressalta o destaque dado<br />

à música portuguesa. Esta sua actividade foi distinguida desde muito cedo<br />

com diversos prémios internacionais de grande prestígio, designadamente o<br />

Grand Prix National du Disque da Académie du Disque Français (1967), o Grand<br />

Prix da Académie Nationale du Disque Lyrique (1969, 1975), o Grand Prix International<br />

du Disque da Académie Charles Cros (1972, 1974, 1980), o Laser d’Or<br />

da Académie du Disque Français (1988), o Prix Berlioz da Académie National<br />

du Disque Lyrique (1989), o Classique d’Or da Radiotelevisão do Luxemburgo<br />

(1990) e o Orphée d’Or (1991).<br />

Entre os últimos projectos discográficos destaca-se o trabalho para a Deutsche<br />

Grammophon com o violoncelista Jian Wang (Concertos para Violoncelo e<br />

Orquestra de Haydn), em que a Orquestra Gulbenkian foi dirigida pelo maestro<br />

Muhai Tang (1999), o registo com obras de Vianna da Motta para a Hyperion,<br />

com o pianista Artur Pizarro e o maestro Martyn Brabbins (2000) e a colaboração<br />

com a guitarrista Sharon Isbin na gravação de dois concertos para guitarra e<br />

orquestra dos compositores Christopher Rouse e Tan Dun, de novo sob a direcção<br />

de Muhai Tang (2001), para a Teldec. Relativamente a este último registo,<br />

de sublinhar a atribuição, em 2002, de dois importantes prémios internacionais,<br />

um Grammy, na categoria de “Melhor Composição Contemporânea” (Concerto<br />

de Gaudí, de Rouse), e o Echo Klassik, na categoria de “Melhor Gravação”.<br />

Já em 2004 foram editados pela Oehm os dois concertos para viola de Franz<br />

Anton Hoffmeister que a Orquestra Gulbenkian havia registado em colaboração<br />

com o violetista Ashan Pillai e sob a direcção do maestro Christopher<br />

Hogwood.<br />

Em 2007, foi editada pela Naïf a gravação dos primeiros concertos para piano<br />

de Liszt, Chostakovitch e Prokofiev que a Orquestra Gulbenkian, sob a direcção<br />

do maestro Lawrence Foster, realizou com Lise de La Salle.<br />

Desde a temporada de 2002-2003, Lawrence Foster é o responsável pela<br />

direcção artística do agrupamento, acumulando as funções de Maestro Titular.<br />

Claudio Scimone, que ocupou este último cargo entre 1979 e 1986, foi nomeado<br />

