Revista Frutas e derivados - Edição 05 - Ibraf

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17.04.2013 Views

8 ENTREVISTA JOÃO SAMPAIO Frutas e Derivados - Qual é plano de governo para a agricultura nesta nova gestão? João Sampaio - São Paulo, apesar de pouco sabido, é a maior plataforma agrícola do País, responsável por 17% do valor bruto da produção agropecuária brasileira. No entanto, nosso maior trunfo não está tão somente dentro da porteira, e, sim, em nossa capacidade de multiplicar o valor da produção fora das fazendas. Agregamos valor aos produtos, graças à infra-estrutura de industrialização, à logística de exportação e ao grande mercado consumidor. Nosso plano está concentrado em ampliar e melhorar a renda do produtor, apostando na agregação de valor aos produtos. “A fruticultura paulista é das mais diversificadas e das mais fortes.” Frutas e Derivados - O novo governo implica em direcionamento de novos projetos da Secretaria focados na agricultura do Estado mais industrial da Nação? Quais? Por quê? João Sampaio - Como disse anteriormente, o Estado de São Paulo sintetiza esta capacidade de unir a indústria e a agricultura; processamos os produtos agrícolas com eficiência industrial. Trabalhar as cadeias produtivas e apostar nas vocações agrícolas e agroindustriais de cada região é o caminho para otimizar recursos e ampliar a renda. Frutas e Derivados - Investir em programas para melhorar a renda e a vida do produtor rural paulista está entre os planos do governo? O que pretende? Como acredita ser possível? João Sampaio - O governador José Serra, quando me chamou para a Secretaria de Agricultura, disse-me exatamente o objetivo número 1 deste governo: o crescimento econômico.Precisamos gerar trabalho e renda e como podemos fazer isto? Por meio de programas e parcerias com a iniciativa privada, que trabalhem na direção de unir o produtor e o consumidor. Entre estas duas pontas é onde está a chance de crescermos. A Secretaria de Agricultura possui seis institutos de pesquisa, alguns deles centenários, com larga experiência em pes- quisa, desenvolvimento e produção de novas variedades agrícolas e na adaptação de tecnologias. Temos uma rede de extensionistas, que está à disposição do produtor e do empreendedor rural e precisa ser melhor utilizada. A melhor integração entre a pesquisa, a extensão e a iniciativa privada pode render ótimos frutos, com o perdão do trocadilho. A agricultura tem mostrado, pelos consecutivos superávits da balança comercial, que é a vocação do nosso País. E mais que agricultura, o agronegócio, esta rede, que envolve produção, industrialização, comercialização e serviços, geradora de 37% dos empregos no País, será a responsável pelo crescimento econômico tão esperado e prometido nos últimos anos. Frutas e Derivados - Quais são os projetos para a fruticultura no Estado, cuja atividade gera muitos postos de trabalho por hectare no campo? João Sampaio - A fruticultura paulista é das mais diversificadas. Por incrível que pareça, não produzimos somente laranja para indústria, onde somos os maiores produtores e exportadores de suco de laranja do mundo. Essa atividade importante é nosso terceiro item na pauta de exportações do agronegócio; perde apenas para cana (açúcar e álcool) e carne bovina. São Paulo produz frutas frescas com alto valor agregado e baseado na pequena propriedade – reside nestas características o grande potencial de crescimento econômico. Regiões, como a do Circuito das Frutas, compreendendo municípios de Valinhos, Jundiaí, Louveira, Vinhedo, entre outros; Jales, com uva e parte do sudoeste do Estado de São Paulo são pólos de produção que precisam de uma concentração de atendimento e, assim, ampliaremos o poder de geração de empregos. A Secretaria de Agricultura possui o Centro Apta de Frutas, em Jundiaí/SP, um centro de pesquisa totalmente dedicado à fruticultura, onde foram geradas as principais variedades desenvolvidas no Estado. Temos o Instituto de Tecnologia dos Alimentos (Ital), que se dedica a novas embalagens, rotulagens, conservação dos alimentos e frutas processadas. E ainda temos o Instituto Agronômico, onde a última novidade é o desenvolvimento de variedades de tangerinas sem semente, já com fazendas em produção no sudoeste do Estado. Estas oportunidades estão aí para serem aproveitadas. A Câmara Setorial de Frutas, da Secretaria, tem estas ferramentas à mão. Precisamos melhor aproveitá-las