em 1987 Maestro Honorário, enquanto Simone Young e Joana Carneiro<br />

detêm os títulos de Maestrina Convidada Principal e Maestrina Convidada<br />

desde as temporadas de 2007-2008 e 2006-2007, respectivamente.<br />

20


Orquestra Gulbenkian<br />

Lawrence Foster Director Artístico e Maestro Titular<br />

Claudio Scimone Maestro Honorário<br />

Simone Young Maestrina Convidada Principal<br />

Joana Carneiro Maestrina Convidada<br />

Primeiros Violinos<br />

Florian Zwiauer<br />

Concertino Principal *<br />

Felipe Rodriguez<br />

1º Concertino Auxiliar<br />

Gareguine Aroutiounian<br />

2º Concertino Auxiliar<br />

Bin Chao Concertino Principal<br />

Vasco Broco<br />

António José Miranda<br />

António Veiga Lopes<br />

Pedro Pacheco<br />

Alla Javoronkova<br />

Istvan Balazs<br />

David Wahnon<br />

Ana Beatriz Manzanilla<br />

Elena Riabova<br />

Maria Balbi<br />

Segundos Violinos<br />

Alexandra Mendes 1º Solista<br />

Cecília Branco 2º Solista<br />

Jorge Lé<br />

Leonor Moreira<br />

Stephanie Abson<br />

Jorge Teixeira<br />

Tera Shimizu<br />

Stephan Shreiber<br />

Maria José Laginha<br />

Otto Pereira<br />

Natacha Guimarães *<br />

Violas<br />

Barbara Friedhoff 1º Solista<br />

Samuel Barsegian 1º Solista<br />

Isabel Pimentel 2º Solista<br />

Andre Cameron<br />

Patrick Eisinger<br />

Leonor Braga Santos<br />

Christopher Hooley<br />

Maia Kouznetsova<br />

Lu Zheng<br />

Valentin Petrov *<br />

Violoncelos<br />

Clélia Vital 1º Solista<br />

Maria José Falcão 1º Solista<br />

Teresa Portugal Núncio 2º Solista<br />

Mary Sue Prather<br />

Levon Mouradian<br />

Varoujan Bartikian<br />

Jeremy Lake<br />

Raquel Reis<br />

Maxim Doujak *<br />

Contrabaixos<br />

Alejandro Erlich-Oliva 1º Solista<br />

Marc Ramirez 1º Solista<br />

Manuel Rêgo 2º Solista<br />

Marine Triolet<br />

Maja Plüddemann *<br />

Ricardo Tapadinhas *<br />

Flautas<br />

Sophie Perrier 1º Solista<br />

Cristina Ánchel 1º Solista Auxiliar<br />

Denise Ribera Luxton 2º Solista<br />

Flautim<br />

Gyongyver Martins 1º Solista *<br />

Oboés<br />

Pedro Ribeiro 1º Solista<br />

Nelson Alves 1º Solista auxiliar<br />

Alice Caplow-Sparks 2º Solista<br />

Corne inglês<br />

Clarinetes<br />

Esther Georgie 1º Solista<br />

José Maria Mosqueda 2º Solista<br />

João Santos 2º Solista *<br />

Fagotes<br />

Arlindo Santos 1º Solista<br />

Vera Dias 1º Solista auxiliar<br />

José Coronado 2º Solista<br />

Contrafagote<br />

Trompas<br />

Jonathan Luxton 1º Solista<br />

Kenneth Best 1º Solista<br />

Eric Murphy 2º Solista<br />

Darcy Edmundson-Andrade<br />

2º Solista<br />

Trompetes<br />

Stephen Mason 1º Solista<br />

Sérgio Pacheco 1º Solista auxiliar<br />

David Burt 2º Solista<br />

Trombones<br />

Ismael Santos 1º Solista *<br />

Rui Fernandes 2º Solista *<br />

Nuno Henriques 2º Solista *<br />

Tuba<br />

Amílcar Gameiro 1º Solista *<br />

Timbales<br />

Rui Sul Gomes 1º Solista<br />

Richard Buckley 1º Solista *<br />

Percussão<br />

Abel Cardoso *<br />

Nuno Simões *<br />

Marco Fernandes *<br />

Piano<br />

Alexandra Simpson 1º Solista *<br />

Natália Riabova 1º Solista *<br />

Harpa<br />

Carmen Cardeal 1º Solista *<br />

Coordenador<br />

José Manuel Edmundson-Andrade<br />

Produção / Arquivo Musical<br />

António Lopes Gonçalves<br />

Américo Martins<br />

Assistente de Produção<br />

Sanna Nyyssölä Estagiária<br />

* instrumentista convidado<br />

21