e utilizá-las, conjuntamente, com empresas do setor em projetos diferenciados e adequados a cada região. Frutas e Derivados - Quanto ao seguro rural, haverá alguma subvenção do Estado? João Sampaio - Já temos um projeto de 50% de subvenção ao prêmio do seguro rural no Estado de São Paulo. Começamos em 2003 com um projeto piloto e estamos no quarto ciclo agrícola. São 23 culturas envolvidas no projeto e grande parte delas é de frutas. É um projeto voltado para o pequeno produtor com renda bruta anual de até R$ 215 mil. Nele, o produtor faz o seguro junto a uma das seguradoras credenciadas. De posse da apólice, e dentro das especificações técnicas do projeto, ele pleiteia a subvenção. Se aprovada, em menos de um mês, ele recebe metade do valor que pagou do prêmio do seguro por intermédio do Banco Nossa Caixa. Este projeto é um sucesso, principalmente entre os fruticultores, por se tratar de culturas mais susceptíveis às intempéries climáticas. Nossos maiores beneficiados são produtores de uva, caqui e figo, nas regiões de Campinas. Queremos que produtores de todo o Estado participem. Para isso, basta procurar a Casa de Agricultura local e se informar mais detalhadamente sobre o projeto. É um instrumento de proteção à disposição do produtor. E mais: é um projeto pioneiro em todo o País. Frutas e Derivados - Sebrae-SP e Ibraf acabam de lançar o Projeto Fruta Paulista. Como analisa essa parceria para os fruticultores de São Paulo? João Sampaio - Este é o caminho para a fruticultura paulista: unir a cadeia produtiva desde o produtor até o consumidor, apostando na capacidade destas instituições de agregar valor aos produtos. A Secretaria não só apóia como é co-participante deste projeto. A Câmara Setorial de Frutas participa de todo o processo. A nossa estrutura, enquanto instituição de pesquisa e assistência técnica, adaptadora de tecnologia, vai participar ativamente deste projeto, colaborando na certificação e normatização da produção até a mesa do consumidor, seja ele paulista, brasileiro ou dos países importadores. Frutas e Derivados - Em sua opinião, quais as maiores necessidades da fruticultura paulista? João Sampaio - O mercado consumidor é dinâmico e alcançar sucesso junto ao consumidor de- ENTREVISTA JOÃO SAMPAIO pende da capacidade de leitura destas mudanças e o poder de adaptação e incorporação de novas tecnologias. A fruticultura paulista passa pelos mesmos desafios que outros setores. A seleção e o processamento das frutas com embalagens apropriadas que dêem durabilidade e frescor às frutas, assim como o desenvolvimento de variedades agrícolas, cada vez mais condizentes com as demandas de consumo, são as principais necessidades da fruticultura paulista. A certificação, sanidade e adequação aos mercados são os grandes desafios. “Trabalhar a imagem da fruta paulista passa por certificação na produção, padronização dos processos, combinado com campanha de marketing.” Frutas e Derivados - Como a Secretaria pode contribuir para saná-las? João Sampaio - A Secretaria de Agricultura, como enumerado anteriormente, possui várias das ferramentas necessárias para que estas dificuldades possam ser superadas. A articulação dentro da cadeia produtiva é um dos caminhos e, para isto, a Câmara Setorial de Frutas é o foro adequado. Frutas e Derivados - Mesmo produzindo quase metade das frutas nacionais (47% do total nacional), e sendo exportador, São Paulo é pouco reconhecido como pólo de fruticultura. A Secretaria tem algum plano para reverter essa imagem? João Sampaio - A fruticultura paulista é das mais fortes do País. Com grande rentabilidade, é responsável por uma distribuição e ampliação de renda nos seus pólos de produção. Trabalhar a imagem da fruta paulista passa pela certificação na produção, padronização dos processos e da embalagem, combinado com uma campanha de marketing. O caminho já foi iniciado pelo Projeto Fruta Paulista, que é criar a marca e o selo do produto de São Paulo. Isto deve ser ampliado para que alcancemos maior visibilidade e consolidação da marca fruta paulista. 9

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ENTREVISTA JOÃO SAMPAIO<br />