Próximos Concertos Maio<br />

22<br />

16<br />

Yundi Li piano<br />

sáb 19h<br />

Grande Auditório<br />

Fryderyk Chopin<br />

Nocturno em Mi bemol maior, op. 9 nº 2<br />

Mazurca em Sol sustenido menor, op. 33 nº 1<br />

Mazurca em Dó maior, op. 33 nº 2<br />

Mazurca em Ré maior, op. 33 nº 3<br />

Mazurca em Si menor, op. 33 nº 4<br />

r. schumann / F. liszt<br />

Widmung, op. 25 nº 1 / S.566<br />

Jian-Zhong Wang<br />

Rosy Clouds Chasing after the Moon<br />

Five Yunnan Folksongs<br />

17<br />

dom 19h<br />

Grande Auditório<br />

Olga Borodina meio-soprano<br />

Dmitrii Efimov piano<br />

Piotr ilitch tchaikovsky<br />

As estrelas olhavam para nós com ternura, op.<br />

60 Nº 12<br />

Apenas aquele que adivinha, op. 6 Nº 6<br />

Porquê?, op. 6 Nº 5<br />

Aconteceu na Primavera, op. 38 Nº 2<br />

Noites de delírio, op. 60 Nº 6<br />

O primeiro encontro, op. 63 Nº 4<br />

Canção de embalar, op. 16 Nº 1<br />

Serenata, op. 65 Nº 3<br />

O sol desapareceu no horizonte, op. 73 Nº 4<br />

Sozinho outra vez, op. 73 Nº 6<br />

sergei rachmaninov<br />

Manhã!, op. 4 Nº 2<br />

Bela como a flor, op. 8 Nº 2<br />

21<br />

qui 21h<br />

Grande Auditório<br />

Orquestra Gulbenkian<br />

Lawrence Foster maestro<br />

Alexei Volodin piano<br />

Ciclo Beethoven III<br />

ludwig van beethoven<br />

Concerto para Piano e Orquestra Nº 2,<br />

em Si bemol maior, op. 19<br />

Sinfonia Nº 4, em Si bemol maior, op. 60<br />

Concerto para Piano e Orquestra Nº 3,<br />

em Dó menor, op. 37<br />

Orquestra Gulbenkian<br />

Modest Mussorgsky<br />

Quadros de uma exposição<br />

CiClO de CantO<br />

Olga Borodina<br />

Sonho, op. 8 Nº 5<br />

No silencioso mistério da noite, op. 4 Nº 3<br />

O nenúfar, op. 8 Nº 1<br />

Estou bem aqui, op. 21 Nº 7<br />

Ele é tão bela como meio-dia, op. 14 Nº 9<br />

Lilases, op. 21 Nº 5<br />

Espero por ti, op. 14 Nº 1<br />

Orquestra Gulbenkian<br />

Lawrence Foster Alexei Volodin<br />

Yundi Li


A qualidade dos concertos pode ser grandemente<br />

prejudicada por ruídos que perturbem a concentração<br />

dos músicos e afectem a audição musical.<br />

Se tiver necessidade de tossir, procure fazê-lo num<br />

momento de maior intensidade sonora, evitando os<br />

intervalos entre andamentos de obras, em que qualquer<br />

ruído mais facilmente perturbará a concentração dos<br />

artistas. Faça-o tentando abafar o som com um lenço<br />

ou com a mão.<br />

Não é permitido tirar fotografias nem fazer gravações<br />

sonoras ou filmagens durante os concertos.<br />

Desligue o alarme do seu relógio ou telemóvel antes<br />

do início dos concertos.<br />

Por indicação da Inspecção Geral das Actividades<br />

Culturais e nos termos do Decreto-Lei n.º 315/95 de 28<br />

de Novembro, nos Concertos de Música Clássica é proibida<br />

a entrada, durante a actuação, para quaisquer lugares.<br />

Programas e elencos sujeitos a alteração sem aviso prévio.<br />

serviços centrais<br />

coordenador da área<br />

de espectáculos<br />

Otelo Lapa<br />

directores de cena<br />

Helena Simões<br />

Jorge Freire<br />

direcção de cena<br />

Diogo Figueiredo<br />

ficha editorial<br />

coordenação<br />

Miguel Ângelo Ribeiro<br />

design e fotografia<br />

de capa<br />

© Dasein 2008<br />

www.dasein.pt<br />

impressão e acabamento<br />

www.textype.pt<br />

tiragem 800<br />

preço € 2,5<br />

lisboa, maio 2009<br />

25

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!