<strong>Frutas</strong> e Derivados - Qual é plano de governo<br />

para a agricultura nesta nova gestão?<br />

João Sampaio - São Paulo, apesar de pouco sabido,<br />

é a maior plataforma agrícola do País, responsável<br />

por 17% do valor bruto da produção<br />

agropecuária brasileira. No entanto, nosso maior<br />

trunfo não está tão somente dentro da porteira, e,<br />

sim, em nossa capacidade de multiplicar o valor da<br />

produção fora das fazendas. Agregamos valor aos<br />

produtos, graças à infra-estrutura de industrialização,<br />

à logística de exportação e ao grande mercado<br />

consumidor. Nosso plano está concentrado em<br />

ampliar e melhorar a renda do produtor, apostando<br />

na agregação de valor aos produtos.<br />

“A fruticultura paulista é das mais<br />

diversificadas e das mais fortes.”<br />

<strong>Frutas</strong> e Derivados - O novo governo implica em<br />

direcionamento de novos projetos da Secretaria<br />

focados na agricultura do Estado mais industrial da<br />

Nação? Quais? Por quê?<br />

João Sampaio - Como disse anteriormente, o<br />

Estado de São Paulo sintetiza esta capacidade de<br />

unir a indústria e a agricultura; processamos os produtos<br />

agrícolas com eficiência industrial. Trabalhar<br />

as cadeias produtivas e apostar nas vocações agrícolas<br />

e agroindustriais de cada região é o caminho<br />

para otimizar recursos e ampliar a renda.<br />

<strong>Frutas</strong> e Derivados - Investir em programas para<br />

melhorar a renda e a vida do produtor rural paulista<br />

está entre os planos do governo? O que pretende?<br />

Como acredita ser possível?<br />

João Sampaio - O governador José Serra, quando<br />

me chamou para a Secretaria de Agricultura,<br />

disse-me exatamente o objetivo número 1 deste<br />

governo: o crescimento econômico.Precisamos<br />

gerar trabalho e renda e como podemos fazer isto?<br />

Por meio de programas e parcerias com a iniciativa<br />

privada, que trabalhem na direção de unir o produtor<br />

e o consumidor. Entre estas duas pontas é<br />

onde está a chance de crescermos. A Secretaria de<br />

Agricultura possui seis institutos de pesquisa, alguns<br />

deles centenários, com larga experiência em pes-<br />

quisa, desenvolvimento e produção de novas variedades<br />

agrícolas e na adaptação de tecnologias.<br />

Temos uma rede de extensionistas, que está à disposição<br />

do produtor e do empreendedor rural e<br />

precisa ser melhor utilizada. A melhor integração<br />

entre a pesquisa, a extensão e a iniciativa privada<br />

pode render ótimos frutos, com o perdão do trocadilho.<br />

A agricultura tem mostrado, pelos consecutivos<br />

superávits da balança comercial, que é a<br />

vocação do nosso País. E mais que agricultura, o<br />

agronegócio, esta rede, que envolve produção, industrialização,<br />

comercialização e serviços, geradora<br />

de 37% dos empregos no País, será a responsável<br />

pelo crescimento econômico tão esperado e<br />

prometido nos últimos anos.<br />

<strong>Frutas</strong> e Derivados - Quais são os projetos para<br />

a fruticultura no Estado, cuja atividade gera muitos<br />

postos de trabalho por hectare no campo?<br />

João Sampaio - A fruticultura paulista é das mais<br />

diversificadas. Por incrível que pareça, não produzimos<br />

somente laranja para indústria, onde somos<br />

os maiores produtores e exportadores de suco de<br />

laranja do mundo. Essa atividade importante é nosso<br />

terceiro item na pauta de exportações do<br />

agronegócio; perde apenas para cana (açúcar e álcool)<br />

e carne bovina. São Paulo produz frutas frescas<br />

com alto valor agregado e baseado na pequena<br />

propriedade – reside nestas características o grande<br />

potencial de crescimento econômico. Regiões,<br />

como a do Circuito das <strong>Frutas</strong>, compreendendo<br />

municípios de Valinhos, Jundiaí, Louveira, Vinhedo,<br />

entre outros; Jales, com uva e parte do sudoeste<br />

do Estado de São Paulo são pólos de produção que<br />

precisam de uma concentração de atendimento e,<br />

assim, ampliaremos o poder de geração de empregos.<br />

A Secretaria de Agricultura possui o Centro<br />

Apta de <strong>Frutas</strong>, em Jundiaí/SP, um centro de<br />

pesquisa totalmente dedicado à fruticultura, onde<br />

foram geradas as principais variedades desenvolvidas<br />

no Estado. Temos o Instituto de Tecnologia dos<br />

Alimentos (Ital), que se dedica a novas embalagens,<br />

rotulagens, conservação dos alimentos e frutas processadas.<br />

E ainda temos o Instituto Agronômico,<br />

onde a última novidade é o desenvolvimento de<br />

variedades de tangerinas sem semente, já com fazendas<br />

em produção no sudoeste do Estado. Estas<br />

oportunidades estão aí para serem aproveitadas. A<br />

Câmara Setorial de <strong>Frutas</strong>, da Secretaria, tem estas<br />

ferramentas à mão. Precisamos melhor aproveitá-las

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